Raphael Augusto Bordallo Prestes Pinheiro (21 de Março de 1846 - 23 de Janeiro de 1905) , filho de Manuel Maria Bordallo Pinheiro, também artista, nasceu na rua da Fé em Lisboa.
Apaixonado pelo lado boémio da vida lisboeta e avesso a qualquer disciplina, matriculou-se sucessivamente na Academia de Belas-Artes , no Curso Superior de Letras e na Escola de Arte Dramática, abandonando logo de seguida. Estreia-se como actor no Teatro Garrett e no Theatro Thalia do Palácio do Conde de Farrobo, nas Laranjeiras.
Theatro Thalia nas Laranjeiras
Percursor do cartaz artístico em Portugal foi desenhador, aguarelista, ilustrador, decorador, ceramista, caricaturista, jornalista e professor.
Raphael Bordallo Pinheiro foi um amante de teatro tendo desenhado alguns figurinos e cenários. era um assíduo espectador de teatro, frequentava assiduamente os camarins dos artistas, participava nas tertúlias constituídas por críticos, dramaturgos e actores. Em centenas de caricaturas, faz aparecer o espectáculo, do ponto de vista da produção: desenha cenários, revela figurinos, exibe as personagens em acção, comenta prestações e critica 'gaffes'
Publicidade ao Salão da Trindade em 1881 Os Fantoches de Madame Diabo 1884
Começou a fazer caricatura por brincadeira. Mas é a partir do êxito alcançado em O Dente da Baronesa (1870), folha de propaganda a uma comédia em 3 actos de Teixeira de Vasconcelos, que Bordalo entra definitivamente para a cena do humorismo gráfico. "Comecei a sentir um formigueiro nas mãos e vai pus-me a fazer caricaturas", explica em tom irreverente o artista para quem o propósito das "caricaturas é estragar o estuque de cada um com protesto do senhorio".
1880 - Princeza Rattazi 1900 - A Rethorica Parlamentar
“Zé Povinho agarrado pelo lado do déficit…” O Voto Livre
Em 1870 lançou três publicações: “O Calcanhar de Aquiles”, “A Berlinda” e “O Binóculo”, este último, um semanário de caricaturas sobre espectáculos e literatura, talvez o primeiro jornal, em Portugal, a ser vendido dentro dos teatros.
Raphael Bordallo Pinheiro foi acima de tudo um homem de imprensa. Durante cerca de 35 anos (de 1870 a 1905) foi a alma de todos os periódicos que dirigiu quer em Portugal, quer nos três anos que trabalhou em terras brasileiras. Também no Brasil arranjou problemas, onde chegou mesmo a receber um cheque em branco para se calar com a história de um ministro conservador metido com contrabandistas.
O jornal “ António Maria ”, nas suas duas séries (1879-1885 e 1891-1898), abarcando quinze anos de actividade jornalística, constitui a sua publicação de referência. Ainda fruto do seu intenso trabalho, “ O Mosquito ”, “ A Lanterna Mágica ” (1875), “ Pontos nos II ” (1885), “”Artes e Letras” (1872), “Almach de Artes e Letras” (1874) e “ A Paródia ”, o seu último jornal, surge em 1900.
“António Maria” “Pontos nos II”
“A Lanterna Mágica” “O Mosquito”
A seu lado, nos periódicos, estiveram Guilherme de Azevedo, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, João Chagas, Marcelino Mesquita e muitos outros.
Raphael Bordallo-Pinheiro tambem foi um exímio ceramista, tendo aceite o convite para chefiar o sector artístico da Fábrica de Faiança das Caldas da Rainha em 1884, tendo procedido a uma renovação do género da cerâmica das Caldas da Rainha. Esteve em dezenas de pequenas e grandes encomendas para a decoração de palacetes: azulejos, painéis, frisos, placas decorativas, floreiras, fontes-lavatório, centros de mesa, bustos, molduras, caixas, etc.
Fábrica de Faiança das Caldas da Rainha
No entanto, a cerâmica também não poderia excluir as figuras do seu repertório. A par das esculturas que modelou para as capelas do Buçaco representando cinquenta e duas figuras da Via Sacra, Bordalo apostou sobretudo nas que lhe eram mais gratas: O Zé Povinho (que será representado em inúmeras atitudes), a Maria Paciência, a mamuda ama das Caldas, o polícia, o padre tomando rapé e o sacristão de incensório nas mãos, a par de muitos outros.
O Zé Povinho em pintura ….
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