Restos de Colecção

13 de julho de 2025

Pastelaria "Colombo"

 A pastelaria e restaurante "Colombo", foi inaugurada na Avenida da República nº 10, em Lisboa, no dia 31 de Outubro de 1935. Foi sua fundadora uma sociedade de ex-empregados da vizinha (do outro lado da avenida) Pastelaria "Versailles", e da qual fazia parte José da Silva Coito.

Pastelaria e Restaurante "Colombo", dentro da área delimitada a vermelho


Local onde viria a instalar-se a "Colombo" (loja e 1º andar), dentro da área delimitada a vermelho


1 de Novembro de 1935


24 de Dezembro de 1935

No dia da sua inauguração o jornal "Diario de Lisbôa" noticiava:

«Obteve um grande e particular interesse a inauguracão que hoje se efectuou das instalações da nova Pastelaria e Restaurante «Colombo» situada na Avenida da Republica n .º 10 H e I.
A' simpatica festa inaugural, que foi imensamente concorrida, assistiram pessoas da mais elevada categoria social que ali acorreram a manifestar o seu agrado pela excelente iniciativa e a felicitar os seus proprietarios pela fundação deste estabelecimento de instalações moderníssimas que rivalizam com o que existe de melhor.
A todos os presentes foi dado verificar os seus compartimentos interiores, que estao divididos escrupulosamente, entre os quais se destacam, absolutamente independentes, as secções de confecção de pastelarie que inclui o sistema hungaro, e a de arte culinaria, montadas com esmerado asseio e com os utensilios mais modernos, sendo os visitantes unanimes em elogiar todos os servicos onde a higiene impera com toda a sua amplitude.
Os proprietarios da Pastelaria e Restaurante «Colombo» apresentaram ás pessoas presentes um primoroso «lunch», perante o qual se pode apreciar as excels qualidades profissionais do seu chefe-pasteleiro para quem nao existe segredos na sua delicada arte de fazer doces.
As Avenidas Novas ficam, portanto, a partir de hoje, a contar com um estabelecimento que ilustra o seu bairro, e que, melhor do que quaiquer outro, servira os seus moradores no genero de pastelaria e restaurante.
Honra, pois, aos seus proprietarios.»



Postal de 22 de Novembro de 1935


31 de Outubro de 1936

Em 23 de Agosto de 2008, Cândido Gonçalves, neto de José da Silva Coito, escrevia em comentário, no blog "Quarta República" a propósito desta pastelaria, e do qual retirei a seguinte passagem:

«(...) Tornou-se quase uma instituição na Avenida República, em Portugal e conhecida a nível Internacional. A sua Clientela doutros tempos permaneceu-lhe fiel e conquistou novas camadas e ainda hoje continua nas memórias da cidade de Lisboa, como a eterna Colombo.
A Colombo conservou e preservou o ambiente original em que as pessoas gostavam de conversar à mesa em atmosfera serena e cosmopolita da sociedade Lisboeta.... e ali permanecia fiel ao velho estilo décot que foi concebida e oferecida a Lisboa pelo meu Avô.
A Colombo era assim, o lugar disponível, onde nos poderíamos encontrar connosco próprios por uns momentos, sejam eles de simples pausa ou de resolução rápida e difícil, tomada com um chá ou uma simples bica, também esta, vitoriosa sobre as zurrapas e as chicórias que inundavam a cidade, como um flagelo...
... Mas o requinte dos eu tradicional de refeições, de banquete tradicional e catering, a Colombo aliava um serviço rápido de refeições para a satisfação dos que não tinham vagar ou dinheiro para uma refeição calma e sentada e que continuava a fabricar com o requinte e o esmero que só trabalho manual que permitiu , a Colombo era um ex-libris de Lisboa, que garantia uma qualidade e uma variedade que valia a pena experimentar.
Pois ela tem continuidade e testemunho vivo e que preserva o receituário do Saudoso José Coito.»





29 de Dezembro de 1962

A exemplo do que sucedeu à Pastelaria "Sul-América" na Avenida de Roma, que foi transformada num fast-food "Burguer King", também a Pastelaria "Colombo" viria a dar lugar, em Julho de 1991, a um fast food "Mcdonald's". Este foi o segundo "Mcdonald's" em Portugal, depois de inaugurado o primeiro em 23 de Maio de 1991 no "Cascais Shopping".


6 de julho de 2025

"Tivoli" na Rua da Flor da Murta

O "Tivoli" na Rua da Flor da Murta, foi inaugurado nos jardins do "Palácio da Flor da Murta" nesta rua (actual Rua do Poço dos Negros) no nº 38 por volta do dia 25 de Julho de 1835. Este Palácio construído no século XVI pela família Pereira Faria, viria a ser adquirido pela família Menezes que entre os seus títulos os seus títulos contava o de senhores do Lavre e da Flor da Murta. Em 1755, o palácio, que praticamente não sofreu com o terramoto, era propriedade D. Antonio de Menezes. Os seus jardins e fonte monumental de espaldar com uma carranca representando Baco, acolheriam o "Tivoli" entre 1835 e 1841.


"Palácio da Flor da Murta" em 1890

"Palácio da Flor da Murta" em foto de 1908 e já alugado à firma "F. Street & C.º, Lda. - Engenheiros"

25 de Julho de 1835


19 de Setembro de 1835


3 de Outubro de 1835

Um anuncio de 9 de Abril de 1836 ... «O Proprietario deste Estabelecimento participa ao respeitavel Publico, que no Domingo 10 do corrente há de se abrir o dito Tivoli, que se arranjou novamente com o maior gosto possivel: mandou vir de Paris novos jogos mui recreativos. O Proprietario querendo festejar a feliz chegada do Sua Alteza o Principe D. Fernando, dará uma Illuminaçao extraordinaria, e tambem um lindissimo fogo artificial ; haverá igualmente uma excellente musica : o preço da entrada e 120 réis cada bilhete; as Senboras não pagarão nada.»

«Com entrada vedada aos homens de jaleca e a mulheres de capote e lenço. As diversões consistiam em fogos píricos, sombras chinesas, e o lançamento de aeróstatos. Duma vez foi um ao ar medindo 150 palmos, o qual levará consigo um gato».in: "Um ano trágico: Lisboa em 1836"  de Luis Varela Aldemira (1937).

15 de Janeiro de 1836

No jornal "A Revolução de Setembro" de 28 de Janeiro de 1868, Julio Cesar Machado (1835-1890) escreveu «Os portugueses têm feito ponto de honra em acompanhar os progressos deste século. Quando eu era pequeno, uma das pretensões do luso era instruir-se no teatro; depois namorou-se dos quintais com luzes (…); foi a época do Jardim Mythologico, Jardim Chinês, Floresta Egypcia, etc.».

O "Tivoli" na Rua da Flor da Murta, viria a declarar falência em 1841, e os seus bens arrematados em leilão subsequente. Este divertimento lisboeta viria a ser substituído pelo "Jardim Mythologico" que abriu pela primeira vez em 11 de Junho de 1851, na Rua Direita do Calvario. O empresário do recinto era Jose Osti, com a sua firma "Jose Osti & Companhia", o «pyrothecnico da epocha».

 9 de Junho de 1840 

Encerrado o "Tivoli", o palácio viria a ser alugado em 1890 à firma "F. Street & C.º, Lda. - Engenheiros" - fundada em 1887 no Porto - e que, nos jardins, instalou oficinas de maquinaria, mais tarde substituídas por uma garagem (2ª foto deste artigo).

fotos in:  Arquivo Municipal de Lisboa, DIGIGOV

29 de junho de 2025

União Metalurgica

Uma breve referência à "União Metalurgica" da firma "Leiria, & C.ª ", com estabelecimento comercial na esquina da Avenida Almirante Reis, 10-D com a Travessa Cidadão João Gonçalves (troço da Rua  Anthero de Quental, comprendido entre a Rua dos Anjos e a Avenida Almirante Reis), em Lisboa. Fundada em 1912, comercializava artigos para canalização de água, gaz e esgotos, banheiras, lavatórios, e artigos eléctricos. Além disso tinha oficina de dourador, niquelador, oxidagem, fundição e torneiro «em todos os géneros de metaes».




1913


Localização da "União Metalurgica" na Av. Almirante Reis no início do século XX (dentro do rectângulo encarnado)

Em 1915, já girava sob a firma "Leiria, Branco & C.ª " e tinha as suas oficinas instaladas nas antigas oficinas da firma "Lopes de Oliveira & Marcellino", na mui próxima Rua do Benformoso, 294.  Apesar de muito vasculhar, não encontrei mais informação e documentação, acerca deste estabelecimento, que aqui disponibilizo.



Antigas oficinas da "União Metalurgica" na Rua do Benformoso (dentro do rectângulo a vermelho)


Antigo proprietário das oficinas anteriores, em 1913

Estas mesmas oficinas na Rua do Benformoso, 292-294 viriam a mudar, mais uma vez, de proprietários, desta vez a firma "Nacional Metalúrgica, Lda.". O que me leva a pensar que a "União Metalúrgica", ou mudou de instalações ou, ou foi adquirida por outra, ou terá sido dissolvida antes de 1922. Digo eu ... Mas como não encontrei mais nenhuma referência a esta firma ...


Maio de 1922


Outro concorrente, bem próximo, e também em 1913


Antigo estabelecimento da "União Metalúrgica", em Agosto de 2024 (via Google Maps)

fotos in:  Biblioteca Nacional DigitalArquivo Municipal de Lisboa

22 de junho de 2025

Loja da América

A "Loja da America" e sua filial "Camisaria Americana", propriedade de Arthur d'Oliveira Souza, terão aberto pela primeira vez as suas portas por volta de 1872. A "Loja da America", que se dedicou à venda de "roupa branca" e enxovais, como panos, algodões, toalhas, guardanapos, lenços, camisas, peitilhos, punhos camisolas interiores, ceroulas, etc., foi das lojas mais famosas e conhecidas da Baixa lisboeta.



Na foto anterior, e à direita na mesma, podemos avistar o famoso "Café Montanha" que tinha aberto as suas portas, pela primeira vez, em 15 de Fevereiro de 1865, e cuja história poderá consultar neste blog, no seguinte link: "Café Montanha".

1 de Dezembro de 1872

Em 15 de Setembro de 1872 o jornal "A Vanguarda" fazia notar:  «Chamâmos a attenção dos nossos leitores, para um annuncio que vae hoje na secção competente, feiro pelo proprietaria dos acreditados estabelecimentos de pannos brancos, conhecidos pela denominação de Loja da America e Camisaria Americana.». Era o primeiro anúncio publicitário da "Loja da America"


15 de Setembro de 1872


14 de Setembro de 1873


2 de Janeiro de 1887

No jornal "A Capital", de 29 de Junho de 1916, podia-se ler:

«A Loja da America é a casa que melhor se especialisou em artigos de rouparia. Occupa os nos. 206 e 208 da rua do Ouro e os nos. 92, 94 e 96 da rua da Assumpção. Os seus enxovaes adquiriram, do ha muito, a mais justa fama. São realmente, verdadeiros modelos de bom gosto, e impõem-se pelo seu acabamento primoroso e pela sua inexcedivel qualidade. Os seus modelos de Paris, Berlim e Londres são sempre dos melhores. Os seus artigos de camisaria são finissimos e de uma inegualavel perfeição.»

Em 1916 a "Loja da America" era propriedade da firma "Artur de Oliveira & Mendes".


18 de Abril de 1897

20 de Março de 1903


1900


1 de Janeiro de 1905


1910

Quanto à sua filial, a "Camisaria Americana" que estava estabelecida nos nos. 234-236 no mesmo quarteirão da Rua Áurea, viria a encerrar definitivamente no final da década de 10 do século XX, por volta de 1918. O proprietário do edifício, o "Banco do Minho" tinha vendido o edifício à firma "Barros & Santos", que procedeu à transformação radical do interior e fachada do mesmo, sob projecto do jovem arquitecto Carlos Chambers Ramos (1897-1969). Obra que tiveam início em 1921. cerca da "Barros & Santos" consultar neste blog o seguinte link: Casa "Barros & Santos".

Quanto à "Loja da America" esta terá encerrado em definitivo no final dos anos 50 do século XX. Em 10 de Outubro de 1951 a "Loja da América, Lda." ainda requereu à CML autorização para obras na sua loja. Por outo lado publico uma foto nocturna da Rua do Ouro onde se avista o néon da  "Loja da América".


"Loja da América" dentro do rectângulo desenhado

O seu espaço foi ocupado primeiramente pela loja de pronto-a-vestir "New York", tendo-lhe seguido a "Zeva", da cadeia de lojas "Zeva Boutiques" e que ainda hoje lá permanece.

fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaBiblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Arquivo Municipal de Lisboa,

15 de junho de 2025

Sapataria Salgado

A "Sapataria Salgado" também denominada por, "Sapataria João Salgado d'Oliveira" , foi fundada em 1866 na Rua dos Fanqueiros, 72 a 76 esquina com a Rua dos Retrozeiros, 15 a 19, em Lisboa. Em 1905, João Salgado d' Oliveira adquire a "Sapataria das Nações" sita nos números 27 e 29 da mesma Rua dos Retrozeiros.

29 de Agosto de 1901


1 de Janeiro de 1903


1905

Em 1906 estas duas sapatarias eram trespassadas e, o proprietário de então João Salgado d'Oliveira, toma de trespasse a "Sapataria Rosado & Commandita", de João Rosado, instalada (pelo menos desde 1903) na, então, Rua de Santo Antão nos 62 e 64. 



20 de Março de 1903


1905


1906


"Sapataria Salgado" de João Salgado d'Oliveira no nº 62


Localização da "Sapataria Salgado", na Rua de Santo Antão (dentro da área delimitada a vermelho)

Em início de 1919, a "Sapataria Salgado d'Oliveira" é ampliada ao vizinho nº 60, ficando a ocupar os nos 60, 62 e 64 da já Rua Eugénio dos Santos (após implantação da República).


27 de Janeiro de 1919


5 de Maio de 1919

14 de Julho de 1919

Esta sapataria terá encerrado, definitivamente, por volta de 1925. A última referência publicitária a este estabelecimento foi no Natal de 1927, no jornal "Diario de Lisbôa" de 24 de Dezembro, cujo anúncio publicitário publico de seguida.

24 de Dezembro de 1927


Antiga "Sapataria Salgado" daria lugar a dois estabelecimentos. Foto de 1969


Os números 60, 62 e 64 (ex-"Sapataria Salgado") em Setembro de 2024