A “Estação Agronómica Nacional”, nasceu em 16 de Novembro de 1936, depois de um período de alguma indefinição, caracterizado pelo advento e morte de várias estações agrárias de vida efémera. É herdeira de uma tradição iniciada com as primeiras investigações agronómicas efectuadas na “Estação Agronómica Experimental”, criada em 1869 e cuja vocação se dirigia à investigação sobre o emprego de substâncias fertilizantes na agricultura, à semelhança do que, na época, acontecia um pouco por toda a Europa. Aquela Estação, cujo nome, atribuições, estrutura orgânica e meios de trabalho foram variando ao longo dos anos, sofreu profunda reforma em 1936 através do Decreto-Lei nº 27 207 de 16 de Novembro de 1936 (“Reforma Rafael Duque”) que criou, à semelhança do “Laboratório Químico Central”, a “Estação Agronómica Nacional”. Em 23 de Março de 1937, tomou posse o seu primeiro Director, o Professor António Pereira de Sousa Câmara.
Exteriores da Estação Agronómica Nacional” na “Quinta da Aldeia”, na Bobadela
A instalação da “Estação Agronómica Nacional” na “Quinta da Aldeia”, na Bobadela, junto a Sacavém, implicou algumas alterações à propriedade cuja existência remonta ao século XVII. A quinta terá entrado na posse da família Braancamp Freire, em 1865, na sequência das obras do caminho de ferro que atravessou a propriedade. Com uma área de cerca de 67 ha, e integrando terra salgada, arneiros, olival e várzea, a quinta desenvolvia-se até à margem do rio Tejo.
Primitiva entrada para a “Quinta da Aldeia”
Foi então construído um novo edifício, segundo projecto do arquitecto Guilherme Rebelo de Andrade, para albergar a "Estação Agronómica Nacional", paralelo à Estrada Nacional e sobranceiro ao rio Tejo. Este edifício albergava, laboratórios, biblioteca, anfiteatro e gabinetes da direcção. Era então constituída por sete departamentos disciplinares: Citologia e Genética, Fitopatologia, Melhoramento de Cereais e Forragens, Solos, Química, Sistemática e Fitogeografia e Pomologia.
Fronteiro à área designada de arneiro, foram construídos abrigos, estufas, insectários e pequenos laboratórios. As várias construções existentes na quinta foram adaptadas para depósitos de plantas, celeiros, armazéns para as alfaias agrícolas, entre outros. A antiga casa da quinta, a partir de então designada de "Casa do Agrónomo", foi transformada em habitação para técnicos, especialistas de fora e estagiários.
A partir de 1950, a pressão motivada
pela concentração industrial na zona
envolvente de Sacavém, forçou a EAN a procurar novas instalações.
Mas, só em 1961 a “Quinta do Marquês”,
em Oeiras, propriedade do Estado com
mais de 130 hectares, foi entregue à “Estação Agronómica Nacional”, para que esta aí se instalasse e desenvolvesse
investigação exclusivamente agrária. Mudar-se-ia em 1966, contribuindo directamente para a organização e desenvolvimento de outras
instituições de investigação nacionais, designadamente a “Estação Nacional de
Fruticultura Vieira Natividade” (criada a partir do seu antigo departamento de
Pomologia), a “Estação Nacional de Melhoramento de Plantas” e o “Centro de
Investigação das Ferrugens do Cafeeiro”, hoje integrado no “Instituto de Investigação
Científica Tropical - IICT”.
Interiores e actividades da “Estação Agronómica Nacional” na Bobadela
Quando a “Estação Agronómica Nacional”, mudou de instalações para Oeiras, em 1956, o espaço que ocupava na Bobadela foi transaccionado entre o Estado português e a "Sacor", - que tinha inaugurado a sua Refinaria de Cabo Ruivo em 11 de Novembro de 1940 - tendo como finalidade a construção de um bairro para alojamento do pessoal operário que trabalhava na empresa, A construção do "Bairro Salazar" teve início em 1956 e inaugurado em 30 de Julho de 1960. O edifício que serviu de sede à EAN passou, então, a equipamento social do bairro.
Entrada para o “Bairro Dr. Oliveira Salazar” ou “Bairro da Sacor”
Vistas aéreas do “Bairro da Sacor”
Com a criação do “Instituto Nacional de Investigação Agrária”, em 1974, a "Estação Agronómica Nacional", à semelhança de outros organismos de investigação agronómica, foi integrada naquele instituto de investigação. Com as reestruturações seguintes, a EAN constituiu sempre um dos serviços operativos do INIA e dos institutos que lhe foram sucedendo: INIAER, INIA e INIAP.
Campus em Oeiras
A “Estação Agronómica Nacional”, viria a ser extinta com a criação do “Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P.”, prosseguindo a sua actividade científica no seio de diversas unidades de investigação e desenvolvimento tecnológico estabelecidas no âmbito da criação do “Instituto Nacional de Recursos Biológicos, I.P.”.
Bibliografia: “Arqueologia em Calendário” - Câmara Municipal de Loures
“Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária”
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa
4 comentários:
EXACTAMENTE DOIS ANOA MAIS VELHA DO QUE EU !
Uma época em que várias empresas tinham reais preocupações sociais com os seus funcionários...
O edifício da Bobadela é hoje um lar de idosos de luxo que pertence ao Novo Banco...
Julgo que é a oliveira que aparece na primeira fotografia junto ao edifício, que terá mais de 2000 anos. Uma pessoa que conheci há muitos anos, referiu-me que o último responsável da estação agronómica quando se reformou terá dito algo como: «Tomem cuidado com esta oliveira porque ela tem a idade de Cristo».
No espaço circundante havia ainda um imponente dragoeiro e uma rua com um espectacular conjunto de palmeiras das Canárias, as quais - imagino que - já devem ter morrido por causa do escaravelho.
José
O edificio que aparece era o que nós chamamos o edificio Social,mas não é um lar, é um hospital chamado Hospital do Mar.
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