As instalações fabris da "Sociedade Portuguesa de Petroquímica, S.A.R.L." foram inauguradas em 7 de Março de 1963, em Cabo Ruivo - junto à "Fábrica de Gás da Matinha" e bem perto da refinaria da "Sacor".
O jornal "Diario de Lisbôa" noticiava, com bastante pormenor, este evento:
«O início das comemorações das "bodas de prata" da Sacor foi hoje solenemente assinalado com a inauguração das instalações fabris da sua associada - Sociedade Portuguesa de Petroquímica - localizadas em Cabo Ruivo, acto que teve a presença do Chefe de Estado, do cardeal-patriarca, de sete membros do Governo e de muitas outras individualidades.
O novo centro industrial encontra-se montado nuns terrenos adjacentes à fábrica da Matinha, das C.R.G.E., e a cerca de quinhentos metros da refinaria da Sacor. A esta se encontra ligada por uma rede de tubos condutores, que permitem o fácil abastecimento de gasolina, fuel e gás de refinaria, e mais tarde o transporte de hidrogénio puro. Um "pipe-line" com cerca de dezoito quilómetros, liga a estação de bombagem de amoníaco á fábrica de Nitratos de Portugal, em Alverca, principal consumidor daquele produto. Dispositivos de enchimento de batelões (no cais da Matinha) e de camiões-cisternas, permitem o abastecimento desse produto á União Fabril do Azouto e á Sapec.
"Fábrica de Gás da Matinha" inaugurada em 8 de Janeiro de 1944
Tão complexo e importante conjunto fabril pode utilizar como matéria-prima qualquer fracção de petróleo bruto, tendo capacidade para gaseificar 200 a 240 toneladas diárias de gasolina pesada, em três unidades "Texaco", para produção de gás bruto, mistura gasosa essencialmente constituída por óxido de carbono e hidrogénio, que se envia por duas linhas de conversão - sob pressão e por meio de vapor de água em presença de um catalizador - de óxido de carbono em anidrido carbónico e hidrogénio.
O gás da cidade, com produção média de cerca de 300 mil m3 por dia, é constituído por mistura de componentes gasosos, provenientes das diversas fases do processo, com gás rico (gás de refinaria, propano ou butano) vindo da refinaria da Sacor, sendo o gás resultante purificado e continuamente enviado para as instalações da C.R.G.E., que efectuam a sua distribuição.
Como instalações auxiliares, existem uma subestação eléctrica com três transformadores, uma torre de arrefecimento de água e também instalações de tratamento de águas e de produção de vapor. O consumo de energia eléctrica em toda a fábrica, pode atingir cerca de 300 mil kWh/diários.
Na fábrica, onde há ainda várias edificações para a direcção e serviços técnicos e administrativos, serviços médico-sociais e outros, trabalham cerca de 360 operários, dos quais 180 em turnos, elevando-se o numero de engenheiros e agentes técnicos ao total de vinte.
Na construção e montagem de todas as instalações intervieram vinte e sete firmas, nacionais e estrangeiras, entre as quais a Sorefame, a C.U.F. e H. Vaultier, entre as empresas portuguesas.»
À data da inauguração, o presidente do conselho de administração da "Sociedade Portuguesa de Petroquímica, S.A.R.L." era o professor João Pinto da Costa Leite (Lumbrales), e como administradores: engenheiros Elisiário Luís Faria Monteiro, Leitão da Cruz e Dr. Jorge Koromzay.
Na "Revista Portuguesa de Química", Volume 16, nº 2 de 1974, uma singela homenagem ao pessoal técnico da S.P.P e em especial ao Dr. Koromzay:
«Merece relevo especial o facto de que a acção zelosa e a competência de todo o pessoal técnico da S.P.P., desde os engenheiros aos operadores, operários, etc., teve influência decisiva no êxito da realização de um projecto industrial que constitui notável empreendimento, não somente à nossa escala mas à escala internacional, pelas suas dimensões, pela sua técnica de vanguarda e pela originalidade de certas soluções adoptadas.
Presta-se ainda saudosa homenagem à memória do Dr. Jorge Koromzay, o qual em grande parte concebeu e acompanhou a realização das instalações fabris da S.P.P., cuja "engenharia" foi especialmente da responsabilidade da firma Uhde e, na primeira fase, também da Stec.»
Ao monopólio da refinação de petróleo e à proteção na distribuição, faltava à "Sacor" juntar uma maior participação na indústria petroquímica, de utilização de derivados do petróleo. Em 1958, a "Sacor" inaugurou em Estarreja a unidade de adubos sintéticos, a "Amoníaco Português, S.A.R.L.", abastecida pela refinaria de Cabo Ruivo. O governo apoiou essa maior integração, embora tenha tentado colmatar alguns dos problemas decorrentes da posição favorável no mercado da petrolífera de que era acionista.
1973
Pelo que, com o apoio do governo, foi criada, em 1957, "Sociedade Portuguesa de Petroquímica, S.A.R.L.", com capitais da "Sacor - Sociedade Anónima Concessionária da Refinação de Petróleos em Portugal, S.A.R.L." (55,1%), da CRGE - Companhias Reunidas de Gás e Eletricidade, S.A.R.L." (15,2%) e da "UFA - União Fabril do Amoníaco" ("C.U.F.") (9,9%), sendo o restante distribuído entre outros acionistas menores. A empresa entrou em funcionamento com uma unidade de produção de gasogénio (ou gás de síntese), substituto do gás de hulha utilizado para produzir gás de cidade, para aproveitamento dos derivados da refinaria vizinha em Cabo Ruivo.
No seu início, e no processo de concentração do sector dos adubos, entrou, também, a "Sociedade Portuguesa de Petroquímica", que posteriormente recebeu orientação no sentido de centrar a sua produção na actividade petroquímica e no gás.
Em resultado da entrada em funcionamento desta unidade fabril, deixou de se produzir gás de cidade a apartir do carvão, mas sim por via petrolífera, pelo que em 1964 a "Fábrica de Gás da Matinha" foi desactivada, e a "C.R.G.E." passou a distribuir gás, produzido pela "Sociedade Portuguesa de Petroquímica, S.A.R.L.".
Em 22 de Agosto de 1975, a empresa "Sociedade Portuguesa de Petroquímica, S.A.R.L." é nacionalizada juntamente com outras duas empresas do sector da produção de adubos: "Amoníaco Português, S.A.R.L." e a "Nitratos de Portugal, S.A.R.L.".
Dois anos mais tarde, o Decreto-Lei 530/77 de 30 de Dezembro criava a "Quimigal" - «empresa única integrando patrimónios das empresas nacionalizadas CUF, Amoníaco Português e Nitratos de Portugal, ficando excluída da empresa única a Sociedade Portuguesa de Petroquímica, cujo relançamento se orientará para os ramos da produção de gás de cidade e de petroquímica». Pelo que foi instituída a empresa pública "Química de Portugal, E.P.", abreviadamente denominada por "Quimigal".
"Sociedade Portuguesa de Petroquímica" nos anos 80 do século XX