O Restaurante e Boite “Sanzala” que esteve localizada no Campo Grande, em Lisboa, bem junto à “Churrasqueira do Campo Grande”, e propriedade da dupla musical “Duo Ouro Negro”, abriu as suas portas em Julho de 1965.
“Sanzala” aquando da sua abertura
Terreno onde viria a ser contruída a “Sanzala”
Recordo que o termo “Sanzala” era utilizado, nas antigas colónias como sendo um grupo de pequenas casas de pau a pique e capim (vulgo “cubatas”), nas quais habitavam indígenas com as suas famílias.
13 de Julho de 1965 5 de Fevereiro de 1966
1 de Fevereiro de 1966
26 de Fevereiro de 1968 27 de Fevereiro de 1968
O edifício principal e seus anexos deste restaurante-boite tentavam recriar o ambiente duma “sanzala”, com o seu interior forrado a madeira. No exterior a sua esplanada era composta de mesas cobertas com “chapéus” de sol em colmo. Este «restaurante típico» funcionava entre a 20 horas e as 3h e 30m da madrugada.
Exteriores da “Sanzala”
Almoço de confraternização do “Quinteto Académico”, na “Sanzala”
Na foto anterior em primeiro plano, de costas, e da direita para a esquerda: Mário Assis Ferreira, Fernando Mendes, Alexandre Barreto, Daniel Gouveia, uma cançonetista efémera não identificada, um desconhecido. De frente, da direita para a esquerda: José Manuel Fonseca, Carlos Carvalho (que substituiu o Mário Assis), um desconhecido, Vicente da Câmara, Madalena Iglésias, e um locutor de rádio não identificado.
30 de Dezembro de 1970 8 de Dezembro de 1972
Em 1973 a “Sanzala” encerra definitivamente e é adquirida pelo empresário do mundo do espectáculo Sérgio de Azevedo (1936-2006), que em 1975 abre, no seu lugar, um novo tipo de casa de espectáculo o Café-Concerto “Frou Frou”. Idealizada pelo seu proprietário, chegou a ser considerado a melhor sala nocturna da Península Ibérica.
Actor Luís de Mascarenhas e Sérgio de Azevedo Programa
Bilhete para 21 de Dezembro de 1977
Bilhete gentilmente cedido por Carlos Caria
Do artigo da autoria de Vital d’Assunção, no Jornal Expresso, intitulado “E se o fado e o striptease se misturassem em palco?”, retirei a seguinte passagem que ilustra o ambiente do “Frou Frou” :
«1974. Eu, o guitarrista Arménio de Melo e a fadista Beatriz da Conceição estávamos a atuar na "Taverna do Embuçado", quando o empresário Sérgio de Azevedo - que era um homem ousado para época - nos fez um convite: Durante quinze dias, teríamos um show de fado na sua recém-aberta casa de espetáculos, ali para os lados do Campo Grande, de nome "Frou-Frou".
Aceitámos o convite e lá fomos. Para os anos 70, o "Frou-Frou" era uma casa modernaça, com um palco elevatório e espetáculos para todos os gostos. Antes do fado, havia, nada mais, nada menos, do que striptease. Lembro-me de a artista austríaca entrar em palco através de uma língua gigante, que pendia numa boca que fazia parte do cenário. Do outro lado do palco havia um pénis com dois metros de altura, que servia de varão para a dança sensual.»
Festa de homenagem à actriz Ivone Silva promovida por Sérgio de Azevedo no “Frou Frou”
No “Frou Frou” foram feitas as gravações do programa para a RTP, “Nicolau no País das Maravilhas”, em 1975 e que ficou celebrizado pelos sketches musicais “Sr. Feliz e Sr. Contente”, interpretados por Nicolau Breyner e Herman José. Com música de Thilo Krassman e letra de César de Oliveira e Rogério Bracinha, a dupla encantava com o seu «diga à gente, diga à gente, como vai este país !?». Deste célebre duo foi editado em single cuja capa e verso publico de seguida.
O Café-Concerto “Frou Frou” teria uma existência curta e encerraria em 1978. Anos mais tarde daria lugar ao Bingo do “Sporting Clube de Portugal”, entretanto demolido aquando da construção da Estação do “Metro” do Campo Grande.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Municipal de Lisboa, IÉ-IÉ, Palco Um
5 comentários:
Ao lado de Vicente da Câmara está o guitarrista Fernando Alvim.
Cumprimentos
Gonçalo
Grato pela informação adicional
Cumprimentos
José Leite
No Frou Frou também foi gravado um disco de paródia às eleições. «Nicolau no País das Maravilhas -Single 45 rpm. »
No Frou Frou também foi gravado um disco de paródia às eleições. «Nicolau no País das Maravilhas -Single 45 rpm. »
Na foto do almoço de confraternização do Quinteto Académico, a "cançonetista efémera" é Maria Júlia Guerra, locutora da Emissora Nacional, ainda viva; o "locutor de rádio" é Armando Correia, também da EN. Congratulações por este excelente espaço. Bem haja!
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