A "Tabacaria Costa", propriedade de Egydio C. da Costa, terá aberto as suas portas em 1892, na Rua Aurea (Rua do Ouro) 295, esquina com a Praça D. Pedro IV (Rossio), em Lisboa.
Anúncio de 27 de Fevereiro de 1896 e foto na revista “Serões” de 1909
1900
No seu espaço, nos anos 40 do século XIX, existia a loja de câmbios, "Pão Quente", fundada na época do incremento da venda de "Loteria da Misericordia de Lisboa", autorizada pela Rainha D. Maria I e criada pela “Santa Casa da Misericórdia de Lisboa” em 18 de Novembro de 1783. Aliás, este cambista já era referido pelo semanário "O Espectro" de 12 de Abril de 1842, e não pelos melhores motivos ...
«Temos uma grande loteria decretada pelo ex-conde do Tojal. O Espectro é tentado com o tal joguinho, é uma das suas fraquezas, é o vicio ordinario da gente pobre; e uma cautelinha é o óbolo da esperança que nos faz sonhar delicias desde que nos habilitamos até á extracção.
Entramos pois na rifa. Mas quando anda a roda? Eis-ahi uma cousa que esqueceu. Aonde móra o Pão Quente e o Campeão que teem de vender os bilhetes? Ou corre isso pela mão dos srs. Castilhos, que vendem por ahi bilhetes das loterias alemãs ,que nunca de lá vieram, e fazem listas na typografia do gratis com a desventura de sair sempre em branco a sorte aos pataús que lhes compram os fatídicos bilhetes?»
Provavelmente, a loja de câmbios “Pão Quente” na elipse desenhada
A seguir ao "Pão Quente" a loja foi ocupada pela casa cambista e vendedora de lotarias “João Cândido da Silva”, que depois mudaria para o número 231, também na Rua Aurea junto do edifício do “Montepio Geral”, e mais tarde para os números 196 e 198. Esta casa passaria para a sua sucessora, também cambista e vendedora de lotarias, a casa “João Rodrigues da Costa”.
Pela datação desta foto (1862-1864), já a loja de câmbios e loterias de “João Cândido da Silva”, na elipse desenhada
1812 1824
Casa de câmbios e loterias “João Rodrigues da Costa”, ex-“João Cândido da Silva”, na Rua do Ouro 196-198
Quanto à "Tabacaria Costa", como foi mencionado anteriormente, foi fundada por Egydio C. da Costa, «ex-gerente da antiga casa Igreja» e que tinha uma casa de câmbios, loterias e tabacos, com o seu nome "Egydio C. da Costa", na Rua de Santa Justa. A "Tabacaria Costa", comercializava, pequenos brindes, carteiras para homem e senhora, e era especializada, e muito conhecida, em fotografia e postais ilustrados, sendo editor de muitos deles.
8 de Janeiro de 1893 27 de Fevereiro de 1896
A revista "Serões” de Julho de 1909, numa descrição nocturna do Rossio, referia-se à "Tabacaria Costa" do seguinte modo:
«Do outro lado, porém, na esquina da rua do Ouro, a Tabacaria Costa, com a sua montra bem iluminada, replecta de bilhetes postaes illustrados e photographias diversas, obriga o povo a perder meia hora a vêr as collecções, e
não raro é impellido pelo desejo de possuir um ou outro postal, a entrar e comprar, para mandar a um amigo ausente, ou mesmo para guardar como recordação.
Não se vá imaginar agora, que é nosso intuito fazer reclamo a esta ou aquella casa, mas verdade é, e bem sabida, que quem deseja a photographia d'um actor ou de qualquer celebridade, corre em primeiro logar a esta tabacaria, e quando ali não haja, raro é encontrar-se n'outra parte.»
1904
1905
“Tabacaria Costa” na esquina, e a sua vizinha chapelaria e loja de modas “Lopes de Sequeira” (desde 1902)
De referir que a grande loja “Lopes de Sequeira”, viria a dar origem a duas novas lojas: A “Fotocolor” (inaugurada em 14 de Maio de 1949) e a “Phoebus” camisaria e chapelaria, representantes exclusivos dos, então, famosos chapéus “Palmares”.
1909
“Tabacaria Costa” na capa da revista “Ilustração” de 16 de Junho de 1935
Em finais dos anos 30 do século XX, a “Tabacaria Costa” encerraria definitivamente, e o seu espaço seria ocupado pela “Tabacaria Rossio”, propriedade da firma “Tabacaria Rossio, Lda.” sociedade de galegos, que, em 1939, submeteriam à aprovação da Camara Municipal de Lisboa projecto de novas fachadas para a sua loja, o qual foi aprovado.
Álvaro Contreras, familiar próximo de Apolinar Contreras, foi o fundador da "Tacaria Rossio" e da "Tabacaria Caravela", também no Rossio. Por morte deste a sua viúva, Dª Regina Contreras, tomou conta dos negócios. Durante muitos anos foram representantes dos produtos de escrita, isqueiros, carteiras ST Dupont. Tinham oficinas próprias que funcionavam no prédio da "Tabacaria Caravela". Com a morte dos fundadores, os filhos fizeram partilhas - a "Tabacaria Rossio" para uma filha, e a "Tabacaria Caravela" para a outra filha.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa