Restos de Colecção

14 de dezembro de 2025

Perfumaria "J. Pires Tavares"

A drogaria e perfumaria "J. Pires Tavares" abriu pela primeira vez em 4 de Setembro de 1900, na Rua do Príncipe (actual Rua Primeiro de Dezembro), 128 a 130, em Lisboa. Foi fundada pala firma "J. Pires Tavares e Commandita" na qual José Pires Tavares - «ex primeiro empregado da drogaria Ferreira» - era o sócio principal. 

Localização da "J. Pires Tavares" (rectângulo amarelo) em foto de 1916


4 de Setembro de 1900

O jornal "Diario Illustrado" desse dia noticiava:

«E' a firma proprietaria da nova e elegante drogaria e perfumaria, que abriu hontem na rua do Príncipe, 128 e 130, e que adiante na secção competente annuncia o enorme sortimento de artigos relativos so seu genero.
E' pois muito util visitar este novo estabalecimento que recommendamos aos nossos leitores.»

Na foto seguinte, de 16 de Maio de 1895, a loja do 2º toldo a contar da esquerda foi onde se instalou em 1900 a "J. Pires Tavares".


Na foto anterior e desde a esquina com a Rua do Jardim do Regedor até ao 2º toldo a seguinte loja, em anúncio de 1905 ...


1905


7 de Julho de 1901

10 de Outubro de 1902

Logo em 9 de Janeiro de 1905 a sociedade "J. Pires Tavares e Commandita" é dissolvida ficando como único sócio José Pires Tavares, pelo que a drogaria e perfumaria passou a denominar-se somente "J. Pires Tavares".



20 de Março de 1905 

Por volta de 1946, é decidida a demolição dos prédios do "Grande Hotel de Inglaterra", onde estava instalada a "J. Pires Tavares" e o contíguo, onde entre outras empresas estavam instalados a "Companhia Aliança" (1919), "Tabacaria Marécos" (c.1912) e o "Café Suisso" (1848). O projeto dos novos edifícios a serem ali construídos seria entregue ao muito conhecido arquitecto Luis Cristino da Silva (1896-1976). A nova loja "J. Pires Tavares" ficaria concluída em Março de 1954.

"J. Pires Tavares" nas últimas três portas na fachada do "Grande Hotel de Inglaterra" para a Rua Primeiro de Dezembro


Projecto Inicial do arquitecto Luis Cristino da Silva


Tela final de 1954 do alçado para a Rua 1º de Dezembro


Projectos de Julho de 1953

Foram demolidos os dois prédios - primeiro o do "Grande Hotel de Inglaterra" e depois o do "Café Suisso" -  mas, inicialmente, foi só construído o prédio de esquina da Rua Primeiro de Dezembro com a Rua Jardim do Regedor. A perfumaria "J. Pires Tavares" ficou numa das lojas assim como a "Tabacaria Marécos". A perfumaria ficou entre esta última e a loja da "Electrolux, Lda." - inicialmente pensada para sapataria - , por sua vez ao lado da nova pastelaria "Casulo" que fazia esquina com a Rua Jardim do Regedor.




Após a morte de José Pires Tavares a perfumaria passou a funcionava sob a firma "J. Pires Tavares, Sucessores J. da Silva Pires, Lda.". Esta firma foi constituída por José da Silva Tavares e Dr. Joaquim da Silva Pires Tavares, que se mantiveram como sócios até 29 de Novembro de 1979, altura em que passaram a s suas quotas a Carlos Alberto da Cruz Ventura e D. Maria de Lurdes Tavares Dinis Vasconcelos dos Santos. Carlos Ventura ficou com uma quota de 1.350.000$00 e D. Maria de Lurdes uma quota de 450.000$00.


1 de Janeiro de 1940


16 de Setembro de 1941


1944

Em 22 de Junho de 1945, a "J. Pires Tavares" entra na constituição duma sociedade destinada à fabricação e comercialização de tintas e alvaiades: a "Concentração Industrial de Tintas e Alvaiades, Limitada" ("CITAL"). Os restantes sócios, todos com quotas iguais de 50.000$00, eram os seguintes: "B. A. Simões, Limitada"; "Centeno & Neves"; "Drogaria Raposo Sobrinhos, Limitada"; "Estabelecimentos Manuel A. F. Calado & C.ª, Limitada"; "João de Almeida Junior, Limitada" e "Sociedade de Drogas Granchinho, Limitada". No pacto social era mencionad: «Os produtos fabricados serão principalmente vendidos aos sócios que exercerem o comércio de produtos idênticos, os quais não poderão adquiri-los, fabrica-los ou manda-los fabricar a outra entidade.»

Esta sociedade viria a ser dissolvida em 14 de Janeiro de 1950.



16 de Março de 1956

Por volta de 1961, a "J. Pires Tavares", abre numa sucursal sua, mesmo pertinho «ao virar da esquina» na Rua Jardim do Regedor, 15, a loja "Cassandra".


20 de Dezembro de 1961


20 de Dezembro de 1968

Em 23 de Novembro de 1983, a firma  "J. Pires Tavares, Sucessores J. da Silva Pires, Lda.", é alterada no seu pacto social com a entrada dos filhos de Carlos Ventura e saída da D. Maria de Lurdes dos Santos. A sociedade ficou constituída por Carlos Alberto da Cruz Ventura (1.530.000$00) , Artur Filipe Pereira Ventura (90.000$00), Vítor Manuel Pereira Ventura (90.000$00) e José Carlos Pereira Ventura (90.000$00).

A perfumaria "J. Pires Tavares" encerraria definitivamente em 2005, com a liquidação e dissolução da  "J. Pires Tavares, Sucessores J. da Silva Pires, Lda." por escritura pública de 16  de Março de 2005. O seu espaço é hoje parte integrante do "Altis Avenida Hotel", inaugurado em 7 de Março de 2010.

Onde funcionou a perfumaria "J. Pires Tavares"

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Nacional da Torre do Tombo, Arquivo Municipal de LisboaBiblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais)

10 de dezembro de 2025

"Hotel da Peninsula" no Chiado

O "Hotel da Peninsula" abriu pela primeira vez em 24 de Outubro de 1844, no palácio do industrial José Ferreira Pinto Basto - fundador da "Vista Alegre", em 1824 - no ,então , Largo das Duas Egrejas no Chiado, em Lisboa. 


José Ferreira Pinto Basto (1774-1839)

Acerca do passado deste Palácio, conhecido pelo "Palácio dos srs. Ferreiras Pintos", "Palácio dos srs. Pintos Bastos" ou simplesmente "Palacio do Loreto", passo a transcrever uma passagem da revista "Olissipo"  de Julho de 1957:

«A sua origem, posterior a 1830, deve-se ao abastado negociante e industrial José Ferreira Pinto Basto (1774-1839), que mandou levantar o airoso edifício sobre os antigos alicerces dum casarão que aí existia desde 1791, pertencente a outro rico negociante, de nome Francisco Higino Dias Pereira (director da "Companhia de Seguros Commercio de Lisboa" fundada em 18 de Março de 1874), em cujo primeiro andar residiu até 1801, data do seu falecimento. As duas ruas que ladeiam o Palácio, primitivamente chamadas do Tesouro Velho e do Oiteiro, dão hoje pelos nomes de António Maria Cardoso e Paiva de Andrada. Nos seus jardins situou-se o palácio de Pedro Álvares Cabral de Lacerda e suas dependências, e no mesmo lugar, em 1820 ou 1822, Pinto Basto estabeleceu um pequeno laboratório químico, tendente ao descobrimento de barros com os requisitos necessartos para fabricar porcelana. Só em 1824, depois de porfiados esforços, fundou a Fábrica de Vista Alegre. (...)
O Hotel da Península (1844-1848), bateu os dois outros hotéis que se lhe seguiram, em notoriedade e luxo. Dizia-se que «estava convertido na mais bela hospedaria de Lisboa. Logo após a inauguração, a 24 de Outubro, deu hospedagem ao enviado do Sultão de Constantinopla, Fuad Effendi, que três dias depois foi apresentado a Suas Majestades e a 24 do mês seguinte foi recebido pelo Duque de Palmela, no Paço do Lumiar, que lhe ofereceu um almoço-dançante, com jogo de xadrez.». 


Gravura de Março de 1851


Era a seguinte a lista de alguns Hospedarias/Hotéis em Lisboa, em 1845, segundo o "Guia do Viajante em Lisboa e suas Vizinhanças"


1845

Por curiosidade, e no mesmo ano, regras a observar pelo estrangeiro ao chegar a Portugal ...


1845


19 de Fevereiro de 1846

Na sequência do baile referido no anúncio anterior, o "Diario do Govêrno" de 3 de Abril seguinte, publicou a «Relação das pessoas que acceitaram convites para o Baile que teve logar no Hotel da Peninsula, ao Loreto, a favor deste estabelecimento, na noite de 20 de Fevereiro último», - com um «Producto liquido a favor do Asylo de 455$918 réis» - e concluiu com a seguinte mensagem:

«Esta  Commissão  Administrativa  por  certo  fal­taria  ao  seu  mais  sagrado  dever,  se  deixasse  de testemunhar  neste  logar  os  seus  muito  excessivos louvores  e  agradecimentos  a  SS. MM.  pelo  valio­so  donativo  com  que  se dignaram  contribuir  para este  fim  tão justo.
Cumprindo-lhe  ao  mesmo  tempo  agradecer  in­finitamente,  não  só  a  todas  as  pessoas  que  tão louvavelmente  concorreram  para  o  bom  resultado deste  baile,  e  com  especialidade  aquellas  que  se dignaram  de  a auxiliar  na laboriosa  tarefa  da dis­tribuição  dos  bilhetes,  mas  igualmente  ao  Illmo. Sr.  Jorge  Whals,  pela  maneira  tão  generosa  e distincta  com que  se  prestou  a  franquear  a  casa da  sua  residencia  no  mencionado  Hotel,  para  se dar  o  mesmo  Baile. 
Finalmente  a  Commissão  entendeu  que  nenhu­ma  outra  applicação  poderia  dar  ao  producto  li­quido  do  referido  Baile,  que  podesse  merecer mais  a  approvação  geral,  do  que  ser  votado  em globo  para  a  compra  de  roupas,  e  mais  arranjos necessários  para  as duas  novas  camaratas,  que  se deverão  abrir  nos  próximos  annos  de  Sua Magestade  a Rainha,  elevando-se  então  o  numero  dos asylados  a  seu  cargo  de  510,  que  existe,  ao  de 600  de  ambos  os  sexos,  devendo-se  por  esta  occasião  remover  para  este  pio  Estabelecimento,  de accordo  com  o  Ex.mº  Governador  Civil,  o  maior numero  que  seja  possível  dos  mendigos  mais  sa­lientes,  que  costumam  esmollar  pelas  ruas  e  si­tios  mais  públicos  desta  Córte,  e  que  se  tornam mais  recommendaveis  pelo  seu  estado  de  ceguei­ra  e  disformidades,  convindo  por  isso  muito  que sejam  afastados  das  vistas  do  publico.»

Um hóspede ilustre (mais um ...) para o "Hotel da Peninsula":


15 de Julho de 1847

Entretanto era fundada a "Assemblea da Peninsula" a funcionar nas instalações do "Hotel da Peninsula"

«A Assembleia da Península, também chamada Sociedade da Península, fundou-se em 1848 e deixou dela os ecos mais brilhantles e altissonantes do tempo. Ficaram célebres os seus bailes e , que no decorrer do século passado rivalizaram com as melhores diversões desse género, em que chamava parte a primeira sociedade, que muito dlistinguiu o Club Lisbonense, a Assembleia Portuguesa, a Assembleia Lisbonense e a Real Academia Melpemonense.
«Dançou-se muito no prédio da família Pinto Basto», como no-lo afirmou o nosso Júlio de Castilho, pois a Assembleia da Península atraiu às suas salas «Lisboa inteira».
Do que era a vida da sociedade e ao que obrigavam as desenfreadas lutas políticas.» in: "Olissipo"
de Julho de 1957

Para termos uma ideia do vestuário feminino e masculino, utilizado nos eventos e bailes no "Hotel da Peninsula"  em 1844, e recorrendo à revista "O Correio das Damas" ...


Modelos femininos de 31 de Outubro e 31 de Dezembro de 1844


Modelos masculinos de 31 de Outubro e 31 de Dezembro de 1844

Já em 20 de Janeiro de 1848, a "Revista Universal Lisbonense", noticiava:

«O luxo é hoje o mais avultado recurso do pobre. Este ponto não é para duas linhas, talvez que mais detidamente o tractaremos. Lembrou-nos ao termos que fallar do que torna mais agradavel um inverno passado em Lisboa.
Os bailes começam de um modo brilhante. Domingo começaram as recepções da Corte. A primeira esteve concorrida e animada.
Ao Baile esplendido do Sr. Márquez de Vianna seguiu-se o de  Hotel da Peninsula.
Este baile foi realisação de um pensamento, que ha muito andava na mente de alguns cavalheiros da sociedade mais escolhida. Queriam reunir-se dando um baile. Assim o fizeram. A reunião foi como se esperava, concorreram pessoas dos diversos partidos politicos, e não faltou quem observasse no meio de uma das salas dous generaes, que se abracavam e que ainda ha pouco, por desgraça desta malfadada terra, desembainharam a espada um contra o outro no campo de guerra das nossas tristes dissencões.»

Em 1845, eram as seguintes, e mais importantes, "Associações de Reunião e Passatempo", em Lisboa:


1845

O "Hotel da Peninsula" encerrou definitivamente em 1848 mas a "Assemblea da Peninsula" continuou a funcionar, sem local fixo para os seus eventos.


29 de Dezembro de 1848


17 de Fevereiro de 1851

Entretanto em Fevereiro de 1851 na "Revista Universal Lisbonense" podia ser lido o seguinte anúncio:

«Baile da Peninsula - Foi um baile de subscripção e improvisado, que houve na quarta-feira na casa dos srs. Pintos Bastos, ao Loreto, onde esteve o hotel, dito da Peninsula. 
Já não é a Peninsula d'outros tempos. Neste baile não houve nada de notavel, que mereça ser lançado na acta.»


Fevereiro de 1851

A "Assembleia da Peninsula" ia desaparecer nesse ano, mas já outro Club estava na forja ...


Março de 1851


E no entretanto ... em Março de 1851, "Concerto vocal e instrumental»

Na mesma página do anúncio anterior, e acerca do encerramento do café "Marrare do Polimento", instalado um pouco mais abaixo na Rua das Portas de Santa Catharina, e igualmente no mês de Março de 1851, ...

«Dizem que o «Club da Peninsula» alem de muitos outros improvements que vai introduzir nos diversos ramos da administração janotal, tem a peito estabelecer um café sumptuoso, que sera o forum nocturno, e a praça do commercio ordinaria destes negociantes de ociosidade, que se chamam janotas, e tambem dos que o não são. A séde do imperio muda-se de Roma para Bysancio. Dizem que o novo imperador será o Matta, que desta vez mata de de certo o Marrare.»

Com o encerramento do "Hotel da Peninsula" em 1848, seguiu-se-lhe em 1850 o "Hotel de Italia", que pertencente a Barradim, «dava uns finíssimos jantares de peixe às sextas-feiras, e tinha o melhor cognac conhecido em Lisboa». Já em 1850 ocupava o rico imóvel, onde se realizou o banquete oferecido a Constantino, rei dos floristas, a primeira vez que esse notável artista voltou a Portugal, tendo presidido Almeida Garrett.. Por lá ficou até cerca de 1865.


"Hotel de Italia", no "Guia do Viajante em Lisboa e Arredores" de 1863

A partir de 12 de Janeiro de 1867, o palácio teria como novo inquilino o Ministério do Reino, data em que um incêndio destruiu as suas repartições situadas no extremo oriental do Terreiro do Paço. Seguiu-se-lhe, cerca de 1873 o "Grande Hotel du Matta", do formidável cozinheiro João da Matta, que o professor Mello Breyner apelidou de «príncipe dos cozinheiros portugueses». Terá ficado no palácio do Loreto até 1877.

Gravura de 23 de Outubro de 1874

fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, DIGIGOVArquivo Municipal de Lisboa

7 de dezembro de 2025

"Au Petit Peintre"

A papelaria "Au Petit Peintre", foi fundada em 1909 por Antonio Franco na Rua de S. Nicolau, 102 e 104, em Lisboa. Passado uns tempos Antonio Franco constituiu a firma "Franco & C.ª ", para mais tarde constituir a "Antonio Franco, Lda" que se mantem ativa ainda hoje.




Com uma troca de números na morada, em vez de 102 aparece 120, em 1 de Janeiro de 1911

Começou por funcionar como papelaria, onde se podia encontrar tudo o que era necessário em materiais de escritório e cartas: eram papéis, canetas de pena, tintas especiais para a escrita. Mas com o correr dos anos foi comercializando outros produtos como: artigos de pintura e desenho, óleo, aguarela, pastel, pirogravura, metaloplastica, fotominiatura, coreoplastia, esculptulina, etc., artigos para flores, fotografias para fotominiatura, postais, cópias de quadros dos melhores pintores, tintas a óleo e aguarela, vernizes e pincéis, telas a metro e engradadas, cobre e estanho para repousé, cavaletes, ranchetas, réguas para desenho e aguarela, papéis: Ingres, Wathmans continuo, vegetal, etc., papéis de luxo de alta fantasia para cartas, próprio para brindes. Era representante da marca "Lefranc" e, na década de 1930, para além desta já representava também as marcas "Winsor & Newton" (1832), "Lefranc Bourgeois" (1720), "Artisan", entre outras.

Interior da "Au Petit Peintre" na primeira metade do século XX


13 de Abril de 1916

Na loja que "Au Petit Peintre" se instalou, a partir de 1909, tinha funcionado entre 1903 e 1908 a camisaria e gravataria "Uceda & Silva", que sucediam à camisaria "R. Oliveira" que ali funcionou só no ano de 1902.

Anterior inquilino  em anúncio de 1906

Em 1910 a papelaria "Au Petit Peintre", funda o "Jornal da Mulher" (1910-1937), cujo nº 1 seria publicado em 5 de Julho de 1910, ainda composto e impresso pela "Tipografia Liberty". Distribuído em carroças por Lisboa, a partir de 1928, este jornal passaria a ser impresso pela e na própria papelaria. Teve como primeira diretora a escritora e poetisa Albertina Paraíso (1864-1954). O editor era José Henriques. A partir de Outubro de 1911, a diretora passou a ser Maria Luísa Aguiar, pseudónimo de Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas, a qual contou com Carlos Cilícia de Lemos como secretário de redação.

1927

Em 10 de Junho de 1914, a propósito da publicação do "Catalogo Comico da Exposição de Belas Artes 1914"  a revista "Occidente" escrevia:

«Subordinado á rubrica de critica humoristica, acaba a conhecida papelaria Au Petit Peintre, do sr. Franco, de publicar um gracioso album de caricaturas, encerrado n'uma artistica e bonita capa.
Abre com um prefacio - Palavras a mais e ditos ... amenos, em que Carlos Simões, n'uma graça esfusiante, nos explica ao que vêm, usando d'estes termos que não resistimos á tentação de transcrever :

«O presente Catalogo Comico da Exposição será a rubrica leve, inoffensiva e insulsa, vista atravéz do monoculo da critica humoristica. Tocará a todos e a tudo o que na Exposição tenha uma nota comica, ainda que o trabalho seja uma obra prima ... irmã do Genio.»

Baseando-se nas publicações congeneres que se publicam em Paris, por occasião das Exposições do Salon, a critica segue, saltitante, feita pelo lapis de Francisco Valença, o nosso conhecido e talentoso caricaturista, sendo as rubricas de Carlos Simões, homem de lettras modesto, mas de muito merecimento, e que cultiva com engenho o trocadilho, genero pouco facil.
Encontra-se n'esse gracioso catalogo a critica de télas de Columbano, Alves Cardoso, Falcão Trigoso, Almeida e Silva, Simão da Veiga, David de Mello, Velloso Salgado, Gyrão, Condeixa, etc., e a esculpturas de Netto, Moreira e Julio Vaz Junior. Algumas são magnificas e de facto só podem apreciál-as bem as pessoas que têem tido o prazer de vêl-as na Exposição.
O final da capa é uma excellente caricatura do sr. Franco, o proprietario do Au Petit Peintre.»


8 de Março de 1925


28 de Dezembro de 1930


1930


Postais editados pela "Au Petit Peintre"

José Dominguez actual proprietário da "Au Petit Peintre",  «recorda-se de ouvir dizer que o “patrão Carlos”, como era conhecido o responsável pela loja, ia dando todos os anos uma quota aos seus empregados para a casa não morresse. Mais tarde, o mesmo viria a ser feito pelo casal proprietário da casa, João Martins Viegas dos Santos e Natália Afonso Viegas dos Santos, que cederam a firma aos seus afilhados de casamento, José Dominguez e sua mulher.


José Dominguez, actual proprietário

O actual proprietário entrou para a loja em 1963, como empregado, mal tinha finalizado a Escola Primária. Lembra-se de ter  entrado ao serviço na casa do vizinho e amigo da família, vestido de calções com suspensórios, camisa e gravata. Mais tarde, regressado da guerra em Angola, assumiu a responsabilidade da gerência da loja, aprendendo com o Sr. João Viegas dos Santos o método de como se deve estar no comércio.» in: "Circulo das Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa".



31 de Dezembro de 1970



30 de Dezembro de 1977

Nos dias de hoje, e com mais de 100 anos de existência ... «Entre histórias e memórias, é possível encomendar uma moldura, comprar lacre e sinetes, cartas timbradas, tintas para carimbo, tintas de escrever, todo o tipo de artigos para pintura e para desenho, mas também para o escritório e para a escola; papéis químicos, antigas sebentas e cadernos diários. 


(...) Sobrevive a tudo isto a simpatia e o entusiasmo de José Dominguez, que chama à sua loja um “museu vivo”, e nos fala longamente dela enquanto tal. Esta expressão relaciona-se com a panóplia de objectos que ali estão pela riqueza do espólio, produtos de antigamente; mas também pela maioria das pinturas em exposição que, não obstante poderem ser compradas, são uma forma de promover e dar a ver o talento de alguns clientes da loja. » in: "Lojas com História".

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de LisboaLojas com História, Delcampe.net