O “Grande Casino” da Ericeira abriu as suas portas em 1919, e propriedade do empresário Joaquim Ferreira possuidor de casas de jogo de roleta, oferendo, além da roleta, jogos de banca francesa e outros jogos de fortuna ou de azar.
A sua origem remonta ao ano de 1861, em que é inaugurado o “Clube Recreativo Ericeirense”, instalado no piso térreo do edifício mandado construir por Francisco José da Silva Ericeira, que inicialmente funcionava apenas na época balnear com saraus musicais de grande nível que atraiam a aristocracia e a classe média.
Este edifício é, entretanto, adquirido e transformado no “Grande Casino”, em 1919, pelo empresário Joaquim Ferreira oferecendo como uma das novidades o serviço de restaurante, dirigido por um maître d´Hotel de Lisboa, que se propunha a realizar concertos e matinées, aos domingos e quintas-feira.
A este primeiro Casino, relativamente modesto, sucedeu-se um segundo, em 1924. Decorado com interiores de luxo e grande riqueza arquitectónica era palco da celebração do inicio (Julho) e fecho (finais de Outubro) da época balnear com concertos, números de variedades e bailes. Durante o mês de Setembro realizavam-se chás dançantes frequentados pela elite da colónia balnear espanhola. O serviço de restaurante esmerava-se com almoços-concertos., existindo ainda uma pensão-hotel anexa ao “Grande Casino”.
O “Grande Casino” da Ericeira é então fechado, em 1927, por decreto governamental que atribuía o monopólio do jogo, no distrito de Lisboa, ao “Casino Estoril”. Como forma de recuperar o seu investimento, o empresário Joaquim Ferreira, optou então por transformar o “Grande Casino” em “Cine-Casino” da Ericeira, mantendo ainda durante muito tempo o restaurante a funcionar no salão do primeiro andar. Nos primeiros tempos, apenas havia sessão no Verão e só mais tarde é que passou a haver matinés aos fins-de-semana de inverno.
Durante os anos 30 e 40 do século XX, o "Casino" - restou o nome - servia de rádio pública, na medida em que emitia para o exterior músicas populares antes do inicio de cada sessão. Essa música, a que as pessoas chamavam de o "sonoro do Casino", serviu como contributo músico-cultural quase único na época, porquanto o rádio era um luxo a que poucos acediam. Até aos anos 60 do século XX, eram exibidas revistas ao estilo do “Parque Mayer”, pela altura do encerramento da época balnear, havendo soireés dançantes durante o Verão, e em dias alternados com as sessões de cinema até ao surgimento das boîtes e discotecas. O “Cine-Casino” não se limitava a servir as elites, e por altura do Carnaval, acorriam gentes de todas as classes sociais, sem distinção.
Depois de ter encerrado no final da década de 70 do século XX, foi adquirido pela Câmara Municipal de Mafra e transformado em “Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva”. Viria a ser remodelado de raiz entre os anos de 1989 e 1993, de uma forma que surpreendeu os mais cépticos que não acreditavam na sua reconstrução genuína. Actualmente, a “Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva”, está equipada com uma biblioteca pública, com mais de 17.000 obras. Neste espaço encontram uma sala de leitura, espaço infantil, sala multimédia com acesso gratuito à Internet e um espaço audio-visual. Ainda neste edifício, existe um anfiteatro moderno que recebe varias apresentações teatrais.
“Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva”
Bibliografia: grande parte do texto foi baseado e adaptado a partir de um artigo no blog Ericeira +, acerca deste Casino.
fotos in: Delcampe.net