Restos de Colecção: Casa Amieiro

9 de outubro de 2024

Casa Amieiro

Nos fins do século XIX, três grandes alfaiates ditaram a moda masculina em Lisboa, deixando o seu nome indubitavelmente ligado à história elegante da capital, o alemão Simon Strauss, e o Johan Christian Keil (1820-1890), - pai do poeta, pintor e compositor Alfredo Keil (1850-1907) - José Antonio Xafredo e Manuel Amieiro (1861-1933). Ambos foram, sucessivamente, estabelecidos no mesmo prédio da Rua Ivens, 45, em Lisboa, criando à casa a mais brilhante das tradições. 

Seria Manuel Amieiro, que tinha sido discípulo de Johan Kiel, a reabrir esta alfaiataria, que se encontrava encerrada, e após a ter adquirido em 1894.

"Casa Amieiro, Lda." na Rua Ivens, 55 e 57 -1º, em foto de 1945


1888


Johan Christian Keil (1820-1890)


5 de Outubro de 1894


Interior de alfaiataria no início do século XX

Mais tarde, no mesmo local e dando continuidade a essa prestigiante reputação, ai trabalhou durante anos o conhecido Manuel Amieiro, distinto profissional cuja alfaiataria passou a ser um símbolo do mundo janota, pois nenhuma outra alcançou depois ultrapassá-la na perfeição impecável do corte e na arte requintada de bem vestir. Pode consultar a sua história neste blog no seguinte link: "Amieiro - Alfaiate dos Reis e Rei dos Alfaiates".

Levado pelo desejo de transferir a sua actividade para novos horizontes, no 3º trimestre de 1900, cedeu a sua casa à firma "Casa Amieiro" - Sucessores Lopes, Lourenço & Commandita que procurou reatar o alto nivel do estabelecimento. No entanto, para atingir com êxito tal objectivo, admitiu técnicos competentes a fim de continuar prestigiando a casa e a fama obtida por Amieiro. Nesse sentido contratou  profissionais experimentados e sabedores, escolhidos cuidadosamente entre os melhores da época. Foi com tal emergência que entrou ao serviço da firma, entre outros, António da Silva Moreira, contra-mestre que já havia revelado brilhantes qualidades e em cujas mãos a alfaiataria deixara de ser um oficio mecânico para se transformar numa arte individualizada.

18 de Setembro de 1900


10 de Novembro de 1900


Março de 1902


Já sob o nome de "Casa Amieiro - Sucessores A. C. Lopes & Comandita", em 1905


2 de Janeiro de 1905

Em 1 de Agosto de 1906 é criada a sociedade "Lopes & Teixeira" ...


Contratado em 1911, na firma "Casa Amieiro - Sucessores Lopes & Teixeira" aquele distinto profissional emprestou-lhe dedicada e valiosa colaboração, contribuindo assim para o bom nome da mesma. Numa época em que o bom gosto e a elegância de bem vestir exigiam requintes de arte, este estabelecimento, graças ao saber de António da Silva Moreira, conseguiu satisfazer todas as exigências do público.




1909


Oficina de alfaiate no século XIX

Entretanto em 1912 um pequeno "desaguisado" com a utilização da designação "Casa Amieiro", pelo que aqui deixo a publicação no "Diario do Govêrno" de 17 de Setembro de 1912:

Depois de em 1914 a firma mudar de designação para "Casa Amieiro - Sucessor A. Teixeira", em 1921, é alterado o pacto social, e António da Silva Moreira entra para sócio da firma, passando a firma a denominar-se simplesmente "Casa Amieiro, Lda.", assumindo a gerência, função que exerceu até ao encerramento definitivo do estabelecimento.

Figura de excepcional relevo no seu métier, considerado ainda um dos melhores profissionais do Pais, a "Casa Amieiro, Lda." foi, pela orientação e impulso de António da Silva Moreira uma das principais alfaiatarias de Lisboa, e podendo-se honrar de ver as suas amplas e luxuosas instalações frequentadas apenas pela mais fina clientela do mundo social, artístico e corpo diplomático.

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