O edifício dos "Grandes Armazéns Nascimento" situado no cruzamento da Rua de Santa Catarina com a Rua de Passos Manuel, na cidade do Porto, foi encomendado a Marques da Silva, um dos mais prestigiados arquitectos portuenses, por António do Nascimento, um próspero industrial de marcenaria com fábrica no Freixo, que seguindo as lógicas da produção industrial, abasteciam a cidade do Porto e a região Norte do país com peças que ocupavam progressivamente o lugar da antiga produção artesanal. Era intitulado o maior produtor de móveis da Península Ibérica. A sua intenção era de construir um grande armazém de mobiliário e decoração de interiores.
Grandes Armazéns Nascimento
O arquitecto José Marques da Silva , depois de ter feito uma longa viagem pela Europa para observar estabelecimentos congéneres, apresentou o primeiro estudo dos "Grandes Armazéns Nascimento" em 1914. O edifício, contudo, só foi inaugurado em 13 de Junho de 1926.
Arq. Marques da Silva (1869-1947) Litografia do projecto em 1914
Quando os "Grandes Armazéns Nascimento" foram inaugurados, nas comemorações da fundação da firma "António do Nascimento & Filhos", que se localizava na Rua Ferreira Borges (Porto), no edificio onde hoje se encontra a loja dos CTT, já António do Nascimento tinha falecido.
Interior dos Grandes Armazéns Nascimento
5 de Novembro de 1922
1925
Após os herdeiros de António Nascimento terem perdido a sua fábrica no Freixo destruída por um incêndio em 1934, foram obrigado a vender os armazéns em 1939. Este edifício seria adquirido para ali se instalar o luxuoso café "Palladium".
Desde 4 de Novembro de 1940, ano da sua inauguração, o "Palladium", durante alguns anos funcionou como café. Tinha uma decoração luxuosa, «Art Deco», projecto do arquitecto Mário de Abreu. Ocupava três pisos ligados por escadarias, tendo sido o primeiro edifício a utilizar estrutura de betão armado.
"Palladium"Frequentado por comerciantes abastados da cidade do Porto, esteve em funcionamento entre 1940 e 1974, chegando a ser considerado o maior do país e da Península Ibérica, pelos seus proprietários. O estabelecimento ocupou um total de quatro pisos. No rés-do-chão, funcionava a sala de café, o salão de chá e o restaurante; no primeiro andar encontrava-se a sala de jogo de vasa; no segundo piso estavam os bilhares e no terceiro piso um Cabaret. O "Palladium" foi, ainda, conhecido por ser o palco de grandes maratonas de xadrez, palavras cruzadas, charadas e snooker.
«Satisfazendo inteiramente todos os requisitos dentro de cada uma das suas modalidades, o «Palladium» destaca-se de qualquer outro estabelecimento do género pelas luxuosas e confortáveis instalações, das suas salas de vasa - nada menos de cinco - e pelo seu salão de bilhares, de entre os quais se destacam o bilhar americano «Snooker», que se joga com 22 bolas - o que consiste numa novidade para o nosso país - e um esplendido bilhar «match» do ultimo modelo.
(...) Ha um confortavel gabinete «privado», onde os clientes podem tratar em particular de qualquer assunto comercial ou não, todas as mesas têm ligação telefonica, e, em todo o edifício, ha alto-falantes, que anunciam a chamada ao telefone, o que, a-pesar-de ser uma coisa muito usada nas grandes capitais, constitue novidade entre nós.
(…) a abertura ao público é feita à noite, com serviço gratis de café e bebidas». in: Diário de Lisboa
A partir de 1974 este edifício seria mais uma vez transformado, e num pronto-a-vestir de seu nome "Galerias Palladium". O edifício passou a ostentar um interessante relógio com carrilhão e figuras que se movimentam no exterior do edifício. De três em três horas, saem do relógio e apresentam-se de frente para Santa Catarina, num patamar do 1º andar, quatro imagens representando figuras emblemáticas do Porto: S. João, o Infante D. Henrique, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco. Após um desfile de dois minutos, ao som do carrilhão, as figuras regressam ao relógio.
As "Galerias Palladium", perduraram até meados dos anos oitenta. Actualmente convivem naquele espaço duas multinacionais, a "C & A" e a "FNAC".
fotos in: Porto, de Agostinho Rebelo da Costa aos Nossos Dias, Hemeroteca Digital, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
9 comentários:
Muito interessante.
Fiquei a cnhecer a historia do edificio.
Uma pesquisa extensa que resultou numa partilha muito interessante. Obrigada.
bom dia,
as Galerias Palladium eram de quem? Um particular? Vários sócios, tipo sociedade anónima?
Já me disseram que pertenciam à família dos horticultores Moreira da Silva (ou pelo menos eram acionistas), é verdade?
Excelente artigo de história do Porto.
Parei lá muitos anos, sobretudo na sala de xadrez do f. C. Porto, no segundo piso
Trabalhei nas Galerias Palladium. Gostaria de corrigir uma informação constante neste artigo que se encontra errada. O relógio com as 4 figuras ligadas à cidade, não são do tempo das Galerias Palladium (1974 a 1990), mas foram sim instaladas pela C & A, empresa que ainda se encontra nos dias de hoje neste edifício.
curiosamente a foto do titulo de acção é minha e provavelmente foi retirada de uma pagina de fecebook...tenho o original, uma vez que o meu avô Manoel Pinto Bizarro era o dono e uma das assinatura é dele...
fico satisfeito pelo esforço em reunir o máximo de informação possível!
Que saudades de saborear bons e inúmeros cafés no belo salão, nas tardes de domingo diversas partidas de bilhar com os amigos. Tempos que passam e não voltam mais. Figueiredo
E jogar xadrez na sala do f. C. Porto no segundo andar
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