Restos de Colecção: Pastelaria Marques

1 de julho de 2015

Pastelaria Marques

A “Pastelaria Marques” foi fundada em 1903, na Rua Garrett, em Lisboa, sendo a firma proprietária “Manoel Marques & Comtª.”. Oferecia um esmerado serviço, incluindo toda a variedade de confeitaria, com realçe para as caixas de bombons.

“Pastelaria Marques” com o “Bazar Suisso” a seu lado

            Anúncio em 23 de Dezembro de 1903                                                     Postal publicitário

 

A "Pastelaria Marques" ocupou os números 70 e 72 do prédio onde tinha morado o famoso marquês de Niza, - que criou a “Sociedade do Delírio” para celebrar boémias, sendo as suas ceias as mais célebres de Lisboa - tendo sido, igualmente, morada do "Turf-Club", e de algumas lojas famosas da baixa lisboeta como o "Bazar Suisso", "Saboia", "M. Gomes, Livreiro-Editor", "Perfumaria Francesa e "Jardim de Lisboa de Peixinho & Cª.". 

Inquilino anterior à "Pastelaria Marques" em anúncio de 8 de Julho de 1893

Este edifício foi vítima de um violento incêndio, em 14 de Novembro de 1889, e cuja reportagem no "Diario Illustrado" aqui reproduzo, pelo pitoresco na descrição de alguns pormenores.

Incêndio.1

1930


Almoço de finalistas do Instituto de Agronomia

1934

Em 1940 a “Pastelaria Marques” é adquirida por Manuel José de Carvalho. Natural do Minho, Manuel José de Carvalho tinha começado a sua carreira profissional no "Café Martinho", ao que se seguiu o "Palace Club" a pastelaria e restaurante "A Garrett", e que, bem perto, tinha acabado de comprar o trespasse da “Pâtisserie Benard” através da firma "Manuel José de Carvalho, Lda.". Entre 1920 e 1950 era escolhida , sobretudo, para fornecimento e realização de festas de casamento e baptizados, dispondo para tal de um grande salão.

Anúncio de 1940

O requinte da cozinha de matriz cultural francesa, elemento diferenciador do gosto das elites, dominou a gastronomia durante muitos anos. À medida que avançamos no séc. XX, os festejos de casamentos, baptizados e outras cerimónias passam do seio da casa de família para restaurantes e pastelarias, espaços públicos de sociabilidade de uma classe social mais abastada. Na segunda metade do séc. XIX os menus eram bastante decorados, pintados ou desenhados mas à medida que avançamos século XX adiante, esta prática vai-se desvanecendo e os menus popularizam-se e tornam-se mais simples embora possam incluir publicidade diversa.

 

A “Pastelaria Marque” já se encontrava fechada a quando do grande incêndio do Chiado em 25 de Agosto de 1988, pelo que a proprietária do edifício, a “Companhia de Seguros Império”, anos depois, construiu no interior da antiga “Pastelaria Marques” uma galeria comercial com várias lojas. Mais tarde, em Maio de 22014, este espaço viria a ser transformado na loja “Stradivarius”, - que até então estava na Rua do Carmo - mantendo a primitiva fachada inalterável.

fotos in:  Hemeroteca DigitalArquivo Municipal de Lisboa, ESHToris, Stradivarius

3 comentários:

4you_wihtout you disse...

Excelente descrição sobre a Pastelaria Marques. Parabéns

luís amaral chagas disse...

Infelizmente não frequentei. Mas minha mãe tinha em alta estima este estabelecimento que era referência em Lisboa.

Margarida Palma disse...

Muitas saudades da Marques da minha Juventude! Não sei como foi possível acabar. Inesquecíveis os seus éclairs. Tudo passa, não é verdade? Mas a Marques não tinha de passar. A Ferrari também não.
Muito obrigada aos Restos de Colecção .