Restos de Colecção: maio 2012

31 de maio de 2012

O Correio em Portugal (10)

  Palácio dos Correios na rua de São José em Lisboa, onde estava instalada a Administração Geral dos CTT

                            

Inicialmente o conjunto de dois edifícios em 1764, um para residência e outro para panificação, foram mandados construir pelo comerciante italiano Tomás Monjiardino. Depois de terem passado por diversos proprietários, e depois de ter sido arrendado sucessivamente a altos funcionários do Estado, à Embaixada de Espanha e à Intendência Geral da Polícia, no ano de 1912 são arrendados todos os edifícios à Administração Geral dos Correios e Telégrafos que ainda lá permanece.

                                                              Interior do Palácio dos Correios

 

                                         Separação de correspondência na central de Correios

                              

 

                    Central Telegráfica, Telefónica e Circunscrição Técnica de Lisboa, na Praça D. Luís I

                             

Esta Central , também conhecida pelo "Palácio dos Correios" foi projectada pelo arquitecto Adelino Alves em 1941. A sua construção teve início em 1942 sendo a estação inaugurada em 1953, possivelmente data da fotografia, tendo em conta ser usual a realização de um registo fotográfico de cada edifício à data da inauguração por motivos de divulgação e propaganda dos serviços dos CTT.

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Portuguesa das Comunicações

30 de maio de 2012

Aeroporto de Lisboa (10)

                                              Vista aérea nos finais do anos 60 do século XX

                           

                                                                Balcões de «check-in»

 

                                                                             Sala de embarque

                              

                                       Manuseamento das bagagens no «check-in» e nas chegadas

 

fotos in: ANA - Aeroportos de Portugal

29 de maio de 2012

Hotel Astória em Monfortinho

Monfortinho é uma freguesia do concelho de Idanha-a-Nova a 70 Kms de Castelo Branco. O “Hotel Astória” está inserido no perímetro do Centro Termal das Termas de Monfortinho.

                                                                       Monfortinho e o “Hotel Astória”

                                        

         

Por iniciativa de um grupo de industriais chefiados pelo padre Alfredo Marques dos Santos, foi constituída a "Empresa Hotel Astória de Monfortinho", antiga "Alfredo Santos & Irmãos", que manda construir o hotel. O “Hotel Astória”, com 100 quartos, foi inaugurado em 4 de Abril de 1948, e projectado pelo arquitecto Vasco Pereira de Lacerda Marques, dentro do chamado estilo arquitectónico das Beiras.

                                   Recepção e Portaria                                                                      Lobby

         

                                                           Salão de barbearia, e a caixa do engraxador

                                       

                                       Sala de estar                                                                       Sala de jantar

        

De referir que a empresa atrás citada a "Alfredo Santos & Irmãos", foi proprietária de uma das cinco centrais termoeléctricas que existiram em Idanha-a -Nova. Esta central era de serviço público a par da "Senhora da Graça" e "Cabeço do Monteiro". Instalada em 1941 tinha uma potência máxima de 72 KW.

                                                                       Dois dos quatro tipos de quartos

        

                                                                       Anúncio de 1957 ( 80$00=0.40 € )

                                              1957 Hotel Astória

As Termas de Monfortinho existem desde os tempos da civilização romana. As suas águas são terapêuticas para doenças de pele, do sistema digestivo, reumáticas, circulatório e respiratório.

                                               Bar                                                                     Sala de música e dança

        

Fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital

Na década de 90 verifica-se a  entrada do “Grupo Espírito Santo - Saúde”  na sociedade formada pelos herdeiros do conde da Covilhã , a “Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho, S.A.”, onde veio a deter uma posição maioritária, apostando na renovação do equipamento e dos tratamentos termais, vocacionado para o turismo de saúde e de lazer e explorando novas valências de turismo como a pesca e caça.

Pertença da "Empresa Hotel Astória de Monfortinho, S.A.", do grupo Espírito Santo, foi reaberto em 1993, após grandes obras de remodelação, sendo hoje em dia um hotel de 3 estrelas, possuindo 83 quartos, SPA e Instituto de Hidroterapia entre outros equipamentos.

                                                                     Vistas do “Hotel Astória” actualmente

        

                                       

O “Hotel Astória” é desde 2010 propriedade do "Ô Hotels & Resorts", um grupo hoteleiro português, com duas unidades localizadas em Monfortinho (o “Astória” e o “Fonte Santa” ) e outras duas no Vimeiro (“Hotel Golf Mar” e “Hotel das Termas”). Surgiu em 2010 agregando sob uma só marca as unidades da “Empresa das Águas do Vimeiro, S.A.” e a “Companhia das Águas da Fonte Santa de Monfortinho, S.A.”

28 de maio de 2012

Antigamente (38)

                                              Barco de pesca puxado por bois na Nazaré

                          

                    Homenagem a Sarmento Beires e Brito Pais (Raid Lisboa Macau) em 1924 no Rossio

                           

                                          Parque de «bungalows» da "Orbitur" na Praia das Maçãs

                            

                                           Páteo de armazéns de vinhos em Vila Nova de Gaia

                            

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

26 de maio de 2012

Gare Marítima de Alcântara

Até 1907 o desembarque de passageiros era feito ao largo no rio Tejo por impossibilidade dos navios de maior porte atracarem nos cais existentes. Só após 1907 após sucessivas dragagens a oeste do cais de Alcântara é que passou a ser possível navios da companhia "Messageries Maritimes", e a partir de 1918 navios transatlânticos de maior porte, como os da "Mala Real Holandesa". Em 1927 tornou-se obrigatória a atracação de todos os navios de passageiros. Ao cais de Alcântara e ao molhe oeste do cais de Santos ficam destinadas as companhias de navegação estrangeiras. Aos cais da Fundição, Terreiro do Trigo e molhe leste do cais de Santos ficaram destinados as companhias com destino a África e Ilhas Adjacentes.

Cais de Alcântara antes da gare marítima ser construída

A "Gare Marítima de Alcântara", mandada edificar pelo Ministro das Obras Públicas e Comunicações engenheiro Duarte Pacheco foi projectada entre 1934 e 1936 pelo arquitecto Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957) e inaugurada a 7 de Julho de 1943 . Na posse de um esquema com as necessidades específicas de uma gare e colhendo exemplos em estações marítimas de recente construção de Verdun, Cherburg e Havre em França e as de Génova e Trieste em Itália, Pardal Monteiro distribuiu o projecto da Gare de Alcântara por dois pisos.

                                                           Projectos, contemplando ainda a torre semáforo

         

                                       

Os projectos da Gare Marítimas da Alcântara e da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos foi um processo moroso e de apresentação cuidada, que se traduziu em 28 volumes com cerca de 7 mil páginas e 200 desenhos. Pardal Monteiro ficou encarregue do projecto arquitectónico, Rodrigues de Carvalho ocupou-se das coberturas e torre semafórica, Eduardo Arantes e Oliveira e Francisco de Melo e Castro do estudo das partes restantes. Henrique Leote Tavares ficou encarregue dos estudos de betão armado e João Paulo de Nazareth Oliveira encarregue do estudo das disposições de armadura de todos os elementos projectados e finalmente Edmundo Martins superintenderia os estudos das instalações.

                                      

                                                    

                                       

No topo oeste do edifício foi projectada uma torre semáforo de forma a indicar aos navios não só o local de atracação como a altura da maré. A par da sua utilidade, a torre permitiria ainda o desfruto do «magnífico panorama do Tejo». Inicialmente a Gare foi projectada de modo a que a sua cobertura fosse construída num sistema de terraços que permitiria à população de Lisboa «uma extensa esplanada sobre Lisboa» .

Exteriores da Gare, inaugurada em 7 de Julho de 1943



O primeiro andar ficaria reservado aos serviços de alfândega e aos serviços de passageiros de 1ª classe e 2ª classe distintos por norma regulamentar dos passageiros de 3ª classe, enquanto que o piso térreo corresponderia a serviços gerais da gare marítima. Os passageiros de embarque teriam acesso à gare pelo vestíbulo inferior, equipado com todos os serviços inerentes à assistência da viagem como: agências das companhias de navegação; serviços de bagagens; serviço de bilheteira «de gare» para os acompanhantes dos viajantes.

                                                               Extremos poente e nascente da Gare Marítima

        

                           Acessos à Gare Marítima                                       Parque de estacionamento de viaturas

        

             Praça de táxis no largo fronteiro à Gare Marítima. Ao fundo a “SIDUL - Soc. Industrial do Ultramar, S.A.R.L”

                                

                                

                          Manobras de aproximação e atracação do Paquete "Moçambique" ao cais de Alcântara

        

Os passageiros subiriam depois ao andar superior por «escada ampla e largamente iluminada» ou, em alternativa, pelo elevador, tendo assim ao grande hall de embarque. Neste segundo piso existiriam também os mais diversos serviços de apoio e assistência, como agências de turismo, tabacarias, câmbios, correios e telégrafos, e telefones. O hall teria três portas voltadas a sul que davam acesso a uma galeria e desta, através de uma passarelle montada sobre grua móvel os passageiros teriam acesso directo ao barco de destino. Este seria o trajecto dos passageiros das 1ª e 2ª classes enquanto os da 3ª classe e emigrantes, realizando o mesmo trajecto, teriam contudo acessos que lhes eram estritamente reservados.

O projecto comtemplava também uma galeria colocada à altura do primeiro piso, com a largura de 11 metros e numa extensão de 1 quilómetro, que uniria a "Gare Marítima de Alcântara" à "Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos". Deste modo conseguir-se-ia «uma grande estação constituída por dois postos de embarque e desembarque».

                 Neste plano de urbanização pode-se observar a projectada galeria de ligação entre as duas gares

Para passageiros de desembarque, e por diferença das formalidades, depois de atracado o barco seria aberta a galeria e, uma vez mais através de passarelles se fariam sair os passageiros encaminhando-os até aos serviços de alfândega. Daí os passageiros transitariam para o hall, podendo usufruir de todos os serviços ao dispor e poderiam ainda recorrer ao balcão de venda de «souvenirs».

                                                                              Balcão de «souvenirs»

  

Estes projectos (o outro dizia respeito à "Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos") apesar de encomendados em 1934 só seriam finalizados em 1936. Estes projectos ficariam «na gaveta» até Março de 1938 altura em que o Presidente do Conselho Dr. Oliveira Salazar, traçaria como linha prioritária a construção de pelo menos uma gare a estar concluída para as celebrações do duplo centenário em 1940.

                                                   Sala das agências de viagem e companhias de navegação

                                                                         Sala de espera da 1ª classe

Átrio principal

 

          Sala da Alfândega                                                       Sala de despacho das bagagens

  

A "Gare Marítima de Alcântara" não estaria concluída a tempo das celebrações centenárias, apenas sendo inaugurada a 7 de Julho de 1943 e a "Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos" só a 19 de Junho de 1948. A galeria de ligação entre as duas gares, inicialmente projectada, assim como as passarelles para embarque de passageiros, uma torre semaforo , e a cobertura da Gare em terraço com «esplanada sobre o Tejo», não chegaram a efectivar-se. Para todas as alterações foi invocada a mesma razão: contenção orçamental.

                                                                           Restaurante e snack-bar

                                   

Apesar de em 1946 se ter tentado inviabilizar o orçamento de 500 contos que José Almada Negreiros apresentara, a sala de espera dos passageiros foi enriquecida com pinturas deste pintor. Estas pinturas vêm no seguimento de outras no edfício do jornal “Diário de Notícias” também projectado por Pardal Monteiro, e que se prolongariam ao edifício da "Gare Marítima da Rocha de Conde de Óbidos".

   "Lá vem a nau Catrineta que traz muito que contar", "Ó terra onde eu nasci" e "Quem não viu Lisboa não viu coisa boa"

         

Essa maneira de pintar de Almada Negreiros é visível tanto nos dois trípticos, representando, num, a Nau Catrineta, poema popular português, e, noutro, a vida de Lisboa junto ao rio, com as embarcações atracadas e mulheres, retratadas de forma vigorosa, acartando a mercadoria para terra. Nas outras duas obras isoladas,na Gare Marítima de Alcântara, o pintor optou por retratar, num dos casos, um domingo tipicamente português e, no outro, a lenda de Dom Fuas Roupinho. Disse Almada Negreiros depois de terminado este trabalho : “creio não haver antes cumprido melhor, nem feito obra que fosse mais minha”.

     "Lá vem a nau Catrineta que traz muito que contar." , "Dom Fuas Roupinho, 1º Almirante da Esquadra do Tejo ou o      Milagre de Nossa Senhora da Nazaré" e “Quem não viu Lisboa nâo viu coisa boa”

         

Em 19 de Junho de 1948 seria inaugurada no extremo oposto (nascente) do cais, a "Gare Marítima da Rocha Conde de Óbidos", como atrás referido, também projecto do arquitecto Porfírio Pardal Monteiro e com pinturas, também, de José de Almada Negreiros no seu interior.

                                            Maquetas das Gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos

                                       

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital