Restos de Colecção: Clínica Pro-Matre

20 de novembro de 2018

Clínica Pro-Matre

A "Clínica Pro-Matre", localizada na Avenida da República, 18, em Lisboa terá aberto no início dos anos 50 do século XX. Era propriedade do médico obstetra Pedro Monjardino (1910-1969), filho do médico cirurgião e professor catedrático Augusto de Almeida Monjardino (1871-1941) e que foi o fundador, e primeiro director, da “Maternidade Dr. Alfredo da Costa” em Lisboa.

Dr. Pedro Monjardino (1910-1969)

A sua clínica de partos, obstetrícia e cuidados materno-infantis, instalou-se num palacete, na Avenida da República, esquina com a Avenida João Crisóstomo. A construção deste palacete, projectado pelo arquitecto Manuel Norte Júnior (1878-1962) e cujo proprietário não consegui saber, terá sido concluída por volta de 1905/1907, na , ainda, Avenida Ressano Garcia, já que a sua casa vizinha, pertença de João Borges Alves e projectada pelo arquitecto Nicola Bigaglia, foi construída posteriormente em 1907/1908. O arquitecto Manuel Norte Júnior, viria a projectar, o edifício quase defronte do outro lado da, já, Avenida da República, construído em 1919, onde se instalaria a Pastelaria "Versailles", e inaugurada em 25 de Novembro de 1922.

O Palacete, na primeira década do século XX, com o palacete de João Borges Alves a seu lado

Localização da “Clínica Pro Matre”, na Avenida da República (dentro da elipse desenhada) numa foto de 1969

 

O Dr. Pedro Monjardino, foi o introdutor em Portugal, na década de 60 do século XX, do método psicoprofilático do parto sem dor.

A sua actividade ficou, também, conhecida pela sua intervenção política através do "M.U.D. - Movimento de Unidade Democrática" em oposição ao regime do "Estado Novo". Pai do  Dr. Carlos Monjardino, fundador da “Fundação Oriente”,  foi este médico obstetra que, em 1968, enviou clandestinamente um rádio transístor para São Tomé onde o Dr. Mário Soares estava deportado e lhe permitia conhecer o que se passava no mundo.

O Dr. Pedro Monjardino faleceria em 1969 e a sua “Clínica Pro-Matre” encerraria, e definitivamente, em finais de 1971. O  seu edifício seria demolido, poucos anos depois, para dar lugar à torre dos CTT construída em 1978, com projecto do arquitecto João Vasconcelos Esteves, e com 15 pisos acima do solo, sendo, ainda hoje, o edifício mais alto da Avenida da República …

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa

19 comentários:

Pedro disse...

Nasci aí :)

João Celorico disse...

Caro José Leite,
mais uma vez as suas postagens parecem ser "a pedido".
Desta vez, no dia 20 de Novembro mas de 1967, antes das trágicas inundações, nascia aí na "Pro-Mater" uma sobrinha minha, sob os cuidados do Dr. Sherman Macedo, que exercia também na Caixa de Previdência do Pessoal da CUF e Empresas Associadas.

Cumprimentos e felicidades para esta sua "saga" da divulgação e conhecimento das memórias.

Bem haja

João Celorico

José Leite disse...

Caro João Celorico

Eu é que agradeço o seu comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

O edifício que o substituiu é da autoria do arquitecto João Vasconcelos Esteves.
Cumprimentos
Gonçalo

José Leite disse...

Caro Gonçalo

Grato pela informação adicional.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Nasci nessa maternidade, em 1947.Devia ser recente.Fiquei sempre a residir por ali perto:

assisti ao vandalismo legal que destruiu as Avenidas.Que saudades da beleza daqueles espaços e

daquelas casas!O crime, crime mesmo, que foi a destruição do Monumental.Tantas saudades!

Muito obrigada pelo seu trabalho.

Anónimo disse...

Saudações! Em primeiro lugar cumpre-me felicitar e elogiar o trabalho realizado neste blog. Devo dizer que vou acompanhando as publicações, eu que ali fui nascido em Março de 1971 que, pelos vistos, foi o último ano de funcionamento. Assistiu ao parto o Dr. Sherman de Macedo, que também tinha consultório na António Augusto de Aguiar. Continuação de excelente trabalho. LG

Unknown disse...

Passo a relatar a legenda que acompanha a imagem do edifício, no Arquivo do Jornal O Século com a data de 27-9-944:"O palacete da Avª da República 18, onde foi instalada a Maternidade Dr. Augusto Monjardino, por iniciativa do Engº Aulanio Lobo."

Camila disse...

Bom dia!! Gostaria igualmente de deixar aqui assinalado de que nasci nesta Maternidade Pro Mater em 08Junho de 1957.

Parabéns pelo Blog, Excelente trabalho. Da minha parte,muito obrigada pela oportunidade de conhecer um pouco desta história !
Os meus cumprimentos
Elsa Casquilho

Cristina disse...

A minha mãe disse-me que eu tinha nascido na Avenida da República, mas eu nunca tinha conseguido saber exactamente onde. Hoje, muitos anos após o seu falecimento, ao arrumar papelada, encontrei o recibo do meu nascimento, em 1960, onde constam o nome e a morada da maternidade. Uma pesquisa na net trouxe-me ao seu blog. Fiquei muito feliz por ver as fotografias do palacete, que lamentavelmente já não existe.
Uma pequena nota: o nome que consta do recibo é Pro-Matre, e não Pro-Mater. Uma pequena curiosidade : o parto custou dois mil escudos !
Obrigada pelo seu excelente trabalho de registo da memória de tudo aquilo que nos é caro.

Ana Duarte disse...

Eu nasci nessa clínica, em 1967, faz hoje 55 anos e a minha irmã também, mas em 1968. Fico contente de a ter encontrado aqui, depois de tantos anos 🙂

rosa nunes disse...

Boa noite.
Só hoje descobri este blog e esta informação e as fotos de um local que me é muito querido.
Fiquei muito contente.
A minha mãe foi enfermeira na Maternidade Pro-Matre (sempre ouvi o nome Pro-Matre e só recentemente vejo escrito Pro-Mater), durante uns 10 ou 11 anos, precisamente até ao seu encerramento.
Falou sempre com carinho deste local e de quem lá trabalhava.
Contou-me já depois do 25 de abril, que de vez em quando a polícia procurava o Dr. Pedro Monjardino, por questões políticas.
Há nomes que ainda bailam na minha memória, além do nome dos patrões, como o do Dr. Sherman de Macedo, da enfermeira parteira D. Gertrudes Varandas, que foi a minha madrinha, da enfermeira Alexandrina, entre outras.
Dizia-se que aquela maternidade era muito procurada por pessoas mais "abastadas" digamos assim e que lá nasceram netos do Almirante Américo Tomás, de vários cavaleiros tauromáquicos, mas também os filhos dos trabalhadores da Philips, a qual tinha um acordo com esta maternidade, entre outros.
Uma coisa de que os médicos faziam questão, era passar confiança às suas parturientes e uma forma de o fazer era que as enfermeiras que ali trabalhavam, lá tivessem os seus filhos. Os médicos costumavam dizer às clientes:"Esta (referindo-se à enfermeira) também foi minha!" A parturiente pensaria se a enfermeira ali tinha tido os filhos e tinha confiado no médico e na maternidade, então era porque o local era bom.
Isto ouvi da boca da minha mãe, por várias vezes. Foi assim que eu e o meu irmão do meio nascemos na Pro-Matre. O mais novo, já não teve essa sorte, pois o palacete já não existia.
Por ser uma das filhas da casa, lembro-me de lá entrar por diversas vezes.
Subindo alguns degraus, após a porta de entrada, à direita encontrava-se uma pequena capela.
Na cave ficava a cozinha, toda envidraçada. Lembro-me que me parecia gigante (talvez não fosse assim tanto) e que tinha sempre um cheiro característico delicioso, que me perseguiu por muitos anos.
Tenho pena que a minha mãe esteja com demência e não possa contar-me mais coisas.
Mas não posso deixar de referir que ela contava muita vez que um dos médicos (já não sei precisar se era o patrão ou não), quando estava a comer numa sala muito bonita (lembro-me que tinha mesas redondas com camilhas, pois também lá comi algumas vezes) chamava uma das empregadas e dizia, "Leve lá uma fatia deste queijo à senhora enfermeira."
Outras memórias ainda as tenho. Poderei partilhá-las noutra ocasião.
Obrigada José Leite, por esta publicação.
Rosa Nunes

José Leite disse...

Bom dia
Eu é que agradeço o seu interessante comentário, com informações adicionais.
Cumprimentos
José Leite

xanoca disse...

Boa tarde,
Eu e o meu irmão também aí nascemos. Eu em 1958 e ele em 1956.Ambos pelas mãos do Dr.Sherman de Macedo.
Alexandra Pedroso Sampaio

Unknown disse...

Eu e a minha irmã também aí nascemos; eu em 1971 e ela em 1968. O nosso pai era o Zeca do Rock, cantor nos anos 60.

Ana Margarida Chaves disse...

Nasci aí em 1968 com o apoio do médico o Dr. Camara Pires, colega e amigo do meu avô.

Filipe Gonzaga Ribeiro disse...

"Maternidade Pro-Matre", onde tive o meu primeiro contato com o mundo exterior… :)

Mario Brandao disse...

Nasci na Pro-Mater em Outubro de 1949.
Obrigado pelo artigo/blogue

Anónimo disse...

Eu também nasci aí em 22 de Setembro de 1950. Posteriormente, em 1960 e 64 nasceriam também lá dois dos meus primos. Muito obrigada pela sua pesquisa. É sempre bom recordar o edifício em que viemos ao mundo
Maria Teresa Henriques Goulão