Restos de Colecção: Standard Eléctrica

8 de março de 2015

Standard Eléctrica

A “Standard Eléctrica, SARL” foi fundada pela multinacional “ITT Corporation”, em 1932, com sede na Rua Augusta, em Lisboa, e com instalações fabris inicialmente em Cabo Ruivo, passando para a nova fábrica projectada pelo arquitecto Cottinelli Telmo, na Avenida da Índia, a partir de 1948.

Na sequência da realização da "Exposição do Mundo Português de 1940" em Belém, a Avenida da Índia era uma das artérias da capital recentemente nobilitadas, integrada no plano para a faixa ribeirinha compreendida entre Alcântara e o porto de pesca de Pedrouços que foi elaborado pela "Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e Zona Marginal de Belém" dirigida pelo arquitecto Cottinelli Telmo e pelo engenheiro Sá e Melo.

1940

Na sequência em 1944 o arquitecto José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948), dá início ao projecto do edifício de acordo com um "esquema de planta" elaborado pela delegação da “Standard Eléctrica” em Madrid e destinado à construção de uma instalação industrial na zona ribeirinha ocidental de Lisboa. Em 1948 são concluídas as obras iniciadas três anos antes.

1947

Projecto inicial do arquitecto Cottinelli Telmo

 


Nesta nova fábrica da “Standard Eléctrica”, lança-se na produção industrial de equipamento de telecomunicações para os “CTT” e “TLP” e de equipamentos de rádio para as Forças Armadas e, mais tarde, na produção de televisores.

1948

Em Junho de 1968, inaugura uma fábrica em Cascais, onde, actualmente, se encontra sedeada, e amplia a sua gama de fabrico aos semicondutores destinados ao mercado de exportação.


 

 

 



 

 

1957

A “ITT Corporation” no ano de 1973, já detinha em Portugal as seguintes empresas: “Standard Eléctrica SARL”, “ITT Semicondutores”, “Rabor- Construções Eléctricas SARL”, “Hotéis Sheraton de Portugal SARL”, “Oliva Comercial SARL”, “Oliva Industrias Metalúrgicas SARL”, e “Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas SARL” que editava as listas telefónicas “Páginas Amarelas”.


Loja da "Standard Eléctrica" na Rua Augusta

A “Standard Eléctrica, S.A.” viria a ser incorporada, na “Alcatel Portugal, S.A.”, subsidiária da francesa “Alcatel”, - hoje “Alcatel Lucent” resultado da fusão entre as empresas “Alcatel” e “Lucent Technologies” - e que viria a ocupar as instalações da antiga “Standard Eléctrica”, em Cascais.

Stands da “Standard Eléctrica” na “FIL - Feira das Indústrias de Lisboa



Na segunda metade da década de 70 do século XX o edifício da “Standard Eléctrica” na Avenida da Índia é desafectado do seu uso inicial e, na sequência do processo de descolonização que se seguiu à revolução de Abril de 1974, o edifício foi utilizado como depósito de mercadorias, provenientes das ex-colónias de Portugal em África. Seguiu-se um período de abandono, de vandalização e progressiva degradação da construção. Em 1977 a Câmara Municipal de Lisboa aprova um projecto que prevê a demolição das antigas instalações da “Standard Eléctrica” e a construção de edifícios em torre no seu lugar, o que gerou uma grande polémica, pelo que não teve sequência.


Unidade industrial em Cascais, em 1974


Unidade industrial em Cascais, em 1982

Em 1980, o edifício acolhe provisoriamente uma extensão da “Escola Secundária Rainha D. Amélia” (cuja sede ocupa então o palacete Ribeira Grande na Rua da Junqueira) e posteriormente, passa a ser utilizado como escola da “Orquestra Metropolitana de Lisboa” e do “Hot Clube de Portugal”, tendo sido também pontualmente usado como local de exposições de iniciativa municipal, nomeadamente o “Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada”. Em 1991 instala-se no piso térreo a “Escola de Comércio de Lisboa”, e no ano 2000 os arquitectos Gonçalo Byrne, Manuel Mateus e Francisco Mateus projectam um edifício destinado à nova sede da “Orquestra Metropolitana de Lisboa” (“Casa da Música de Lisboa”) a ser construído no lote da antiga “Standard Eléctrica”, no terreno livre existente à retaguarda, projecto que também não teve sequência.

 

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

3 comentários:

Anónimo disse...

O Meu avô fala tanto sobre esta empresa que decidi pesquisar. Mesmo com os seus quase 92 anos de idade continua a falar do seu antigo trabalho e como gostava.
Bons tempos pelos vistos , começava a ser pago mal saía de casa, o tempo de transporte era renomerado ,tinha todo o tipo de ajudas de custo ,hoteis comida etc
Ainda correu o pais todo continente e ilhas , e com isso assistiu as mudanças que aconteceram
Pena ja nao haver mais empresas assim .

Anónimo disse...

Trabalhei na Standard Electrica em 83, foi o meu 1º trabalho na área das telecomunicações que foi a minha profissão até 2010. O meu local de trabalho foi na Junqueira na Tv. da Galé
Era sem dúvida uma boa empresa que como muitas outras desapareceram... Na altura com 18 anos ganhava como "aprendiz" o ordenado mínimo, com direito a 300$00 por dia para almoço e o passe social... Foi uma boa escola profissionalmente falando e acompanhei o inicio da digitalização dos sistemas telefónicos privados e publicos.

Anónimo disse...

Trabalhei na Standard Eléctrica, nos anos 80, como funcionário da Bull, dando assistência ao Centro de Informática, as reuniões principais eram tidas em Bruxelas na sede da ITT. Em determinada um ocasião, um dos operadores em vez de apagar determinado disco, 50MB, para fazer o backup de outro disco, começou a formatar o original, por sorte o Chefe do Centro deu por ela e foi rapidamente parar o Leitor/Escritor do Disco, felizmente perderam pouca informação; o índice do disco, que encontrava nas primeiras pistas deste, e uma pequeníssima parte dos dados nele contidos. Fui chamado para estudar um modo de recuperação dos dados e proceder à mesma com ajuda de um colega meu, José Menau. Conseguimos recuperar 97% da informação, após longos meses de trabalho, pelo que no final fomos conduzidos à Direcção, que nos apresentou os mais calorosos agradecimentos e deram a cada um, uma caneta Mont Blanc.