O bar e restaurante "Taverna "Imperial" foi inaugurada na Praça dos Restauradores, em Lisboa, em 31 de Dezembro de 1931, pela mão do barman Ângelo Pereira. Este estabelecimento com r/c e cave estava instalado no edifício contíguo ao Cine-Teatro "Éden".
"Taverna Imperial" no canto inferior esquerdo da foto, entre 1934 e 1935, com o novo "Eden" Teatro em construção
"Taverna Imperial" à esquerda na foto (dentro da elipse desenhada) em finais dos anos 40
"Taverna Imperial" à esquerda neste primeiro projecto do arquitecto Cassiano Branco para o "Eden-Teatro", em 1931
De referir que, a "Taverna Imperial" aproveitou a decoração exterior deixada pelo anterior inquilino , o "Palace Stand" da firma "Mantero & Mendonça, Lda", importadora para a região de Lisboa dos automóveis americanos "Chevrolet", e que ali esteve instalada entre 1920 e 1928, ano em que passaria para a Rua Eugénio dos Santos. Por sua vez esta firma tinha construído este stand ocupando o antigo espaço de duas lojas: a bilheteira da "Praça de Touros do Campo Pequeno" e uma loja de calista, pedicure, manicure, etc.
Bilheteira da "Praça de Touros do Campo Pequeno"
"Palace Stand" à direita na foto (dentro da elipse desenhada)
No dia seguinte à sua inauguração o jornal "Diario de Lisbôa" noticiava:
«Foi agora Lisboa dotada com um novo melhoramento, de cujo valor facilmente se aperceberá quem visitar, á entrada da Praça dos Restauradores, do lado esquerdo quando se vai do Rossio, a magnifica instalação do elegante Bar "Taverna Imperial".
No Bar, no rez-do-chaõ, onde os apreciadores poderão encontrar, por preços inferiores aos dos outros estabelecimentos, as mais variadas bebidas, servidas agora por um magnífico "barman" português, que tem provado admiravelmente e, dentro de alguns dias, por um esplendido "barman" francês que não pôde chegar a tempo para a inauguração.
Apresenta a "Taverna", entre outras, a interessante novidade dum potente aparelho para a circulação do ar, que o renova constantemente.
A cave - onde, como é natural, os preços são mais elevados - é a realização dum sonho. Julga a gente que está completamente afastado do mundo - num mundo muito melhor - sentado em bons "maples", numa atmosfera e com uma luz agradabilíssimas, podendo não só tomar toda a qualidade de bebidas, mas almoçar, jantar ou cear, par o que a "Taverna" possui uma bela e higienica cosinha e todos os elementos necessarios.
A inauguração de "Taverna Imperial" constituiu, por isso, não só um sucesso mundano, mas um verdadeiro acontecimento citadino.»
Primeiro anúncio publicitário à "Taverna Imperial" no jornal "Diario de Lisbôa", em 3 de Janeiro de 1931
Dois anúncios publicitários de 1933
Ângelo Pereira, proprietário deste estabelecimento e barman de profissão, abriria em 14 de Novembro de 1929 o "York Bar", na Rua Serpa Pinto, ao Chiado, e em 5 de Março de 1937, abriria o luxuoso restaurante, bar e dancing "Negresco", na Rua Jardim do Regedor.
25 de Dezembro de 1935
16 de Abril de 1943
Nota: Acerca do "Negresco", consulte a sua história ilustrada neste blog no seguinte link: Restaurante "Negresco"
Por ocasião da abertura da "Feira Popular de Lisboa", na Palhavã, em 10 de Junho de 1943, a "Taverna Imperial" constrói um pequeno bar a que chamou de "Taverna Imparcial" sendo a sua decoração exterior inspirada na original dos Restauradores.
O "Taverna Imperial" uns anos mais tarde transformar-se-ia, também, em bar de alterne mantendo-se assim por muitos anos, até à sua transformação em restaurante com esplanada, exclusivamente. Consegui saber muito pouco, para não dizer nada, do seu percurso nas últimas décadas. A última firma proprietária foi a "Genesis Flavour - Actividades Hoteleiras, Lda."
Em 2017, a "Taverna Imperial" fechou definitivamente, conjuntamente com o famoso bar "Pirata", o café "Young Liberty", a loja de lãs "Imperial" e a "Residencial dos Restauradores", para dar lugar a um prédio de apartamentos para turistas chamado "The Boulevard".
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital de Lisboa
E em Agosto de 2018 ...
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital de Lisboa
4 comentários:
Mais um 'esventramento' de um prédio centenário, vá que ficou a fachada.
Deste prédio, conheci o interior de vários andares, agora desaparecidos, que tinham salas de jantar com tectos em estuque de grande valor artístico.
Cumprimentos
Valdemar Silva
Não sei se podíamos considerar como bar de alterne, já nos anos 60 a Taverna Imperial funcionava de 'porta fechada' só se entrando tocando à campainha.
Valdemar Silva
Na segunda fotografia, dois elementos da Lisboa antiga:
O carro eléctrico fabricado pela J.G.Brill;
A carroça de recolha do lixo da CML.
Um abraço,
Pedro Ferreira
Caro Pedro Ferreira
Grato, pelas suas preciosas informações.
Abraço
José Leite
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