A “Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia’" foi fundada em 1914, e estava instalada na Rua Ivens, 14 esquina com a Rua Capelo num edifício propriedade dos condes e primeiros marqueses de Gouveia, D. Afonso de Serpa Leitão Freire Pimentel (1849-1930) e sua esposa D. Grácia da Cunha Matos de Mendia. Ocupou as lojas, 1º e 3º andares do palacete, entre 1914 e 1950.
Este estabelecimento sucedia aos "Grandes Armazens Alcobia" fundados em 1870, por Ernesto José Alcobia.
Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia
Paulo Alcobia começou a sua carreira com uma barraquinha que montava na feira de São Pedro, todas as primeiras e últimas terça-feiras de cada mês, onde se vendiam artigos de decoração. Mais tarde começou a ter sucesso com as suas vendas e acabou por conseguir o seu próprio armazém, depois vários armazéns.
Em 1945 a "Companhia dos Grandes Armazens Alcobia" era administrada por José Nunes de Oliveira Santos, António Jacinto Cotrim da Cruz e Abílio Nunes dos Santos Júnior.
Primitiva casa de móveis de Carlos Alcobia, num anúncio de Outubro de 1908
Carlos Alcobia era o director desta prestigiada casa ao nível da decoração de interiores. Para para director artístico da área de decoração, organização técnica das fábricas e estabelecimento na Rua Ivens, foi convidado Franz Torka, que foi assistente e decorador chefe do atelier de Otto Wagner entre 1909 e 1911. Torka, em 1940, viria a abandonar a “Companhia Alcobia” e abre o seu próprio atelier de decoração no Largo da Graça. Em 1946, João Alcobia seria o novo gerente da “Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia”.
«Actualmente, a Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia apresenta, nos seus luxuosos salões de exposição, um sortido incomparável em todos os artigos da especialidade e as suas oficinas e armazéns encontram-se aptos a satisfazer cabalmente tôdas as encomendas que lhe sejam dadas, mesmo as mais completas e difíceis. Fornecedora das principais famílias e firmas de Lisboa e da província, conta no seu activo realizações brilhantíssimas, que traduzem a alta categoria e posição da Casa.»
Salas de exposição
A “Companhia Alcobia” comercializava móveis de estilo e aristocráticos, porcelanas, candeeiros em cristal, sofás e maples, tapeçarias e carpetes em lã, entre outros artigos de decoração. Em 1931 é construída uma galeria em madeira e respectiva escada de acesso, nas dependências ocupadas por esta empresa, para exposição de mobílias mais baratas.
«Graças aos aperfeiçoamentos com que foi acumulando as suas oficinas, onde trabalham apenas operários de comprovada competência, graças à sensibilidade e cultura dos seus directores, conseguiu, pouco a pouco, transformar o trabalho mecânico, até aí cingido a uma cópia servil de catálogos importados, numa obra consciente de criação própria.»
A “Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia” , foi fornecedora de adereços e mobiliário para grandes filmes portugueses na década 40 do século XX, como o "Costa do Castelo" (1943), “Menina da Rádio” (1944) e “Leão da Estrela” (1947).
Referência aos "Grandes Armazens Alcobia" no genérico do filme "Costa do Castelo"
«Dispondo da colaboração valiosa de exímios desenhadores, com larga experiência profissional, os modelos que apresentou, quer em estilos clássicos quer em linhas do mais atraente modernismo, valeram-lhe um lisonjeiro êxito e o aplauso unânime de todos os conhecedores da especialidade. Havendo-lhe sido confiada a decoração de algumas casas particulares e estabelecimentos, com tão superior critério executou essas incumbências, que, ràpidamente, a Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia chamou a si a mais distinta clientela».
João Jorge de Mascarenhas e Menezes Alcobia, foi sócio-gerente da "Casa Jalco", e antigo sócio da "Casa Quintão" (Quintão, Lda.) fundada em 1 de Maio de 1880, ambas também situadas na Rua Ivens no números 32 e 44 respectivamente, e dedicadas ao comércio de mobiliário, tapeçarias e decoração de interiores. A "Casa Quintão" viria a dedicar-se, ainda, á comercialização dos tapetes de Arraiolos e Beiriz, além de faiança, ferros forjados e cristais. A partir de 15 de Julho de 1937 a "Casa Quintão", passa a designar-se "Casa Jalco".
"Casa Jalco"
Esta empresa, sob a designação de “Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia, S.A.” , também ligada a estabelecimentos como o "Papagaio da Serafina", existiu até Outubro de 2009, ano em que foi declarada insolvência. A última Loja foi no “Centro Comercial Roma”, na Av. de Roma, em Lisboa.
Publicidade em 1944
1947
gentilmente cedido por Jaime Gouveia
Desde 1937 que a “Rádio Renascença”, começou a ocupar parte deste palacete para montar os seus estúdios, assim que começaram as emissões diárias de rádio nesse ano. Mais tarde em 1955, expande-se ocupando o espaço da “Companhia dos Grandes Armazéns Alcobia”, que entretanto muda de instalações. Adquirindo sucessivos andares e lojas a “Rádio Renascença” ocupa hoje todo o edifício.
Alcobia e Quintão na mesma foto de 1960
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Horácio Novais)
5 comentários:
Alguem sabe se antes dos Armazéns Alcobia havia no mesmo local uma casa também de móveis chamada CASA GARDÉ ?
Exmo. Senhor,
Creio que João Alcobia, meu tio, sócio da JALCo se chamava João Jorge de Mascarenhas e Menezes Alcobia e não João Carlos.
os melhores cumprimentos e parabéns pelo seu excelente "blog".
Caro HNO
Peço desculpa pelo erro.
Grato pela sua correcção e pelas suas amáveis palavras em relação ao blog.
Já agora aproveitava a ocasião para lhe pedir um favor.
Caso saiba algo sobre a história da JALCO se me poderia ajudar em enviar o que souber da sua história para o meu e-mail.
jal2684@gmail.com
Tenho fotos de excelente qualidade mas nada de história ...
Os meus cumprimentos e agradecimentos
José Leite
Adorei o post, mas tenho em mãos um relatório de 1958 com 3 outros diretores e nunhum era Alcobia. Enfim. Obrigado e bons posts, Adriano (BPMP)
https://fasciniodafotografia.wordpress.com/2017/01/05/azevedo-lemos-vespeira-3-exposicoes-casa-jalco-1952/
Boa noite de novo
Confirmo que o seu diretor foi João Alcobia.
Atenciosamente
MF
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