A "Ourivesaria da Guia", propriedade da firma "Olinda de Oliveira & C.ª, Lda.", foi fundada no gaveto da Rua da Mouraria com a Rua Martim Moniz, em 1875, junto da Ermida de Nossa Senhora da Guia, por João Carlos d'Oliveira, a que lhe sucedeu a firma: “J. C. Oliveira Sucessores”.
1900
Em Outubro de 1932, esteve presente na "Grande Exposição Industrial Portuguesa" que teve lugar no então, "Palácio de Exposições e Festas", actual "Pavilhão Carlos Lopes". O jornal "Diario de Lisbôa", a propósito da sua participação neste certame comentava:
«Na grande Exposição Industrial Portuguesa, que ora se está exibindo com tanto ruidoso sucesso, entre os stands que se impõe pela sua beleza, pelo encanto que ele dimana, marca ainda tambem pelo seu intrinseco valor, o stand da conhecidissima "Ourivesaria da Guia", na secção de pratas da galeria do Palácio de Honra, apresentado-nos numa rara nota artística, um completo mostruario de preciosas joias, de admiraveis pratas cinzeladas e de lindissimos trabalhos feitos em delicadas filigranas que causam a admiração de quem os vê, pela inexcedível perfeição como foram trabalhados.
1904
(...) sendo uma das casas do genero, mais antigas da capital e das mais reputadas não só pela seriedade que imprime a todas as suas transacções, que são importantissimas, como tambem por todos os produtos que vende que são dos mais bem acabados e confeccionados com uma grande selecção, que justifica de uma maneira absoluta, a grande fama que disfructam não só no país como tambem no estrangeiro, para onde a "Ourivesaria da Guia" exporta os seus belos trabalhos de ourivesaria, em todos os generos e para todos os preços, contando com uma grande clientela internacional.»
Factura de 10 de Outubro de 1930 e anúncio de 1941
Contraste de 1837-1937 com a chancela da “Ourivesaria da Guia”
Quanto ao mercado internacional, o mesmo jornal referia ainda neste artigo:
«O Brasil, por exemplo, é um país que nos consome muitos dos nossos trabalhos de ourivesaria. A Espanha, a América do Norte e outras nações, tanto americanas como europeias, tambem são nossos grandes clientes, comprando-nos grandes quantidades dos nossos artisticos trabalhos, muitos especialmente pratas lavradas e as nossas delicadas fiigranas.
Assim a arte de ourivesaria tem um lugar de alto relevo no nosso país, sendo os trabalhos dos nossos ourives, lavrantes e filigranistas, apreciadissimos no estrangeiro.»
No final dos anos 50 do século XX, e resultado das grandes demolições efectuadas na zona do Martim Moniz, para requalificação daquele espaço, a “Ourivesaria da Guia”, teve de deixar o edifício onde estava instalada junto da Ermida de Nossa Senhora da Guia, em finais de 1957, o que a obrigou a procurar outro espaço, tendo-se mudado para bem perto, para a Rua Dom Duarte, para uma das lojas do “Hotel Mundial”. Ainda antes deste Hotel ser inaugurado oficialmente, em 3 de Dezembro de 1958, já a “Ourivesaria da Guia” abria a sua nova loja em Janeiro de 1958.
“Ourivesaria da Guia” já encerrada e com o prédio para demolição
Anúncio de 21 de Dezembro de 1957, antes da mudança para a Rua Dom Duarte conforme anúncio de Janeiro de 1958
“Hotel Mundial”
1967
Por lá ficou uns anos tendo encerrado já no final da década de 70 do século XX. A última referência que tive conhecimento foi num dos capítulos do guia turístico Fodor’s sobre Portugal e na secção «Shopping in Lisbon - The Pick of Portugal», da autoria de E. C. Dessewffy, e editado em 1974, em que referia: «Ourivesaria da Guia, no edifício do Hotel Mundial, oferece uma vasta escolha de objectos encantadores.»
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Municipal de Lisboa