O actual “Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”, localizado na Avenida Padre Cruz, em Lisboa, tem origem na criação do “Instituto Central de Higiene” por iniciativa do Doutor Ricardo de Almeida Jorge (1858-1939) em 1899. De referir que o Doutor Ricardo Jorge foi médico, investigador e higienista, professor de Medicina e introdutor em Portugal das modernas técnicas e conceitos de saúde pública, tendo exercido diversos cargos na administração da saúde, conseguindo uma importante influência política.
Doutor Ricardo de Almeida Jorge (1838-1939)
O “Instituto Central de Higiene”, tinha como objectivo a a preparação especializada de médicos e engenheiros para tarefas de saúde pública, o apoio laboratorial às acções de inspecção sanitária e a divulgação de assuntos relativos à higiene; para tal foram criados os cursos de medicina e engenharia sanitária, foram montados laboratórios e procedeu-se à publicação de boletins informativos e de divulgação (legislação sanitária e trabalhos realizados). A decisão de criar este Instituto surge como necessidade de combater um surto de peste bubónica que, nesse ano, atingiu a cidade do Porto. A proposta de criação do Instituto, da autoria do médico e humanista Doutor Ricardo Jorge, é, no entanto, anterior a este acontecimento.
Em 1911, o Instituto passou para a alçada do Ministério da Instrução Pública, e em 1912 foi transferido para o Campo Mártires da Pátria, em Lisboa, de forma a ficar mais próximo da Faculdade de Medicina, tendo passado para a dependência directa do Ministério do Interior, em 1926, através da Direcção-Geral de Saúde. Em 1929, em homenagem ao seu fundador, o “Instituto Central de Higiene” passou a chamar-se “Instituto Central de Higiene Doutor Ricardo Jorge”, nome que viria a manter até à reorganização dos “Serviços de Assistência Social”.
“Instituto Central de Higiene” no Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa
As actuais instalações, na Avenida Padre Cruz, em Lisboa, tiveram o seu anteprojecto e projecto entre 1970 e 1973, da autoria do arquitecto António Pardal Monteiro - que tinha acabado de entregar concluída a obra da “Biblioteca Nacional” - em Lisboa, tendo sido o tratamento dos espaços exteriores entregue ao arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles.
Este novo complexo do “Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”, que importou em 110 mil contos, seria inaugurado em 7 de Junho de 1973, com a presença do Presidente da República Almirante Américo Thomaz, o Presidente do Conselho Doutor Marcelo Caetano, o Ministro da Saúde Dr. Baltazar Rebelo de Sousa e o Ministro das Obras Públicas Rui Sanches. No mesmo dia seria inaugurada a estátua ao Doutor Ricardo Jorge da autoria de António Branco de Paiva.
Arquitecto António Pardal Monteiro (1928-2012)
Perspectiva geral do complexo
Planta do piso térreo
«O edifício é constituído por um complexo de quatro corpos, formando um rectângulo, com o seu eixo maior orientado na direcção norte-sul, criando um pátio-jardim no seu interior. Completam este complexo, dois volumes exteriores, e um outro interior no pátio jardim. O conjunto edificado tem uma frente sobre a Av. de Telheiras de 133 m de extensão e uma profundidade de 93m.
O elemento dominante é o corpo de sete pisos contendo os serviços laboratoriais, e, na cave e último piso, as áreas técnicas. A métrica estrutural adotada de 3,5 m assegura às bancadas de trabalho perpendiculares à fachada a separação conveniente.
O Centro de Saúde Pública ocupa o andar principal do corpo de três pisos a nascente do pátio central, que contém, no seu andar superior, um conjunto de gabinetes de estudo, e, na cave, os depósitos dos serviços laboratoriais.
A zona destinada ao ensino ocupa o piso térreo do corpo sul do pátio central, ligando a entrada principal coma do Centro de Saúde Pública. Para além das salas de aula, gabinetes e salas, dispões de um anfiteatro de 138 lugares, que constitui o corpo anexo situado no pátio, em detrimento do auditório da solução inicial que não chegou a ser construído. Ao Centro de Documentação foi dedicado todo o piso superior deste corpo.
Painel da autoria de Querubim Lapa
Os serviços administrativos e a direcção da instituição ocupam o andar do corpo da fachada principal. Os serviços sociais, que incluem restaurante do pessoal, cozinha e creche-infantário, em contacto direto com o espaço exterior, encontram-se a nascente do corpo de laboratórios, próximo da entrada de serviços e dos vestiários. O biotério de criação de animais ocupa integralmente o corpo de um só piso situado a norte do corpo de laboratórios.» (1)
Actualmente, o “Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge” dispõe de unidades operativas na sua sede em Lisboa, em centros no Porto - “Centro de Saúde Pública Doutor Gonçalves Ferreira” - e em Águas de Moura - “Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas Doutor Francisco Cambournac.
O “Instituto Ricardo Jorge” está organizado, em termos técnico-científicos, em seis grandes departamentos:
Departamento da Alimentação e Nutrição;
Departamento de Doenças Infeciosas;
Departamento de Epidemiologia;
Departamento de Genética Humana;
Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção das Doenças Não Transmissíveis;
Departamento de Saúde Ambiental.
“Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge”, actualmente
(1) - Bibliografia: Foi, também consultado, de onde foram retiradas a maioria das fotos, o trabalho de investigação “Para o projecto global-nove décadas de obra - Arte, Design e Técnica na Arquitectura” do atelier Pardal Monteiro Vol I - Doutoramento em Design de João Pardal Monteiro pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, Dezembro de 2012.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Instituto Ricardo Jorge
Sem comentários:
Enviar um comentário