O actual Grupo “Jerónimo Martins”, teve origem na “tenda” (loja) fundada por um galego, de seu nome Jeronymo Martins, na Rua Ivens, ao Chiado, em 1792. Vendia um pouco de tudo, enchidos, sacas de trigo e de milho, molhos de velas de sebo, boticões de vinho, vassouras, etc.
Jeronymo Martins
Em 1797 passou-se para a Rua Garrett, no edifício em que se manteria até ao grande incêndio, em 25 de Agosto de 1988 que destruiria alguns edifícios da Rua Garrett, e boa parte dos edifícios da Rua do Carmo e Rua Nova do Almada.
Depois da partida da família real para o Brasil, os liberais assumem o poder e, durante todo este período, a Lisboa mais requintada continua a abastecer-se, muitas vezes a crédito, no “Jeronimo Martins”. A realeza também não dispensa os seus produtos e D. Fernando, o viúvo de D. Maria II e regente do Reino na menoridade de Pedro V, concede a Jerónimo Martins o alvará de fornecedor da Casa Real, porque «há por bem e lhe apraz». Jeronymo Martins não sobreviverá para receber esta honraria, que seria concedida a seu filho Domingos.
1899
1902
Anúncio em 24 de Dezembro de 1902, enumerando excerto da gama de produtos comercializada
1902 1907
1909
A loja do Chiado disponibilizava já uma grande variedade de produtos, e num anúncio do “Jornal do Comércio” convida-se à compra de «verdadeiros queijos de Gruyère, londrino e parmesão, barrilinhos de superiores azeitonas de Marselha, salames de Lyão e d'Itália, latas com sardinhas de Nantes, anchovas de Marselha, passas de Málaga, vinho de Champagne, genebra da Holanda, cognac de França... e tudo o mais que se possa imaginar».
1910
Esta casa ficou sempre na família Martins até à morte de João António Martins em 1881, que não deixando descendentes, entregou a casa aos funcionários mais antigos, Joaquim Coelho da Silva Gameiro, Francisco Rodrigues, José Marçal Nunes e Filippe Augusto de Carvalho Gameiro Cardoso, que mantiveram a sua designação.
24 de Dezembro de 1899
A solução para a loja da Rua Garrett, no Chiado, viria do Norte do país, através de Francisco Manuel dos Santos, avô de Alexandre Soares dos Santos e de Elysio Pereira do Vale. Os dois sócios proprietários dos “Grandes Armazéns Reunidos”, uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, criada no Porto, em 1920, tinham partido do nada e erguido a pulso as suas carreiras e tomam as rédeas da "mercearia fina". Nasce a empresa com o nome "Estabelecimentos Jerónimo Martins & Filho".
Francisco Manuel dos Santos e Elysio Pereira do Vale
Foi desta aquisição que nasceu a ligação da “Jerónimo Martins” aos “Grandes Armazéns Reunidos” e constituiu também um factor de crescimento do Grupo. Foi decidida uma reestruturação e o alargamento da rede de lojas retalhistas, eliminando a transacção e armazenagem de produtos não-alimentares, numa estratégia que propiciou uma recuperação lenta mas constante.
Loja “Jerónimo Martins & Filho,Lda.”, na Rua Garrett, nos anos 20 do século XX
Interior da loja
15 de Março de 1919
Ficam à frente desta empresa Francisco Manuel dos Santos, avô de Alexandre Soares dos Santos (actual presidente do conselho de administração do “Grupo Jerónimo Martins”), e Elysio Pereira do Vale. Em 1930 a “Jerónimo Martins & Filho, Lda.” é a primeira casa a pagar subsídio de Natal aos trabalhadores e a criar uma cantina nas suas instalações do Chiado.
“Tienda” nas Festas da Cidade em Junho de 1935
Em 1942 comemorava 150 anos de existência
gentilmente cedido por Carlos Caria
Os anos da II Guerra Mundial são de grande carência de todo o tipo de produtos, entre os quais a margarina que passara entretanto à categoria de produto imprescindível. Francisco Manuel dos Santos deixa a liderança do negócio ao seu genro, Elísio Alexandre dos Santos. Este, faz uma viragem estratégica da empresa apostando na área industrial, com a abertura da fábrica de margarinas e óleos alimentares “FIMA - Fábrica Imperial de Margarina, Lda.” em 1944, que foi consolidada através da parceria com a Unilever em 1949 e que dura até aos dias de hoje.
1943
O “Grupo Jerónimo Martins” entra definitivamente na actividade industrial, através da joint-venture com a multinacional “Unilever”, cujos produtos comercializava desde 1926. A “FIMA”, apesar de ter sido constituída vários anos antes, só pôde começar a laborar quase no final da II Guerra Mundial na Europa. A essência do sucesso da duradoura parceria com a “Unilever” explica-se pelo excelente relacionamento, alicerçado no espírito de abertura, confiança e respeito mútuo e orientado por uma visão de longo prazo.
Sede e escritórios na Rua Ivens, em 1952
Em 1952, a empresa "Jerónimo Martins & Filho, Lda.", exportava a sua vasta gama de produtos - víveres, coloniais, papelaria, perfumaria, produtos químicos, e especialidades farmacêuticas - para o estrangeiro, ilhas e colónias portuguesas, mantendo escritório em New York, agentes gerais em Angola e Moçambique e representantes na Madeira, Açores, Cabo Verde, Guiné, S.Tomé e Macau.
Armazéns na Rua do Assúcar, em Lisboa
Em 1953 a “Olá” Gelados, é adquirida pela joint-venture formada entre a “Jerónimo Martins & Filho, Ldaª. e a “Unilever” a partir de uma pequena empresa de gelados, a “Esquimó”, assim como a “Iglo” de produtos congelados em 1970.
O antigo Presidente do Conselho de Administração da “Jerónimo Martins & Filho, Lda.”, Alexandre Soares dos Santos, toma as rédeas do negócio da família, após a morte de seu pai, em 1968. Elísio Alexandre dos Santos (pai) visita o filho no Brasil - que era na altura director de marketing da “Unilever-Brasil” - e morre durante essa viagem.
Tal como pretendia a família, e após concedida a exigência de lhe serem reconhecidos plenos poderes de administração, Alexandre Soares dos Santos ingressa finalmente no negócio familiar.
Alexandre Soares dos Santos
Foi o homem que primeiro percebeu que o futuro de “Jerónimo Martins” passaria pela construção de uma forte presença na distribuição moderna, numa altura em que o peso da área industrial do Grupo nos resultados era total. A visão e a ousadia da sua liderança, que perdura há 47 anos, e a capacidade de inspirar e conduzir milhares de colaboradores ao longo de décadas, fizeram da “Jerónimo Martins” o que o Grupo é hoje. Exemplo disso são o caso da cadeia de supermercados “Pingo Doce” e da cash & carry “Recheio”, a presença do Grupo na Polónia, desde 1997, através da “Jerónimo Martins Polska”, com a cadeia de lojas de conveniência “Biedronka”, e últimamente na Colômbia com a cadeia de lojas de bairro “Ara”.
A 13 de Dezembro de 2013, Alexandre Soares dos Santos é substituído na presidência do Conselho de Administração da “Jerónimo Martins”, pelo seu filho Pedro Soares do Santos.
Elísio Alexandre Soares dos
Santos faleceria a 16 de Agosto de 2019.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais)