A loja especializada em artigos para fotografia e cinema “J. C. Alvarez, Lda.” foi fundada na Rua Augusta esquina com a Rua da Assunção, pelos fotógrafos J.C. Alvarez, Amadeu Ferrari e José Rego. Amadeu Ferrari possuía, igualmente, um laboratório fotográfico junto ao elevador de Santa Justa, para o qual J.C. Alvarez também trabalhava.
Fotografias em 9 de Agosto de 1938
Esta casa foi das mais famosas, no seu ramo, da cidade de Lisboa tendo estado no início de brilhantes carreiras profissionais de fotógrafos famosos, como Artur Pastor (1922-1999) e Eduardo Gageiro (1935 - ).
Quanto a Artur Pastor:
« A Casa J. C. Alvarez, Lda. proporcionou-lhe, em outubro de 1949, uma exposição de fotografias de aspetos da praia de Sesimbra, nas suas montras na rua Augusta, em Lisboa, a qual teve a visita do presidente da Câmara Municipal de Sesimbra que lhe enviou uma carta, em 25 de outubro, felicitando-o pela qualidade da exposição. Embora noutra dimensão, também esta exposição se revelara um êxito, conforme J. C. Alvarez diz na carta que lhe enviou em 26 de outubro, na qual reiterava a informação do sucesso da exposição nas montras da sua loja, dizendo que foram “forçados a ceder 5 das suas fotografias a um senhor americano que esteve de passagem por Lisboa somente durante algumas horas, (…)”.
A Casa J.C. Alvarez tinha consciência do valor do trabalho de Artur Pastor e do que beneficiaria ao permitir a sua mostra nas respetivas montras por isso, em agosto de 1950, voltaram a ser exibidas grandes ampliações de fotografias de Artur Pastor com motivos da vila e praia de Albufeira. » in: “A vida do «franco-atirador»: Artur Pastor, seis décadas de fotografia
Contributo para uma biografia”, de Ana Saraiva.
No “Concurso de Montras” promovido pelo “S.P.N.”, em Dezembro de 1942
1941
1942 1946
1947 1947
Quanto a Eduardo Gageiro, numa entrevista ao jornal “Expresso”, em 29 de Julho de 2017, recordava:
«Primeiro fui ver os preços ao J.C. Alvarez, que era o sítio onde costumava comprar os rolos fotográficos. Mostraram-me duas: Uma Rolleyflex e uma Rolleycord. O senhor Amadeu Ferrari, um dos donos, disse-me que a Rolleycord era metade do preço da outra. A diferença é que uma tinha uma objetiva um bocadinho melhor e célula fotoelétrica. Mas ele disse-me que não precisava daquilo. E desenhou-me uma escala em papel com a fórmula das velocidades e das aberturas de acordo com a luz e o rolo. E assim pude prescindir da célula fotoelétrica. E ainda me disse: “Levas a máquina e pergunta ao teu pai como é que quer pagar isto.” E eu espantado: “Mas eu posso levar já a máquina?” Ainda agora me comovo com a atitude dele. Tinha 15 anos na altura e eles já tinham confiança em mim e deram-me a máquina antes de a ter pago.»
“J. C. Alvarez, Lda.” nos finais dos anos 60 do século XX
Esta loja encerraria definitivamente em Fevereiro de 2009 e a firma proprietária “J. C. Alvarez, Lda.” dissolvida e liquidada em Janeiro 2014.
fotos in: Delcampe.net, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Sem comentários:
Enviar um comentário