Com projecto, em estilo «Arte Deco», dos arquitectos Cassiano Branco, Júlio Brito e Mário Abreu o "Coliseu do Porto", propriedade da "Companhia de Seguros Garantia" (fundada em 1853), e situado na Rua Passos Manuel, foi inaugurado a 19 de Dezembro de 1941.
Em 1937, surgem os primeiros esquissos do edifício pelo arquitecto José Porto, que rapidamente abandona o projecto. Seguem-se vários outros nomes. Yan Wills, arquitecto holandês, fez esboços que ficaram sem efeito. E Júlio de Brito viu os seus estudos serem recusados pela Comissão de Estética da Câmara Municipal do Porto. Em 1939, Cassiano Branco assume o cargo de arquitecto dirigente e conta com a colaboração de Júlio de Brito, com quem mais tarde viria a entrar em conflito.
Na revista portuense "O Tripeiro" lia-se: « (…) sob as ruínas do velho "Passos Manoel", de tão velhas como gloriosas tradições portuenses, pede a generosa vontade dos homens, com o dinheiro duma das maiores empresas portuenses a "Garantia" -, erguer uma das mais modernas, das mais belas e das mais grandiosas do Porto e de Portugal. Bem hajam! ».
"Salão - Jardim Passos Manoel" inaugurado em 18 de Março de 1908
A construção do "Coliseu do Porto", iniciou-se em 1937, depois de demolido o "Salão-Jardim Passos Manuel", com as propostas apresentadas por José Porto, Jan Wills e a reprovada proposta de Júlio José de Brito.
Em 1939 Cassiano Viriato Branco, que já tinha projectado o "Cinema Eden" (1933) e o "Victoria Hotel" (1934) ambos em Lisboa, é convidado a resolver o projecto e, reutilizando a caixa muraria já construída que delimita a sala de espectáculos, palco e corredores, reorganiza a articulação vertical do edifício, da mesma forma que investe na sucessão dos espaços de entrada.
O design de interiores não tem uma autoria muito clara. Charles Cicles, autor de diversos teatros de Paris, terá entrado no projecto e elaborou desenhos para o Coliseu mas, aparentemente, só os candeeiros e as portas foram aproveitados e o arquitecto nunca foi remunerado. Seguiu-se Mário Abreu que projectou o interior e fez alterações na sala principal, nas escadarias, na torre da fachada, que deveria ser envidraçada, e eliminou o néon verde, vermelho e branco que acompanharia todo o edifício.
1944
O "Coliseu do Porto" demorou apenas 22 meses a ser construído e custou 11 mil contos (55.000,00 € que a valores actuais seriam 6.963.550,00 €), um elevado custo para a época.
A sala principal do Coliseu do Porto tinha inicialmente 3.300 lugares sentados, entre plateia, tribunas, camarotes, frisas, galeria reservada e geral, e permite que nela sejam realizados todo o tipo de espectáculos: música, bailado, teatro, ópera, circo, cinema, etc.
Coliseu do Porto em fotos de 1941
O "Jornal de Notícias" escrevia a propósito da inauguração: «O Coliseu abriu as suas portas. Ambiente artístico de grande elegância. Casacas, smokings, robes de noite, fardas, condecorações. As ruas próximas - Passos Manuel, Formosa Fernandes Tomás - pejada de automóveis.».
O sarau de gala da inauguração do "Coliseu do Porto" constituiu um grande acontecimento cultural e social da cidade, com a presença das personalidades da época, num ambiente sofisticado e de grande elegância.
Seguiu-se um concerto pela Orquestra da Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Pedro de Freitas Branco. A jovem, e já consagrada pianista, Helena Moreira de Sá e Costa interpretava o 1º Concerto para Piano e Orquestra, de Felix Mendelsshon. Antes, porém, a actriz Aura Abranches viu o seu discurso ser interrompido por uma assistência de 3500 pessoas que aplaudiam o nome de Salazar e lançavam vivas a Portugal. À uma da manhã acabou o concerto. Seguiu-se um baile de caridade e uma ceia, servida no hall.
Inauguração em 19 de Dezembro de 1941
1942
No ano de 1995 a "Companhia de Seguros AXA", então proprietária do imóvel, inicia negociações com a "Igreja Universal do Reino de Deus", propondo-se esta última a comprar e a "Aliança - UAP" a vender. Porém, várias personalidades ligadas à cultura, às artes e à autarquia local, promovem uma manifestação de repúdio à eventual transacção. Uma vez vetada pela autarquia, a venda não se concretiza. Em Novembro de 1995, em escritura notarial outorgada entre a Câmara, a Área Metropolitana do Porto, a Secretaria de Estado da Cultura e a UAP, constitui-se uma associação sem fins lucrativos - "Associação Amigos do Coliseu" - com a finalidade de adquirir o Coliseu e geri-lo como espaço de interesse cultural.
Em 28 de Setembro de 1996 após um desfile de moda com Claudia Schiffer, um incêndio de origem indeterminada, destrói completamente a caixa do palco e provocando graves estragos na sala principal e nos camarins. O "Coliseu do Porto" voltou a abrir as portas no dia 12 de Dezembro, com o tradicional espectáculo do Circo de Natal, embora a recuperação completa da sala só viesse a estar concluída dois anos mais tarde reabrindo ao público no dia 24 de Novembro de 1998, com a ópera Carmen, de Bizet.
Coliseu do Porto, actualmente
Presentemente o "Coliseu do Porto" dispõe, também, do "Salão Ático" com capacidade para cerca de 300 pessoas, vocacionado para uma grande variedade de iniciativas: concertos, recitais, exposições, passagens de modelos, congressos, conferências, encontros, reuniões, apresentação de produtos, conferências de imprensa, banquetes, bodas e festas
Salão Ático
Dispõe também do "Salão Jardim" vocacionado para albergar exposições, reuniões, seminários e apresentação de produtos.
Salão Jardim
Além destes equipamentos integra, ainda, o "Cinema Passos Manuel". No local onde se situa actualmente, funcionou, até 1937, outrora o "Salão Jardim Passos Manoel", inaugurado em 18 de Março de 1908, nome posteriormente adoptado por este pequeno estúdio. O "Cinema Passos Manuel" abriu a 26 de Novembro de 1971. Mais tarde, em 1997, foi remodelado e equipado com um novo sistema de projecção e som.
Cinema Passos Manuel
Fotos in: Monumentos Desaparecidos, A Cidade Surpreendente, Coliseu do Porto, Cinemas do Porto
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