Em 1934 foi promulgado o Decreto-Lei nº 24625, pelo então Ministro das Obras Públicas engenheiro Duarte Pacheco, lei que propunha a criação do “Parque Florestal de Monsanto” estabelecendo um prazo de seis meses para a elaboração do projecto, que impõe à Câmara Municipal de Lisboa a sua divulgação e promoção, ao Ministério da Agricultura a sua arborização, e definindo um regime de expropriações inédito em Portugal. Em 1938, embora o prazo estabelecido pela lei criada por Duarte Pacheco - entretanto já acumulando o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Lisboa - já tenha expirado, é contratado o arquitecto Francisco Keil do Amaral para o projectar, e o Parque começa a ser uma realidade.
O plano foi executado por secções, os trabalhos de arborização iam avançando consoante eram realizadas as expropriações, e ao mesmo tempo era construída a auto-estrada e os equipamentos. As intervenções começaram na 1ª e 2ª zona, que corresponde à faixa poente da Serra, entre o Estádio do Pina Manique e Montes Claros. É nesta fase que se desenvolvem vários projectos de Miradouros, como o Miradouro e Casa de Chá de Montes Claros, o Miradouro dos Moinhos do Mocho, o Miradouro Moinho de Alferes, o Miradouro Pedreira do Penedo e o Miradouro da Luneta dos Quartéis.
“Mocidade Portuguesa” plantando árvores em Monsanto, em 1938
Em finais de 1940 já tinham sido plantadas cerca de 300.000 árvores, construídos 10 quilómetros de estradas, 3 quilómetros de caminhos, movimentos de terras, muros de suporte, 3 miradouros, o parque Infantil, e um campo de tenis.
O “Pavilhão de Chá”, projecto do arquitecto Keil do Amaral, seria inaugurado em 9 de Julho de 1942, simultaneamente com a “Pista para Cavaleiros”. Assistiram à inauguração destes dois equipamentos o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, engenheiro Duarte Pacheco, o Governador Militar de Lisboa, os embaixadores do Brasil, de Espanha, o Ministro de Itália, etc.
Miradouro e “Pavilhão de Chá” de Montes Claros, em 1942
“Pavilhão de Chá”, em 1942
No “Guia do Parque Florestal de Monsanto” podia-se ler:
«Em Montes-Claros vem funcionando com carácter provisório um botequim que vai ser adaptado a restaurante e se conta inaugurar em 1951 perfeitamente equipado.
Conta-se também ter em exploração em 1952/53 o pavilhão e esplanada próxima do Teatro ao ar livre, num local de onde se disfruta a mais bela vista sobre a Cidade. Pequenos botequins estão previstos em diversos locais e serão construídos à medida que o movimento de visitantes o justifique.
Nalgumas zonas do Parque, far-se-ão, quando as árvores atingirem o necessário desenvolvimento, parques para merendas, com locais para fazer fogos e com água canalizada. Até lá, e não querendo privar desse prazer aqueles que já hoje demandam o Parque de Monsanto, roga-se-lhes apenas que não prejudiquem os arvoredos, não acendam fogos, nem abandonem papéis sujos, latas e restos de comida.»
O projecto para a ampliação do “Pavilhão de Chá” dos Montes Claros para restaurante, não se alterando o seu miradouro, foi elaborado, em 1949, pelo arquitecto Francisco Keil do Amaral, com a colaboração dos arquitectos Alberto José Pessoa e Hernâni Gandra. Os painéis de azulejos no topo da sala de refeições principal, no piso superior, são de autoria da pintora Maria Keil. Neste ano seria também construído o “Clube de Ténis de Lisboa” em Monsanto, num projecto dos arquitectos Keil do Amaral e Hernâni Gandra.
Restaurante e Salão de Chá “Montes Claros”, em 1951
O novo restaurante e casa de chá “Montes Claros”, propriedade da “Sociedade Restaurante Montes Claros, Lda.” cujos sócios eram Mário Antunes de Carvalho, Alberto Nunes, João Teixeira e João Sá, seria inaugurado em 29 de Dezembro de 1951.
Ementa da passagem de Ano de 31 de Dezembro de 1964
gentilmente cedida por Carlos Caria
Na cerimónia de inauguração estiveram presentes o tenente-coronel Álvaro Salvação Barreto, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o coronel Óscar de Freitas, inspector-geral dos Espectáculos, comandantes do Regimento de Sapadores Bombeiros, e da Polícia Municipal, e pelo SNI- Secretariado Nacional de Informação Guilherme de Carvalho, além de outras individualidades e convidados.
“O «Montes Claros» servirá almoços e jantares, havendo «soirées» diárias, até ás 3 e30, e «matinées» dançantes aos sábados e domingos." in: Diário de Lisboa
Durante muitos anos a Câmara Municipal de Lisboa, patrocionou o evento das “Noivas de Santo António”, oferecendo a seguir à cerimónia religiosa, o “Copo de Água” neste restaurante.
Depois de ter sido mais uma churrascaria da cadeia “Chimarrão”, encerrou e foi alvo duma profunda remodelação e recuperação, pelo seu proprietário a Câmara Municipal de Lisboa. Depois de concurso público de exploração em 2011, passou a designar-se de “Montes Claros Lisbon Secret Spot”, dando origem a um local de referência dedicada à realização de eventos. Apesar da traça arquitectónica se manter por fora, por dentro tudo foi remodelado para dar lugar a quatro espaços contemporâneos, versáteis e tecnologicamente avançados, distribuídos pelos dois pisos.
“Montes Claros Lisbon Secret Spot”
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Malomil, Hemeroteca Digital, Montes Claros Lisbon Secret Spot
Sem comentários:
Enviar um comentário