Restos de Colecção: novembro 2024

13 de novembro de 2024

E-book "Chiado" Séculos XIX e XX - VOL II

Já se encontra disponível para download e consulta gratuitos, o segundo volume da trilogia "Chiado"  Séculos XIX e XX .

Relembro que este faz parte de uma trilogia com o mesmo título, com os restantes VOL I (já publicado) e VOL III a ser publicado em 11 de Dezembro deste ano 2024, e que totalizarão 122 artigos históricos em 547 páginas.

«Trata-se de uma colectânea de 122 artigos históricos, já publicados neste blog ao longo dos quinze anos de existência, e referentes a variados equipamentos que existiram, ou ainda existem, na zona do Chiado. A distribuição pelos três e-books será por ordem alfabética - VOL I : de A a E;  VOL II : de F a M;  VOL III : de O a Y. Os temas serão: Hotéis, Teatros, Restaurantes, Lojas, Cinemas, Bares e Boites, Cafés, Grandes Armazéns, Livrarias, Tipografias, Instrumentos Musicais, etc.
A zona abrangida pelos três e-books inclui; Rua do Carmo, Rua Nova do Almada, Rua Garrett (e suas ruas transversais), Praça Luiz de Camões, Rua do Alecrim (até ao Largo Barão de Quintella) e Rua da Misericórdia.
Como sempre nada de profissional, mas de boa vontade ...»

Para aceder ao e-book VOL II, a fim de uma simples consulta ou para guardar em formato PDF, bastará clicar na figura seguinte.


Clicar na imagem para consulta e download gratuitos (26 MB)




Para quem quiser consultar ou fazer o download do VOL I, clicar na imagem seguinte. Além desta via poderá, em qualquer altura, aceder a estes e-books (livros), e outros já publicados, na barra de menus deste blog.


Clicar na imagem para download e consulta gratuitos (30 MB)


Lembro que, o segundo volume (VOL IIIdesta trilogia será disponibilizado no dia 11 de Dezembro próximo.




Com 40 artigos históricos ao longo de 168 páginas, o "Chiado"  Séculos XIX e XX - VOL III , terá o seguinte índice ...


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10 de novembro de 2024

Farmácia Franco

A "Pharmacia Franco" teve a sua origem na botica fundada em 1821 por Ignacio Jose Franco (1797-1864), natural de Turcifal-Torres Vedras, na, então, Rua Direita de Belém (actual Rua de Belém desde 1890), em Lisboa. Seu filho, Pedro Augusto Franco (1833-1902), depois de adquirir umas casa velhas, que até 1834 tinham sido as "mercearias" de Belém, e vizinhas onde a botica de seu pai estava instalada demoliu-as quase por completo e no seu lugar construiu, entre 1881 e 1884, um grande edifício onde realojou a "Pharmacia Franco". «Ainda hoje num pátio interior, com serventia pela Farmácia Franco, sobre um arco antigo, existe uma lápide que reza: "Mercearias da Rainha D. Catarina, que Deus tem, instituída para 20 cavaleiros de África. Em Maio de 1619". A data é da reconstrução da casa, pois a fundadora morreu em 1578.» in: Peregrinações - Volume IX - Norberto de Araújo (1939).


"Pharmacia Franco, Filhos" ao centro da foto de 1916




"Pharmacia Franco, Filhos" na 1ª loja do 1º edifício de 2 andares à direita na foto


24 de Março de 1843


Interior da "Pharmacia Franco, Filhos"

Pedro Augusto Franco, (1833-1902) além de farmacêutico e proprietário, foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 2 de Janeiro de 1894 e 15 de Fevereiro de 1897, presidente da Junta do Crédito Público - e por inerência foi nomeado presidente da "Caixa Geral de Depósitos" (fundada em 1876) em 1881, cargo que exerceu até 1892 -, famoso influente eleitoral progressista, várias vezes Deputado por Belém, Par do Reino. A 17 de Fevereiro de 1887, foi feito 1º Conde do Restello, pelo Rei D. Luiz I (1838-1889).


Pedro Augusto Franco, (1833-1902) - 1º Conde do Restello


1865

Em 1835, na botica do "Hospital de S. José", foi criada a  primeira associação especificamente farmacêutica, a Sociedade Farmacêutica Lusitana. Em  1836, nasceu o ensino superior farmacêutico, com a criação das Escolas de Farmácia anexas à Faculdade  de Medicina da Universidade de Coimbra e às Escolas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e Porto. Mas também foi mantido o antigo acesso à profissão, através de um exame final realizado na Faculdade e nas Escolas Médico-Cirúrgicas após oito anos de prática numa farmácia, havendo assim duas categorias de farmacêuticos, de 1.ª e de 2.ª classe. Esta distinção vigoraria até 1902, ano em que se  determinou por lei a obrigação de todos os candidatos a farmacêuticos, frequentarem o Curso de Farmácia.

A Indústria Farmacêutica despontou em Portugal no último quartel do século XIX, não obstante a existência prévia das oficinas de farmácia e do papel pioneiro desempenhado, entre outros, pelos farmacêuticos Manuel Vicente de Jesus (1825-1889) com farmácia no Largo do Rato, 23, celebrizado pelas suas pílulas de proto-iodureto de ferro, e Pedro Augusto Franco, da "Pharmacia Franco", famoso pelo popular "Vinho nutritivo de carne" , que aparece publicitado pela primeira vez no "Diário do Governo" de 4 de Julho de 1885. Este vinho veio a revelar-se uma das primeiras áreas industriais a desenvolver-se no campo da farmácia em Portugal.

30 de Dezembro de 1866


1878


4 de Julho de 1885

No communicado seguinte de 30 de Outubro de 1856, pode-se observar as principais pharmacias (ou boticas) de Lisboa.


30 de Outubro de 1856

As origens da fase industrial encontram-se intimamente ligadas à criação da "Companhia Portuguesa Higiene" (CPH) - futura "Farmácia Estácio", que representou o primeiro investimento de monta na Indústria Farmacêutica em Portugal, tendo contado com capital angariado fora deste sector e com a colaboração de um conjunto de médicos, farmacêuticos e comerciantes de drogas. Após o progresso científico verificado no séc. XIX, os medicamentos começaram a ser preparados nas fábricas, que surgiram do prolongamento dos laboratórios das pequenas farmácias de oficina. A indústria farmacêutica em Portugal, começou a desenvolver-se a partir de 1890.

Interior da pharmacia da "Companhia Portuguesa Higiene", na Parça D. Pedro V (Rossio)

O fundador da "Pharmacia Franco", Ignacio Jose Franco morre em 19 de Abril de 1864, e a propriedade da mesma passa para a posse de seu filho Pedro Augusto Franco (1º Conde do Restelo). Dez anos mais tarde, a partir de 20 de Abril de 1876, o filho deste, Ignacio Jose Franco (2º Conde do Restelo e com o mesmo nome de seu avô), apesar de exercer o cargo de "Deputado da Nação" (entre 1865-1931), ficou à frente da farmácia praticando «a arte pharmaceutica, manipulação de medicamentos e aviando receitas» desde 20 de Abril de 1876. Pedro Augusto Franco foi considerado como um dos pioneiros da indústria farmacêutica. tendo sido responsável pela produção de diversas especialidades farmacêuticas com reconhecimento no mercado nacional e, mais tarde, internacional. A sua fábrica estava instalada na Estrada do Dafundo e já seria farmacêutico industrial antes de 1861, uma vez que  já nesse ano foi premiado com Medalha de Prata na exposição da "Associação Industrial Portuense".


19 de Abril de 1864


4 de Maio de 1885

Entre as suas especialidades contam-se alguns nomes tais como o "Xarope peitoral de James", contra a tosse e a "Farinha peitoral ferruginosa", contra a debilidade. O escritor Eça de Queiroz faz uma alusão ao famoso "Xarope peitoral de James" na sua obra publicada em 1900,  “A ilustre Casa de Ramires”: «Organizar, com estrondo, o reclamo de Portugal, de modo que todos o conheçam - ao menos como se conhece o Xarope Peitoral de James, hem? E que todos o adotem - ao menos como se adotou o sabão do Congo, hem?» . 

25 de Dezembro de 1864



9 de Outubro de 1886

Contudo, terá sido o "Vinho Nutritivo de Carne" o grande sucesso comercial da "Pharmacia Franco" uma vez que, que como dizia o rótulo do produto, “um cálix d’este vinho representa um bom bife”. De referir que nesta farmácia dava consultas o médico Dr. Antônio de Azevedo Meirelles.

Carta de 9 de Março de 1905


Dezembro de 1907


1909

Mas eis que no dia 28 de Fevereiro de 1904, na sequência de mais um treino, 24 jovens assumiram a formação de um novo clube, o "Sport Lisboa". O acontecimento teve lugar durante uma reunião realizada na, já, "Pharmacia Franco, Filhos", no decorrer da qual foi constituída uma "Comissão Administrativa", presidida pelo mais velho dos Catataus - José Rosa Rodrigues -, ficando a sede e a secretaria instaladas provisoriamente no mesmo local. Manuel Gourlade, tesoureiro do clube, empregado na farmácia e ligado ao grupo dos Catataus, torna-se um elemento influente na dinâmica do novo clube, quer intervindo na componente administrativa, quer na parte técnica - orientando a preparação dos jogadores e adquirindo material de futebol (bolas, apitos, regras de jogo, etc.). Como é do conhecimento dos aficionados, em Setembro de 1908 o "Sport Lisboa" e o "Sport Club de Benfica" (fundado em 26 de Julho de 1906), fundiram-se e deram origem ao "Sport Lisboa e Benfica".

 

Documento da fundação do "Sport Lisboa" em 1904 e primeiro emblema do SLB em 1908

Não sei quando terá encerrado definitivamente a "Farmácia Franco". A última referência publicitária a que consegui ter acesso data de 30 de Junho de 1927 ... No lugar da farmácia, uma agência da "Caixa Geral de Depósitos" (talvez à memória de Pedro Franco, um dos seus Presidentes entre 1881 e 1892 e um dos proprietários da "Pharmacia Franco" ... Quanto à "Pensão Setubalense", que existe desde o início do século XX no mesmo edifício da farmácia, lá continua a funcionar. Mais de 120 anos de existência, já vai sendo raro ...

25 de Dezembro de 1913

 

24 de Dezembro de 1926


30 de Junho de 1927

Agência da "Caixa Geral de Depósitos" no lugar da "Pharmacia Franco, Filhos", e lápide alusiva à fundação do "Sport Lisboa e Benfica"

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de LisboaBiblioteca Nacional Digital, DIGIGOV, Em Defesa do Benfica, A Minha Chama

6 de novembro de 2024

Antigos Hotéis e Termas de Torres Vedras

O "Hotel Pimenta", fundado em 1872, e de que falarei mais á frente, foi o mais antigo de Torres Vedras. O "Hotel Natividade" foi o segundo hotel mais antigo de Torres Vedras, sendo a fundação anterior a 1890, e cuja primeira localização não consegui apurar. A sua proprietária era a D. Maria da Natividade Marques. Contudo em 24 de Junho de 1890, muda-se para o, então Largo da Graça (futuro Largo D. Carlos I), esquina com a Rua d'Olaria (futura Rua Paiva de Andrada). No mesmo ano a sua proprietária, anunciava:

«A proprietária do Hotel Natividade, em Torres Vedras, tem a honra de annunciar ao publico, que em virtude do prestimoso offerecimento do ex.mo sr. Dias Neiva, dono das Aguas dos Cucos, poe á disposição dos seus hospedes, desde o dia 1.° de julho, os banhos d'aquellas excelentes Agoas, provisoriamente estabelecidos no sitio dos Cucos, onde haverá tinas proprias e pessoal competente; supprindo d'este modo a falta a que dariam logar as obras do Grande Estabelecimento Thermal, que já está em construcção.
Haverá tambem uma tina para banhos gratuitos á disposição dos pobres.»


29 de Maio de 1890


2 de Junho de 1891


15 de Junho de 1893

A quinta de Vale dos Cucos era propriedade de João Gonçalves Neiva desde 1851, arrematada em leilão resultado de uma disputa de herança judicial entre 1782 e 1830 onde construiu, por volta de 1860, novas casas de banho ainda em madeira e casas para alojamento dos doentes, no local hoje chamado de Cucos Velhos. Mas o seu filho José Gonçalves Dias Neiva, a partir de 1890, inicia todo um processo de edificação de uma vila termal, iniciadas por escavações que vêem a descobrir uma nascente com grande manancial de água. O projecto traçado em 1891 pelo engenheiro António Jorge Freire, que pretendia ser completamente inovador em serviços termais e de lazer, previa a construção do Balneário, Hotel, Casino, 40 moradias num parque termal que contava ainda com uma capela e mercado.

O Estabelecimento Thermal viria a ser inaugurado em 15 de Maio de 1893, três anos depois o Casino, ao que se lhe seguiu o Hotel, bem mais modesto do que o edifício programado de 300 quartos, e das moradias projectadas concretizaram-se apenas duas, uma das quais no princípio albergou, temporariamente, o Hotel. Viria a ser construída uma capela e oficinas de preparo de lamas e de águas. Tinha como diretor médico, o Dr. Justino Xavier da Silva Freire.

Entretanto em 11 de Junho de 1893, José Dias Neiva tinha aberto o "Hotel dos Cucos" , na Avenida Ignacio Casal Ribeiro que ligava a Estação de Caminho de Ferro ao Largo da Graça (Largo D. Carlos I a partir de 1894), tendo como gerente Ernesto Nobre.

28 de Maio de 1893

«Este hotel acha-se habilitado a dispensar aos seus hospedes as maximas comodidades pelos módicos preços de 1$000 a 1$200 réis diarios.
O transporte do hotel ao estabelecimento balnear é gratuito uma vez por dia, das 5 ás 8 horas da manhã. Egualmente é gratuito o transporte dos hospedes e suas bagagens da estação do caminho de ferro ao hotel.
O almoço, das 9 ás 11 da manhã, tem 3 pratos, chá e cafe. O jantar, ás 4 1|2 da tarde, tem sopa, 5 pratos, queijo, fructas, café e chá. Vinho á descripção em ambas as refeições.
Das 9 ás 11 da noite haverá chá para os hospedes que o desejem.»

Neste mesmo ano de 1893, encontrava-se instalado na Rua Serpa Pinto, 10-14 junto ao Largo da Graça, o "Hotel Pimenta", o mais antigo de Torres Vedras, que tinha sido fundado por Antônio da Cruz Pimenta em 1872.

15 de Junho de 1893

Aquando da reabertura do "Hotel dos Cucos" (naquela época a maioria hotéis nas estâncias termais, e não só, encerravam no Outono e só reabriam em Maio do ano seguinte), em 14 de Maio de 1894, o  edifício, já tinha sido aumentado em 2 pisos, ao mesmo tempo que tinha promovido a reformas «tendo-se attendido à todas as condiçõas a prescripções santtarias, a pelas auctoridades medicas, taes como canalisacão externa; ventilação, etc., etc.,»

14 de Junho de 1894 

Neste mesmo ano de 1894 já o Largo da Graça tinha sido renomeado de Largo D. Carlos I e a Rua d'Olaria renomeada de Rua Paiva de Andrada. Seria neste Largo e neste ano que seria inaugurada a "Havaneza Torreense". E em 1896 a mais antiga colectividade de Torres Vedras o "Club Torreense", fundado em 1873, passa a designar-se "Casino de Torres Vedras".

Largo D. Carlos I  (ex-Largo da Graça), já como Largo da República (após 1910)


Anúncio de 13 de Maio de 1894. O edifício do Hotel creio ser o da Sapataria na foto anterior

Entretanto em 23 de Maio de 1895 era inaugurado o "Estabelecimento das Águas da Fonte Nova", em Torres Vedras.


« (...) Sim, aquelle celebre dr. Sangrado, que tem feito rir as gerações, com o seu systema de curar todas as doenças com agua, já não é uma creação comica da imaginação de Lesage, mas o precursor da grande transformacao por que havia de passar a therapeutica, que hoje encontra nas aguas o melhor remedio para todas as doenças, desde a Agua circassiana e Agua Florida, que nos rejuvenesce na apparencia, até ás aguas medicinaes, que nos restauram o organismo, livrando-nos da gotta, das dyspepsias, das herpes, das nephrites e de tantos outros males de que a pobre humanidade enférma.
Assim cada descoberta que hoje se faz de agua com qualidades medicinaes é o mesmo que descobrir um thesouro : para o proprietario, pelo rendimento que d'ellas póde tirar ; para o publico pelos beneficios que lhe podem fazer aos seus achaques.» in: "Occidente"  nº 592.

Em Janeiro de 1898 foi o ano de todas as mudanças nos hotéis de Torres Vedras. O "Hotel dos Cucos" é extinto e viria a ser criado outro num dos chalets do "Estabelecimento Thermal dos Cucos". O "Hotel Natividade" muda-se para as antigas instalações do "Hotel dos Cucos" na Rua Ignacio Casal Ribeiro, e nas antigas instalações do "Hotel Natividade" nasce o "Hotel Central", propriedade de Ernesto Nobre, antigo gerente do extinto "Hotel dos Cucos". Este hotel funcionava todo o ano.

Chalet onde ficou instalado provisoriamente o "Hotel dos Cucos", no complexo termal dos Cucos

26 de Maio de 1898





"Hotel Natividade" e Avenida Ignacio Casal Ribeiro. Ao fundo a Estação de Caminhos de Ferro


Abril de 1899

Quanto ao "Hotel Central":

«Este novo estabelecimento, onde esteve instalado por muitos anos o Hotel Natividade, Administrado pelo Gerente do extinto Hotel dos Cucos. Torna-se recomendado pelo asseio e comodidade que oferece aos seus hospedes. Situado proximo da estação do caminho de ferro e da estação telegrapho postal, junto do jardim publico e do Casino, e o ponto mais central desta vila. Preços desde 1$000:00 reis Temporada das thermas - Thermas dos Cucos e das Aguas Medicinais da Fonte Nova.
Socio Gerente Alberto Nobre»


1 de Junho de 1898

Abril de 1899

Entretanto, no "Estabelecimento Thermal dos Cucos" é criado em 1899, o "Hotel das Thermas", vindo a ocupar, temporariamente, um dos dois chalets (construídos em 1895 e 1896) no complexo termal. Este hotel era explorado por Antonio Borges, proprietário do "Grande Hotel Borges", na Rua Garrett, em Lisboa. 

Abril de 1899


2 de Abril de 1904

O hotel definitivo só viria a ser mandado  construir por José António Neiva em 1929, localizado nas traseiras do edifício dos balneários ao qual estava ligado. Mesmo depois de construído o novo hotel, o chalet que tinha ocupado até então, continuou a servir de «extensão» ao hotel em alturas de maior afluência.

Edifício do Hotel (construído em 1929) nas traseiras do edifício principal e à direita na foto


Chalet que continuou a servir de «extensão» ao "Hotel das Termas"

Entretanto, em 1902 o "Novo Hotel" de Antonio Duarte Capote, empresário de transportes.

Em 1907, o "Hotel das Themas dos Cucos", já era "propriedade" (concessionária) de Maria da Natividade Marques dona do "Hotel Natividade".


1907


1913


1916

Quanto a transportes, em 1911, pela sua centralidade, o Largo da República (ex- Largo D. Carlos I) foi escolhido para ponto de chegada e partida das primeiras carreiras automóvel para a Praia de Santa Cruz, iniciadas no Verão de 1911 pela empresa de António Capote

Outras empresas vão surgir ao longo do século XX para transportar veraneantes para Santa Cruz, escolhendo aquele Largo ou as sua proximidade como ponto de largada ou recolha de passageiros: João Henriques dos Santos a partir de 1923;  "Empresa Sociedade Progresso de Santa Cruz" a partir de 1925, tendo como sócios Joaquim Morais de Castro, Guimarães Júnior e José Duarte Capote sobrinho, cujos direito foram adquiridos por Ruy da Costa Lopes em 1928, sendo este o único operador em 1941, ano em que este, por sua vez, cede os direitos à empresa "Capristanose Ferreira, Lda." da Caldas da Rainha, mais tarde adquirida pela empresa Claras, que operou esta linha de camionagem até 1975.


Camioneta junto ao "Teatro-Cine Ferreira da Silva" em Torres Vedras


Largo das camionetas na Praia de Santa Cruz

Em 28 de Maio de 1922 o "Hotel Natividade", provavelmente por morte de D. Natividade, é adquirido pela sociedade "Lopes & Sá", e o jornal "O Torreense" noticiava:.

«O antigo e acreditado Hotel Natividade, desta yila, toi tomado de trespasse pelos srs. Manuel Lopes e Francisco Sá, que vão usar a firma comercial Lopes & Sá.
Os novos proprietarios do hotel Natividade são pessoas que conhecemos há muitos anos e de quem temos as melhores e mais ligeiras informações; e conhecedores como são do seu metier, animados dos melhores desejos.de bem servir os seus clientes, proporcionando-lhes todas as modernas comodidades, para o que se não pouparão a despezas e sacrificios, tencionam já na proxima época balnear estabelecer carreiras de automoveis, a preços reduzidos, principalmente para os seus hospedes que tenham de fazer tratamento nas termas dos Cucos.
E' um melhoramento importante para esta vila, pelo que felicitamos a firma Lopes & Sá desejando lhe muitas prosperidades.
Em outro local vai o respectivo anuncio.»

1922

Em 1934 o "Hotel Central" já aparece instalado no edifício do antigo "Hotel Natividade", na avenida 5 de Outubro (antiga Avenida Ignacio Casal Ribeiro), sendo seu proprietário José da Silva Carnide. No pequeno edifício contíguo cria o "Café do Hotel Central" onde comercializava os afamados pastéis de feijão, além de «café, chá, cervejas, refrigerantes e licores». Por seu lado o hotel já possuía «excelente serviço de mesa, óptimos quartos, retretes modernas e bela casa de banho.»




Maio de 1934

"Hotel Central" à esquerda e defronte da Escola Primária, Secundária e de Educação Física, neste postal de 1953

Em 1939 no guia de "Hoteis e Pensões de Portugal", o "Hotel Central" aparecia com as seguintes informações:

Classe:  3ª
Nº de Quartos:  30
Pequeno almoço:  2$50
Almoço:  12$00
Jantar:  13$00
Diárias:  20$00 a 26$00

Já propriedade da família Neiva Vieira dos Cucos, o "Hotel Central", foi demolido por volta de 1955. Pouco tempo antes, a esposa do antigo proprietário, José da Silva Carnide e uma sobrinha tinham morrido eletrocutadas no jardim, numa noite de temporal.

Edifício que substituiu o "Hotel Central" em captação de 2022 via Google Maps

Quanto às "Termas dos Cucos", encerrariam definitivamente em 1999. « (...) abriram pela última vez em 1998. Contrariamente ao que se poderia pensar, a lotação esteve esgotada. "Encerrámos porque corríamos o risco de sermos encerrados compulsivamente a meio da época, por causa de um valor numa análise da água. Considerámos que mais valia fechar ou podiam fechar-nos a meio da época e o desprestígio era maior" ». palavras de José António Neiva in: jornal "Sol" (2021) artigo de José Cabrita Saraiva.

Hoje o complexo das antigas "Termas dos Cucos" é utilizado principalmente para festas de casamentos ...

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaBiblioteca Nacional Digital, Biblioteca Municipal de Torres Vedras, Torres Vedras Antiga (Facebook), Delcampe.net