O "York Bar", foi fundado pelo barman Ângelo Pereira, em 14 de Novembro de 1929, na Rua Serpa Pinto, 23 em Lisboa. Esta bar, e boite, foi projectado pelo arquitecto Jorge de Almeida Segurado (1898-1990) e decorado por António Soares. Era o primeiro passo de Ângelo Pereira como proprietário ou gerente de conceituados bares, dancings e restaurantes lisboetas, como veremos mais adiante.
No dia da inauguração o jornal "Diário de Lisboa" noticiava:
Hoje, realizou-se a inauguração de um novo estabelecimento, onde o lisboeta pode encontrar aquela alegria de viver que dão o conforto, o bom gôsto, os líquidos espirituosos e a atmosfera agradável da "tertúlia". O "York Bar" instaladao na Rua Serpa Pinto, 23 em pleno Chiado, e que constitui uma bela afirmação de progresso e de espirito de iniciativa.»
O mesmo jornal no dia seguinte ...
As exigencias de vida de hoje, obedecendo ao imperio despotico de correntes de bom gosto e elegancia, obrigam a cidade de Ulisses a europeisar-se, a internacionalizar-se sob determinado ponto de vista, ou pelo menos, a transigir no set: casticismo, a permitir que, a par dos seus recreios pitorescos e bebidas indígenas - o vinho e o retiro - surjam locais e formulas tão «Novo Mundo» como o «bar» e o «cocktail».
Tal transigencia «alfacinha» satisfaz nao só os portugueses elegantes e viajados, frequentadores da «calle» do «Savoyan, de Madrid, como os turistas americanos, nostalgicos dos «bars», de Nova York.
Estas considerações vem a proposito da inauguração do «York Bar», uma «boite» bizarra que ontem surpreendeu a curiosidade lisboeta, ali na rua Serpa Pinto.
Um portico modernista e uma porta giratoria dão acesso ao mais ousado «bar» que a cidade ainda conheceu, projecto que, apesar do reduzido das dimensões, representa um grande, um autentico triunfo do arquitecto Jorge Segurado e do pintor Antonio Soares. O primeiro realizou pelos processos mais modernistas, um «cercle» elegantissimo, ideal para o fim a que se destina; o segundo colaborou no plano geral de decoração e pintou deliciosos quadros que se combinam maravilhosamente com o ambiente. «Maples» confortaveis completam a linda casa de estar, onde um «barman» afamado, Harry Dimauro, vindo de Biarritz, prepara os mais «esquisitos» «coktail».
A inauguração do York Bar, a que assistiram jornalistas, artistas e «sportsman», marca um acontecimento citadino e merece, sem favor, ser arquivada para a historia da Lisboa moderna com estas ligeiras considerações.
Lisboa, na frase dum antigo e elegante jornalista, ja tem onde tomar o seu «coktail» das Cinco.»
1943
Ângelo Pereira, além de barman de profissão, viria a ser proprietário e/ou somente gerente de conceituados estabelecimentos hoteleiros lisboetas, como: gerente da "Taverna Imperial" inaugurada em 31 de Dezembro de 1931, na Praça dos Restauradores; gerente do Bar-Dancing "Arcádia" inaugurado em 5 de Fevereiro de 1932, na Rua Eugénio dos Santos; proprietário e gerente do restaurante "Negresco", inaugurado em 5 de Março de 1937, na Rua Jardim do Regedor.
O "York Bar" terá encerrado em 1951, já que a última publicidade a esta casa, e que tive acesso, apareceu na "Gazeta dos Caminhos de Ferro" em 1 de Janeiro de 1951, e que publico de seguida. Por sua vez, o "Arcádia" continuou «a todo o vapor» nos anos seguintes. Mas quanto ao "York Bar" descobri-o numa lista do "Diario de Lisboa" de 23 de Março de 1970 e que publico de seguida ...
2 comentários:
Na foto da inauguração o segundo a contar da direita na fila da frente é o arquitecto Carlos Ramos e o terceiro julgo ser o Pardal Monteiro, mas deste não tenho a certeza.
Grato pela sua informação adicional.
Arq. Carlos Ramos não reconheci, fiquei na dúvida do arq. Pardal Monteiro, por causa dos óculos, magrinho … :)
Cumprimentos
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