Criada em 1756 a produção de Vinho do Porto, na região do Douro, é a terceira região demarcada mais antiga do mundo a seguir à região Tokaj-Hegyalja na Hungria de 1730 e a de Chianti de 1716.
Em 1756 por imposição do Marquês de Pombal, foi fundada a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro, com o fim de garantir a relação qualidade preço do vinho do Porto. Esta Companhia também tinha como função definir quais os vinhos para consumo interno, e os destinados à exportação, assim como a gestão e definição das demarcações geográficas.
Em 1880 o jovem Adriano Ramos Pinto, com apenas 21 anos de idade decidiu fundar uma empresa para comercializar o chamado Vinho do Porto.
A sua meta era alcançar o mercado brasileiro, que consegue rapidamente, e em 1896 dá sociedade ao seu irmão António Ramos Pinto, proprietário de uma casa de fotografia no Porto. Pelo que a empresa se passa a chamar Adriano Ramos Pinto & Irmão, Lda. com escritórios e sede em Vila Nova de Gaia. A este fica a tarefa da gestão comercial da firma enquanto Adriano se ocupará da divulgação e promoção da marca.
«Produtor, produto e consumidor encontram-se aqui encadeados pela tentação que é a alma do negócio.» (José-Augusto França, in "Ramos Pinto 1880-1980")
Homem muito viajado, deslocava-se frequentemente a Paris e começou a visitar os grandes ateliers de artistas consagrados. Nessa época cartazes publicitários proliferavam pelas ruas de Paris quer colados nas paredes dos edifícios, restaurantes, bares, cafés, quer nas vitrinas das lojas e grandes armazéns. Fazia-se publicidade a tudo.
1899
Engarrafamento e encaixotamento, em 1899
Publicidade, em 1899
A esses cartazes estavam associados os grandes artistas da altura. Adriano Ramos Pinto, influenciado e apoiante dessa cultura publicitária, aproveitou essa ideia para dar a conhecer os seus vinhos, promove-los e distingui-los dos seus concorrentes.
Homem de bom gosto, especialmente apreciador da beleza feminina e de mulheres sedutoras, aproveitou para ,apoiado nessa faceta da sua personalidade, encomendar cartazes publicitários capazes de, pelo seu estilo arrojado com figuras femininas cheias de beleza, sensualidade e até erotismo,chamarem a atenção e capazes de promover o seu Vinho do Porto .Contratou os melhores desenhadores de cartazes e rótulos de Portugal e estrangeiro. destacando-se entre eles, Matteo Angello Rossotti, Leonetto Capiello e Leopoldo Metlicovitz. Os seus cartazes reproduziam cenas da mitologia grega, cenas exóticas e ainda enalteciam a beleza e a sensualidade da mulher.
“Adriano Ramos Pinto & Irmão, Lda”, em 1957
A imagem que era transmitida era de que, os vinhos seriam também eles o néctar irresistível e tentador aos quais nem os próprios deuses resistiam. O êxito das suas vendas foi de tal ordem que poucos anos depois mais de 50% do mercado sul americano e especialmente brasileiro de Vinho do Porto era dominado pelos Vinhos Ramos Pinto.
O primeiro LBV (Late Bottled Vintage) , ou seja vinho que foi engarrafado com intenção de vir a ser um “Vintage”, e que há registo no Instituto do Vinho do Douro e Porto (IVDP) pertence à Casa Ramos Pinto e data de 1927.
O sucesso no mercado brasileiro dos vinhos Ramos Pinto, foi de tal ordem que quando se pedia um vinho do Porto em terras brasileiras, era o mesmo que pedir um “Vinho Adriano”. Nos postais seguintes mostra-se a penetração da Adriano Ramos Pinto & Irmão, Lda. no mercado brasileiro, em 1928.
O vinho do Porto tornou-se popular na Inglaterra depois do Tratado de Methuen em 1703, quando os importadores conseguiram importar estes vinhos com taxas alfandegárias bastante baixas, enquanto por outro lado a guerra com a França os privava de beber vinho francês. O contínuo intercâmbio do Vinho do Porto com Inglaterra reflectiu-se na sediação de diversas empresas inglesas exportadoras em Vila Nova de Gaia, como: Cockburn, Croft, Dow, Gould, Graham, Osborne, Offley, Sandeman, Taylor e Warre para mencionar as mais importantes. Exportadores holandeses e alemães tambem tiveram o seu papel como : Niepoort e Burmester.
Pela profusão dos seus postais publicitários, achei por bem em tom de homenagem , contar a história desta grande empresa de vinhos com 130 anos de existência, recorrendo aos postais ilustrados que serviram de veículo publicitário a ela própria.
1 comentário:
Está tudo bem, mas gostaria de fazer uma pequena correção, com uma efeméride minha: 1 de abril de 1901 – Circular: a sociedade de Adriano Ramos Pinto e António Ramos Pinto, que andava debaixo do nome do primeiro, passa a andar com o nome Adriano Ramos Pinto & Irmão (“A Voz Pública”, 12 abr.1901, p. 2). Adriano Silva, das efemérides das 12h do blog "Porto Desaparecido".
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