Restos de Colecção: Sacavém (2)

22 de fevereiro de 2017

Sacavém (2)

Já lá vão muitas décadas desde que o “Rio Trancão”, - inicialmente chamado “Rio de Sacavem” - que atravessa a localidade de Sacavém, às “portas” de Lisboa, deixou de ser navegável.

“Rio de Sacavém” numa gravura de 1850

Foi nas margens do “Rio de Sacavém” que se travou o primeiro recontro entre o Rei D. Afonso Henriques e os mouros, em 1147, logo antes da tomada de Lisboa - a chamada Batalha de Sacavém, nas imediações da velha ponte romana.

Foi uma via de comunicação preferencial até ao século XIX, por parte das pessoas da zona saloia a norte de Lisboa, tendo ainda sido um importante porto fluvial no contexto portuário do Tejo ao longo da Idade Média, tendo começado a decair gradualmente a partir do século XVI. Estava então pejado de embarcações que transportavam os produtos hortícolas até Lisboa. Foi também através dessas mesmas embarcações que subiram pelo rio as pedras usadas na construção dos torreões do Convento de Mafra, no tempo do rei D. João V.

Após o violento Terramoto de 1755, que assolou a capital, iniciou-se um lento processo de assoreamento do rio, que tem desde então impedido a sua navegabilidade; até aí, em conjunto com os afluentes, formava um vasto e muito mais largo sistema aquífero, de que a velha ponte romana (no segmento da estrada que ligava Lisboa a Braga), ainda existente no século XVI (e desenhada por Francisco de Holanda), que contava com treze arcos, constituía bem a prova disso mesmo.

Velha ponte romana em Sacavém desenhada por Francisco de Holanda

Fotos da primeira metade do século XX, em que Sacavém ainda tinha o seu “porto” de cargas e descargas servindo, também, as indústrias ali instaladas, caso da Companhia Portuguesa de Trefilaria (2ª foto).

  

  

  

  

Para ler acerca da história de Sacavém consultar o artigo neste blog no seguinte link intitulado: Sacavém (1)

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital

3 comentários:

Graça Sampaio disse...

Que maravilha de publicação!

José Costa disse...

Com pouca esperança lhe pergunto se sabe algo sobre o sistema de carris que aparece em duas fotos do cais pois não consegui encontrar informação. Estas fotos são de 1961 e já em 1926 este sistema parecia abandonado. Por testemunhos fotográficos, havia outro cais junto à ponte da antiga estrada real, com entrada para um corredor que atravessava cinco armazéns dispostos paralelos ao rio (não os oito perpendiculares). Por fotografias na TT do golpe militar de 1926, esse corredor era percorrido por carris que saiam na rua da estação e bifurcavam para a fábrica de moagem de Domingos José de Morais e para a rua da estação, aparentemente para o cais da foz. Havia carris que davam a impressão de ir para as traseiras da fábrica de loiça. Sei que no interior desta fábrica havia um sistema de carris para vagonetes puxadas por mulas.

José Leite disse...

Caro José Costa

Realmente, e com pena minha, as suas poucas esperanças verificaram-se.

Não consigo ajudá-lo.

Os meus cumprimentos.