Em 1934, nasce a “Sociedade Central de Cervejas” (SCC), fruto da associação da “Companhia Produtora de Malte” e “Cerveja Portugália”, da ”Companhia de Cervejas Estrela”, da “Companhia da Fábrica de Cerveja Jansen” e da ”Companhia de Cervejas de Coimbra”, e em 1935 o património da “Fábrica de Cervejas Trindade”, incluindo a sua cervejaria, é integrado na SCC. A produção de cerveja da “Sociedade Central de Cervejas” atinge 5,1 milhões de litros.
Antiga fábrica “Portugália” da S.C.C. na Avenida Almirante Reis, Rua António Pedro e Rua Passos Manuel, em Lisboa
Cervejaria “Portugália” na esquina da Avenida Almirante Reis com a a Rua Passos Manuel, em Lisboa
A cerveja “Sagres” é lançada em 1940 aproveitando o momento histórico da realização da Exposição do Mundo Português, e após cuidadosos ensaios. No ano seguinte a “Imperial”, uma marca de luxo, surge no mercado pelas mãos da SCC, lançando um nome que viria a consagrar a cerveja de barril.
Veículos de distribuição de cerveja
No início do século XX
1951 1961 1963
1971
Em 1947, nasce a “CUCA - Companhia União de Cervejas de Angola, SARL”, com um capital de 5 mil contos, subscrito pelas empresas do grupo SCC e pela CUFP. É o início da presença em África. O principal objectivo é a montagem de uma fábrica de cerveja em Luanda ou no Lobito.
Fábrica de cerveja “Cuca”
A SCC em 1960, compra a Luso, a água mineral mais antiga de Portugal, e em 1963 o poeta José Carlos Ary dos Santos cria o slogan que se tornou famoso: "Cerveja Sagres, a sede que se deseja".
Garrafas da cerveja “Sagres” desde 1940 até 2007
Em 1943 tem início a exportação de cerveja, primeiro para Gibraltar, depois para os Açores e Territórios Ultramarinos (Angola, Cabo-Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe, Timor, Goa, Macau e, pontualmente, Moçambique). Cerca de 70 mil litros anuais são vendidos aos barcos estrangeiros que aportam a Lisboa.
Recriação do rótulo primitivo da Sagres de Exportação Lata da Sagres de Exportação
Entretanto em 1965 a exploração fabril das associadas passa a ser exercida directamente pela “Sociedade Central de Cervejas”, e a administração decide avançar com o projecto de uma nova fábrica. Depois de vários estudos e prospecções, são adquiridos 35 hectares em Vialonga (Alverca), assegurando o abastecimento da futura fábrica com água do Rio Alviela, idêntica à utilizada pela Dortmund, então uma das melhores cervejas do mundo. Todo o projecto é liderado pelo administrador Beirão da Veiga. Ainda nesse ano, a SCC adquire uma participação na Empresa de Cervejas da Madeira, Lda e na João de Melo Abreu, Lda.
Em 22 de Junho de 1968, o Chefe do Estado Almirante Américo Thomaz, inaugurou em Vialonga, a nova fábrica da “Sociedade Central de Cervejas”, que no seu género era uma das maiores da Europa e a mais moderna e bem apetrechada do Mundo.
A nova unidade fabril destinava-se a substituir as fábricas que aquela Sociedade administrava em Lisboa - Portugália e Estrela. O novo complexo fabril ficou implantado em Alverca, que como já foi referido anteriormente, devido à proximidade do canal do Rio Alviela, que abastecia Lisboa e cuja água era considerada como a melhor do Mundo para o fabrico da cerveja.
Na construção intervieram 25 empresas e mais de mil operários, num investimento total de 365 mil contos (1,82 milhões de euros) dos quais somente 15% foram gastos com material importado..
Quando da sua abertura os silos permitiam um armazenamento de 20 mil toneladas de cevada e malte. As caldeiras desenvolviam uma produção de mais de meio milhão de litros por dia. Eram 24 os tanques de fermentação com uma capacidade de 100 mil litros cada, e 96 os tanques de adega, de 80 mil litros cada. Numa segunda fase a capacidade passaria para o dobro. A nova fábrica - com cerca de 500 operários - dispunha ainda de um conjunto de cisternas de água implantado numa área de 4.000 m2, com uma cubicagem de 13 milhões de litros.
Inicialmente esta fabrica produzia as cervejas “Sagres”, “Cuca” e “Skol” e refrigerantes da “Schweppes” .
Publicidade exterior em azulejo pintado, nas estradas do Algarve
A potência instalada num total de 7.8 MVA nos postos de transformação, era superior à da cidade de Santarém e da vila de Torres Vedras juntas, em 1968.
Quanto à sala de enchimento, totalmente automatizada, tinha quatro linhas de cerveja, com um ritmo de enchimento de 110 mil garrafas por hora, e duas de refrigerantes, para 40 mil garrafas por hora. A sala de conferências - adaptável a cinema e teatro - possuía 450 lugares. O refeitório tinha capacidade para servir 500 refeições simultâneamente, ao preço de 16$00 (8 cêntimos) embora os funcionários pagassem apenas 5$00 (2,5 cêntimos) com direito a dois pratos, duas cervejas, pão, fruta e doce.
A fachada maior da Fábrica de Vialonga é da autoria de Eduardo Nery, artista plástico português, que tem registada uma vasta obra ligada à arte pública, em azulejo, tapeçaria, mosaico, vitral e desenhos de grandes pavimentos em calçada. Também do mesmo autor são os pavimentos a preto e branco no interior da Fábrica, a decoração em faixas horizontais nas paredes do edifício dos silos e ainda um projecto desenhado para uma das casa de caldeiras. Estas, e outras obras de Eduardo Nery, são admiradas por arquitectos e críticos de arte, designers e por pessoas do meio artístico, tanto em Portugal como no estrangeiro.
Em 1969 termina a política de condicionamento industrial que vigorava desde 1931, abrindo espaço para a autorização de novas fábricas de cerveja. Assim, são constituídas a “Cergal – Cervejas de Portugal, SARL”, a “Copeja”, em Santarém (onde é produzida a marca “Clock” ) e a “Imperial”, em Loulé, onde é fabricada a marca “Marina”.
Em 1973, os principais accionistas da SCC constituem a “Parfil – Sociedade de Gestão de Participações Financeiras”, com o objectivo de gerir as participações noutras empresas, incluindo as da própria cervejeira. O capital social é aumentado para 550 mil contos, sendo pela primeira vez lançadas acções da Empresa à subscrição pública. Das 250 mil novas acções, 5 mil (representando 0,9% do capital) destinam-se aos trabalhadores e 50 mil (9,1% do capital) são vendidas ao público em geral. A Parfil fica com 60%, a Portugália com 12,6%, a Estrela com 12,6%, a Coimbra com 3%, e a Jansen com 1,8%.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Central de Cervejas
Após a revolução de 1974, e por recomendação do Conselho de Revolução, o Estado intervém na empresa, em 1975, sendo nomeada em 21 de Março deste ano uma Comissão Administrativa. A 30 de Agosto de 1975 a SCC é nacionalizada. Nesse ano, a SCC vendeu 185 milhões de litros de cerveja e entrou em funcionamento a fábrica do Catujal, para a qual foi transferida de Vialonga a produção de refrigerantes.
Mais tarde , em 1977, as cinco empresas cervejeiras do continente, mediante uma operação de fusão, são agrupadas em duas: a “Centralcer – Central de Cervejas EP” englobando a “Sociedade Central de Cervejas” e a “Cergal” ; e a “Unicer”, que une a CUFP, a Copeja e a Imperial. A Centralcer herda um passivo acumulado da “Cergal” de mais de 600 mil contos (3 milhões de euros), dos quais 347 mil contos (1,7 milhões de euros) se referem a Imposto de Transacção (hoje IVA) que a Empresa tem de liquidar ao Estado.
Em 1990 a cerveja “Sagres” completou 50 anos. O capital da Centralcer é totalmente privatizado, constituindo esta a primeira operação de privatização a 100% feita em Portugal. O Grupo Empresarial Bavaria adquire uma participação no capital da “Centralcer – Central de Cervejas, S.A.”, tornando-se um dos principais accionistas.
Em 2009 a “Sociedade Central de Cervejas e Bebidas” lança "a primeira cerveja portuguesa com rolha de cortiça". Em garrafa de 75 cl, trata-se de uma edição comemorativa de Sagres Bohemia Reserva 1835, e ao mesmo tempo celebra um acordo com a Casa Real Portuguesa, através da Fundação Dom Manuel II, o qual reafirma a prerrogativa da cerveja Bohemia como fornecedora oficial da Casa Real Portuguesa, uma parceria inédita em Portugal recuperando esta tradição. As tês cervejeiras que estiveram na génese da SCC já tinham sido agraciadas por alvará régio com o honroso título de “Fornecedor da Casa Real”. Neste âmbito a cerveja Sagres Bohemia vai passar a incluir nas suas embalagens a designação de fornecedora da Casa Real Portuguesa, uma novidade exclusiva no panorama das marcas cervejeiras nacionais e que vem reforçar o posicionamento desta marca no segmento Premium das cervejas Portuguesas