A "Farmácia Barral" foi fundada em 1835 na Rua Áurea, em Lisboa, por José Maria Barral. Em 1849, seus irmãos Dr. António Francisco Barral, Dr. João Pedro Barral prestigiados professores da Escola Médica, e outro irmão Raimundo António Caetano Barral, associaram-se a José Maria Barral e formaram a firma "Barral & Irmão", e logo se transformou numa das mais importantes farmácias do país.
“Farmácia Barral” na Rua Áurea
Anúncio em 1863
Começa então um período de enorme actividade, fornecendo Hospitais, Laboratórios e Companhias, iniciando-se transacções importantes com as Ilhas e Colónias, mantendo a supremacia na venda, não só de artigos farmacêuticos, como toda a espécie de instrumentos de precisão.
Como tal, é a "Farmácia Barral" que fornece a nossa Marinha Mercante e Marinha de Guerra, a aparelhagem para os postos meteorológicos de Moçambique, Angola, Índia, Cabo Verde e Madeira, assim como as mais reputadas firmas de então e as mais nobres famílias da segunda metade do século XIX, incluindo a Casa Imperial do Brasil.
Por falecimento de Raimundo António Caetano Barral em 1879, assume a direcção seu parente Luís Barata Diniz, empreendedor e com a noção clara das necessidadesda época e que imprimiu à farmácia um forte movimento de progresso.
Em 1891, sucedeu-lhe seu primo António Alves Barata, farmacêutico, formado pela Universidade de Coimbra, espírito dotado de uma grande tenacidade e que soube dar ao seu comércio enorme impulso, nunca esquecendo a parte técnica inerente à sua responsabilidade profissional, que valorizou brilhantemente.
1909
1912
Ainda no século XIX a "Farmácia Barral" destacou-se pela excelência dos seus produtos, designadamente os manipulados, alguns dos quais, como o “Barral Creme Gordo”, conseguiram a rara proeza de confundir a marca comercial com o próprio produto. Ainda hoje, quando se diz «Creme Barral», quer dizer-se «Creme Gordo».
Tendo em conta a elevada procura do produto, são criados os “Estabelecimentos Barral” que permitem industrializar a produção de "Barral Creme Gordo".
Rapidamente o negócio cresceu, atingindo tais proporções que os manipulados farmacêuticos da "Farmácia Barral" foram autonomizados em laboratórios próprios, chegando a ser os maiores do país. A sua produção foi notável e dos seus laboratórios, excelentemente apetrechados, saíram preparados farmacêuticos que ainda hoje são procurados. Concorrendo com os seus produtos a várias exposições internacionais, a "Farmácia Barral" em todas foi recompensado com honrosos prémios.
Laboratórios da “Farmácia Barral”
1943
Em meados do século XX a "Farmácia Barral" adquiriu a "Farmácia Avelar", também muito conceituada na época e com instalações na Rua Augusta e Rua dos Sapateiros. Depois de vender as suas instalações originais e de absorver a farmácia então comprada realiza-se a mudança da "Farmácia Barral" para o número 225 da Rua Augusta, onde permanece até então.
Por morte de António Alves Barata, a "Farmácia Barral", passou a ser dirigida por Jayme Alves Barral, pessoa de incontestáveis méritos profissionais, que dotou o estabelecimento com todos os requisitos exigidos pela técnica moderna de então, impondo-o entre os mais categorizados e de maior destaque.
Ao longo do séc. XIX e da primeira metade do séc. XX o grupo foi crescendo e afirmando-se, transferindo a comercialização dos seus produtos do retalho para a distribuição e daqui para a indústria, sector onde alcançou o seu apogeu, nos anos 20 e nos anos 60 do séc. XX, sempre nas mãos da mesma família.
Envelope em 1931
1951
1953
Stand na “Feira das Indústrias de Lisboa”, em 1957
Após 1974 e o simultâneo falecimento do seu líder de então, o grupo entrou em declínio e acabou fraccionado, sendo os seus activos vendidos separadamente.
Em 2000 a marca “Barral” é vendida à empresa “Angelini Farmacêutica”, e em 2006 esta emblemática farmácia muda de novo de proprietário e dá o nome de "Rede Barral", iniciando um novo ciclo de existência.
Cerca de 2013, a "Farmácia Barral", na Rua Augusta, sendo uma das mais antigas e mais relevantes farmácias portuguesas sofreu profundas obras de remodelação. No espaço agora modernizado, e que passou a contar com duas entradas, pratica-se hoje a mais avançada actividade de farmácia.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital, Farmácia Barral
4 comentários:
Belíssimo artigo! Obrigado.
Gonçalo
Ola, muy buena entrada; ¿hay material para otra farmacia emblemática de Lisboa: Farmacia A. Caeiro en Almirante Reis?. Un saludo. Jesús.
Ola
Infelizmente não ...
Cumprimentos
José Leite
Foi, com 12 anos, o meu segundo emprego, no qual permaneci cerca de 9 a 10 meses.
Eram seus directores o Dr. Antoninho e o Dr. Jaime.
Na loja, o Sr. Lino, homem alto, com alguns cabelos brancos, magro e de ar um tanto austero, era a figura mais marcante, julgo que seria o responsável.
José Pedro Cerveira
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