Sendo Cabo Ruivo uma zona industrial por excelência, situada entre a Matinha e Beirolas (onde se encontrava o Depósito Geral de Material de Guerra), aqui foi inaugurada a 11 de Novembro de 1940 a refinaria da SACOR, com um potencial de refinação de 300.000 toneladas/ano. Esta refinaria estava ligada, por pipelines, a uma ponte-cais, no rio Tejo, com 300 m de cais acostável para os petroleiros que abasteciam a mesma.
Fundador da SACOR, Martin Saim, na inauguração da Refinaria de Cabo Ruivo
1940 1955
Esta refinaria produzia os seguintes produtos: Gasolina, Gasóleo, GPL (gás de petróleo liquefeito), Fuelóleo, Nafta, Jet fuel (combustível para aviões), Betume (para asfaltos e isolante) e Enxofre (para produtos farmacêuticos, agricultura e branqueamento da pasta de papel).
A “SACOR - Sociedade Anónima de Combustíveis e Óleos Refinados”, fundada em 28 de Julho de 1937, por um romeno radicado em França, Martin Saim, foi a primeira empresa petrolífera portuguesa a dominar todo o processo, da importação, transporte, refinação e distribuição dos produtos petroliferos.
1957 1960
fotos anteriores in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais)
Até então todos os combustíveis e produtos derivados do petróleo eram importados pela “Shell Company of Portugal, Ltd.”, “SONAP - Sociedade Nacional de Petróleos”, “Socony-Vacuum Oil Company” e a “Companhia Portuguesa dos Petróleos – Atlantic”.
Lembro que já em 1933 tinha sido criada a “SONAP-Sociedade Nacional de Petróleos’” que nunca passou de mais uma distribuidora até ser integrada na futura Petrogal em 1975 a quando da nacionalização do sector.
Curiosidade: na foto original da bomba de gasolina da SONAP, em finais dos anos 50, vi que o preço da gasolina estava em 4$00 o litro (2 cêntimos de €) …. e na altura a bomba vendia gasolina “super” e “normal”
A 13 de Junho de 1947 é criada a “Soponata - Sociedade Portuguesa de Navios Tanques’” empresa para transporte marítimo do crude, e detida pelas cinco empresas petrolíferas de então, e pelas Companhia Nacional de Navegação, e Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, e pelas cinco empresas que operavam em Portugal como importadoras e distribuidoras de combustíveis líquidos atrás referidas.
Navio-Tanque “Neiva” (1976-1984), 323.114 toneladas e 346 metros
Cartaz de 1950
A SACOR manteve sempre uma posição dominante na distribuição dos produtos refinados do petróleo, introduzindo em 1958 a "gasolina Super", e fundado a “Gazcidla” para a distribuição de gás butano (doméstico) e propano (industrial).
Carros de distribuição da “Gazcidla”
Em 1959 a SACOR cria a sua própria empresa de navegação, A “Sacor Marítima”, para transporte dos seus produtos.
Navio “Sacor” em 1962
Esta refinaria de Cabo Ruivo foi sendo ampliada ao longo da sua existência até entrada em funcionamento da Refinaria de Sines em 1979, que originou a sua desactivação.
1959 1960
Posto de abastecimento em Évora Bomba da Sacor
Posto de abastecimento na Parede
“Sacor” abastecendo um “Caravelle” da TAP Camiões-Tanque da SACOR na portagem de Sacavém
Stand da SACOR na “FIL - Feira das Indústrias de Lisboa”, em 1963, por ocasião dos 25 anos da refinação em Portugal
6 fotos anteriores in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais)
Foi desmantelada por ocasião da Expo'98, restando no seu lugar apenas a torre de cracking da refinaria (na foto seguinte).
Torre de cracking Título de 1 acção de 1973
A refinaria de Sines é responsável por 70 % da refinação em Portugal e a sua capacidade actual é de 220.000 barris de crude refinados por dia.
1959 1975
Outra grande refinaria é a do Leça da Palmeira, inaugurada em 1970 apesar de ter iniciado a sua laboração ainda em 1969, com capacidade para 90.000 barris de crude refinados dia. É uma refinaria simples sendo o seu complexo constituído por 3 fábricas: aromáticos, óleos base e lubrificantes.
Inauguração da refinaria da SACOR em Leça da Palmeira
A SACOR foi nacionalizada em 1975 e integrada na nova empresa, então criada, “Petrogal – Petróleos de Portugal, S.A.”, que mais tarde deu origem à “Galp Energia” que hoje conhecemos.
Em 1978 a “Petrogal – Petróleos de Portugal, S.A.” inaugura a Refinaria de Sines em 15 de Setembro de 1978. A construção desta refinaria integrava-se numa estratégia de exportação para o mercado dos EUA, numa conjuntura internacional de expansão do consumo de produtos petrolíferos. Após as crises do petróleo, a refinaria de Sines acomodou a sua produção às necessidades do mercado doméstico, atualizando o nível tecnológico do seu aparelho por forma a torná-lo competitivo em cenário de crise.
A refinaria de Sines é uma das maiores da Europa, com uma capacidade de destilação de 10,8 milhões de toneladas por ano, ou seja, 220 mil barris por dia
11 comentários:
Aquela primeira foto, com a refinaria ao fundo e em primeiro plano aqueles terrenos todos cultivados, é simplesmente fantástica!
Boa noite;
Quero apenas deixar uma pequena correcção: a refinaria de Leça da Palmeira foi inaugurada em 1970. No entanto, o inicio da laboração ocorreu em 1969.
Pode dar uma vista de olhos aqui:
http://www.galpenergia.com/PT/agalpenergia/os-nossos-negocios/Refinacao-Distribuicao/ARL/Refinacao/RefinariaMatosinhos/Paginas/DatasChave.aspx
Cumprimentos. :-)
Caro Monteiro
Muito grato pela sua informação e correcção.
Os meus cumprimentos
José Leite
Boa noite, estou a fazer uma dissertação de mestrado sobre a SACOR. Gostaria, se possível, que me indicassem de onde foram retiradas estas fotos, nomeadamente as panorâmicas. Obrigada
Cara Cátia Ferreira
Algumas fotos já não me lembro de onde as retirei, pois estou coleccionando fotos já lá vão 8 anos ...
Mas quanto às fotos panorâmicas algumas delas foram obtidas na Biblioteca de Arte- Fundação Calouste Gulbenkian.
Se pretender sempre poderá colocar o meu blog como fonte das que quiser, como já têm feito outros colegas seus e tenho testemunhado.
Cumprimentos
José Leite
A refinaria de Cabo Ruivo foi desactivada para dar lugar à EXPO, e não por causa da entrada em funcionamento de refinaria de Sines. De facto nos anos 70 e até - pelo menos - 1989, foi analisada a viabilidade dum projecto da OTP Engineeering que ligava estas refinarias (e outros pontos) por pipelines (participei nesse estudo); embora no final da década de oitenta, já não se pensasse incluir um pipeline para transporte de produtos pretos entre as duas.
Cumprimentos,
AM
Caro AM
Grato pelo seu esclarecimento
Os meus cumprimentos
José Leite
Eu fui da Petroquímica (desde muito cedo: Rua dos Navegantes e Cabo Ruivo/Matinha, 1960-1976) e estagiei no Laboratório da Sacor, em 1960.
Que orgulho se tinha então. Ainda agora (2014) tenho a memória do cheiro bom (para nós químicos) do Laboratório (o Dr. Gastão, O Dr. Quintanilha, o Sr. Sancho).
E havia dois nomes míticos: Sr. "Chain" e Dr. Koromesay".
Temps de juventude. E o pessoal vestia a camisola.
Parabéns pelo "Site"
A. Duarte (Lisboa)
Também fui da Petroqímica, desde 1963. Era mesmo ao lado da Sacor. Lembro-me bem do Dr. Koromesay.
Eu trabalhei já no final da sua existência, ao serviço da Profabril, como desenhador de piping. De entre outros projetos, tive uma intervenção nas linhas de vapor instaladas na Torre da Flare, que foi a unica peça que ficou da Refinaria da Sacor de Lisboa, em boa hora decidida, não só para embelezar uma rotunda como também para assinalar a saída dum foco de poluição que na altura existia dentro da nossa cidade de Lisboa.
Obrigado pelo blogue,
Alguém me consegue informar em que ano foi montado o posto de abastecimento da SACOR, no Centro Histórico de Elvas, em frente ao edifício que na altura era o Hotel Alentejo?
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