Restos de Colecção: 40 anos do MRPP

19 de setembro de 2010

40 anos do MRPP

Baseado num post de 30 de Junho de 2010 com o título “Arnaldo Matos e o MRPP” recupero algumas passagens e aproveito o facto do 40º aniversário deste partido ter ocorrido ontem, para relembrar em texto e fotos o 2º partido mais antigo de Portugal, sendo o mais antigo o Partido Comunista Português, fundado em 6 de Março de 1921.

O MRPP (Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado) de inspiração maoísta foi fundado em 18 de Setembro de 1970, numa casa da Estrada do Poço do Chão, em Benfica, Lisboa.

Foi fundado no ano do centenário do nascimento de Lenine, e defendia que o PCP adoptara uma ideologia "revisionista", tendo deixado de ser o "partido do proletariado". Para a prossecução da revolução era necessário reorganizá-lo - daí o nome escolhido.

Com base na “RESOLUÇÃO SOBRE A FUNDAÇÃO DO MRPP E A CRIAÇÃO DO COMITÉ LENINE”, os fundadores foram Arnaldo Matos, Fernando Rosas e João Machado (funcionário dos TLP). Em 1969, Arnaldo Matos ganhou a Associação de Estudantes da Faculdade de Direito, à frente da lista da Esquerda Democrática Estudantil: derrotou então uma lista inspirada pelo PCP e encabeçada por Alberto Costa, antigo ministro da Justiça do PS de 2005 a 2009.

Excerto do final da Resolução…..

A tarefa central que se coloca hoje aos quadros de vanguarda do proletariado e aos seus aliados militantes noutros extractos sociais, para iniciar a marcha revolucionária da Revolução Democrática e Popular e da Revolução Socialista é a da reorganização da classe dos proletários com a fundação do Partido que dirija a sua luta emancipadora.

Neste sentido e com esse objectivo se funda hoje o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP)”.

                               

Publica "Bandeira Vermelha" em 1970, como órgão teórico e "Luta Popular" em 1971, como órgão de massas e órgão central . O MRPP foi um partido muito activo antes do 25 de Abril de 1974, especialmente entre estudantes e jovens operários de Lisboa e sofreu a repressão das forças policiais, reivindicando como mártir Ribeiro Santos, um estudante assassinado pela polícia política durante uma manifestação ilegal em 12 de Outubro de 1972. Arnaldo Matos era o seu Secretário Geral

           

O MRPP teve o 1º preso político depois do 25 de Abril de 1974: José Luís Saldanha Sanches , recentemente falecido a 14 de Maio de 2010. O motivo foi o artigo com o título “Nem mais um embarque”  no “Luta Popular” , em que apelava à deserção em massa.

Após a legalização do MRPP a 18 de Fevereiro de 1975, o Conselho de Revolução, numa reunião em 27 de Maio de 1975, decidiu calar o MRPP. Forças militares do COPCON, comandado por Otelo Saraiva de Carvalho atacam o MRPP: em 28 de Maio, foram presos 400 militantes do MRPP, na sua maioria estudantes, em Lisboa. Entre os detidos, Arnaldo Matos preso em Mirandela. Surgiu então, pintada nas paredes da capital, a célebre frase: “Libertação imediata do camarada Arnaldo Matos - o Grande Educador da classe operária”.

9 de Outubro de 1975, Alexandrino de Sousa, outro militante do MRPP, integrava uma brigada que, na Praça do Comércio em Lisboa, colava cartazes a convocar um comício para assinalar o 3º aniversário da morte de Ribeiro Santos. Os membros da brigada foram subitamente cercados por dezenas de elementos ligados à UDP que, aproveitando-se da sua superioridade numérica, os insultaram e agrediram, lançando-os de seguida ao rio Tejo. Com a ajuda de populares que vieram em seu socorro, os restantes membros da brigada foram levados para o hospital para serem tratados, mas Alexandrino de Sousa foi retirado da água já morto, por afogamento.

         

A partir de 26 de Dezembro de 1976, o MRPP, após Congresso, passou a designar-se Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, com a sigla PCTP/MRPP. O seu líder histórico é Arnaldo Matos. O primeiro director do "Luta Popular", na fase legal, foi Saldanha Sanches, a quem sucedeu Fernando Rosas. O jornal chegou a ser diário, durante um curto período.

            

Hoje o secretário geral do PCTP/MRPP é Luís Franco e seu líder é o advogado Garcia Pereira.

          

Outras importantes figuras passaram por este partido como Durão Barroso, VÍtor Ramalho, Maria José Morgado, Ana Gomes, Maria João Rodrigues entre outros.

7 comentários:

Anónimo disse...

E SOBRE A RPAC?
E SOBRE A MANIFESTAÇAO NO H.M. DA ESTRELA?
EU ESTIVE LÁ!

José Leite disse...

RPAC - Resistência Popular Anti-Colonial (1974)
Está mencionada na página dos Partidos Políticos (1820-2009)
Quanto à manifestação no Hospital Militar da Estrela .... eu não posso saber tudo .... até porque nessa época eu tinha 15 ou 16 anos.
Cumprimentos

Unknown disse...

Encontrava-se detido no Hospital Militar um Capitão cubano de nome Peralta que tinha sido aprisionado na Guiné durante a Guerra Colonial, sendo recusada a sua libertação pelo MFA. Foi convocada uma manifestação exigindo a sua libertação. Foi reprimida pela PSP, com gás lacrimogénio.

pcr disse...

A manifestação para libertação do peralta foi reprimida pela GNR a cavalo e com gas lacrimogenio eu estive no largo da estrela tinha eu 14 anos

pcr disse...

Dia 28 de Maio 1975 as 00h na sede central Av Alvares Cabral Lisboa é preso o secretario geral Arnaldo de Matos e umas dezenas de melitantes (eu) inclsive.

Anónimo disse...

O Alexandrino de Sousa não foi violentamente agredido e atirado ao Tejo por UDPs... essa história já foi desmentida: foram camaradas do MRPP que incentivaram a que se atirassem ao Tejo, para fugir dos UDPs, mesmo depois de Alexandrino ter confessado q não sabia nadar, atirou-se mesmo assim atrás dos outros e lá ficou. E foram precisamente esses populares que os ajudaram que testemunharam tudo isto e a própria UDP que depois reagiu a estas acusações, que de resto os militantes do MRPP adoravam aproveitar para se marterizarem e vitimizarem.

Unknown disse...

O que escreveu o anónimo de 19/06/2015 é completamente falso! Eu fazia parte da brigada de colagens de cartazes do meu amigo Alexandrino de Sousa. Sei o que se passou! Essa foi uma das noites mais marcantes da minha vida.