A casa de fados “Solar da Hermínia”, propriedade da grande fadista Hermínia Silva (1907-1993) e localizado no Largo Trindade Coelho, no Bairro Alto, em Lisboa, foi inaugurado em 14 de Maio de 1958.
Espaço anteriormente ocupado por uma mercearia (toldos à direita na foto)
Hermínia Silva Leite Guerreiro (1907-1993)
Acerca da inauguração o “Diario de Lisbôa” descrevia no dia seguinte:
«Ontem à tarde, foi oferecido um lanche a cerca de duzentas pessoas, entre as quais os representantes da Imprensa, que foram recebidos pela querida actriz e pelo seu marido, sr. Vítor Manuel Guerreiro.
Entre outros artistas, estiveram presentes Tereza Gomes, Irene Isidro e Anita Guerreiro. Igrejas Caeiro, manifestando a sua esperança de que Hermínia prestando toda a atenção devida à sua casa comercial, não abandonará o Teatro, fez a sua apresentação dos oradores e de algumas figuras presentes; e Filipe Pinto, director artístico do "Solar" e popular cantador apresentou os fadistas.»
14 de Maio de 1958
1963
Em pleno Bairro Alto, a fachada do “Solar da Hermínia” era austera, como de uma agência bancária se tratasse, apenas como nome "Hermínia" iluminado em contra-luz. «Lá dentro ouvia-se apenas Fado, sem concessões ao turista. Pelas mesas podia ver-se o Conde de Sobral e outros assíduos que a veneravam, alguns colegas que, nas folgas, iam ver a Hermínia. (...) das suas confissões de "estar à rasca"; do seu aceno de mão no ar; sublinhando um final mais glorioso; do "puxar" pelos guitarristas com o seu proverbial "Anda, Pacheco!" ou lhes pedir que o acompanhamento fosse "mais picadinho"» in blog "Lisboa no Guiness"
Gentilmente cedido por Carlos Caria
Pouco tempo depois, Hermínia Silva passava a explorar o restaurante “Pôr do Sol no Solar de Benavente”, propriedade de Amália Madueño Diaz, desde Dezembro de 1961. O marido de Hermínia Silva, Vítor Guerreiro, era sócio de Amália Diaz na sociedade que geria o Solar. O espaço, que chegou também a ser conhecido como “Solar da Hermínia” em Benavente, funcionava como restaurante típico e no piso superior alugavam-se quartos.
Almoço de confraternização do Coro e seu maestro Duarte Pestana, no “Solar de Benavente” em 1965
«A porta principal do restaurante abria-se, na década de ouro, para deixar entrar a voz da canção portuguesa que vivia em Lisboa, mas fazia encher a sala da vila ribatejana nos serões de fado. Ao domingo Hermínia Silva cantava o fado a Benavente e trazia o elenco. Foi um sucesso enquanto restaurante típico. Ao espectáculo de fado juntava-se depois o folclore e a animação com um conjunto de baile.» in jornal “O Mirante”
O “Solar da Hermínia” , encerraria em 23 de Outubro de 1982, altura em que Hermínia Silva encerra a sua vida artística e cede o espaço ao poeta, fadista e compositor José Luís Gordo, marido da fadista Maria da Fé, desde 1968, e que já era co-proprietário da casa de fados “Sr. Vinho”, desde 1975.
As portas 10 e 11 anteriormente do “Solar da Hermínia” actualmente, numa foto retirada do “Google Earth”
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Delcampe.net, Ruas de Lisboa com Alguma História
2 comentários:
Creio que posteriormente surgiu um restaurante, com traço do arq° Hestnes Ferreira, chamado O Gordo, ou Os Gordos. Pelo seu artigo, talvez devido a José Luís Gordo, mas não tenho a certeza do que afirmo. Talvez mo saiba dizer. Cumprimentos.
Esse nome não me diz nada.
Mas, o José Luis Gordo e sua mulher a fadista Maria da Fé, são proprietários da casa de fados "Senhor Vinho".
Cumprimentos
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