O "Café Oriental", foi inaugurado em 20 de Dezembro de 1925, no Largo do Toural, em Guimarães. Eram seus proprietários: José e Francisco da Costa Magalhães, Eugénio Leite Basto e José Fernandes da Costa Abreu.
Por ocasião da sua inauguração o jornal vimaranense "A Ortiga" de 25 de Dezembro de 1925 escrevia:
Quanto ao estilo egípcio da decoração do "Café Oriental" ...
«(...) Contudo, é na decoração de um café de Guimarães que a presença do Egito se torna emblemática: referimo-nos ao Café Oriental, situado no Largo do Toural, inaugurado em dezembro de 1925,que viria a encerrar em 1967 para instalação de uma agência bancária. O projeto que o capitão Luís de Pina concebeu para este café, inspirado em motivos do Egito faraónico, reflete o impacto das descobertas arqueológicas dessa época, sobretudo a do túmulo de Tutankhamon, em 1922, divulgada de forma sensacional. Desde o desenho das portas da rua, inspiradas nas do pavilhão real de Ramsés III, às colunas interiores, que reproduzem as do templo de Karnak, às estátuas de Ramsés II e da princesa Nafrît (também conhecida por Nefert ou Nofret), réplicas das estátuas originais existentes no Museu de Berlim e no Museu do Cairo, aos painéis pintados nas paredes com cenas do Antigo Egito, até à decoração do teto, pintado de azul, com estrelas e abutres, como nos templos de Tebas, tudo se combina "de modo a formar um conjunto harmónico no recinto a aproveitar, dando-se aos coloridos a ilusão do baixo relevo, que era gravado na pedra". A este programa decorativo acresce o mobiliário do café, cujas mesas possuíam um pé central de forma piramidal, decorado com hieróglifos, e cadeiras cujos espaldares apresentam um disco alado enquadrado por duas cobras uraeus, num conjunto que não descurou qualquer pormenor. O Café Oriental pode ser considerado como uma singular expressão da Egiptomania em Portugal, dele subsistindo algumas peças de mobiliário, recolhidas pelo Museu Alberto Sampaio e por alguns particulares, e fotografias pertencentes aos arquivos fotográficos do Museu Alberto Sampaio, da associação Muralha e da Foto Beleza. A memória deste café, evocada na entrada do atual Restaurante "Café Oriental", permanece viva nas últimas gerações de vimaranenses que o conheceram e aí conviveram, em «perfeito ambiente egípcio». in: "Sob a sombra de acácias peregrinas: notas sobre uma expedição etnobotânica ao Egito" de Manuel Miranda Fernandes e Raul Pereira (2020).
O mobiliário do "Café Oriental", fabricado pela firma vimaranense "Marcenaria Neves & C.ª, Lda.", especializada em revivalismos e estilos historicistas, tão do agrado da clientela convencional local, revelava, sobretudo nas cadeiras, uma clara inspiração nos modelos egípcios que as descobertas arqueológicas no Egipto relançavam.
Após 42 anos de existência o "Café Oriental", depois de ter sido um ex-libris de Guimarães, e durante muitas décadas uma referência para aos vimaranenses e para quem visitava Guimarães, encerrou definitivamente as suas portas, em 18 de Julho de 1967, para ali se instalar uma dependência bancária do "Banco Português do Atlântico", que demoliria todo o seu interior..
Agora assiste com pesar ao seu encerramento.
Em sua substituição vai surgir um estabelecimento bancário.
às sucessivas tertúlias de intelectuais que por ali passaram com a verve e cintilância de espírito sucede o mercantismo da banca.
É esta a mentalidade dos tempos que passam.»
fotos in: Memória de Araduca, ResearchGate, José Castelar (Facebook), Fototeca de Guimarães, Sociedade Martins Sarmento (Hemeroteca Vimaranense)
2 comentários:
Saúdo, com entusiasmo, esta evocação vimaranense de um Café que eu ainda conheci e frequentei.
A firma Neves foi criada por um dos meus bisavôs, que a passaram depois a Pimenta Machado.
Melhores cumprimentos!
Obrigado!
E já tenho um artigo feito sobre o "Hotel do Toural", que oportunamente publicarei.
Cumprimentos
José Leite
Enviar um comentário