O "Salão Mozart" abriu as suas portas em 22 de Novembro de 1903, ainda como "Moniz & Fonseca", na Rua Ivens 52-54, em Lisboa. Inicialmente dedicou-se à importação, venda e aluguer de pianos e órgãos, além de editor de partituras de música.
21 de Novembro de 1903
O jornal "A Vanguarda" a propósito da abertura do estabelecimento, "Moniz & Fonseca", escrevia:
«Estes cavalheiros, proprietarios da importante casa de pianos e orgãos na rua Ivens, 52-54, são os concessionarios de exclusivos para a venda em Portugal e ilhas dos pianos de H. Luter, de Zurich, Suissa, sem duvida os que melhor timbre possuem, alliado à elegantissima e solida construcção.
Esta casa tem tambem todos os instrumentos musicaes para venda, bem como musicas de todos os auctores mais laureados. Alugam-se e vendem-se pianos a prestações.
Quem nos lê que empregue uns momentos em visitar esta casa e sahirá verdadeiramente maravilhado.»
24 de Novembro de 1903
Além de que, a casa "Moniz & Ferreira" informava nos seus anúncios: «Esta casa, fazendo todas as suas compras a prompto pagamento, tem estabelecido uma tabella de preços sem competencia, fundados nas excepcionaes condições de que disfructa.»
Em Janeiro de 1904, já esta casa mudaria de designação para “Salão Mozart”, continuando propriedade da firma “Moniz & Fonseca”. Manteria esta designação até finais de 1926, mas já lá chegaremos …
15 de Janeiro de 1904
30 de Novembro de 1905
Entretanto, em 1913, já a publicidade ao “Salão Mozart” apresentava uma nova firma proprietária: a “P. Santos & C.ª, Lda.”, creio que desde 1910.
26 de Fevereiro de 1913
1913
22 de Março de 1914
Factura de 8 de Dezembro de 1922 passada a José Relvas, que reproduz foto do interior da loja
1925
Capa de partitura de música editada pelo “Salão Mozart”
Com o início da comercialização dos fonógrafos, grafonolas, gramofones e discos, a partir do início do século XX em Portugal, esta firma reviu a sua estratégia e a par da sua loja na Rua Ivens, - “Salão Mozart" - ao mesmo tempo que abandona a venda e aluguer de pianos, monta uma loja na Rua Garrett, em Lisboa, exclusivamente para venda do “Graphophone” e discos da sua representada, a empresa americana “Columbia Graphophone Company, Ltd.”, pertença da “Columbia Records”, da qual passam a ser agentes gerais para o nosso país. Esta loja de seu nome “Columbia”, e quase vizinha da “Livraria Bertrand”, abriria as suas portas em 30 de Dezembro de 1926.
23 de Dezembro de 1926
Loja “Columbia” na Rua Garrett
Loja “Columbia” na Rua Garrett, por detrás do candeeiro (na foto)
Por ocasião da abertura da loja “Columbia” a revista “Ilustração” comentava:
«Lisboa moderna pode orgulhar-se de mais um estabelecimento em que o luxo se alia ao bom gosto e ao equilibrado modernismo, pois acaba de se inaugurara em pleno Chiado a nova instalação da casa "Columbia", representada por P. Santos & C.ª, Limitada.»
Interior da loja “Columbia”, no dia da sua abertura
Dois modelos de graphophones da “Columbia”
Por outro lado, a revista "Domingo Ilustrado" referia:
«Lisboa enriqueceu-se com uma nova casa luxuosa e confortavel, a casa "Columbia", agente da afamada "Columbia Graphophone Company", a produtora das celebres grafonolas e dos discos impecaveis. Os amadores de boa música não deixarão de visitar o elegantíssimo Salão da Rua Garrett, 57 e 59.»
12 de Novembro de 1928
A “P. Santos & C.ª, Limitada.” viria a estar presente no “I Salão de Outono da Elegância Feminina e Artes Decorativas Voga”, que se realizou na “Sociedade Nacional de Belas Artes”, em Lisboa, entre 3 e 23 de Novembro de 1928. Ali com um grande e belíssimo stand apresentou, os novos modelos Kolster da “Columbia”, com grande pompa - que incluiu a actuação de um par de bailarinos acompanhados por uma pequena banda.
Stand da “Columbia” / “P. Santos & C.ª, Limitada.” no “I Salão de Outono da Elegância Feminina e Artes Decorativas Voga”
De referir que, já tinha existido, entre finais do século XIX e primeira década do século XX, também na Rua Garrett, uma casa, chamada “Casa Columbia”, propriedade da firma “J. de Carvalho & Brandão”, mas esta vendia bicyclettes, de fabrico americano produzidas pela empresa “Pope Manufacturing, Company”. Esta empresa sediada em Boston, no estado de Massachusetts (EUA) foi a primeira a fabricar bicicletas nos Estados Unidos da América, na sua fábrica em Hartford, no mesmo Estado. A primeira “Columbia” - “High Wheeler” - foi fabricada em 1878.
15 de Junho de 1901
1904
Em 25 de Dezembro de 1912 esta loja já estava ocupada pela casa de chapéus "Salomão Cardoso". O que se passou com a loja "Columbia" não consegui saber. A sua ausência na “Exposição de T.S.F.” realizada na “Sociedade Nacional de Belas Artes”, em Lisboa em Dezembro de 1930, não deixa de ser estranho, além de que não tive acesso a nenhuma publicidade nesse ano e seguintes da loja “Columbia”. Por outro lado, além da firma “Sassetti & C.ª”, na Rua do Carmo, em Lisboa, já comercializar desde 1927 esta marca, os “Estabelecimentos Valentim de Carvalho” apareceriam poucos anos depois como agentes gerais para Portugal, da “Columbia”. Certo é que a loja foi adquirida por trespasse pela vizinha "Tátá & Rodrigues, Lda., Sucr. F. Rodrigues" em 1937, a fim de ampliar as suas instalações.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal
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