O grupo de lojas "Pinheiros", teve a sua origem na "Casa Pinheiro", fundada em 1840 por Manuel Pinheiro Ribeiro, na Rua Augusta, em Lisboa. Por morte do
fundador, a casa passou para a posse de seu sobrinho e colaborador Francisco Maria da Costa, prestigiada figura do comércio, que, a par de proprietário da firma, foi, também, diretor do “Banco de Portugal”.
“Pinheiros” à direita na foto, na Rua Augusta. À esquerda na foto a sede do banco “Crédit Franco-Portuguais”
Francisco Maria da Costa ensinou aos seus três filhos os segredos do seu comércio, trabalhando estes todos na casa e ficando o mais velho, Manuel Pinheiro Ribeiro da Costa, por morte de seus irmãos, único proprietário da firma. Continuando
as tradições da família, Manuel Ribeiro da Costa valorizou, quanto possível, o seu estabelecimento promovendo obras de renovação e ampliação.
Perspectiva da localização da loja “Pinheiros” (dentro da elipse desenhada), na Rua Augusta, no início do século XX
Dos seus dois filhos, o mais velho, Francisco Manuel Tomaz Pinheiro Ribeiro da Costa, herdou a firma e as responsabilidades de prestígio que esta, como decorrer dos anos, ia ganhando. Este seria o pai dos últimos sócio-gerentes: Manuel Pinheiro Jardim Ribeiro da Costa, Luís Filipe Jardim Pinheiro Ribeiro e Fernão Vasco Jardim Pinheiro Ribeiro. Por este motivo a designação da loja seria mudada para "Pinheiros".
A "Pinheiros" experimenta um notável impulso, atestado pela abertura, em 1962, da sua belíssima filial na Avenida de Roma, no prédio contíguo ao snack-bar e pastelaria "Tique-Taque".
Filial da “Pinheiros”, na Avenida de Roma (dentro da elipse desenhada)
Edifício onde estava instalada, com o reclame visível por detrás do transeunte de óculos
Três anos depois, em 1965, é inaugurada a segunda filial na Avenida da República, junto à Praça Duque de Saldanha, com características idênticas à da Avenida de Roma.
Filial da “Pinheiros” na Avenida da República, à direita na foto, (dentro da elipse desenhada) e junto ao Saldanha
Entretanto a "Pinheiros”, inaugura, em 1967, na sua sede na Rua Augusta, uma nova secção de Pronto a Vestir para homem. Nesta secção, no primeiro andar, grande parte do seu sortido era confeccionado em fábricas suas fornecedoras. Alguns desenhos para do seu pronto a vestir masculino, eram da autoria do famoso alfaiate inglês Louis Stanbury, um dos sócios da conhecida firma londrina "Kilgour, French & Stanbury, Ltd.", que para o efeito celebrou o devido contrato com a "Pinheiros". Nesta secção da sua sua sede, existia, ainda, uma secção de venda de tecidos a metro, com mais de mil peças de fazenda diferentes.
Também na filial da Avenida de Roma, se encontrava a secção de venda a metro de tecidos para homem, assim como , e a partir de Abril de 1967, a nova secção de pronto a vestir para homem. O mesmo se passaria com a sua filial na Avenida da República/Saldanha. Quanto à secção de tecidos a metro para senhoras, o stock era, em 1967, de cerca de sete mil artigos diferentes, situando--se este departamento, com as secções de lãs, sedas e forros , no rés-do-chão da sua sede na Rua Augusta.
A fim de completar a sua actividade no ramo de alta costura, a "Pinheiros", criaria outra firma, nascida da actividade independente de uma das suas secções, tendo sido designada de "Pinheiro - Costura, Lda.". Com ela apoiava a alta costura portuguesa, sendo representante das firmas "G. Petillaut, S.A." de Paris, malhas "Racine", de Nice-Paris e "Cadena, S.A." de Madrid. Na sua sede e filiais, a "Pinheiros", comercializou artigos de muitas origens, tais como: portugueses, ingleses, franceses, alemães, italianos, suíços, espanhóis, americanos, austríacos, belgas e irlandeses.
«A fama da qualidade e eficiência dos serviços da Pinheiros espalhou-se por todo o Portugal Continental, Ilhas e Províncias Ultramarinas, donde recebe mensalmente milhares de pedidos de amostras. Tal facto levou á criação duma secção de vendas por correspondência.
Os pedidos acima referidos são cuidadosamente analisados, e uma vez seleccionadas as amostras pedidas, são enviadas aos clientes interessados. Por este motivo a firma recebe mensalmente centenas de encomendas que são expedidas pelo correio para os respectivos destinos.
Desde a sua criação que a PInheiros tomou como lema servir da melhor maneira todos quanto directa ou indirectamente dependem da sua actividade.»
1967
Em 1967, a "Pinheiros", tinha ao seu serviço cerca de duzentos empregados, quarenta e cinco dos quais com mais de 20 anos ao serviço, assim distribuídos por antiguidade: quatro empregados com mais de 50 anos de serviço; oito com mais de 40 anos de serviço; dezasseis com mais de 30 anos de serviço e dezassete com mais de 20 anos de serviço.
O seu corpo administrativo e directivo era composto por vinte e cinco funcionários.
O excerto seguinte, foi retirado do artigo «Shopping in Lisbon – The Pick of Portugal», da autoria de E. C. Dessewffy, correspondendo a um dos capítulos do guia “Fodor’s” sobre Portugal, edição de 1974:
«No final da Rua Augusta, ao chegar à famosa Praça do Cavalo Negro (Terreiro do Paço), Pinheiros, no número 62, é especializado exclusivamente em têxteis, lãs e algodões, no rés-do-chão, e em sedas e roupa masculina no primeiro andar. É uma loja algo antiquada, mas de inteira confiança. A Casa Monteiro, Rua do Ouro 265, primeiro andar, tem uma grande escolha de tweeds, sedas e algodões.»
Na rua dos Fanqueiros existiu a “Casa dos Panos”, da família do mestre olisipógrafo Luís Pastor de Macedo, que, em meados do século XIX, terá pertencido aos Pinheiros. Da família Pinheiro, ainda a dizer que, teria ligações familiares ao grande actor teatral António Augusto de Chaby Pinheiro (1873-1933).
Em Dezembro de 1980 existiam lojas “Pinheiros”, na Rua Augusta, Avenida de Roma, Campo de Ourique, Cascais e Setúbal. Encerrariam definitivamente, poucos anos depois. Tanto a sua sede na Rua Augusta, como a loja da Avenida de Roma, seriam adquiridas pelo “BCP - Banco Comercial Português”. A filial do Saldanha seria adquirida pelo “Barclays Bank”.