O “Grand Hotel Continental”, instalou-se, em 1891, no antigo “Palácio da Regaleira” (nesta altura, propriedade da viscondessa de Benavente), localizado no Largo de S. Domingos, em Lisboa, sendo propriedade de Manuel Gonçalves.
Gravura no jornal “Diario Illustrado” em 1891
O seu proprietário, Manuel Gonçalves, já tinha longa carreira e curriculum nesta área pois tinha sido dono do "Hotel de Veneza", no Largo do Corpo Santo e do "Hotel Brazil", na Rua Aurea, donde saiu para fundar o “Grand Hotel Continental”. Iniciou a sua vida como empregado da casa dos condes de Camaride, Penamacor, e Banohuellos, ministro de Espanha (equivalente a embaixador) e gerente dos hotéis Alliança, Victor e Matta. Além de que, em 1875 tinha estado empregado em Paris nos hotéis Vizon e S. Jorge, tendo passado pelo Rio de Janeiro nos hotéis New-York, Aurora, Tijuca e outros.
10 de Março de 1891
13 de Agosto de 1891 1 de Dezembro de 1892
11 de Outubro de 1892
Ou seja ... «Em todos, o sr. Manuel Gonçalves mostrou ser, não só um excelente empregado, como um homem trabalhador e honesto, o que representa uma boa garantia para o serviço do hotel de que é proprietário. O Hotel Continental mereceu pois a franca recommendação, e póde muito bem ser considerado como um dos primeiros de Lisboa.» in: jornal “Diario Illustrado”.
Quanto ao “Palácio
da Regaleira” viria a albergar o famoso “Regaleira Club” entre 1917 e 1922, após o que
o edifício viria a ser vendido à “Companhia dos Tabacos de Portugal”.
Interior do Palácio da Regaleira já com “Regaleira-Club” a funcionar, em 1922
A “Ordem dos Advogados”, criada em 11 de Junho de 1926 e inicialmente instalada na sede da “Associação dos Advogados de Lisboa”, na Rua da Emenda, arrendou, em 1936, à “Companhia dos Tabacos de Portugal”, o 1.º andar do “Palácio da Regaleira”. Três anos mais tarde, a 24 de Maio de 1939, aí seria inaugurada, em cerimónia solene, a nova “Casa dos Advogados Portugueses”, com a presença do Chefe de Estado, General Óscar Carmona.
“Casa dos Advogados Portugueses” da “Ordem dos Advogados” a partir de 1936
O “Grand Hotel Continental”, neste edifício, terá encerrado em 1901, já que em 1902 se instalaria no seu lugar o “Liceu Nacional de Lisboa” (depois “Escola Secundária de Camões”, e antigo “Liceu Camões”), fundado nesse mesmo ano em 24 de Maio, tendo-se mudado posteriormente para a Praça D. Pedro IV (Rossio), com a designação de “Hotel Continental” e ocupando dois prédios, exceptuando as lojas, e com entrada pelo nº 93, este esquina com a Rua do Amparo. Em 1913 este Hotel já era propriedade de seu filho Francisco F. Gonçalves.
“Liceu Nacional de Lisboa” instalado no Palácio da Regaleira em foto de 1908
O edifício já desocupado e com “escritos”
Em 28 de Julho de 1901 inaugura as suas novas instalações na Praça D. Pedro IV (Rossio)
“Hotel Continental” ocupando os dois edifícios mais escuros, à esquerda na foto, e já no Rossio
Entrada para o “Hotel Continental” e respectiva publicidade no edifício de esquina com a Rua do Amparo
“Hotel Continental” referenciado nos livros “Spain and Portugal - Handbook for Travelers” de 1908 e 1913
Publicidade no “Guia Official dos Caminhos de Ferro de Portugal” de 1913
1914
Quanto ao encerramento definitivo do “Hotel Continental”, cheguei à conclusão depois de analisadas fotos da época que terá ocorrido entre 1915 e 1918. Foto seguinte já sem o “Hotel Continental”
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais)
5 comentários:
Magnífico poste que, por razões muito distintas, me fez lembrar o filme de Wes Anderson: "O grande Hotel de Budapeste"...
Um bom dia!
Muito obrigado, pelo seu comentário.
Um bom dia também para si.
Cumprimentos
Um excelente documentário !
Parabéns pela riqueza informativa !
Uma boa noite e felicidades !
Caro António José
Muito agradeço a amabilidade do seu comentário.
Os meus cumprimentos
Muito obrigada pelo artigo. Manuel Gonçalvez era o meu tataravô e são poucas as informações que tenho.
Enviar um comentário