Em 1859 a “Sociedade Geral de Produtos Químicos” montou a primeira fábrica portuguesa, na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, com a ajuda financeira do Crédito Móvel Português. Em 1881, a fábrica de produtos químicos da Póvoa de Santa Iria pertencia a Ferdinand Óscar Deligny, sendo nela produzido: ácido sulfúrico, ácido nítrico concentrado, carbonato de soda, soda do comércio, cloreto de cal, sulfato de soda, sulfato de ferro e ácido muriático.
A "C.U.F. - Companhia União Fabril ", fundada em 1865, com sede em Lisboa, dedicava-se, principalmente, à produção de sabão, velas de estearina e óleo e massa de purgueira. A sua unidade industrial, localizada em Alcântara, fora montada em 1857 pelo Visconde da Junqueira. Em 1881, a “Fábrica União”, como era conhecido o estabelecimento fabril, empregava 133 trabalhadores, ficando a 6 trabalhadores de integrar a lista das 50 maiores empresas para aquele ano. Em volume de vendas (211 contos) já era superior ao valor mínimo verificado entre as empresas pertencentes à lista das 50 maiores.
Instalações da “Companhia União Fabril”, em Alcântara
A “Companhia Aliança Fabril” foi constituída no final de 1880, com sede em Lisboa, por iniciativa do Banco Lusitano, que tinha nas suas mãos uma fábrica de óleos, sita em Alcântara, cujo proprietário entregara como liquidação de uma dívida.488 O objecto social preconizado nos estatutos não se restringia à produção de óleos, pretendendo os seus fundadores alargar a actividade ao fabrico de sabão e estearina. Para esse efeito, a companhia aumentou as suas instalações em 1883, passando o complexo fabril a ser posteriormente conhecido por Fábrica Sol. Estas eram as maiores empresas da indústria química da década de 1880.
As duas sociedades anónimas de Lisboa, que operavam nos mesmos segmentos de mercado, por acção de Alfredo da Silva principal accionista da “Companhia Aliança Fabril”, fundiram-se em 1898, adoptando a denominação da mais antiga - “Companhia União Fabril” (CUF). A 19 de Setembro de 1908 inaugura a primeira fábrica na pequena vila piscatória no Lavradio e dá início à produção de ácidos, transformando óleo de bagaço de azeitona para o fabrico de sabões. As fábricas empregam cerca de 100 operários. Também em 1908 tem início a construção do Bairro Operário.
Fábrica da CUF no Barreiro, nos anos 30
Publicidade (1928-1934)
O Estado em 10 de Novembro de 1915 tomou posse da “Fábrica de Adubos Químicos da Póvoa de Santa Iria”, que aí tinha sido criada em 1859 conhecida por “Fábrica da Póvoa”. Posteriormente em 2 de Agosto de 1917 arrendou a Francisco Borges, banqueiro, António Gomes, capitalista, e a Luís Gama, engenherio civil, pela renda mensal de 11.000$00.
“Fábrica de Adubos Químicos da Póvoa de Santa Iria”, em 1905
Esta fábrica tinha-se instalado nesta freguesia em resultado das facilidades oferecidas com a inauguração do Caminho de Ferro em 1856. Foi primeira fábrica de adubos químicos em Portugal, iniciando-se a expansão industrial facilitada pelo escoamento fácil dos produtos e aproveitando as matérias primas essenciais para o produto final, o sal marinho e os calcários da cortina montanhosa de Vialonga. Posteriormente é constituída a “Companhia Industrial Portuguesa” (CIP) que adquire esta Fábrica.
A “Companhia Industrial Portuguesa” da Póvoa de Santa Iria continuaria durante mais alguns anos a ser a única unidade dedicada à química base, sem contudo ter crescido o suficiente de modo a reconhecer-lhe lugar no grupo das 50 maiores empresas.
Navio mercante “Santa Irene” pertença da “CIP”, em 1930
foto in: Alernavios
Fábrica da “Companhia Industrial Portuguesa”, na Póvoa de Santa Iria
Logo a seguir à fusão com a “Companhia Industrial Portuguesa” , a CUF começou a produzir superfosfatos, com a instalação de uma unidade para esse efeito no complexo da “Fábrica União”. Na produção dos superfosfatos entrava ácido sulfúrico. Esta matéria-prima era adquirida à “Companhia Industrial Portuguesa” na sua fábrica da Póvoa de Santa Iria até à entrada em funcionamento do complexo industrial do Barreiro. Aí a companhia passará a dispor de produção própria de ácido sulfúrico, a partir das pirites que se extraíam nas minas alentejanas.
Câmaras para o fabrico de ácido sulfúrico Fornos de queima de pirite
Tendo larga tradição no fabrico de ácido sulfúrico, fertilizantes, e estuques para a construção civil, é em meados dos anos 50 do século XX que a “Companhia Industrial Portuguesa” passa a fazer parte da esfera do Grupo CUF. Possuía minas de lenhite e e gesso em Óbidos onde também tinha uma fábrica de gessos.
A “Companhia Industrial Portuguesa” também actuava na indústria vidreira, na Marinha Grande. Em 1918 a “Companhia da Nacional e Nova Fábrica de Vidros da Marinha Grande” , que possuia duas fábricas de vidros e cristais, alterou a sua designação para “Companhia Vidreira Portuguesa”, tendo sido liquidada em 1921. As suas duas fábricas passaram a ser exploradas pela “Companhia Industrial Portuguesa” a partir de 1926 com o apoio da “Companhia Geral de Crédito Predial Português”.
Fotos da fábrica de vidros e cristais da “CIP” na Marinha Grande
Stand da “Companhia Industrial Portuguesa” na V Expo Agrícola e Industrial das Caldas Rainha, em 1927
A segunda representante da indústria vidreira no grupo das 50 maiores, para 1917, era a “Companhia das Fábricas de Garrafas da Amora”. Muito embora com o mesmo nome da companhia que fundara a primeira fábrica de garrafas na Amora, formalmente tratava-se de uma sociedade diferente, constituída em 1909, com capital social de 580 contos e sede social em Lisboa.
1942
1946 1960
fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, O Grupo CUF
A “Solvay Portugal” que já instalada desde 1934, ano que construiu a sua fábrica de clorato de sódio “Soda Póvoa, S.A.R.L.” chegando a empregar 1.200 operários, também na Póvoa de Santa Iria, viria a adquirir as instalações e terrenos da “Companhia Industrial Portuguesa” .
Neste momento a “Solvay Portugal” fabricação e/ou comercializa produtos químicos de base - carbonato de sódio (denso e leve), bicarbonato de sódio, silicato de sódio, soda cáustica, clorato de sódio, ácido clorídrico, hipoclorito de sódio, cloreto de cálcio, solventes clorados, glicerina e derivados, derivados do bário.
“Solvay Portugal” na Póvoa de Santa Iria
4 comentários:
Caro José Leite,
apenas deixo um breve reparo (nada mais que isso).
Onde se diz que as instalações da Companhia Aliança Fabril (depois Fábrica União) sofreram um alargamento com a inclusão da Fábrica Sol, quere-me parecer que o alargamento foi apenas estrutural e não físico, uma vez que a Fábrica União, situava-se no largo das Fontaínhas (entrada) e na rua Fradesso da Silveira, até à linha do caminho de ferro e a Fábrica Sol, era na av. 24 de Julho, na confluência com a av. da Índia.
Cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico
Muito agradeço o seu reparo.
Decerto que a imprecisão da informação foi de onde a retirei ... acontece até nas fontes que consideramos mais fiáveis.
A história tem destas coisas ...
Grato pela sua colaboração, que só enriquece a informação.
Os meus cumprimentos
José leite
Que maravilha de reportagem. Completíssima!
D. Graça Sampaio
Muito grato pelo sempre amável comentário
Cumprimentos
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