As companhias de navegação portuguesas nasceram no século XIX, impulsionadas pela massificação da máquina a vapor, vivendo o seu apogeu e declínio no século XX. As primeiras grandes companhias de navegação nascem em Portugal no século XIX.
As viagens marítimas, entre Lisboa e Porto, tiveram o seu início com a aquisição do primeiro navio a vapor português o “Lusitânia” em 1821 com o navio Lusitânia. Foi aquirido pela empresa ‘João Baptista Ângelo da Costa & Cª ‘, mas essa carreira foi suspensa em 1823, após um naufrágio em 1823 junto a Ericeira.
Em 1825 um novo vapor é adquirido, pelo mesmo proprietário, denominado “Restaurador Lusitano” retomando as viagens entre Lisboa e Porto.
foto in: Do Porto e não só
O “Restaurador Lusitano” naufragou a 11 de Setembro de 1832, quando se dirigia para o Porto ao serviço de D. Miguel durante a Guerra Civil.
No ano de 1821 o “Conde de Palmella” , construída em Liverpool, e propriedade da empresa ‘João Baptista Ângelo da Costa & Cª ‘, foi o primeiro vapor a navegar no rio Tejo. A sua viagem inaugural aconteceu a 27 de Janeiro de 1821. Para essa viagem histórica, entre Lisboa e Santarém, cada passageiro pagava 480 réis até Vila Franca e 960 réis até Alqueidão.
Em 1838 o primeiro de cinco vapores, a pás e com casco em aço, chegaram de Inglaterra, onde tinham sido encomendados. Foram eles o ”Tejo” de 112 tons., o “Sartórios” de 117 tons., “D. Pedro”, “Infante D. Henrique” e “Viriato”.
Estes vapores eram pertença da ‘Companhia do Tejo e Sado’, mudando de designação para: ‘Companhia de Navegação do Tejo por Barcos Movidos por Vapor’. Esta companhia adquiriu o “Almansor” (78 tons) e o “Camões” (58 tons), construídos em Newcastle em 1853 e 1855 respectivamente. esta companhia faliu em 1868. Em 1860 Frederico Burnay fundou a ‘Vapores Lisbonenses’ e criou uma frota de modo a fazer ligações entre Lisboa, Cacilhas, Seixal, Aldeia Galega (Montijo), Trafaria e Cascais. A partir de 1888 esta frota de vapores passou para a ‘Frederico Burnay Sucessores’ antes de ser adquirida pela ‘Parceria dos Vapores Lisbonenses’, em 1899.
‘Parceria dos Vapores Lisbonenses’
Título da ‘Empreza Portuense de Navegação por Vapor’ e um bilhete de viagem Porto-Lisboa, de 1847.
A ‘Companhia de Navegação a Vapor Luso-Brasileira’ é criada em Outubro de 1852, devido ao crescimento da emigração de portugueses para o o Brasil. Foi seu fundador Joaquim Pinto Leite, financiado pela firma Pinto Leite & Brother, do Porto, em conjunto com uma sociedade de investidores residentes em Portugal e no Brasil. Teve ao seu serviço dois vapores: “Donna Maria Segunda” (1853-1859) de 1.534 tons e capacidade para 406 passageiros e “Dom Pedro Segundo” (1855-1857) de 1.519 tons e capacidade para 406 passageiros. Encerrou por motivo de falência em 1957. Até então e a partir de 1851 eram os navios da ‘Mala Real Inglesa’ que garantiam as ligações a vapor entre Portugal e o Brasil.
fotos anteriores in: Galeria de Christian Gollnick
Um exemplo de um paquete a vapor de 1889: o paquete “Loanda’”, pertença da companhia ‘Mala Real Portugueza’ (1891-1903)
Paquete “Loanda”
Conhecimento de carga do navio “Ambaca”, em 1905
No início do século XX , apenas duas, a ‘Empresa Insulana de Navegação’ e a ‘Empresa Nacional de Navegação’ subsistem, dividindo entre si a posse de uma pequena frota mercante.
Reflectindo um período de maior estabilidade na navegação a vapor em Portugal, foi criada em Ponta Delgada em 1871, a ‘Empresa Insulana de Navegação’ (EIN), a primeira a desenvolver a sua actividade por um longo período (1871-1974). No início a empresa possuía dois vapores, o "Insulano" (de 877 toneladas de arqueação bruta e lotação de 186 passageiros) e o "Atlântico" (de 1032 toneladas de arqueação bruta e lotação de 110 passageiros) que se destinavam às ligações marítimas entre as ilhas do arquipélago.
Após a perda destes navios a empresa adquiriu os paquetes "Funchal I" e "Açor", considerados muito modernos para a época, e o "Benguella" que iniciou em 1885 o serviço transatlântico - Lisboa, Cádis, Boston e Nova Iorque, fazendo escala nos Açores.
Só nos finais dos anos 40 início dos anos 50, começaram a chegar a Portugal, navios equipados com propulsão diesel:
Em 1946 a CCN - ‘Companhia Colonial de Navegação‘(1922-1974), recebe o 1º navio a propulsão diesel o navio de carga e passageiros “Benguela” (1946-1974). Máquina: 1 motor diesel de 6 cilindros a 2 tempos ‘Burmeister & Wain’, modelo 674VTF, número 363, com 5.400 bhp a 105 rpm; Velocidade: 13 nós (atingindo15.45 nós de velocidade máxima).
O primeiro paquete de passageiros desta companhia com propulsão a diesel foi o “Uíge” em 1954. Máquina: 1 motor diesel Burmeister & Wain nº. 6410, tipo 874VTF-140, de 8 cilindros a 2 tempos, com 6 850 bhp a 125 rpm, 1 hélice. Velocidade: 16 nós. Passageiros: 571 (78 em 1ª classe., 493 em turística). Tripulantes: 150
“Benguela” (1946-1974) “Uíge” (1954-1978)
Noutros artigos com a etiqueta “barcos”, poderão ser vistos paquetes, navios de pesca, rebocadores, etc a vapor.
14 comentários:
Bom dia,
Excelente a sua pesquisa, adorei ler e ver as fotos, no edifício da Parceria foi efectuada a fundação do Clube Naval de Lisboa.
obrigado,
Cumprimentos,
Caro Carlos Henriques
Eu é que agradeço, a sua sempre atenta, interventiva e regular visita a este blogue.
Cumprimentos
José Leite
boa tarde
Gostei de Ver! parabéns! Tenho no entanto uma curiosidade: Na imagem que descreve a carga do paquete a vapor "Loanda" não se consegue ver qual era a carga. Não pode colocar uma imagem que se consiga ler? Tenho de facto curiosidade em saber qual era a carga do navio. Enfim, uma maloqueira minha mas gostava de saber!
Caro JD
Crei que se refere ao conhecimento de carga do navio "S. Thomé".
Infelizmente não tenho em resolução maior mas pelo que consegui distinguir aqui vai...
Sacos de Arroz
Caixa de Calçados impressos
Caixa com Balança e Manómetro
Barricas de Cloreto de Cal
Caixa Alcool
Caixa Medicamentos
Caixa de pertences de máquinas
Barras de Ferro
Feixes de Dito
Pacote de Barras de aço
num total de 77 volumes
Os meus cumprimentos
José Leite
Caro José Leite,
uma pequena correcção. O conhecimento de embarque não se refere ao navio "S. Thomé". Refere-se ao navio "Ambaca", a carga é que se destina a São Tomé!
Cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico
Grato pela correcção.
Quando fiz este artigo devia estar em dia não ...
Cumprimentos
José Leite
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Encontrei a postagem em pesquisa do Google
e gostei muito do blogue.
Os meus cumprimentos pela sua dedicação.
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Muito grato pelas suas amáveis palavras.
Os meus cumprimentos
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Voltei...
Queria descobrir em que vapor tinha ido Miguel Torga para o Brasil, em 1920,
mas constatei que era a mala real inglesa que fazia os transportes...
Dias felizes, Manuel Leite.
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Exmº Senhor José Leite,
Felicito-o pela sua excelente pesquisa e sem querer abusar da sua paciência gostaria de lhe perguntar se sabe o nome das companhias de navegação britânicas que operavam entre Portugal e a América, entre 1892 e 1916.
Antecipadamente grata, Maria Manuela Abreu
D. Maria Manuela Abreu
No início do século XX para as Américas e a partir de Lisboa ou Londres eram as seguintes as companhias:
Booth Line
Mala Real Inglesa
Os meus cumprimentos
José Leite
Boa tarde,
Seu conhecimento compartilhado foi de muita ajuda.
Saberia me responder se o Mala Inglesa fazia transporte de São Vicente para o Porto de Santos no ano de 1920? Conseguiria olhar o nome dos passageiros?
Onde eu poderia olhar essa documentação?
Desde já agradeço.
Cordialmente,
Raquel Games.
Caro Sr. José Leite
Gostei de ver a foto do navio Uíge por me recordar a viagem de 13 dias de Luanda até Lisboa a bordo desse barco, em Março de 1970, ao fim de 26 meses de Angola.
Os meus agradecimentos.
Boa tarde. Espero que o blog ainda esteja activo...
Congratulando-o pelo esplêndido trabalho, tenho uma pergunta, que talvez me saiba responder: quando começaram as viagens a vapor de Lisboa para Luanda?
Com os mlhores cumprimentos e antecipados agradecimentos,
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