Apesar de no post “Termas da Curia”, já ter aflorado este hotel como um dos equipamentos deste estabelecimento termal, pela sua importância decidi com mais pormenor publicar este pequeno trabalho acerca deste histórico "Palace Hotel da Curia".
Luís Navega foi um dos principais impulsionadores da "Estância Termal da Curia", como é sobejamente conhecido, mas também tem um papel fundamental na zona envolvente ao Parque e no equipamento de apoio e manda erigir o "Palace Hotel da Curia", em terrenos entretanto por ele adquiridos e para onde vai residir mandando construir igualmente o seu "Chalet das Rosas".
Chalet das Rosas
O projecto da construção do complexo que incluía o Hotel e o Chalet, foi projectado pelos arquitectos lisboetas Deolindo Vieira e Rafael Duarte de Melo, caracteriza-se por dois pisos de elegantes grades de varandas, pitorescos beirais nas entradas e mansardas de remate semi circular. No rés-do-chão deste edifício situava-se o consultório de Luís Navega e uma farmácia.
Em 1915 terminam-se as obras iniciadas em 1913 do hotel, contíguo ao Chalet, e era constituído por dois edifícios, perpendiculares relativamente ao acesso, de uma arquitectura que apresenta um menor número de intervenções complexas, mantendo, porém, relativamente ao Chalet, o remate em mansarda semi circular com que marca o corpo central.
É um edifício de dois pisos em forma de T. A ala dos quartos, no sentido nascente-poente, interceptava a da recepção, sala de jantar e cozinha. Alguns anos depois acrescentou-se outro corpo ficando o hotel com a configuração em U, provavelmente a segunda fase do projecto inicial que se calcula ter sido construído em duas fases.
A aquisição do "Palace Hotel" por Alexandre de Almeida, aos proprietários da altura Afonso Rodrigues da Costa e Conrad Wissmannem Junior, em Outubro de 1921, veio revolucionar a arquitectura do edifício e a própria dinâmica turística da Curia.
Anúncio da abertura do Hotel, na época termal de 1 de Junho a 31 de Outubro de 1923
As obras de remodelação do "Palace Hotel das Curia", da autoria do arquitecto Norte Júnior, decorreram entre 1922 e 1926, realizando uma hábil integração dos antigos edifícios. Os trabalhos começaram pela construção de uma ala que fechou o U formado pela planta e valorizou consideravelmente a fachada que dava para a avenida da Estação. Esta obra estendeu-se até 1924. Nos dois anos seguintes, a edificação do corpo norte, com a entrada nobre, veio redimensionar a perspectiva e monumentalidade do edifício. A inauguração teria lugar em 25 de Julho de 1926.
Palace Hotel da Curia, fachada e alçado lateral, em 1926
Duas vistas da entrada do Palace Hotel, nos anos 40
Chegada de turistas nos anos 40 do século XX
Norte Júnior era já no inicio da década de 20 um arquitecto de renome, com importantes projectos na cidade de Lisboa: Casa Malhoa/ Museu Anastácio Gonçalves (1905), mais tarde atribuído o Prémio Valmor, Voz do Operário (1913) e da mesma data do arranque do projecto do Palace, o Café "A Brasileira" (1922).
Os requintes decorativos observam-se nos trabalhos de cantaria e de estuque, nas colunas de inspiração clássica, nos ferros forjados, nos vitrais, etc. O amplo hall de entrada é marcado pela magnífica escadaria em caracol, pelo elevador e pela elegante varanda do andar superior. O cuidado de Norte Júnior chegou aos pormenores, como é o caso do relógio Paul Garnier, que consta dos alçados desenhados por si.
Hall de entrada em duas épocas diferentes
Salão de Festas em duas épocas diferentes
Neste hotel de luxo nenhum equipamento foi descuidado ou esquecido. Desde as instalações modelares dos seus aposentos, ao telefone, ao telégrafo, barbeiro, manicure, aos estabelecimentos de todos os artigos, à garagem, à capela, aos campos de jogos, á piscina, às facilidades de comunicação automóvel com as termas e com a estação de caminho de ferro, telefonia, cinema , amplos salões, jardins, tudo aqui se encontrava.
Salão de Leitura Sala de Jantar para 600 pessoas
Salão de chá Quarto
É conhecida a apetência para o desporto que as termas da Curia sempre possuíram e durante muitos anos vão possuir, ciclismo, basquete, ténis e mais tarde a natação, dando o Palace o primeiro e decisivo impulso ao encomendar o projecto de uma piscina de dimensão olímpica ao arquitecto Raul Martins.
A inauguração da "Piscina Paraíso" ou "Piscina Praia" em 1934 marcou assim o apogeu da actividade desportiva do "Palace Hotel da Curia" que desfrutou nesta década de uma justa repercussão nacional. Imitando um barco, seria a 2º piscina olímpica de Portugal, (que na época correspondia a 33x18 metros), depois da do "Sport Algés e Dafundo" .
Piscina Paraíso ou Piscina-Praia
Lição de natação
Etiqueta de bagagem
O projecto de Raul Martins inseria-se num linha arquitectónica modernista. Assumindo a configuração estilizada de um transatlântico, a piscina estava provida de um vasto conjunto de serviços e equipamentos: torre de saltos, bancadas, solários, restaurante, bar, dancing, chuveiros, duches e banhos de imersão de água quente e fria, cabines para senhoras e cavalheiros, gabinetes privados para massagens, cabeleireiro, barbeiro, manicure e rouparia (Cristina Simão,1998)
Com uma intervenção e cerca de 5 milhões de euros, o "Palace Hotel da Curia", pertencente à cadeia "Hotéis Alexandre de Almeida’" sofreu uma remodelação total do interior reabrindo em 2006. Possui actualmente 97 luxuosos quartos e 3 suites.
Palace Hotel da Curia, actualmente
O seu Restaurante “Belle Époque” constitui paragem obrigatória quer pelas especialidades gastronómicas e regionais que propõe como pelo seu ambiente anos 20’s excepcionalmente preservado. 5 salas de reuniões, o moderno auditório “Millennium” com capacidade para 200 pessoas e o belíssimo Salão de Festas com capacidade para 280 pessoas que pode ser conjugado com o majestoso Restaurante “Belle Époque” e seu terraço, para acomodar recepções até 550 pessoas.
Este complexo é ainda complementado pela piscina de “Arte Nova”, com 600m2 de espelho de água, courts de ténis, badmington, campo de futebol society, ping pong, quinta ecológica, parque de gamos, colecção de faisões e agricultura biológica, assim como pelo competitivo golfe de 9 buracos par 34, contíguo ao parque do hotel. Termas, rota de vinhos, praias atlânticas, a oferta gastronómica da Bairrada e a Mata Nacional do Bussaco, com o Palace Hotel do Bussaco, nas imediações.
Recordo que o complexo termal da Curia foi tratado no post “Termas da Curia”.
4 comentários:
ola eu estou a fazer um trabalho sobre o palace hotel da curia.Sera que nao m podias fornecer a bibliografia que consultaste ?
Samara
Como todos os artigos que publiquei os respectivos textos foram compilações e arranjos de variadíssimos que fui encontrando na net.
Pelo que, e ainda por cima 2 anos depois, não me recordo das fontes.
O máximo que poderei fazer é a Samara me enviar um e-mail e na volta enviar-lhe o texto por mim publicado na íntegra.
Os meus cumprimentos
J. Leite
o meu mail é sama.sousa.14@hotmail.com..voce faz uma referencia a "cristina simao 1998" voce nao se lembra mais nada socre essa fonte?obga
Caro Anónimo(a)
Sinceramente já não me recordo, pois o artigo já foi publicado há 2 anos ...
Certamente referência a algum trabalho académico sobre o tema, ou conforme de onde foi retirado a parte do texto em questão.
Os meus cumprimentos
J.Leite
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