1927
1934
1955 1959
1960
Rally de Monte Carlo 1951 - 2º lugar absoluto de Jorge de Melo e Faro (Conde de Monte Real), num Ford 100 cv.
Amália Rodrigues entrevistada por Igrejas Caeiro, em 1962
Coche em Lisboa
Trolley de passageiros em Moçambique
Fotos in: Os Herois, Instituto dos Museus e da Conservação, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
A quando da extinção das ordens religiosas em 1833, as instalações do Convento do Beato António em Lisboa, foram adquiridas parcialmente em hasta pública, pelo industrial e comerciante João de Brito. A instalação fabril no antigo convento data de 1836. O estabelecimento industrial e comercial designou-se apenas por "João de Brito" até á data da morte do seu fundador em 1863.
João de Brito
Moagem “João de Brito”, no Beato
Em 1843, João de Brito instala no Convento a primeira fábrica a vapor de moagem de cereais em Portugal. A utilização da marca «Nacional» foi-lhe concedida pela rainha Dona Maria II, em 1849 em reconhecimento dos relevantes serviços prestados por este industrial pelos produtos por si comercializados. Em finais do século XIX a empresa João de Brito, afirmava-se no mercado como um depósito de vinhos e cereais. Mas a industria da moagem de cereais pelo sistema austro-húngaro, na fábrica de moagem movida a vapor de Xabregas ia-se tornado na vertente de negócio em franca expansão.
Anúncio de 1886
Edifício da moagem austro-húngara, em Xabregas
Cais privativo da “João de Brito”, para descarga de cereais
Escritório central, na Rua do Beato Central termoeléctrica com máquina «Sulzer»
Em 1881 eram as seguintes as principais fábricas de moagem a vapor:
Fábrica do Beato, em Lisboa, de “João de Brito”, (1843)
Fábrica da Pampulha em Lisboa, de “Belos & Formigais” , (1875)
Fábrica da Rua do Barão em Lisboa, de “José Luiz de Sousa”, (1877)
Fábrica de Santa Iria em V. F. Xira, da “Companhia de Moagem de Stª Iria”, (1877)
Fábrica de Sacavém em Loures, de “Domingos José de Morais” , (1879)
Fábrica do Caramujo em Almada, de “Manuel José Gomes”, (1881)
Fábrica da Estrela em Lisboa, de “João José Martins”, (1881)
Fábrica do Bom Sucesso em Lisboa, de “José António dos Reis”, (1881)
Após a sua morte os seus herdeiros desenvolveram os destinos de uma das indústrias alimentares mais florescentes do país, sob a designação social de "João de Brito, Lda.", sendo esta dirigida pelo seu genro, Carlos Duarte Luz e pelos seus netos, António, Eduardo e Artur Macieira.
No início de 1904 a partir da antiga firma "Domingos José de Moraes & Companhia" de Sacavém e que já em 1892 era a unidade fabril com maior força produtiva do país, fundou-se a "Companhia Nacional de Moagem". Esta empresa destinava-se à farinação, comércio de cereais, descasque de arroz e « ... aproveitamento dos sub productos e quaesquer industrias congeneres, acessorias e derivadas, como panificação e fabrico de massas alimentícias e bolachas».
1907
Também na zona de Lisboa existiam duas outras grandes empresas que, em 1918, se iriam fundir com a "Companhia de Moagem Invicta", dando origem à "Sociedade Industrial Aliança": a "Viúva de A. J. Gomes & Cª", sucessora de Manuel José Gomes e que, em 1881, tendo em consideração o número de pares de mós, explorava a maior fábrica do país. Esta empresa manteve-se sempre nos lugares cimeiros, geralmente o segundo, da tabela de rateio de trigo importado; e a "Cruces & Barros", de fundação mais recente, instalara-se em 1915, em Santa Iria da Azóia, com um grande investimento que lhe permitiu ser a quinta classificada para efeito de rateio das importações de trigo.
A "Companhia de Moagem Invicta" tinha-se formado em Abril de 1908, tinha uma dimensão bem menor que a sua congénere lisboeta, tendo ao seu serviço 332 trabalhadores. Em 1917 era proprietária das seguintes 5 fábricas:
Fábrica da Afurada Vila Nova de Gaia (1890), integrada em 1908
Fábrica do Freixo Porto a. (1890), integrada em 1908
Fábrica de Valbom Porto (1892,) integrada em 1908
Fábrica de S. Jerónimo Porto (1874), integrada em 1908
Fábrica de Barcelos Barcelos, integrada em 1915
"Fábrica de Moagens a Vapor Alliança", em Xabregas
Em Julho de 1907 foi fundada a "Nova Companhia Nacional de Moagens", com um avultado capital social de 4.368.900$000 réis e englobava além da “Companhia Nacional de Moagem”, outras antigas e importantes firmas de Lisboa e arredores. a "Companhia Portuguesa de Moagens" ex- Bellos & Formigaes na Rua 24 de Julho, a "José Pedro da Costa" do Seixal, a "Fábrica Lisbonense de Moagens" de Costa & Irmão na Rua 24 de Julho, a "Baptista & Companhia" de Cascais, entre outras.
“Fábrica do Caramujo”, em Almada pertença da "Sociedade Industrial Aliança"
Fábricas da "Nova Companhia Nacional de Moagens" na Avenida 24 de Julho
Fábrica de Moagem, em 1909 Fábrica de bolachas e massas alimentícias, em 1910
1929
Central termoeléctrica a vapor Interior da fábrica de moagem
A fábrica de bolachas e massas alimentícias inaugurada em 20 de Junho de 1910, da Avenida 24 de Julho foi construída pelo construtor civil Zacarias Gomes de Lima. Teve eco na imprensa a inauguração desta nova fábrica da "Nova Companhia Nacional de Moagens", destinada à produção de todos os tipos de bolachas, biscoitos e massas alimentares os quais «até aqui havia necessidade de importar».
1910
Em 1914 a “Nova Companhia Nacional de Moagem” tinha 1.128 trabalhadores, o que lhe conferia o quinto lugar na lista das 50 maiores. A maior concorrente desta empresa era a "Companhia de Moagem Invicta" do Porto fundada em 18 de Março de 1908 que englobava as quatro maiores firmas nortenhas: Fábrica da Afurada, Fábrica do Freixo, Fábrica de Valbom, Fábrica de S. Jerónimo e a Fábrica de Barcelos.
Em 27 de Agosto de 1917 a empresa “João de Brito, Lda.” viria a ser integrada na "Nova Companhia Nacional de Moagem”.
Entre 1918 e 1919 surgiram outros dois grandes grupos: A "Companhia Industrial de Portugal e Colónias, S.A.R.L.", fundada em 17 de Dezembro de 1919 resultado da fusão da "Nova Companhia Nacional de Moagem" com as "Companhia Nacional de Alimentação" e a "Sociedade Industrial Aliança" que por sua vez resultava da fusão das "Fábrica do Caramujo" (Viúva de A. J. Gomes & Cª.) e da empresa "Cruces & Barros".
1908
Fábrica de Moagem "Cruces & Barros" em 1916
Complexo de Xabregas (páteo das casas das caldeiras e máquinas a vapor)
Fábrica de malte Forno das bolachas
A "Companhia Industrial de Portugal e Colónias, S.A.R.L." era a maior e mais poderosa industria moageira portuguesa. As principais marcas comercializadas a «Nacional» e a «Napolitana» (fábrica adquirida em 1926).
Tendo a sua sede no Jardim do Tabaco, em Lisboa, de entre outras, detinha as seguintes empresas:
Fábrica de Moagem e Descasque de Arroz, em Sacavém
Fábrica de Massas e Bolachas, na Rua 24 de Julho, em Lisboa
Fábrica de Moagem e Bolachas, na Rua de Santo Amaro, em Lisboa
Fábrica de Moagens, em Xabregas, em Lisboa
Fábrica de Moagens, na Estrela em Lisboa
Fábrica de Moagens, em Serpa
Fábrica de Massas, na Rua do Barão em Lisboa
Fábrica de Massas em Caminha
Fábrica de Massas, em Coimbra
Fábrica de Descasque de Arroz, na Rua 24 de Julho em Lisboa
Produtos de “A Napolitana”
Produtos da “Nacional”
«O que é “Nacional” é bom !».
Entre os estabelecimentos não especificados, pertencentes ao universo da "Companhia Industrial de Portugal e Colónias" contam-se também várias padarias. A este respeito, existem alguns indícios de que as padarias exploradas pela “Companhia de Panificação Lisbonense” passaram para a propriedade da “Nova Companhia Nacional de Moagem” pela aquisição desta em 1914.
1908
Em Agosto de 1922, nove fábricas das oitenta e três, pertenciam à "Companhia Industrial de Portugal e Colónias", que passou a deter 36% do cereal importado. À "Sociedade Industrial Aliança", com sete fábricas, cabiam 18,6% do cereal importado, ficando os restantes 45,4% para as outras sessenta e sete fábricas, poucas em Lisboa e Porto, sendo a maioria delas sediadas em cidades e vilas do interior de Portugal.
1925 Cartaz de Bernardo Marques, 1930
Esta Companhia possuía as seguintes centrais termoeléctricas, privadas, em funcionamento fornecendo electricidade às suas unidades fabris::
A do Beato, com 300 kW de potência, anterior a 1928 e que em 1931 passa a central de reserva, recebendo energia das CRGE.
A de Xabregas, com 168 kW, de 1938. Em 1942 passa a receber energia das CRGE.
A do Bom Sucesso, com 170 kW. É anterior a 1928.
A da R. das Cozinhas Económicas, com 964 kW, anterior a 1928. Em 1931 passa a central de reserva; recebendo energia das CRGE.
A da Avenida 24 de Julho da Companhia Industrial de Portugal e Colónias, com 1155 kW de potência, anterior a 1928 e que em 1934 passa a receber energia das CRGE
Uma nova expansão da empresa deu-se, nos anos 50, com a construção da nova moagem, projectada pelo arquitecto Pardal Monteiro: os velhos armazéns de vinhos e cereais foram substituídos por um novo conjunto industrial constituído por edifícios de limpeza e moagem, armazéns de farinha e silos, construídos entre 1949 e 1958; os novos edifícios impõem-se pela volumetria paralelepipédica. O edifício de massas e bolachas, de 1956, localizou-se a sul do primeiro conjunto.
Novos edifícios de silos e armazenagem, projectados pelo arquitecto Porfírio Pardal Monteiro
Vistas aéreas do complexo da "Companhia Industrial de Portugal e Colónias"
Em 1979 o conjunto das fábricas da "Companhia Industrial de Portugal e Colónias", empregava 1.082 trabalhadores, dos quais 765 homens e 317 mulheres. Em 1982 constrói um fábrica de «Corn-Flakes» na Trofa.
Em 1986 a "Companhia Industrial de Portugal e Colónias", é transformada em sociedade anónima, passando a designar-se “A Nacional - Companhia Industrial de Transformação de Cereais, S.A.”. A marca “Aliança” foi adquirida em 1997 pela empresa "Vieira de Castro", de Vila Nova de Famalicão, estando, actualmente esta empresa a pensar reactivar a marca “Aliança”.
Bibliografia: «Caminho do Oriente - Guia do Património Industrial» de Deolinda Folgado e Jorge Custódio - Livros Horizonte, 1999
Fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto Camões
«Não chove em Portugal mas entram turistas a cântaros» … Portugal era assim publicitado neste poster turístico, editado em 1954 que se encontra na “Boston Public Library” .
Cartaz de 1954 da autoria de Nuno Costa
Hoje infelizmente também não chove, mas os turistas não entram a «cântaros», como certamente também não em 1954 … O cartaz seria apenas para «o inglês ver»