Restos de Colecção: maio 2019

28 de maio de 2019

Aeroporto de Lisboa (21)


Vista aérea do Aeroporto de Lisboa nos anos 50 do século XX


Notícia na "Revista Municipal" em 1942


Nota: O Aeroporto de Lisboa entrou ao serviço em 19 de Outubro de 1942.



Construção do terminal para vôos domésticos


O mesmo Terminal depois de concluído


15 de maio de 2019

Ginja Sem Rival

A loja "A Ginginha Sem Rival", foi fundada, por volta de Outubro de 1894, na, Rua de Santo Antão, em Lisboa, por João Manuel Lourenço Cima, avô dos actuais proprietários.


"Ginjinha Sem Rival" dentro da elipse desenhada, em foto dos anos 60 do século XX


Anúncio publicitário mais antigo a que tive acesso datado de 10 de Outubro de 1894


Nos rótulos das garrafas pode-se ler: «Esta casa nunca concorreu a nenhuma exposição nacional nem estrangeira».


"Granito" outra bebida muito em voga na altura


Além de comercializar o licor de ginja - «bebida peitoral e digestiva" -, capilé (ou xarope de avenca) e groselha, também ficou famosa pela comercialização de outra bebida: o "Eduardino". Este nome foi atribuído em homenagem ao palhaço Eduardo (visível nos rótulos) e que actuava ali bem perto no "Coliseu dos Recreios".
«Certas versões da história dizem que esta teve lugar antes de um espetáculo (para inspirar) ou depois (para desanuviar). O certo é que Eduardo compôs num rasgo alegre de inspiração uma bebida com a esperada ginja mas também com anis e outros cheirinhos. A composição agradou tanto que pegou, em pouco tempo apareceu engarrafada e rotulada. Tornou-se marca registrada em 1908 e hoje é parte integrante da paisagem da loja.» in: Lojas com História

Cartaz


Rótulo


A propósito de "A Ginjinha Sem Rival", a revista "Olisipo" em Outubro de 1942 escrevia ...


«A ginginha bebe-se em pequenos copos, onde o taberneiro, com o gargalo da garrafa sufocado pela rôlha, deita uma ou duas ginjas, cujos caroços os fregueses veem roendo pela rua fora, depois de sborearem a polpa do fruto.» in revista "Olisipo" - Eduardo Fernandes (Esculápio)-1941

Em 8 de Novembro de 1894 ...
                                                                                             


A actual "Ginja Sem Rival", localizada na  Rua das Portas de Santo Antão pertence, à firma "J. Manuel L. Cima (Herdeiros), Lda.", constituída pelos netos do fundador. Abre logo pelas 8 horas da manhã e, preservando a receita de antigos licores que deixaram de ser comercializados, continua a ser fornecedora de licor de ginja para outras casa de Lisboa, como a mui conhecida e antiga "Tendinha do Rossio", junto ao Arco do Bandeira.

Fotografias actuais do estabelecimento "Ginja Sem Rival"








Recordo que já em 1840, tinha sido fundada no Largo de São Domingos, e pelas mãos do galego Francisco Espinheira, outra casa famosa: "A Ginjinha". Assim como a "Ginja Sem Rival", também esta casa ainda existe.



12 de maio de 2019

Hotel Bristol

O "Hotel Bristol", localizado na Rua São Pedro de Alcântara, em Lisboa, e propriedade de Alberto d'Araújo, abriu as suas portas do edifício nº 81 no início da década de 20 do século XX. Este edifício tinha sido, no início do século XX, a residência oficial do ministro da Suíça, o equivalente a actual embaixador.
15 de Novembro de 1915


Nota: as imagens que consegui do “Hotel Bristol” são as possíveis, e de 10 de Fevereiro de 1927, dizendo respeito aos efeitos da revolta no mesmo, e a que eu me referirei seguidamente. De qualquer modo, a sua fachada não foi afectada significativamente.




Localização (dentro da elipse desenhada) do “Hotel Bristol”, na Rua S. Pedro de Alcântara


Este hotel ficou ligado à "Revolta do Porto", também conhecida por "Revolta Sousa Dias" iniciada em 3 Fevereiro de 1927, que se estenderia a Lisboa a 7 de Fevereiro, tendo sido decretado o "estado de sítio". O "Hotel Bristol" seria ocupado pelas forças revoltosas, passando a ser o quartel general das mesmas. Acerca da história desta Revolta consultar, neste blog, o seguinte link: “Revolta do Porto em 1927”.


Notícias no jornal “Diario de Lisbôa” em 10 e 11 de Fevereiro de 1927



Em consequência disso foi atacado pelas forças fiéis ao Governo de então, tendo sofrido danos consideráveis, pelo que após a Revolta foi obrigado a encerrar, para obras de reabilitação que durariam um ano. Só reabriria em 17 de Fevereiro de 1928.

17 de Fevereiro de 1928



1933


O "Hotel Bristol", com os seus 36 quartos, reabriria em 17 de Fevereiro de 1928. Não se manteve em funcionamento por muitos anos, já que em 1946 encerraria definitivamente, tendo ocorrido o leilão do seu recheio em 9 de Novembro do mesmo ano.

1940


Em Dezembro de 1946 já funcionava no edifício outrora ocupado pelo "Hotel Bristol", a, então, "Agência Geral das Colónias", fundada em 1924 e que se tinha mudado da Rua da Prata, tendo cedido o edifício à “Companhia Colonial de Navegação”. Na sequência do Decreto-Lei nº 38.300 de 15 de Junho de 1951, que transformou o "Ministério das Colónias" em "Ministério do Ultramar" e o "Conselho do Império Colonial” em “Conselho Ultramarino”, a “Agência Geral das Colónias” e o “Boletim Geral das Colónias” (orgão oficial da Agência) passaram a designar-se "Agência Geral do Ultramar" e "Boletim Geral do Ultramar", respectivamente.

“Agência Geral do Ultramar”, em fotos de 1963, e instalada no antigo edifício do “Hotel Bristol”





A “Agência Geral do Ultramar”, manteve-se neste prédio até Dezembro de 1963, altura em que se muda para a Praça do Comércio. Mais tarde, em 1967, mudaria como Ministério para o Restelo, e lá permaneceria até á sua extinção em 1974.

O edifício com “escritos” (para alugar) depois de 1967


Depois de 1974 seria alugado pelo “Partido Socialista” que instalaria aí a sua sede. Foto de 1977


Actualmente é o “The Independente Hostel & Suites”, inaugurado em 14 de Setembro de 2011, e «fruto do engenho de quarto irmãos, eles próprios viajantes ávidos, que imaginaram um tipo diferente de hospitalidade, onde viajantes e locais pudessem conviver num ambiente multicultural, e partilharem as suas histórias e experiências.»





fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo

8 de maio de 2019

Pavilhão Portuguez no Parque Mayer

O "Pavilhão Portuguez", propriedade de Artur Aires, foi um dos maiores equipamentos do, então, "Avenida Parque" (futuro "Parque Mayer"), tendo aberto as suas portas em Maio de 1922.

Esplanada do "Pavilhão Portuguez"


Revista "Teatro Magazine", de Agosto de 1928



O “Parque Mayer”, situado junto à Avenida da Liberdade, do lado ocidental, entre a Rua do Salitre e a Praça da Alegria, foi inaugurado em Maio de 1922, designado ainda como "Avenida Parque", resultado de uma partilha familiar do “Palácio Lima Mayer”, - pertença de Adolfo de Lima Mayer, e primeiro “Prémio Valmor de Arquitectura” em 1902 - e dos seus jardins, apelidados de "Parque Mayer".

“Palácio Lima Mayer”, de Adolfo de Lima Mayer (Arquitecto Nicola Bigaglia), na Rua do Salitre em 1902


O espaço exterior do “Palácio Lima Mayer”  viria a ser adquirido em 1920, por Artur Brandão, primeiro promotor do "Avenida Parque" (futuro“Parque Mayer”), tendo sido comprado no ano seguinte por Luís Galhardo (1874-1929), jornalista, escritor e empresário e considerado um dos criadores da “Revista à Portuguesa” que, com outros dez sócios, constituiu a “Sociedade Avenida Parque, Lda.” Aqui se construíram casas de espectáculo que acabaram por se especializar no teatro de revista, sucedendo - ou associando-se - a outras atracções de carácter lúdico, como carrosséis e carrinhos de choque, que juntavam muito público.

Luís Galhardo (1874-1929)


Em 6 de Abril de 1922, o jornal "Diario de Lisbôa", anunciava:
«No Parque Mayer prosseguem os trabalhos para a combinação, por conta de uma só empreza, de um teatro, um cinema, um carroussel e uma esplanada para refrescos.
A Sociedade Avenida Parque, Limitada, continua recebendo pedidos de concessão de terrenos para a Feira de Verão».

À esquerda da foto pode-se ver a entrada para o "Avenida Parque"


Anúncio de 21 de Fevereiro de 1925


É neste novo espaço lúdico que se instala, desde início, o "Pavilhão Portuguez", um dos equipamentos de maiores dimensões, e que "resistiria" por umas décadas ...

Entretanto, poucos anos mais tarde após a sua abertura, o "Avenida Parque" mudaria, definitivamente, de designação para "Parque Mayer". 

Enquadramento do "Pavilhão Portuguez" (dento da elipse desenhada) no "Parque Mayer"


Entrada, em  foto de 1961


Fotos do "Pavilhão Portuguez" de 24 de Maio de 1930




Anúncio em 30 de Julho de 1926




Agosto de 1928



Depois de inaugurado o "Teatro Maria Vitoria" em 1 de Julho de 1922, «de pau», o "Avenida Parque" teria que esperar quatro anos até que o segundo Teatro do "Avenida Parque", o "Variedades", fosse inaugurado. A primeira notícia a 10 de Maio de 1922, indicava o futuro "Variedades" para recinto de teatro-boite, ideia do empresário Diamantino Delgado, especialista em espectáculos do género, plateias de mesas redondas e garrafas para os cavalheiros.
«É o sr. Diamantino Delgado o socio principal da sociedade por cotas "Variedades, Ltda.", que se propõe construir o já falado teatro "boite" no Avenida Parque.» in: "Diario de Lisbôa"

Entretanto, aconteciam noites bem animadas em dois palcos que alternavam o ecrã de animatógrafo com a folia das variedades: o "Pavilhão Portuguez" e o "Alhambra".

Agosto de 1928


"Pavilhão Favorita"


Outros equipamentos do "Avenida Parque" na "Teatro Magazine" de Agosto de 1928


"Fotografia Lusitana"


"Restaurante Amaral"


Carreira de Tiro "High-Liff" (ou "High-Life" considerando falha na impressão do anúncio da página publicada)



              

1934


Anúncio de 7 de Junho de 1940


E no dia seguinte ...


Entrada do "Pavilhão Portuguez" actualmente ....


Acerca da história do "Parque Mayer", consultar, neste blog, o seguinte link:  "Parque Mayer"

Nota: As páginas da revista "Teatro Magazine" de Agosto de 1928, e aqui publicadas, foram gentilmente cedidas por Carlos Caria.