Apesar de no princípio do século XX terem aparecido na imprensa alguns anúncios de lojas lisboetas com a designação de “Centro Comercial …”, os primeiros Centros Comerciais, em Portugal - inicialmente também designados por “Drugstores” - verdadeiramente ditos e como hoje os conhecemos, só apareceriam a partir de 1951.
Exemplo de anúncio a loja apelidada de “Centro Comercial”, em 1909
O primeiro Centro Comercial do país, foi inaugurado no Monte Estoril, em 1951, no “Edifício Cruzeiro”, com o nome de “Centro Comercial do Cruzeiro” , e que chegou a ter uma loja filial da “Casa Africana” de Lisboa.
“Centro Comercial do Cruzeiro”
Postal promocional da época
«O projecto inicial, da autoria de Manuel António da Cruz e de João da Cruz, ditou o seu original nome, que foi consolidado pelo facto de se situar num local onde se cruzavam duas das antigas linhas de águas naturais do Monte Estoril.
Com a primeira pedra lançada em 1947, em pleno período de crise provocado pelo pós Segunda Guerra Mundial, a construção do edifício sofreu vários reveses, tendo sido Fausto de Figueiredo, o fundador do moderno Estoril, uma das personalidades que mais o atacou temendo que o mesmo pudesse vir a condicionar o sucesso do seu próprio projecto urbanístico.
No entanto, depois da inauguração em 1951, a Revista Portuguesa de Turismo consagra-lhe um enorme e muito elogioso artigo, no qual o considera um dos mais arrojados e interessantes projectos do Portugal moderno. No dizer da revista, foi “um dos melhores da Europa” de então…
Foi, de facto, o primeiro centro comercial Português e apesar do estado de abandono profundo em que ficou desde finais da década de setenta do Século XX, manteve sempre a sua importância na definição das memórias e da Identidade Cultural daquela localidade.» texto de João Henriques in: blog “Portugal”
Foto de 1998
O segundo Centro Comercial ou Drugstore (outra designação para “Centro Comercial”) do país, e primeiro de Lisboa, foi inaugurado em 20 de Dezembro de 1967, de seu nome “Drugstore Sol a Sol”. Localizado na Avenida da Liberdade, nº 232 e com entrada também pela Rua Rodrigues Sampaio, nº 77-79 era propriedade da “Sol a Sol - Sociedade Portuguesa de Comércio Turístico, SARL”, constituída em 16 de Outubro de 1967.
Entrada do “Drugstore Sol a Sol” pela Avenida da Liberdade e interior do mesmo
“No dia 26 de Dezembro de 1967, o "Diário Popular" dedica-lhe uma página, terminando com uma sentença a raiar a premonição: O drugstore vai pegar? Bem, a pergunta não é bem esta, mas antes: porque é que o drugstore não há-de pegar - se em todo o Mundo já vingou?
O jornal descreve o drugstore como uma cave-que-parece-rua-com-muitas-lojinhas-lá-dentro, com recepção como um hotel e música ambiente como nos intervalos dos cinemas.
O Sol A Sol tinha 33 lojas, todas numeradas - aqui os estabelecimento apenas se distinguem pela numeração - que fechavam à 01H00 e essa era uma das curiosidades do jornal: «mas as pessoas compram coisas à meia-noite?»
Outra curiosidade referida pelo "Diário Popular" residia no facto de uma das lojas vender cartazes (posters): «de cartazes, sim, destes de pregar na parede.»
Também ficou conhecido como «o Drugstore da Avenida».” texto in: blog “IÉ-IÉ”
O terceiro Centro Comercial do país, e segundo de Lisboa, foi o “Drugstore Tutti-Mundi” inaugurado na Avenida de Roma, nº 48 em 19 de Dezembro de 1968. Também tinha uma 2º entrada peal Rua Conde de Sabugosa, nº 15. Este Drugstore, além de já ter restaurante e snack-bar, tinha garagem privativa.
Por último neste artigo, o quarto Centro Comercial do país e terceiro de Lisboa, seria o, ainda, sobrevivente o “Drugstore Apolo 70”, na Avenida Júlio Diniz, em Lisboa, inaugurado em 27 de Maio de 1971. Foi projectado pelo arquitecto Augusto Silva e decorado por Paulo Guilherme sendo propriedade da empresa “Copeve, SARL”. Ocupando uma área de 8.000 m2, w construído em 14 meses, foi considerado, na altura, o maior drugstore da Europa, compreendendo além das suas 41 lojas, sala de cinema, sala de bowling e snack-bar.
A sala de Cinema, designada de “Estúdio Apolo 70”, foi projectada pelo arquitecto Augusto Silva e decorada por Paulo Guilherme, oferecendo 300 lugares e equipada com aparelhagem de projecção “Phillips” de 35 m/m com écran normal e cinemascope. Com a sua programação dirigida por Lauro António, abriu as suas portas em 27 de Maio de 1971, sendo o seu filme de estreia “O Vale do Fugitivo”, um western realizado por Abraham Polonski.
A seguir a estes abririam, em LIsboa e por ordem: “Centro Comercial Castil”, em 1 de Novembro de 1973 na Rua Castilho; Centro Comercial “Caleidoscópio”, em 1 de Novembro de 1974; “Centro Comercial Imaviz”, em 20 de Dezembro de 1975, na Avenida Fontes Pereira de Melo; “Shopping Brasília”, no Porto, em 9 de Outubro de 1976; “Centro Comercial Alvalade”, em 1976 na Praça de Avalade; “Centro Comercial Fonte Nova”, em 2 de Março de 1985 em Benfica; “Shopping Center das Amoreiras” em 27 de Setembro de 1985, na época o maior de Portugal e 4º a nível europeu com as suas 330 lojas, etc.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Cidadania Cascais