A firma “C. Santos Lda., Engenheiros” foi fundada em 20 de Dezembro de 1912, pelo oficial de Marinha, ex-governador civil da Madeira e Lourenço Marques, Boaventura Mendes de Almeida (Conde de Caria), engº Carlos Nascimento Ferreira dos Santos e com o apoio financeiro de Bernardo Homem Machado (sogro de Boaventura) com instalações na Rua do Alecrim, 22. No ano seguinte a sede seria transferida para a Rua do Comércio, 34-3º, tendo na mesma ocasião alugado, no nº 83, um pequeno stand para automóveis (aliás para automóvel visto que não cabia mais que um veículo).
Na rua do Comércio, a "C. Santos, Lda., Engenheiros", trabalhou várias representações de marcas estrangeiras, entre elas a dos fabricantes dos automóveis "Maxwell", das baterias alcalinas "Edison" e algumas representações alemãs de construtores de ascensores, instalações de chauffage centrale de fabricantes de navios. Ainda com alguns meses de actividade, entrou para a firma António Libânio Corrêa, que se ocupou dos serviços de expediente e caixa.
Tendo, entretanto, conseguido a representação dos automóveis americanos "Studebaker" e "Erskine", marca esta produzida pela “Studebaker”, fabricados pelos mais antigos constructores de carruagens dos Estados Unidos da América do Norte, a "C. Santos, Lda., Engenheiros" mudou a sua sede para a Rua Nova do Almada, 80-2º, e simultaneamente tomou, por troca, o rés-do-chão dos nos 82-84, em que primitivamente estava instalada a farmácia do "Instituto Pasteur de Lisboa", ao qual cedeu o rés-do-chão do lado oposto da mesma rua.
Instalações da “C.Santos, Lda.” na Rua do Crucifixo em Lisboa
Exposição em 23 de Maio de 1927
Nestas novas instalações a firma tomou relativo incremento, fazendo prosperar os seus negócios, e em 1917, António Libânio Corrêa torna~se sócio-gerente da "C. Santos, Lda., Engenheiros".
Dada a expansão progressiva dos negócios, houve que dotá-la com instalações mais amplas. Assim sucessivamente, ela tomou conta do 3º andar e de todo o edifício dos anexos dos "Grandes Armazens Grandella & C.ª " na Rua do Crucifixo 57, para onde transferiu o stand instalado na Rua Nova do Almada.
3 de Novembro de 1924
Guia de 1937
1927
1927 1928
Stand da C. Santos, Lda no “I Salão Automóvel de Lisboa” no Coliseu dos Recreios em 1925
A sua representada “Studebaker” no mesmo Salão
Oficinas em Sete-Rios em décadas diferentes
Em 1933, já nas suas novas instalações em Lisboa, na Rua do Crucifixo, inicia a comercialização de automóveis da sua nova representada britânica “Standard” pertença da “Standard Motor Company”. Anos mais tarde, junta a esta a representação da marca, também britânica, “Triumph” e a "Willys-Overland". Aos automóveis junta a representação dos camiões "Mack"
Em 1936 a “C. Santos, Lda.” , ficaria com a representação da marca alemã “Mercedes-Benz” para Portugal. Esta representação começou por incluir apenas os automóveis passando posteriormente a representar todos os veículos produzidos por esta empresa alemã. O relacionamento entre estas duas empresas foi sempre estreito, mesmo durante a II Guerra Mundial (1939-1495), altura em que surgiram problemas graves devido às circunstancias. Mas, logo após o fim da guerra em 1945, a venda destes veículos aumentou significativamente não só a particulares, mas também para a frota de automóveis de aluguer, táxis, veículos de carga, serviços públicos, sociais e exército.
A reputação criada em todo o país, o avultado número de representações obtidas e a enorme clientela conquistada, rapidamente exigiu um local mais central e apropriado para a sua actividade. Assim, em 1939 a "C. Santos, Lda." transferiu-se para a Avenida da Liberdade, 39, depois de profundas e dispendiosas obras de adaptação. Ao mesmo tempo possuía nas Laranjeiras uma das maiores oficinas de reparação automóvel de Lisboa.
Instalações na Avenida da Liberdade
No entanto a empresa não circunscreveu a sua actividade ao comércio, pois também se dedicou à exploração industrial da trituração de enxofre, para o que montou duas excelentes instalações fabris, uma no Norte e outra no Sul do país, mais tarde, e por comum acordo, cedidas à "CUF"
1933 1950
Publicidade no “Teatro da Trindade” em 1938 «Studebaker» Dictator Cruising Sedan
Tendo iniciado a sua actividade sem um único empregado, a "C. Santos, Lda.", em 1945 já contava com 200 funcionários.
Nesse ano, a sua actividade já se tinha alargado à criação de outras empresas entre as quais: "Sociedade de Lubrificantes Ingleses, Lda." representantes dos óleos "Castrol"; "Sociedade Técnica de Aviação, Lda.", proprietária da "Escola de Pilotagem Civil Manuel Bramão" e representante dos aviões "Cub"; "Empresa Corticeira, Lda."; e a "Suber, Lda.", estas últimas na indústria preparadora e transformadora de cortiça, dispondo de fábricas próprias.
Exposição da “C. Santos, Lda.” no “Pavilhão de Exposições e Festas” no Parque Eduardo VII em Lisboa
«Studebaker» Dictator Cruising Sedan «Studebaker» President Cruisng Sedan
Dois «Studebaker» anteriores «Standard» Flying 12
Acessórios para automóveis
Pelo falecimento do Conde de Caria, Boaventura Mendes de Almeida, e pelo afastamento voluntário de Carlos Nascimento Ferreira dos Santos, a firma "C. Santos, Lda." pertencia, em 1945, aos herdeiros daqueles sócios falecidos e a António Libânio Corrêa. Este e o actual (ao ano de 1945) Conde de Caria, Dr. Bernardo Viana Machado Mendes de Almeida, filho de Boaventura Mendes de Almeida, ocupavam a gerência. Libânio Corrêa ocupava o cargo de Presidente do "Grémio das Oficinas de Reparações de Automóveis e Indústrias Anexas do Sul", e o Dr. Bernardo de Almeida o cargo de Presidente do "Grémio dos Importadores e Vendedores de Automóveis do Sul".
1940
Em 11 de Janeiro de 1946, seria constituída a “Sociedade Comercial C. Santos, Lda.”. Inicia a sua actividade tendo como sócios, entre outros, a “C. Santos Limitada”, detentora da representação da marca “Mercedes-Benz”, com sede em Lisboa e então detida, maioritariamente, pela família Mendes de Almeida, tendo o Senhor Conde de Caria outorgado a escritura de constituição da sociedade, em sua representação.
«Nova remessa» em 1950
A sede social da empresa situou-se no Porto na Rua de Santa Catarina, com o capital social de 600.000$00 (Seiscentos mil escudos), local onde permaneceu durante 42 anos, mais concretamente até 1988. As oficinas funcionariam na Rua de Santos Pousada, também no Porto até 1958.
Stand da “C. Santos, Lda.”, na Rua de Santa Catarina na cidade do Porto
Esta sociedade chegou a fazer parte do grupo de empresas que, mais tarde, passou a ser detido pela holding ”Eminco” que, em determinado momento, abrangia áreas tão diversas como importação e venda a retalho de produtos das marcas “Mercedes-Benz”, “British-Leyland”, “Castrol” e “Massey-Fergusson”, aluguer de viaturas através da “Avis Rent-A-Car”, etc. Porém, em 1988 é adquirida a totalidade do capital social à “Eminco”.
1956
Festa dos 50 anos da empresa na “FIL - Feira das Indústrias de Lisboa”
Fotos seguintes das instalações da “C. Santos, Lda,” na Avenida da Liberdade, em Lisboa
Fotos seguintes das oficinas na Rua de Campolide às Laranjeiras, em Lisboa
Em Abril de 1989, “Sociedade Comercial C. Santos”, foi adquirida pelo então denominado “Grupo Daimler-Benz”, que marcou o início das actividades da recém criada “Mercedes-Benz Portugal”, com sede na Abrunheira em Mem Martins.
A “Sociedade Comercial C. Santos” é, actualmente, um concessionário e oficina autorizada para comercialização de viaturas, peças e prestação de serviços após venda das marcas “Mercedes-Benz”, “Smart” e “AMG” composta por: uma unidade na Maia, pelo salão de exposição da Avenida da Boavista (Porto) e o de Felgueiras.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Delcampe.net, Hemeroteca Digital, Soc. Com. C. Santos
3 comentários:
O aparecimento da Mercedes Benz Portugal - nasce da C.Santos Lda sede em Lisboa e representante dos produtos mercedes benz - a sociedade comercial c.santos porto deve ser entendida como filiada da c.santos lda .
Caro José Moreira
Grato pelo seu esclarecimento
Os meus cumprimentos
José Leite
Como neto do Eng Carlos Santos felicito-o pelo artigo.
Grato por recordar partes da história por vezes esquecida!
Pedro Pessoa e Costa
Enviar um comentário