A “Ourivesaria Aliança”, propriedade de Celestino da Motta Mesquita e projectada pelo arquitecto Artur Alves Cardoso, foi inaugurada pelo Chefe de Estado, General Óscar Carmona, na Rua Garrett, em Lisboa, no dia 21 de Dezembro de 1944.
Este estabelecimento, era sucursal da “Ourivesaria Aliança” localizada na cidade do Porto, na Rua das Flores tornejando para a Rua dos Caldeireiros depois de Celestino da Motta Mesquita a ter fundado, em 1925. O projecto desta grande ourivesaria, ficou a cargo do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira.
“Ourivesaria Aliança” na Rua das Flores, no Porto em 1933 1925
Stand da “Ourivesaria Aliança”, na “Exposição Internacional do Rio de Janeiro”, entre 7 de Setembro de 1922 e 24 de Julho de 1923 inserida nas comemorações do Centenário da Independência do Brasil
Publicidade por ocasião da “Exposição Colonial Portuguesa”, no Porto em 1934
1934
O espaço ocupado pela “Ourivesaria Aliança”, em Lisboa, na rua Garrett, 50-52, tinha sido ocupado pela sucursal da Ourivesaria “Miranda & Filhos”, na Rua de Santo António, no Porto que por sua vez tinha substituído os anterior inquilinos, espaço comercial de ouro e joias, primeiramente "Ourivesaria Chiado" sob direcção da firma “Teixeira & Commandita”, instalados desde 1904, que por sua vez tinham substituído os anteriores inquilinos, “Armadores e Estofadores Pereira Gonçalves & Irmão”, ali instalados desde 1896. Anteriormente a este, tinha estado a famosa confeitaria e pastelaria "Antiga Casa Baltresqui", entre 12 de Julho de 1894 e metade 1896.
12 de Julho de 1894
Projecto de 1903 para a fachada da “Teixeira & Commandita”
"Ourivesaria Chiado" de “Teixeira & Commandita”. Logo a seguir, duas portas abaixo, a "Leitaria Garrett"
Posteriormente, em 1909, esta loja seria ocupada pela Ourivesaria “Miranda e Filhos”, com sede na cidade do Porto, na Rua de Santo António.
Ourivesaria “Miranda e Filhos”, na Rua de Santo António no Porto
Artigo acerca da "Miranda & Filhos" na revista "Illustração Portugueza" de 31 de Dezembro de 1912
Em 14 de Janeiro de 1914, a “Miranda & Filhos”, com a intenção de encetar uma profunda remodelação das suas instalações, apresentam um pedido de alteração da fachada do estabelecimento da Rua Garrett n.os 50 a 52, o qual é aprovado em 7 de Março do mesmo ano, que corresponde ao existente. Numa decoração dos seus interiores ao estilo Luís XVI, e igualmente, de 1914, sob o risco de Artur Alves Cardoso (1882-1930), terá sido pintada no tecto do Salão Principal a tela "Toilette de Vénus", bem como os vários medalhões ovais nas paredes da mesma sala.
Ourivesaria “Miranda & Filhos”, abaixo do “Café Chiado”, em 1935
21 de Dezembro de 1925
1926
Á direita na foto do “Café Chiado” Ourivesaria “Miranda & Filhos”, na elipse desenhada
A propósito da «nova» Ourivesaria “Miranda & Filhos”,podia- se ler no jornal “A Capital”, em 14 de Julho de 1916:
«Tudo n'aquella cathedral da joia artistica e da pedra preciosa respira a elegancia e bom gosto. Nas montras, sugiram peças de argentaria que deslumbraram, enormes brilhantes que custavam dez e doze mil escudos, perolas de uma belleza imcomparavel, thesouros de inestimavel valor.
Até ao apparecimento da casa Miranda & Filhos, Lisboa não vira mais opulentas collecções de joias, como não vira ourivesaria mais rica, mais artistica, mais deslumbrante. Ella é filial de uma outra não menos rica nem menos afamada que os srs. Miranda & Filhos possuem no Porto, na Rua 31 de Janeiro, a qual é para a capital do Norte o que a casa do Chiado é para Lisboa. Estabelecimentos como este, que nada se parecem com os d'outros tempos, honram os seus proprietarios e as cidades que os possuem.»
A “Ourivesaria Aliança” surgiu, em Lisboa, após a aquisição efectuada, por parte da sede localizada no Porto, em 1940, do espaço da ourivesaria “Miranda & Filhos” e do armazém existente nas traseiras, tendo ficado as obras de ampliação para a construção do Salão de Exposições sob a responsabilidade do arquiteto Oliveira Ferreira. Em 1940, ter-se-á dado início às obras de ampliação da Ourivesaria, transformando o rés-do-chão e a sobreloja num único espaço amplo, tendo-se para o efeito substituído o piso superior por uma galeria circundante.
Interior da “Ourivesaria Aliança” após a sua inauguração em 1940, em fotos de 2004
No dia da inauguração da “Ourivesaria Aliança”, podia- se ler no jornal “Diario de Lisbôa”, de 21 de Dezembro de 1944:
«Falar de tão grandiosa obra é o mesmo que homenagear o sr. Celestino Mesquita, que pôs nela toda a sua inteligencia, todos os conhecimentos que possue, expondo, em valioso certame, as suas opulentas pratas de arte, tão célebres no país, como no estrangeiro, pratas que, nas maiores esposições internacionais, mereceram com justiça grandes prémios e "hors-concours. Nada existe na sala de vendas, como no lindo salão nobre, estilo Luis XVI, que não esteja em relação com o bom gôsto e luxo exuberante.»
1944
1957
1963
A “Ourivesaria Aliança”, em Lisboa encerraria as suas portas no dia 15 de Fevereiro de 2012. Adquirida pela cadeia de joelharias espanhola “Tous”, depois de uma profunda e belíssima reforma das instalações, reabriria em 17 de Dezembro de 2012, com a designação de “Tous”. O projecto, com assinatura da “Solayme Real Estate”, uma empresa espanhola de recuperação de imóveis, contou com uma equipa de arquitectos, onde constam alguns portugueses.
Fotos actuais que, felizmente, dispensam quaisquer comentários
A “Tous” foi fundada em 1920 e assenta num modelo de negócio familiar que é gerido por Salvador Tous e Rosa Oriol. A empresa que sempre se dedicou à joalharia, expandiu a sua oferta para acessórios, perfumes e relógios. Com sede em Barcelona, tem cerca de 400 lojas em 45 países.
Quanto às instalações da “Ourivesaria Aliança” na Rua das Flores, no Porto, parte delas estão, actualmente, ocupadas pela casa de chá “Joia da Coroa” .
Apesar da sua finalidade ter sido bem diferente, simplesmente exemplar !!
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Estação Cronographica, Oportocool
2 comentários:
Felizmente ainda existem espaços que são bem aproveitados.
Gostaria de saber se existe referência ou documentação dos tetos e dos singulares móveis, da ourivesaria do Porto. Obrigada.
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