A actual "Espingardaria Central A. Montez, S.A.", tem a sua origem na loja de espingardas, revolwers e acessórios para caça, pertença da firma "Baptista & Ferreira", que abriu uma loja na esquina do, então, Largo de Camões com a Praça D. Pedro IV (Rossio), em Novembro de 1902. Nesta loja tinha funcionado, anteriormente, a prestigiada livraria e editora "Mattos Moreira & C.ª ", fundada em 1873.
Novembro de 1902
Em 1903, um dos sócios da firma, G. Heitor Ferreira, fica sózinho com o negócio, abandonando a loja de esquina e ficando só com a porta nº 3 do, ainda, Largo de Camões, e mudando o nome para "Espingardaria Central de G. Heitor Ferreira".
Dezembro de 1903
Março de 1908 Dezembro de 1918
A loja de esquina tornar-se-ia, primeiramente, numa loja de artigos de utilidade, e mais tarde no luxuoso stand dos automóveis “Cadillac” e “Rolls-Royce”, da firma “Castanheira Lima & Rugeroni, Lda”, inaugurado em Junho de 1913. Este mesmo stand seria transformado, em 1931, numa loja da “APT - Anglo Portuguese Telephone”, que incluía com cabines telefónicas, tendo sido aproveitados os seus alpendres e decoração exterior.
Loja de utilidades
Loja de utilidades substituída pelo stand de automóveis da firma “Castanheira Lima & Rugeroni, Lda”, em 1913
Já agora … a respectiva notícia, podendo-se ver a "Espingardaria Central de G. Heitor Ferreira", na 1ª foto na porta nº 3
1913
A designação "Espingardaria Central de G. Heitor Ferreira", manter-se-ia até 1920, ano em que um seu empregado, de seu nome António Montez, ficou com a loja. Em consequência disso, esta mudou a designação para "Espingardaria Central G. Heitor Ferreira - Sucessor A. Montez".
«A Espingardaria Central nasceu numa década que iria mudar o rumo governativo da nação, apenas uns anos antes da transição da monarquia para a república. De facto, ali foram compradas as armas usadas no atentado contra o rei D. Carlos, incluindo a Winchester que lhe custou a vida. Quem as vendeu foi um jovem funcionário, em inocência do fim a que se destinavam. Esse jovem funcionário, uma vez ilibado de qualquer cumplicidade, viria um dia a tornar-se dono desta loja, emprestando-lhe o nome completo, mas também um reputado atleta olímpico. António Montez esteve presente em Paris, nas Olimpíadas de 1924, classificando-se em 30º na prova de pistola de velocidade a 25 metros. Quatro anos depois, voltou a marcar presença em Amsterdão. Também podia ter ido às Olimpíadas de 1920, em Antuérpia, mas faltou porque estava ocupado com um assunto importante. Justamente, com o trespasse da loja.
“Espingardaria Central” na Praça D. João da Câmara
(...) Em 21 de Maio de 1942 houve um acidente na Espingardaria, uma explosão que resultou da manipulação de pólvoras. Não era possível manter a loja na localização actual, pelo que teve instalações temporárias numa outra Loja Com História, bastante vizinha, o Restaurante Leão de Ouro. Não havendo registos fotográficos dessa passagem, não deixa de ser curioso imaginar, as mesas do Café e as armas, o quadro do Columbano do Grupo do Leão e a arma do Alexandre Herculano, se já fizesse parte do espólio, como hoje faz.
Novembro de 1925
1936
1942 1956
24 de Dezembro de 1970
(...) Nos anos 80, deu-se um aumento das instalações, e a ocupação do primeiro andar do mesmo edifício. Em 1991 inaugurou-se ali uma Boutique de Caça, e reuniu-se a colecção de armas do avô, a que ainda hoje lá repousa. São estimadas três centenas de armas, de fabrico e de épocas diferentes. Para além das armas, esta colecção inclui objectos relacionados com a actividade, e muitos documentos. Há planos para que esta fabulosa colecção esteja eventualmente disponível ao público.» citações retiradas do site “Lojas com História”, da Câmara Municipal de Lisboa.
Em 1984, esta espingardaria tornar-se-ia numa sociedade anónima, passando a designar-se "Espingardaria Central de A. Montez, S.A.", com sede em Santa Iria de Azóia, sendo António Duarte Montez o seu Presidente do Conselho de Administração e endo como accionista D. Conceição Montez. Além de armas de fogo, vendem todo o tipo de artigos que lhe estejam relacionados (balas, pólvora, estojos, etc) mas também canivetes-suíços, e uma parafernália de objectos úteis ao caçador, como binóculos, e outros.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Lojas com História