Restos de Colecção: Farmácia Vitália no Porto

6 de julho de 2024

Farmácia Vitália no Porto

A "Farmácia Vitália", foi fundada a 4 de Fevereiro de 1933 pela "Sociedade Comercial Farmacêutica, Lda.", na Praça da Liberdade, 34-37, na cidade do Porto. A direcção técnica estava entregue ao sócio-gerente Ribeiro da Cunha.


1934



Nos painéis das "Propagandas Caldevilla"


1936

Entretanto os "Laboratórios da Empreza Vitalia" já existiam, no Porto em 1919, conforme anúncio seguinte publicado no jornal lisboeta "A Imprensa" de 2 de Julho de 1919:

2 de Julho de 1919


Instalada no Palácio das Cardosas o seu projecto marcadamente modernista, Art Déco, foi da responsabilidade dos arquitectos Manuel Amoroso Lopes (1899-1953) e Manuel Marques (1890-1956) e do engenheiro Jorge Vieira Bastian. 

Arquitecto Manuel Marques (1890-1956)

Quanto ao resultado a "Fundacion Docomomo Iberico" descreve:

«A intervenção arquitectónica da Farmácia Vitália da autoria de Manuel Marques é sintomática do espírito renovador que o meio artístico português viveu na década de 1930. [...] A obra da Farmácia Vitália interfere violentamente na fachada, até então intacta, da edifício de raiz pombalina edificado no extremo sul da Praça Nova, no Passeio das Cardosas. É um espaço marcado no exterior por uma intervenção que trata essencialmente da superfície, como se o objetivo pretendido fosse um elemento gráfico, quase publicitário. O símbolo da cruz vermelha destaca-se no fundo negro das superfícies de vidro emolduradas por delicados trabalhos em metal. Em contraste, projetam-se outros dois elementos suspensos no vidro, densos, brancos, nos quais se abrem duas aberturas quadradas, sublinhadas por frisos com conotações art déco. A fachada torna-se um exercício de composição abstrata de qualidade inesquecível. Pode-se dizer que Vitália, o nome da farmácia, expresso numa grafia vigorosa, traduz um conceito que estará presente nas obras projetadas por Manuel Marques nesse período de afirmação de uma renovação profunda e da mais fecunda criatividade.» Equipa IAPXX Norte, coordenação Sérgio Fernandez


Dentro do rectângulo em amarelo o local onde se instalaria a "Farmácia Vitália"



Outubro de 1942


1943



Maio de 1964


1972


No "Diário da República de 11 de Junho de 2001

"Farmácia Vitália" está, actualmente, assim distribuída pelos 3 pisos:

Piso -1: Gabinete para aconselhamento de nutrição e podologia e massagens; armazém e área para recepção de encomendas; área de apoio à compra de órteses e calçado ortopédico.

Piso 0 : Atendimento ao público; sala para atendimento personalizado; instalações sanitárias.

Piso 1: Laboratório de manipulados; Sala de convívio; gabinete do diretos técnico; escritório dos serviços administrativos; instalações sanitárias; armazém.

E é descrita no site "Revista Saúde" do seguinte modo:

«Para além de elegante, a Vitália é grande que se farta. São três pisos de cem metros quadrados cada um. E já ocupou o prédio todo, no tempo em que tinha alvará de fábrica de medicamentos. Falta de espaço nunca foi problema nos edifícios art-déco, basta lembrar como eram os cinemas dessa época, com piolho, duas plateias, balcões e camarotes. Montras e portas de vidro enormes, com molduras de ferro de origem, apresentam à Praça da Liberdade uma gama impressionante de produtos de saúde e de bem-estar, sete postos de atendimento e muita, muita tecnologia. O aparato digital do século XXI reveste de luz branca, como as batas dos farmacêuticos, uma farmácia antiga, com um laboratório de medicamentos manipulados a bater forte no coração.​



A Vitália ainda produz todos os dias, agora com a arte centenária da manufactura dos antigos boticários. Do laboratório saem cápsulas de carbonato de cálcio para doentes hemodialisados, xaropes para crianças, pomadas e cremes dermatológicos, produtos específicos de veterinária. O serviço de manipulados oferece às crianças do Porto uma série de medicamentos que não têm versões pediátricas disponíveis no mercado. E responde, ao miligrama, às receitas “secretas” dos médicos mais exigentes, com destaque para os dermatologistas. O maior cliente são outras farmácias, mas também é procurado directamente por muitos portuenses com necessidades terapêuticas específicas, para quem a indústria farmacêutica não oferece soluções, pelo menos na dose adequada. Uma pomada para a psoríase e outras doenças, que ganhou fama de curar só pela pronúncia do nome, recebe encomendas de todo o país.» 



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