O “Infante Dom Henrique” , construído pelos estaleiros “J. Cockerill Ship-building Ltd ”, em Hoboken, na Bélgica, foi último dos grandes paquetes portugueses a ser construído. A 1ª prestação de 31.076.695$00 (155.010,00 euros) foi paga no acto da celebração do contracto de construção, em Lisboa a 18 de Julho de 1957.
Lançamento á água, nos estaleiros “J. Cockerill Ship-Building Ltd ”,, em 1960
Lançado à água em 29 de Abril de 1960, o “Infante Dom Henrique” depois dos acabamentos e aprestamento começou a navegar em 7 de Fevereiro de 1961.
Provas de mar em 1961
Características:
Tonelagem de arqueação (t.a.b.): 24.000 t
Propulsão: dois grupos de turbinas a vapor, Westinghouse , com uma potência total de 22.000 SHP
Veios de hélices: 2
Comprimento: 195,50 m
Boca (largura): 24,50 m
Velocidade máxima: 21 nós
Passageiros: 1018 assim distribuídos:
1ª Classe - 156
Turística A - 384
Turística B - 478
Tripulação: 318 elementos
Por cada dia de navegação o “Infante Dom Henrique” consumia 150 toneladas de fuel e 200 toneladas de água.
Além de quatro grandes salões e bares, o “Infante Dom Henrique” dispunha de dois restaurantes, biblioteca, sala de leitura, sala de escrita e duas salas para crianças, cabeleireiro, hospital e duas capelas, cujos altares foram fabricados com pedra do promontório de Sagres.
Lobby Átrio da 1ª classe, com a estátua do Infante
Bar da 1ª classe Camarote
Sala de Jantar da 1ª classe Salão de música e festas da classe turística
fotos in: Blogue dos Navios e do Mar
No ano de 1964 a frota da C.C.N. estava quase que completamente devotada às linhas de África. O "Infante Dom Henrique" saía de Lisboa para o Funchal, Luanda, Lobito, Cape Town, Lourenço Marques, Beira, tocando os mesmos portos no percurso de regresso à Metrópole. O "Império" e o "Pátria" cumpriam um mesmo itinerário: Lisboa, Funchal, São Tomé, Luanda, Lobito, Moçâmedes, Cape Town, Lourenço Marques, Beira, Moçambique, Nacala (por vezes) e Porto Amélia. Já o "Uíge" percorria apenas a costa ocidental de África: partindo de Leixões, aportava em Lisboa, Las Palmas (Canárias), São Tomé (por vezes), Cabinda, Luanda, Lobito, Moçâmedes. No regresso o "Uíge" escalava, ainda, o Funchal. Já os navios cargueiros da Colonial - "Lobito", "Luanda", "Ganda", "Amboim", "Benguela" e "Lugela" - demandavam nesse ano de 1964 todos os portos das colónias portuguesas em África, de acordo com as necessidades e demandas de fretagem.
Depois de ficar ao abandono durante anos no porto de Sines, passa a ser propriedade do Gabinete da Área de Sines servindo de alojamento a trabalhadores entre 1977 e 1986 ....
Em 1976 fundeado no “Mar da Palha” em Lisboa
“Infante Dom Henrique” em Sines
Adquirido pelo armador grego George Potamianos, foi alvo duma profunda reconstrução e remodelação orçada em 50 milhões de dólares efectuada no porto de Pireu na Grécia. Como em Sines lhe tinham retirado os hélices, o “Infante Dom Henrique” teve de ser rebocado para Lisboa onde chegou em Fevereiro de 1988, e posteriormente em Março do mesmo ano rebocado de novo, desta vez para a Grécia.
Reconstrução do “Infante Dom Henrique” na Grécia
Já reconstruído e mudado o nome para “Vasco da Gama”
Regressou ao serviço como navio de cruzeiros tendo sido fretado pelo gigante operador turístico alemão ocidental, “Neckermann Reisen,” começando os seus cruzeiros a partir do porto de Bremerhaven, na Alemanha. Quando da sua escala em Lisboa, em 5 de Dezembro de 1988, sofreu um incêndio na casa das máquinas o que obrigou a ser rebocada até aos estaleiros em Bremerhaven, tendo chegado a 17 de Dezembro.
Depois de reparado partiu para uma volta ao Mundo a 7 de Janeiro de 1988., uma volta ao mundo e centenas de viagens nas Caraíbas, o navio foi vendido à companhia “Cruise Holdings”, das Bermudas, em 1995, passando a chamar-se “Seawind Crown”.
"Seawind Crown" em Barcelona em 2003
"Seawind Crown" nas Caraíbas
fotos in: ssMaritime.com
O último dono foi a “Premier Cruises”, companhia americana, que o adquiriu para efectuar cruzeiros nas Caraíbas. No ano 2000, ficou exclusivamente na Europa, em Barcelona, para cruzeiros no Mediterrâneo. Por falência da companhia e por ordem da autoridade do Porto de Barcelona, o navio foi arrestado nesse mesmo ano.
Em 2003 é vendido do navio a interesses indianos e larga a 28 de Dezembro de 2003 para a China, com o nome “Barcelona” e bandeira da Geórgia. Em 12 de Janeiro de 2004 passa o Canal do Suez rumo á Índia.Foi desmantelado entre Março e Maio de 2004. O seu último comandante foi Amadeu Albuquerque.
Para a elaboração deste artigo foi consultado também o livro: «Paquetes Portugueses», de Luís Miguel Correia, Edições Inapa, Lisboa, 1992