Restos de Colecção: Ensino Primário

28 de junho de 2012

Ensino Primário

Muitos foram os métodos e manuais de ensino da ortografia e aritmética para a língua portuguesa, utilizados ao longo dos séculos e que aqui ilustro com alguns exemplos.

              "Orthographia da Lingoa Portvgvesa" de 1576                        "Ortografia da Lingva Portvgveza" de 1671

    

"Nova Escola" de 1772

Algumas páginas da "Nova Escola"

                   

                   

Já em 1844 era publicado o “Resumo da Historia de Portugal” por Emilio Achilles Monteverde, cuja capa dum raro exemplar aqui publico, e que me foi gentilmente cedida pelo Sr. Pedro Cruz .

Em 1851, era publicado o “Almanak Democratico para 1852”, e dele retirei o seguinte artigo intitulado “Instrucção Primaria”.

Em 1853 era publicado pela Imprensa Nacional o "Metodo Castilho" , por António Feliciano de Castilho (1800-1875), «para o ensino rapido e aprasivel do ler impresso, manuscrito, e numeração e do escrever». - tratava-se da 2ª edição «inteiramente refundida, aumentada, e ornada de um grande numero de vinhetas».

                  

                  

Em 16 de Agosto de 1870 o Ministério dos Negócios da Instrução Pública decretava:

  1. Reforma da Instrução Primária em que se define que a questão da educação pública é a questão vital de uma nação.
  2. A instrução primária divide-se em dois graus: 1.º Grau, ou Elementar; 2.º Grau, ou Complementar.
  3. As escolas primárias elementares são gratuitas, em conformidade com a Carta Constitucional.
  4. Nas escolas primárias complementares, o ensino é gratuito unicamente para os alunos cujos pais provarem verdadeira pobreza.
  5. O governo promove cursos nocturnos, de aperfeiçoamento e dominicais.
  6. A instrução primária do 1.º Grau, para ambos os sexos, é encargo obrigatório das Câmaras Municipais.
  7. A instrução primária do 1.º Grau é obrigatória para todos os portugueses de ambos os sexos, desde a idade de sete aos quinze anos. A frequência é permitida desde a idade dos cinco anos.
  8. Os pais são obrigados a mandar os filhos à escola até concluírem o ensino primário, e os que não o fizerem serão admoestados pela autoridade administrativa paroquial.
  9. Os pais que deixam de mandar os filhos à escola pagam por cada dia que faltem, sem qualquer justificação, a multa de 50 a 500 réis.
  10. A matrícula, a obrigação do ensino e as disposições penais são anunciadas, no começo de cada ano lectivo, pelos párocos à hora da missa conventual.
  11. O ensino obrigatório é cumprido quando o aluno obtiver aprovação em exame público nas disciplinas do 1.º Grau, sendo este exame exigido para a frequência do 2.º Grau.

                                                                                       1875

    Projecto de Escola Primária nos finais do século XIX

Em 1878 era publicada pela Imprensa Nacional a mui conhecida "Cartilha Maternal ou Arte de Leitura" por João de Deus

                    

Anúncio no “Jornal do Porto” em 1877

1887

1887

                      

Escola primária em Mafra, em 1905

                                            

Inauguração da “Escola-Monumento D. Luiz I” em 8 de Novembro de 1903

                                                                                          1907

                                                   

                                                                                         1909

                                            

Durante a 1ª República, e logo a partir de 1910, os governos republicanos fizeram importantes reformas no ensino, das quais se destacam:

- Criado o ensino infantil para crianças dos 4 aos 7 anos;
- O ensino primário obrigatório e gratuito para as crianças entre os 7 e os 10 anos;
- Criadas novas escolas do ensino primário e técnico (escolas agrícolas, comerciais e industriais);
- Fundadas "escolas normais" destinadas a formar professores primários;
- Criadas as Universidades de Lisboa e Porto (ficando o país com três universidades: Lisboa, Porto e Coimbra);
-
Concederam maior número de "bolsas de estudo" a alunos necessitados e passaram a existir escolas "móveis" para o ensino de adultos.

                                                                            "Collegio Nacional"         

      

                                                          Escola Primária de Gáfete no Alentejo em 1910

                                

                                                                   "A Cartilha Moderna" editada em 1910

                                                    

                           

“Escola nº 7 - Sexo Feminino - Ensino Gratuito”, na Rua das Praças em Lisboa

Escola na Rua das Praças

                                                                          "Escola Portugueza" em 1912

                                       

                                                                        "Escola Internacional" em 1913

                                                

A principal preocupação dos governos republicanos era alfabetizar, isto é, dar instrução primária ao maior número possível de portugueses. Mas, na prática, muitas das medidas tomadas não tiveram o resultado que se esperava, por falta de meios financeiros. Em 1920, mais de metade da população portuguesa continuava analfabeta cerca de 80 % …

O número de analfabetos era muito maior nas pequenas vilas e aldeias. Aí, o jornal, ou a correspondência pessoal, era lido em voz alta por algum letrado, enquanto os assistentes ouviam e comentavam.

A 18 de Abril de 1928, na véspera de completar 28 anos de idade, o engenheiro Duarte Pacheco, tomou posse como Ministro da Instrução Pública. Integrava a equipe governamental do coronel José Vicente de Freitas e manter-se-ia em funções até ao dia 10 de Novembro do mesmo ano.

                                       

«As actuais instalações da maioria das escolas particulares, obrigando as crianças a permanecerem em recintos acanhados durante horas consecutivas numa promiscuidade condenável e perigosa acumulação, não podem deixar de merecer ao Estado as devidas atenções, exercendo sobre elas uma fiscalização directa, no intuito de acompanhar o seu funcionamento (…) julga o Estado da maior conveniência a publicação imediata do presente decreto estabelecendo um mínimo de habilitação para o seu exercício». Decreto-lei de Outubro de 1928

Integrado no plano das comemorações do Duplo Centenário em 1940, e dada a urgência de iniciar os trabalhos, Duarte Pacheco teve a intenção de rapidamente iniciar a construção de 200 edifícios em todo o país a partir de 1935. Assim, cada Direção Regional, da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, estudaria a localização de 50 escolas. Como os novos projetos ainda não estavam prontos, foram construídos, conforme a região, os projetos tipo dos arquitectos Rogério de Azevedo e Raul Lino com as alterações exigidas pelo Plano, isto é, os edifícios com mais de 1 sala seriam geminados de forma a poderem garantir a separação total dos sexos. Alguns pormenores das fachadas também foram simplificados. Contudo lembro que, o arquitecto Adães Bermudes, entre 1895 e 1917 já tinha projectado centenas de escolas, tendo sido autor,por exemplo, da Escola do Magistério Primário e do Instituto Superior de Agronomia.

                                   Escola de Arrifana                                               Escola de Milhão perto de Bragança

   

Os projetos tipo Rogério de Azevedo e Raúl Lino fazem parte dos projectos tipo regionalizados, desenvolvidos pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, em 1935, e destinados a serem construídos em série de harmonia com as características da arquitetura regional, impostas não só pela aplicação dos materiais próprios dessas regiões, como também pelas variações do clima.

                                 Escola em Vila Viçosa                                                 Escola nº 3 de Vila do Conde

                                                                                     Cartaz de 1930

                                              

                                                                                           Lousa

                                                          

Escolas Primárias no Largodas Escolas em Belém

Nos anos do Estado Novo, como antes, os rapazes e raparigas frequentavam escolas diferentes, e não existiam turmas mistas. O horário escolar era das 9h00 às 17h00 e o único recreio era à hora do almoço. As carteiras eram de madeira com os bancos pegados. Os alunos mais pobres usavam sacos de serapilheira para transportar o material escolar e alguma merenda se tivessem posses. Na cantina da escola ao almoço só davam a sopa e o pão.

Escola de “A Voz do Operário” na Rua S. João da Mata em Lisboa

Na lápide por cima da porta pode-se ler …

“AO EGREGIO CIDADAO DE LISBOA
AO ESTRENUO DEFENSOR DAS REGALIAS MUNICIPAES
AO 1º PRESIDENTE DA EXTINCTA CAMARA MUNICIPAL DE BELEM
ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAUJO
HOMENAGEM DA CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA
PRIMEIRO CENTENARIO DO SEU NASCIMENTO
1810-1910”

Após Duarte Pacheco ter regressado em Novembro de 1928 à direcção do "Instituto Superior Técnico", a reforma do ensino operada desde o mudar o nome das escolas, à alteração de programas, de professores e direcções, o Ministério foi paulatinamente esboroando a estrutura republicana do ensino.

Deste modo a "Reforma do Ensino", operada por António Carneiro Pacheco em 1936, não alteraria apenas a designação do Ministério, para Ministério da Educação Nacional, como iria implantar uma nova arquitectura do ensino no país. O organismo de Estado que em 1913 dera origem à Instrução Pública transformava-se em 1936 no repositório da Educação Nacional.

Em 1930 é criada a Escola do Magistério Primário de Lisboa. Foi um estabelecimento especializado de formação de professores para o ensino primário (hoje 1.º ciclo do ensino básico) que funcionou na cidade de Lisboa, em Benfica. Foi criado por transformação da Escola Normal Primária de Lisboa, assumindo as funções de escola de referência nacional para aquele tipo de ensino. Foi extinta em 1979, transformando-se na actual Escola Superior de Educação de Lisboa, que absorveu as suas instalações e pessoal.

                                                                      Escola do Magistério Primário

Escola do Magistério Primário 

Acerca desta escola, sugiro a consulta do artigo neste blog no seguinte link: Escola do Magistério Primário

Nas escolas primárias primeira coisa que os alunos faziam, quando entravam na sala de aula, era cantar o hino nacional. Todas as salas de aula tinham obrigatoriamente na parede três símbolos alinhados: uma fotografia do Dr. Salazar, outra do Presidente General Carmona (símbolos de afirmação autoritária e nacionalista) e um crucifixo já que o ensino era revestido de uma orientação cristã, ao abrigo de uma Concordata entre o Estado Português e a Igreja Católica.

Sala da Escola Primária Adães Bermudes, em Alcobaça

«Antes da Aula»

Todos: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.
Professor: Jesus, divino Mestre,
Todos: iluminai a minha inteligência, dirigi a minha vontade, purificai o meu coração, para que eu seja sempre cristão fiel a Deus e cidadão útil à Pátria.
Todos: Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.
Excerto do "Livro de leitura da Primeira Classe"

                                                             Sala de aula numa escola primária em 1938

                                       

«Depois da Aula»

Professor: Graças Vos damos, Senhor,
Todos: por todos os benefícios que nos tendes concedido. Ámen.
Professor: Abençoai, Senhor,
Todos: a Vossa Igreja, a nossa Pátria, os nossos Governantes, as nossas famílias e todas as escolas de Portugal. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Ámen.
Excerto do "Livro de leitura da Primeira Classe"

Quanto a casamentos de professoras, o artigo 9º de decreto-lei 27-279 de 24-11-1936 «rezava» …

imagem gentilmente cedida por José Silva

Com o projecto do Ministro António Carneiro Pacheco, as primeiras letras bastariam para que a Nação aprendesse a lição de Oliveira Salazar.

Para comemorar o 10º aniversário da investidura do Dr. Oliveira Salazar como Ministro das Finanças, foi editada uma pequena colecção de cartazes intitulada "Escola Portuguesa" no ano de 1938. Estas gravuras foram desenhadas por Martins Barata eram colocadas nos estabelecimentos de ensino com se pode observar na foto anterior.

                                                                               "Escola Portuguesa"

                                 

 

 

 

Sala de aula na  "Tutoria da Infância"

As disciplinas ministradas nestas escolas primárias, eram a Matemática, História, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências e Religião e Moral. Os manuais escolares da primária, mantiveram-se iguais durante décadas. Na escola chegavam a cantar a tabuada e tinham que saber, entre outras coisas, o nome de todos os rios com seus afluentes, serras e linhas de caminhos-de-ferro portugueses de Portugal Continental e Ultramarino.. Quando se queria ir à casa-de-banho, pedia-se para “ir lá fora”.

"Escola Primária Oficial das Azenhas do Mar" (exterior e interior)

Sala de aula da Escola do Bairro de S. Miguel

A "Escola Primária Oficial das Azenhas do Mar" foi inaugurada pelo general Óscar Carmona em 24 de Junho de 1928, nas Azenhas do Mar perto da Praia das Maçãs no concelho de Sintra. A sua construção foi fruto da iniciativa conjunta de uma comissão de melhoramentos local e do Dr. Alfredo Magalhães, Ministro da Instrução Pública do governo presidido pelo coronel José Vicente de Freitas.

Os lápis de cor "Viarco" em 1936, ano em que é registada a marca

  

                                                                Mapas utilizados nas escolas primárias

                                             

                                                                        

                                                Material escolar comercializado na década de 40 do séc. XX  

                                       

                       Campanha de Alfabetização de adultos                          Panfleto do Estado Novo de 1945

  

                                                        Escola para adultos na Rua Actor Vale em Lisboa

                                     

                                                                   Colégio Sanches de Brito em 1940

                                     

                          Livro de Leituras para a 2ª Classe em 1941              Livro de Ciências para a 4ª Classe em 1941

 

              

                                                              Colégio de Santa Dorotea, feminino em 1941

                                         

                                                      

                                

                              "O Livro da Primeira Classe" editado pelo Ministério da Educação Nacional em 1950

                                                    

                                                                                  Páginas deste livro

                     

                     

Na província os alunos tinham que pedir a bênção ao professor e “beijar a mão” uma vez que também eles eram seus educadores. Em Lisboa tinham de dar os bons-dias em coro ao professor. Em algumas escolas davam óleo de fígado de bacalhau, que era um complemento alimentar.

Só os filhos das famílias com posses tinham oportunidade de estudar e muitos dos nossos idosos ou não chegou a aprender a ler na infância ou concluíram a instrução primária. Muitos só em adultos concluíram a quarta classe.

                                                                     Capa e contra-capa da Tabuada

 

Anúncio de 1872

1872 Taboada

                                                                             Caderno de Significados

                                                          

                                       

Era usual, como na minha escola, o uso da palmatória cujo número de reguadas era proporcional à gravidade da falta de saber ou castigo. Outros castigos eram aplicados como de pé virado para a parede, de joelhos debaixo da secretária da professora, etc … Na minha escola ao aparecer alguma visita na sala de aula, ou inspector do Ministério da Educação os alunos levantavam-se e faziam a saudação da "Mocidade Portuguesa". Apenas menciono este facto como pormenor, não sei se noutras escolas isso sucederia.

                                                                             "Cena de Escola" de 1960

                                            

              Minha sala de aula da Primária em 1965 no já desaparecido "Externato Infante D. Henrique" em Alvalade

                                        

No período do Estado Novo, concluída a instrução primária com um exame da quarta classe obrigatório na sede do concelho, apenas os filhos das famílias mais favorecidas seguiam estudos para o Liceu. O Liceu era encarado como a preparação para o ensino Universitário.

                                            

                                                  Outros livros escolares utilizados durante o Estado Novo

  

      

Para os filhos das famílias de classe média, a opção passava pelos cursos técnico-profissionais na Escola Industrial e Comercial. Exemplos são a Escola Comercial de Patrício Prazeres e a Escola Industrial Afonso Domingues. Às famílias economicamente mais desfavorecidas, a única alternativa que restava, aos pais quanto ao futuro dos filhos, era limitada à aprendizagem de uma arte ou ofício na freguesia ou áreas próximas.

«FINIS, LAUS DEO.»

Fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional Digital, Ministério da Educação e Ciência

216 comentários:

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Anónimo disse...

Boa tarde. Só para referir que a escola mencionada como de "Milhões" é a Escola de Milhão que fica a 19Km da Sede de Concelho. Info da Freguesia em http://www.cm-braganca.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=5093
Cumprimentos e continue com o bom trabalho do Blogue.
Fernando Rodrigues

José Leite disse...

Caro Fernando Rodrigues

Grato pela correcção, pois do site do Ministério da Educação e Ciência, de onde a retirei, estava referido Milhões na respectiva legenda...

Cumprimentos

José Leite

Maria Conceição Toscano disse...

Caro José Leite,

Queria, primeiro que tudo, dar-lhe os parabéns pelo seu blogue. Considerei a informação, não somente interessante e útil, mas igualmente merecedora de um elogio por tratar-se de uma divulgação do nosso património documental, histórico e cultural. Acrescento que tomei a liberdade de o colocar na lista de blogues no meu blogue Os sentidos do património.

Conceição Toscano

José Leite disse...

D. Conceição Toscano

Queria agradecer não só o seu comentário como as amáveis palavras que teve em relação a este blogue.

Muito agradeco que tenha colocado este blogue na sua lista do seu blogue que vou visitá-lo de seguida.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Notável este blogue, que vou ver demoradamente e interesse!!...
Os melhores respeitos
JoséFins

José Leite disse...

Caro José Fins

Agradeço as suas simpáticas palavras.

Cumprimentos

José Leite

Gonçalo Maggessi disse...

Boa noite Caro José Leite,

Dei de caras com esta sua publicação e como a minha família paterna é de Gáfete, gostaria de saber qual a fonte onde pesquisou a fotografia da escola, caso possa partilhar claro!

Os meus cumprimentos e deixe-me felicitá-lo pelo excelente trabalho que faz aqui no blogue.

Os meus cumprimentos
Gonçalo Maggessi

José Leite disse...

Caro Gonçalo Maggessi

Fico agradecido pelo seu amável comentário acerca do blogue.

Acerca da fonte siga o seguinte link: http://cartes-postales.delcampe.net/items?language=F&searchString=Escola&catLists%5B%5D=18219&searchOptionForm%5BsearchMode%5D=extended&searchOptionForm%5BtermsToExclude%5D=&searchOptionForm%5BsearchTldCountry%5D=net&searchOptionForm%5BsearchInDescription%5D=N&searchOptionForm%5BsearchTranslate%5D=N

e uma dos postais que aparece é esse mesmo.

Os meus cumprimentos

José Leite

João Celorico disse...

Caro José Leite

Julgo não serem necessários mais encómios acerca deste blogue que continua a oferecer-nos tantas, apesar de tudo, boas memórias. Bem haja!
Desta vez, apesar de reconhecer a veracidade da grande maioria dos factos aqui mencionados, creio que tal como hoje, há quem queira ser “mais papista que o papa” e faça crer que a escola era um verdadeiro inferno. Acontece que eu, entre 1947 e 1951 frequentei uma Escola Primária a cerca de 20 quilómetros de Lisboa e outra em Lisboa (Escola nº 8) e nunca cantei o hino nacional. Em Lisboa, apenas por uma vez nos juntaram numa sala para cantarmos qualquer coisa como “A oeste da Europa...”. Sempre nos levantávamos quando alguém entrava na sala de aula e não era necessário ser o director ou similar, mas nunca ninguém disse “bom dia, sr. ou srª....” a não ser em resposta a quem entrava e também nunca ninguém fez a saudação tipo da MP. Todos sabemos, porém, que alguns directores, seja do que for, gostam de ir além do que muitas vezes lhes é estipulado. Mas, isso é outra história.
Também, no meu tempo, nunca vi essa “palmatória”. A régua fazia o mesmo efeito mas, mesmo assim, nunca foi nada do “outro mundo”... Estranho essa imagem, já dos anos 60!
Quanto aos castigos que refere, apenas ouvia falar aos meus antepassados.
Outro facto estranho é o Diploma. Sei que antes de mim, esse era o rosto do Diploma, porém, eu com a 4ª classe tirada em Lisboa, na Escola Primária nº2, tenho um Diploma muito menos elaborado e completamente diferente. Admira-me pois que esse formato ainda persista depois de 1950!
Por último (e também já vai longo o comentário), talvez seja interessante transcrever a lápide por cima da porta da Escola Primária nº19, sita na rua Nova do Calhariz e fundada em 1878. A tabuleta da foto, como é natural, já lá não está.
Transcrevo aqui a lápide, chamando a atenção para o léxico e o fervor republicano da altura.
“AO EGREGIO CIDADAO DE LISBOA
AO ESTRENUO DEFENSOR DAS REGALIAS MUNICIPAES
AO 1º PRESIDENTE DA EXTINCTA CAMARA MUNICIPAL DE BELEM
ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAUJO
HOMENAGEM DA CAMARA MUNICIPAL DE LISBOA
PRIMEIRO CENTENARIO DO SEU NASCIMENTO
1810-1910”

Cumprimentos,
João Celorico

José Leite disse...

Caro João Celorico

Como sempre amável.

Quanto aos castigos que refiro ninguem mos contou, mas eu sofri-os na pele (das mãos) e já a meio dos anos 60.

Quanto à saudação da Mocidade Portuguesa tambem era o que se usava na minha escola. Mencionei apenas por pormenor nada mais. Era o que se usava na minha escola e nada mais a comentar politicamente como é meu costume.

Nada disso me fez mal algum ou me traumatizou, possívelmente como aos meus colegas e julgo que até nos fez bem.

Quanto ao Diploma eu tenho um igual pelo que ...

Quanto ao poster de 1960 ele foi retirado da Biblioteca Nacional Digital e está datado de 1960 ... se está correcta a data não sei.

Vou transcrever a lápide que por lapso não a mencionei.

Grato pelo seu comentário

Cumprimentos

José Leite

Moraes Soares disse...

Só hoje me chegou esta peça histórica e giríssima. Também andei no externato Infante D. Henrique na Av. de Roma. Saí em 1959. A professora é a mesma, a D. Isabel. Abraço e Bem Haja.
António Moraes Soares

José Leite disse...

Caro Moraes Soares

Exactamente. Na foto a D. Isabel, professora e proprietária,a quem chamávamos de sra. directora, juntamente com sua mãe D. América.

Grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

J. Leite

Luís de Abreu disse...

Pois meu caro, também levei com as duas - a menina dos cinco olhos e a régua, entre os anos 50 e 1960. Onde? Na escola primária do Areeiro e na escola primária do Bº de S. Miguel. Doía à brava...mas depois usávamos creme, creio que já era Nivea ou Alantoine da Benamor. Quanto à saudação (cópia da nazi) tive de a fazer na "bufa" (mocidade portuguesa)e numa das escolas primárias...não me lembro qual. Abraço ao autor pelo blogue. Luís de Abreu

José Leite disse...

Caro Luís Abreu

Grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

Alopes disse...

De Viseu, Escola de Aplicação (194-1948).

É bom recordar. Adorávamos nosso Professor. Quando entrava na sala, já todos (30 miúdos) estávamos sentados em nossos lugares. Levantávamo-nos e saudávamo-lo: -Bom dia, senhor Professor!
- Bom dia, meninos!
De bata branca, presidia a oração.
- Jesus, Divino Mestre,iluminai a minha inteligência, fortalecei a minha vontade...para que seja um cidadão útil à Pátria e temente a Deus! (texto de memória, ...e fora dos objectivos do ensino actual).
- Sentai-vos meninos!
Começava o dia. Menina de 5 olhos não havia. Recordo o caso de um dos estagiários que tínhamos ter sido afastado por canada na mão de aluno, a meu lado.
A saudação romana de braço estendido e mão aberta a simbolizar que a mão direita estava desarmada, em sinal de paz e respeito(que alguns dizem facista)só era feita à Bandeira Nacional, que nos ensinavam a respeitar. Todos sentíamos que nosso Professor nos estimava igualmente. Só mais tarde, no secundário, ouvi a palavra "graixista"!

Blogue excelente! Gostei de o encontrar!

José Leite disse...

Caro ALopes

Grato pelas suas recordações que partilhou, e pelas suas amáveis palavras em relação ao blog

Os meus cumprimentos

J.Leite

Manuel Oliveira disse...

Quero aqui deixar um comentário ao Sr. João Celorico.
O caro Celorico não deve ter andado em alguma escola do estado mas, sim em algum internato, dado que eu andei na escola primária de 1952 a 1956 e, muitas vezes sentá a palmatória, cantei o Hino Nacional, me levantei quando qualquer pessoa estranha entrava na sala e fui obrigado a fazer parte da Mocidade Portuguesa fazendo a saudação nazi.

J.Paiva Setúbal disse...

Bom, de acordo com o acordo ortográfico da altura... "ele há coisas... e coisas !", e há "coisas" que não se comparam com outras "coisas" !
Para localização fiz a Instrução Primária entre 1946 e 1950 e depois o Liceu até 1957.
As escolas foram o externato Luso-Brasileiro, já desaparecido, na Graça,ao lado da Mimosa (para quem se lembre) onde fiz a 1ªclasse e depois o resto no Centro Escolar Republicano Fernão Botto Machado, à beira da Feira da Ladra, agarradinho ao Hospital da Marinha. E depois foi o Gil Vicente... De tudo isto guardo grandes e boas memórias, sem manifestações nazis de qualquer especie e sem as orações iniciais das aulas como são referidas em alguns comentários, embora saiba que em alguns lugares isso aconteceu. Mesmo no tempo do Gil Vicente (o Reitor era Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa) não tive qualquer obrigatoriedade, mesmo, de saudações ou rezas obrigatórias. Fi-las de livre vontade e não me fizeram qualquer mal, ou talvez pelo contrário, me tenham permitido mais tarde, ao acordar para outras realidades, criticar com melhor conhecimento de causa o que se passava e como se passava. Reguadas levei, da D. Suzana(no BottoMachado), pontuadas levei do Calado Lopes (prof. de desenho no Gil), aos acampamentos da MP fui e eram uma festa, à Legião nunca fui, nem vi ninguém ser obrigado a ir, e o "S" do cinto que se dizia significar Salazar, e se calhar era, para mim e para a "gajada" que comigo partilhou este tempo tinha, realmente, o significado de "Servir". Foi esse o nosso entendimento e sempre nos borrifámos para significados, outros, que quisessem impor. O computo final desta salada, com os restantes condimentos da vida, deixam-me bem comigo mesmo, e isso é fundamental. Creio que não tenho o prazer de conhecer qualquer dos participantes nestes "Restos de Colecção",mas até por isso estou mais à vontade para enviar um abraço de agradecimento a todos pelo contributo cultural e patrimonial inestimável que aqui tem ficado.
J.PaivaSetúbal

José Leite disse...

Caro J. Paiva Setúbal

Muito grato pelo comentário e informações que adiciona.

O editor deste blog "Restos de Colecção" sou eu, e que agradeço desde já as suas amáveis palavras

Os meus cumprimentos

José Leite

José Leite disse...

Caro Pedro Soares

Grato pelas suas amáveis palavras e pelas informações adicionais.

Os meus cumprimentos

J.Leite

Anónimo disse...

Eu fiz a minha escola primária em Viseu e em Lourenço Marques, no início dos anos 60, que corresponderam ao início da guerra colonial. Lembro-me muito bem de em Viseu, na escola primária do Magistério Primário, terem passado às crianças, um filme com as atrocidades cometidas pelos "turras" em Angola e que acabava com um discurso do Salazar. Tive pesadelos durante vários meses, até porque de seguida fui para Moçambique...! Em Viseu nunca cantei nada de hinos.Fiz a 4ª classe em LM, também na escola do Magistério Primário e, aí sim, antes de entrarmos para a sala de aula, formávamos no pátio, por turmas, e antes de entrarmos na sala de aulas cantávamos todos os dias o hino nacional(não nos fez mal nenhum aprendê-lo), o hino da mocidade e o hino da escola. Depois íamos, ordeiramente, para a sala de aula onde rezávamos o pai nosso. E, sim, sempre que entrava um adulto na sala de aula, as alunas levantavam-se, em sinal de respeito, isto nas 2 escolas. Cultivava-se o respeito pelos mais velhos. Creio que após o 25 de Abril se caiu no extremo oposto que, após 40 anos, ainda não foi corrigido. Os resultados não têm sido brilhantes...
Graça Coelho

José Leite disse...

D. Graça Coelho

Grato pelo seu elucidativo comentário, com passagens que concordo plenamente.

Os meus cumprimentos

J. Leite

Manuel Neto disse...

Quero manifestar-lhe a minha admiração pelo excelente trabalho que aqui nos apresentou.Quero também confirmar que na minha escola primária na frequência de 1952/1955 da 1ª à 4ª classe( uma das muitas no concelho de Loures)que também conheci a menina dos cinco olhos assim como a régua, e as "orelhas de burro"! para os mais atrasados na compreensão das lições?. Eu sou desse tempo e por esse facto deixo o testemunho de concordância com tudo que nos apresentou, obrigado. Manuel Neto

José Leite disse...

Caro Manuel Neto

Muito grato pelo seu comentário e testemunho

Os meus cumprimentos

José Leite

Rosalinda Andrade disse...

Achei muito interessante o trabalho realizado e nele recordei alguns dos livros por mim utilizados de 1954-58 e de que ainda conservo dois ou três Livros de Leitura.Frequentei a Escola Primária do Rossio de Sta Clara, em Coimbra e ainda hoje recordo a nossa professora(sala feminina)D.MªRosário Gonçalves, muito interessada com as suas alunas,mas não utilizando réguas nem palmatórias, apenas uma cana da Índia com que indicava no quadro e que raramente descaía no ombro de alguma aluna desatenta.Na sala havia uma fotografia de Salazar e um crucifixo mas nunca rezámos ou fizemos o que quer que fosse relacionado com a Mocidade Portuguesa. Posteriormente, no Liceu feminino Infanta D. Maria,existia um gabinete pertencente a actividades deste último organismo,que eu nunca frequentei pois eram absolutamente facultativas.Tanto na Escola como no Liceu, havia o educado hábito de as alunas se levantarem quando entrava a professora ou qualquer outra pessoa na sala, gesto que infelizmente se perdeu,quando, alguns anos mais tarde,as regras de respeito e boa educação foram esquecidas.Nos meus primeiros anos de ensino(1970-74)ainda consegui incutir algumas dessas boas regras, daí para a frente, tornou-se praticamente impossível.
Obrigada pelo seu trabalho.
Rosalinda Andrade

José Leite disse...

D. Rosalina Andrade

Eu é que agradeço o seu precioso comentário.

Os meus cumprimenyos

José leite

Teresa Frazão disse...

O seu blog presta um serviço inestimável! Parabéns por esta bela iniciativa!
Cumprimentos
Teresa Frazão

José Leite disse...

D. Teresa Frazão

Grato pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

António da Cunha Duarte Justo disse...

Fantástico, o vosso blog.
Muito oportuno num tempo em que a memória histórica é recalcada!
Um abraço

José Leite disse...

Caro António Duarte

Muito agradeço as suas amáveis palavras

Os meus cumprimentos

José Leite

Aires Montenegro disse...

Muito material, e interessante, para a compreensão deste país. Isto precisava de um estudo muito a sério... mas eu já não tenho tempo nem bagagem, mas deve haver quem tenha. E deve haver muito mais material...

José Leite disse...

Caro Aires Montenegro

Grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

antonio disse...

Um amigo enviou-me este interessante blog sobre o ensino.
Sugiro visionamento dum post sobre a "menina dos cinco olhos" emhttp://magisterio6971.blogs.sapo.pt/92395.html

(antonio)

José Leite disse...

Caro António

Grato pela informação

Os meus cumprimentos

J.Leite

Unknown disse...

Caro José Leite. Grato pelo seu blogue que está muito bem feito.
O meu nome é João Costa e fiz a instrução primária na escola da G.N.R. às Janelas Verdes em Lisboa. Era uma escola muito bonita com uma vista maravilhosa sobre o Tejo. Não sei como fui lá parar, visto que o meu pai era trabalhador na companhia Carris.
As professoras eram a Dª Emília e a Dª Branca. Só havia aulas na parte da manhã, pois à tarde o ensino era feminino.
Apanhei reguadas de uma régua absolutamente normal, fui para o canto de castigo quando me portava mal, aprendi os cursos dos rios, os nomes das serras, as linhas de caminho de ferro, as divisões geográficas de todo o Portugal, a tabuada a " cantar", a história de Portugal, com a actividade de todos os reis, as datas mais importantes, etc., etc., e acredite que tudo isso me fez bem, que aprendi de verdade.
A meio da manhã havia um intervalo, onde num refeitório nos era oferecida uma sopa. Que bem que sabia.
Claro que os anos passam, a civilização avança? e tudo tem que ser adaptado. No entanto, na minha opinião, passou-se do 8 para o 80, e aqui os pais têm uma parte importante de culpa. Um bom ralhete na altura própria, um tabefe aplicado com conta, peso e medida, nunca fizeram mal a ninguém. Foi esta falta de princípios e moral, que levou a que nos dias de hoje os governantes que temos, vão de um chico esperto e excelente vendedor( Sócrates) a um analfabeto ( Relvas) e a uma série infindável de Alcapones - Isaltino, Valentim Loureiro, Dias Loureiro, Fátima Felgueiras, Duarte Lima, Armando Vara, Ferreira do Amaral e infelizmente tantos outros.
Os meus melhores cumprimentos e continue com o seu excelente trabalho
João Costa

José Leite disse...

Caro João Costa

Muito agradecido pelo seu pertinente comentário.

Igualmente grato pelas suas amáveis palavras em relação ao blog

Os meus cumprimentos

José Leite

MGomes disse...

Excelente publicação sobre a história do Ensino em Portugal!

Abraço!

Ramiro Ferreira disse...

Ramiro Ferreira.
Viseu


Caro José Leite

Os meus parabéns pelo seu fantástico Blog

Recordei com muitas saudades e alguma nostalgia, todas as fotografias, desde os livros da primária, passando pelos quadros das escolas e até o diploma da quarta classe, exactamente igual ao que me foi entregue em 1958

Penso não se ter referido ao facto de, pelo menos nos anos 50, o ensino primário não ser obrigatório para rapazes e raparigas, exactamente da mesma maneira: para rapazes era até à quarta classe, mas para as raparigas, era simplesmente até à terceira. No ano (1957) em que fiz a terceira classe, na escola primária da minha aldeia, Atadoa, freguesia de Condeixa-a-Velha, concelho de Condeixa-a-Nova, eu era o único rapaz na terceira, mais 5 raparigas, (a D... a I... a A... a M... e a A...). Somente eu, no ano seguinte, frequentei a quarta classe. As raparigas ficaram apenas com a terceira.
Algumas, uns bons anos mais tarde, na educação de adultos, fizeram a quarta classe, habilitação necessária para tirar a carta de condução.

Os exames não eram feitos na escola da aldeia. O da terceira, na escola da freguesia (Condeixa-a-Velha) e o da quarta, numa das escolas da sede do concelho (Condeixa-a-Nova).

Quanto à disciplina, essa, nada tinha a ver com a que infelizmente hoje se verifica em todos os estabelecimentos de ensino, desde a assiduidade, a pontualidade, o silêncio na sala de aula e ao respeito por todos. Não me lembro das orações, mas rezava-se, também não me lembro, de fazermos qualquer saudação, lembro-me sim, de respeitarmos a professora, de lhe darmos os bons dias de pé, de nos despedirmos com um, até amanhã senhora professora e de nos levantarmos quando alguém entrava na sala.

A escola era mista, mas na sala, as meninas ficavam à direita e os rapazes à esquerda, Como em todas as escolas, a minha, não podia deixar de ter, uma fotografia de Salazar e outra do General Craveiro Lopes, além do respectivo crucifixo.

Para impor o respeito, havia a palmatória, a régua e uma cana da Índia que ás vezes falhava a cabeça e acertava em cheio nas orelhas. Felizmente não fui grande cliente desses três objectos. Penso que apenas uma vez senti o vibrar da cana na minha cabeça. A professora, Dª. Lúcia, explicou detalhadamente o que era uma linha recta. Eu, que tinha estado na galhofa, não tinha prestado grande atenção à definição. Nisto a professora chama-me ao quadro onde ela própria tinha feito uma e pergunta-me: Ramiro, explica-me o que é uma linha recta. Olhando para a dita, só me ocorreu uma resposta: bem..., uma linha recta é... um risco... e,.. zás... luzes por todo o lado...! Foi a cana que se deslocou, com a velocidade de um relâmpago, até à minha cabeça!... Mas, remédio santo, nunca mais me esqueci da definição!...

A palmatória poucas vezes era utilizada. A mais popular era a régua e aquilo era uma desgraça... pois, por cada erro a mais de 4, no ditado, era uma réguada e havia quem desse 20 ... era só fazer as contas... 16 réguadas!

Pois era assim o ensino no meu tempo: muita dificuldade para chegar às escolas, muito frio, alguma fome, não havia meios de transporte adequados, não havia cantinas, não havia aquecimento e, pasme-se, não havia calçado. Na minha escola, somente dois ou três alunos apareciam calçados; os restantes, cerca de vinte e cinco, andavam sempre descalços ou, de inverno, com uns chinelos de madeira, cujo nome de momento não me lembro. Muitos desses alunos, passavam todo o ano com ferimentos nos pés, provocados pelas pancadas nas pedras, mas mesmo assim havia grandes jogos de futebol no intervalo das aulas. Os guardas redes, já estavam escolhidos...eram sempre os que tinham sapatos ou botas....

Vou apreciar melhor o seu excelente blog e talvez contar mais algumas coisas sobre este assunto..

Cumprimentos


Ramiro Ferreira
















José Leite disse...

Caro Ramiro Ferreira

Grato pelo seu testemunho e pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

António Sequeira disse...

Caro José Leite, aceite os meus parabéns pelo seu fantástico espaço e espólio documental.

Quanto à escola primária, frequentei-a entre 68/69 e 71/72. Uma normal escola de Aldeia, como muitas outras, com duas salas, com rapazes numa e raparigas noutra.
Nunca rezamos nem nunca cantamos o hino. Saudações, nunca. Havia o habitual castigo da reguada para os que faziam asneiras mas, dependendo da professora, nem isso. Das que apanhei, por asneiras grossas, merecia-as todas e só me fizeram bem.
Havia tempos para a escola e para a brincadeira mas obviamente ambos não se misturavam.
Para além da matéria que se aprendia com rigor, a um nível que, vendo pelos meus filhos, não se consegue hoje no 9º ano, fazíamos ainda, por escala, trabalhos de limpeza das salas, casas de banho e espaços do recreio e jardim. Até havia tempo para trabalhar em casa ajudando os pais em trabalhos perfeitamente adequados à idade. Não surpreende pois que nesses tempos uma criança de 10 anos tivesse mais maturidade do que hoje um adolescente com 16 anos, de um modo geral preguiçoso, inadaptado e um candidato a viver à custa dos pais indefenidamente.
A disciplina, o respeito para com os professores, os colegas e os mais velhos, eram assuntos sérios.
Obviamente, que sempre houve exageros por parte dos professores em determinadas escolas mas certamente pela sua índole e rigor próprios mas não me parece que fosse um imposição do regime. Nunca o senti.
Hoje em dia, como alguém já disse, a troco de supostas liberdades e garantias, não garantimos coisa nenhuma e passamos para o exagero do oposto em que a classe de professores anda na rua da amargura, desprestigiada, desrespeitada e até abusada, em que uma qualquer criançola se permite à agressão e ao insulto, muitas vezes a coberto dos pais e do sistema. Nem vale a pena continuar a pintar o quadro que é de todos conhecido e entre os exageros de uma época e de outra sinceramente não vejo que vantagens sobraram do novo tempo: À disciplina e rigor dos velhos tempos, temos agora a indisciplina, o laxismo, a falta de respeito, a libertinagem, o desaproveitamento.
Ás portas de 40 anos de novo regime, chegamos a este ponto de um país miserável onde temos escola obrigatória até às portas da idade adulta, com as faculdades a debitarem gente mal formada, que não enriquece o país com os seus conhecimentos mas antes engrossa um caudal de gente desempregada, sem futuro, vivendo à custa de quem aprendeu, cresceu e se fez homem e mulher no velho regime.
Passamos do 8 para o 80 e nunca quisemos aceitar como medida o 30 ou 0 40. Por isso, cada um tem o país que merece.

José Leite disse...

Caro António Sequeira

Muito grato não só pelas suas amáveis palavras em relação ao blog, como pela informação, e opinião, que adicionou.

Os meus cumprimentos

José Leite

Maria da Cruz disse...

Palavras para quê... só digo que sou seguidora do seu blogue há tempos e só quero dar os meus sinceros parabéns pela sua lembrança...de nos fazer recuar no tempo, recordar outras maneiras de viver, enfim... adquirirmos mais cultura, pelo menos, no que me diz respeito.
Fui professora do ensino Primário e através destas imagens consegui reviver toda a minha vida de professora...
Continuarei a seguir o seu blogue e também a sua página no face book...
Mais uma vez os meus parabéns.

José Leite disse...

D. Maria da Cruz

Muito grato pelas suas elogiosas e simpáticas palavras em relação ao meu blog.

Espero que continue leitora assídua, sinal que as suas generosas palavras foram acertivas.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Fiquei muito satisfeita por ver referenciado o Colégio de Santa Doroteia que frequentei nos anos 60 e do qual conservo gratas recordações.
Cumprimentos.

barbedo disse...

Obrigado por disponibilizar imagens de grande interesse histórico. Será que me autoriza a utilizar algumas num e-book de Introdução à Engª Mecânica que estou a fazer com colegas da FEUP, num capítulo de minha autoria sobre «A evolução dos modelos educativos e os desafios da atualidade». Se sim, como devo mencionar a fonte onde encontrei estas fotos?

Muito grato

António Barbedo de Magalhães

José Leite disse...

Caro António Barbedo

Pode utilizar o que quiser.

Como fonte mencione o meu blog que será mais fácil, já que nele estão referidas as fontes

Os meus cumprimentos

José Leite

Luis disse...

Caro Amigo José Leite,
Este seu artigo sobre o ensino em Portugal foi apresentado com bastante rigor e verdade. Por isso a maioria dos comentários a isso se referem sendo que alguns deles até o complementaram com as suas próprias vivências. Verdade seja dita o ensino actual peca em grande parte por laxismo e falta de civismo! Como disseram alguns dos comentaristas antes seria 8 e agora 80 nas liberdades que são permitidas. Nalguns casos será até libertinagem o que se vive nas escolas. Para ressaltar estas ideias há a anedota que se conta - Antigamente quando um aluno chegava a casa com más notas os pais zangavam-se com os filhos e chamavam a sua atenção para as melhorarem, hoje não só isto não acontece como ainda os pais vão à escola discutir com o professor por ter dado essas más notas. Ao que se chegou... Falta de civismo, de respeito pelos mais velhos, incultura que em nada abona a sociedade actual. O castigo desde que seja dado com justiça e parcimónia até é educativo devendo começar na Família. Vou colocar o seu blogue na lista do meu pela qualidade e justeza com que o realiza.
Cumprimentos.

José Leite disse...

Caro Luis

Muito agradecido pelo seu pertinente comentário, e pelas suas palavras em relação ao meu trabalho.

Os meus cumprimentos

José Leite

josé luís disse...

parabéns pelo seu blog. numa colecção assim, os restos são sempre infinitos.

José Leite disse...

Caro José Luis

Grato pelas suas palavras e comentário.

Quanto aos «restos», apenas segui o que a minha mãe me ensinou:
«nem os restos e deitam fora, deve-se aproveitar tudo» ... -:)

Os meus cumprimentos

José Leite

Isabel Neto disse...

Parabéns pelo trabalho desenvolvido e referencias exactas.
Lamentavelmente muito do que era positivo se perdeu, tendo assim o ensino actual perdido bastante. Toda a gente que acompanha esta área sabe ao que me refiro, portanto não serei exaustiva. Também é estranho que de há uns anos a esta parte,os programas estejam sempre a mudar; concordo que temos de acompanhar novas evidencias, mas é tudo tao rápido. Nem se dá tempo a saber os resultados anteriores. Mais uma vez os melhores votos de boa continuação do Blogue,
Isabel Neto

José Leite disse...

D. Isabel Neto

Muito grato pelo seu comentário, concordando plenamente com o que escreveu.

Os meus cumprimentos

José Leite

Augusto Andrade disse...

Caro José Leite,
Só agora tive contacto com o seu "Blog". Acho a recolha muito interessante. Parabéns por isso!
Aproveito o seu estudo para desdramatizar a questão do Acordo Ortográfico. Como se pode ver a língua é um elemento muito evolutivo, pelo que acho melodramáticas as críticas que alguns "intelectuais" têm feito ao AO.
Embora com 64 anos, nascido numa vilória do interior, nunca tive o luxo de fazer parte da Mocidade Portuguesa, nem tive a oportunidade de fazer a tão apregoada fonte de todos males "saudação romana"...
Lembram-me desses tempos difíceis outro tipo de agruras, nomeadamente a falta de condições das escolas (aquecimento, iluminação, limpeza...) e ainda a brutalidade que os professores, nomeadamente os professores masculinos, exerciam selvática e impunemente, sobre os alunos, principalmente os de menores recursos e capacidade, atingindo expressões que hoje seriam creditados como autênticas agressões do foro criminal...
Desculpe este meu desabafo. Com isto não quero, nem de longe nem de perto, criar qualquer labéu sobre os professores, profissionais que considero exercem uma muito importante função social,cujo alcance será tanto mais eficaz quanto mais souberem e puderem exercer as suas atividades com apoio do poder e da sociedade em geral.
Parabéns mais uma vez!
Augusto Andrade

José Leite disse...

Caro Augusto Andrade

Muito grato pelo seu comentário e pelas suas palavras amáveis em relação a este blog

Os meus cumprimentos

José Leite

Zé Rainho disse...

Um trabalho de memória excepcional.
Adorei e, por isso, cumprimento com muita admiração o autor.

José Leite disse...

Caro José Caldeira

Muito agradeço as suas simpáticas palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

Rosa Maria Oliveira disse...

Muito bom este trabalho de pesquisa, relembrando documentos importantes de um passado que ainda está na nossa memória. Relativamente à arquitetura dos livros, tenho de dizer que é de grande harmonia e estética, comparando com muitas das publicações actuais que obedecem a um tipo de marketing agressivo, sem beleza e sem arte. Parabéns pelo seu precioso trabalho. Abraço

José Leite disse...

D. Rosa Maria

Muito grato pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José leite

Anónimo disse...

Os meus parabéns pelo Blogue.
Iniciei a minha Escola em 1968, em S. Mamede - Lisboa. Erguia-mo-nos em sinal de respeito quando alguém entrava na sala de aulas, havia a régua, havia o ponteiro (vara de cana), a foto do Sr. Salazar, o Crucifixo, o Hino, a saudação que muitos apelidam de nazi mas, que na realidade tinha outro significado e já aqui o foi dito, aprendíamos valores de conduta para com a sociedade, lembro-me e muito bem, das visitas médicas sendo para mim, caso especial, a de oftalmologia que diagnosticou-me com 6 anos um problema visual.
Recordo-me por exemplo de nos ensinarem a circular na rua, a dar-mos a vez aos mais idosos e a respeitá-los. Os pilares, Deus, Pátria e Família, eram na realidade uma mais valia que em comparação com os dias de hoje...
Sabe, caro autor deste blogue, vou guardar esta página nos meus favoritos. A minha intenção é mostrar à minha filha de 11 anos a minha história no ensino primário.
Já agora, nas reguadas, não usávamos cremes, abraçávamos com as mãos os ferros das secretárias para arrefecer-mos a pele.
O diploma da 4ª classe é idêntico e guardo-o ainda.
Abraço.

José Leite disse...

Caro Anónimo

Grato pelo seu comentário e testemunho

Um abraço

José Leite

Santiago Alves disse...

Devo cumprimentar o autor por este blog que me levou ao passado.
Em forma de comentário aos comentários , devo acrescentar, na altura estava muito ao critério do professor, pois ele era rei e senhor, na escola, como o deveria ser agora, uma vez, que os pais não tem tempo para educar os filhos
Eu também sofri nas mão a régua, e nunca vi a famosa palmatória. Acrescento também, que não me matou e, foram poucas as que caíram no chão
Santiago

José Leite disse...

Caro Santiago Alves

Grato pelo seu comentário.

Também não morri, nem fiquei traumatizado por isso.

Os meus cumprimentos

José Leite

Tiago Lage disse...

Olá!
O pior para mim na escola era as professoras regentes que tive não saberem ensinar. Decorávamos pura e simplesmente. E quando a memória falhava ou o medo de errar me traía lá vinham as reguadas. Se me fosse dado escolher nem ia à Escola.
Nunca cheirei a Mocidade Portuguesa na minha Escola Priméria.
No estudo liceal vesti a farda da Mocidade... Quem é que não gostava de andar com uma farda? Mas nunca me meteram na cabeça nada do que para aí se apregoa. Fazíamos era competições de desporto.
No Secundário nada quis saber de Legião.
A História tem que ser vista à luz do seu tempo.
É preciso ter coragem e rigor para se publicar um conjunto de documentos sobre o ensino de outrora.
Parabéns!
Jorge Lage

José Leite disse...

Caro Jorge Laje

Muita grato pelo seu comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

www.transformice.com disse...

Ola,

Este blog esta fantástico, parabéns!

T.

Anónimo disse...

Olá caro José Leite,

O blog está fantástico, fala-nos de coisas antigas, muito giro mesmo.

R.

Anónimo disse...

Andei na Escola do Conde de Ferreira (de que há muitas iguais ainda de pé por esse país fora), em Vila Real, nos anos 50. Era conhecida por Escola do Trem e foi demolida para se abrir a chamada Avenida Marginal. Tive um professor péssimo que, além de completamente impróprio para ensinar, era um brutamontes que nos insultava e espancava praticamente todos os dias. Já no fim da carreira, nos anos 60, chegou a ser suspenso por quinze dias por agressão grave a um aluno, mas toda a vida fez o mesmo. Hoje iria parar à cadeia. Nem lhe digo o nome, só desejo que arda no inferno. Batia-nos principalmente com uma régua grossa (cerca de 1 cm), a que chamava cinicamente a nossa "sogra". "Vai buscar a tua sogra!" - dizia-nos o bruto, que nem se mexia para ir buscar a régua com que nos batia. Um dia vi-o dar 18 reguadas num colega meu, puxadas com toda a força. Outro, na carteira atrás da minha, levou pancada até vomitar em cima da lousa. A besta usava também uma cana da Índia e uma vara grossa de marmeleiro para nos varejar as orelhas, as costas, as mãos, a cabeça, o que calhasse. Eu e um colega meu, o Tomané, tivemos a subida honra de lhe roubarmos a régua (a nossa "sogra") e de a partirmos e fazermos desaparecer. Na sala de aula tínhamos um crucifixo na parede e, dos lados, os retratos de Carmona e Salazar. Carmona morreu em 1951, mas o retrato continuou na parede até o edifício ir abaixo. As únicas coisas boas que recordo do meu ensino primário são os momentos do recreio ao ar livre, longe do brutamontes. Não quis deixar de dar o meu testemunho para o seu blogue, que acho muito bom. Nem todos têm boas recordações da escola...
José Barreto
Lisboa

José Leite disse...

Caro José Barreto

Grato pelo seu testemunho, infelizmente bem «violento».

Felizmente que nem todos os casos foram, tão violentos como o seu.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Há dois dias deixei aqui um comentário com a observação de que o livro de leitura da primeira classe já existia em 1950. Espero que não tenha sido essa a razão de o comentário não ter sido aprovado.
Cumprimentos

JG

José Leite disse...

Caro JG

Não foi por alertar para uma data errada que não publiquei o seu comentário.

Apenas não me apareceu, para publicação.

Todas as correcções que possam aparecer são úteis e bem vindas para tornar a informação aqui transmitida o mais exacta possível.

Não só procedo às respectivas alterações, como publico o comentário igualmente. Apenas activei a "moderação de comentários" para evitar «surpresas» desagradáveis como comentários políticos violentos, e não só ...

Os meus agradecimentos pela sua chamada de atenção, e já alterei o ano na legenda.

Os meus cumprimentos

José Leite

Guilherme Morgado disse...

Muitos parabéns pelo seu blog. Extremamente interessante.

José Leite disse...

Caro Guilherme Morgado

Muito grato pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

Ricardo Silva disse...

Que emocao !!!

Apesar de ter agora 38 anos e ser relativamente novo e ter morado sempre em Lisboa, fico completamente eternecido com estas imagens que de alguma forma ainda pertenceram ao meu imaginario escolar, como o mapa de Portugal com as divisaoes das varias regioes, as secretarias de madeira das salas da primaria e tb as reguadas que ainda apanhei na primaria ;)

Por outro lado e destes levantamentos da historia recente que todos nos precisamos para manter vivo a nossa historia e identidade.

Um abraco muito grande a alguem que me fez recordar coisas muito boas da minha infancia que tao boas recordacoes tenho :)

Ricardo
(... mais um Eng. a trabalhar fora do pais neste caso na Noruega)

José Leite disse...

Caro Ricardo Silva

Muito grato pelo seu «longínquo» comentário a partir da Noruega, terra do bacalhau que nós tanto apreciamos.

Um abraço

José Leite

Hermínia Nadais disse...

Muito bom ver aqui os livros por onde estudei... faz tanto tempo!
Obrigada!

Unknown disse...

Caro José Leite,

Obrigada por esta verdadeira relíquia. Parabéns pelo excelente trabalho!
Elisabete Lopes

José Leite disse...

D. Elisabete Lopes

Muito grato pelo seu amável comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Ermelinda Paixão disse...

Caro Sr. José Leite:

Nos m/ 82 anos, o seu blog, que está uma "gostosura", fez-me recuar 73. Recordar quando entrei na escola primária com 9 anos. Até aí, foi minha mãe que me ensinou pois, filha faroleiro, e não havendo escola perto dos faróis onde vivi dos 7 aos 9 anos, não pude frequentá-la. Eu ia bem preparada pela mãe. Por isso entrei para a 3ª classe. Foi em Quarteita, Algarve, terra onde viviam os meus avós maternos, para casa de quem tive a felicidade de ir para fazer a instrução primária. Adorei a permanência com os avós e andar naquela escola. D.Maria da Glória era a professora. Uma senhora nos seus quarenta. Impunha um respeito tão saudável quanto apoio maternal. Lá estava sobre a sua secretária uma régua que me atemorizava e, talvez por isso, munca com ela apanhei. Usava-a pouco.E não dava mais que uma reguada. Se alguém tentasse tagarelar, era logo apanhado. Ela via quem era, fazia: "Pshiu" e ficava de ôlho na pessoa. E, se falasse de novo,chamava-a e dava-lhe uma reguada. Ninguém se atrevia a falar. Era raro. Eu gostava daquele silêncio e, embora fosse extrovertida, nunca o quebrei. Por isso nunca apanhei.
Na parede lá estavam os retratos dos governantes. Ao centro o crucifixo.
À chegada, logo que todas as meninas, com um sinal da professora se erguessem, se alguma chegasse atrasada ficava ao pé dela para, depois da oração, explicar o motivo por que se tinha atrasado.
Eu estava habituada a rezar com a mãe. Assim, gostava de rezar na escola. Ao longo da vida percorri muitos caminhos espirituais. Mas não estou filiada a nenhuma religião em particular. Refiro isto, pela importância que teve para mim uma vida de oração desde a infância, pois não concebo a Vida material sem vida espiritual.Isso foi-me dado no berço e na escola. Havia aula de religião e moral uma vez por semana. E tínhamos uma vez por semana aula de trabalhos manuais: - Crochet, pontos para saber coser e bordar, tricot. Tudo simples mas divertido. Em nenhuma aula se conversava. Tudo concentrado e atento. Regra sem excepção. Em certa altura a professora disse que as aulas de trabalhos manuais iam ser dedicadas a fazermos uma cercadura de anjos e flores para decorar a sala da aula. Gostámos todas muito desse trabalho.
Uma dia por semana tínhamos desenho. A professora perguntava quem levava na próxima vez um objecto bonito para desenhar. Como na casa dos meus avós havia muita coisa bonita e eu só tinha que ter cuidado para não se partir, levei imensas coisas lindas para desenharmos, o que nos dava muita alegria. Nunca parti nada, felizmente.
A escola era muito simples. Uma sala ampla rectangular com as carteiras e no extremo esquerdo um estrado onde se sentava à secretária a professora. Ao lado o quadro. A escola tinha um amplo quintal e uma retrete.
Na hora do recreio podíamos falar à vontade, fazer rodas, jogar à calha, às 5 pedrinhas, ao giroflé e outras brincadeiras.

Também aprendi, todos os rios, serras, linhas de comboio, províncias e capitais das mesmas. Portugal continental e ultramarimo. Guardo da Escola Primária e da minha professora uma recordação muito agradável e de plena felicidade. E tive sempre um grande cuidado para não apanhar com a régua o que, pensava, devia doer muito.

Obrigada por todo o material daquele tempo longínquo que recordei. Mas como vivi esta experiência no início dos anos 40,
não reconheci os livro de leitura da 3ª e 4ª classes que usei, embora os que exibe sejam do mesmo tipo.

Dou-lhe os meus parabéns por mostrar em detalhe tanta coisa daquele passado e tão bem. De tal forma que se torna um verdadeiro regresso passar pelo que exibe. E que mostra com autenticidade o Portugal de então na área da instrução primária.

Receba os meus calorosos cumprimentos. Ermelinda Paixão

Unknown disse...

É com muita saudade que vejo tudo isto. Faz-me lembrar as minhas professora (as "Minha Senhora" ): D.Fernanda, D.Joaquina ( ainda viva no ano passado e a conduzir o seu velho carro )e D.Maria Valente. Saudades de quando se aprendia realmente!!
Pedro Cruz.

José Leite disse...

D. Ermelinda Paixão

Muito agradeço as suas amáveis palavras em relação a este artigo, como pelo seu testemunho.

Os meus cumprimentos

José Leite

Carlos Anjos disse...

Gostei muito de ver o blog, está muito completo, só foi pena não terem mostrado nos livros da escola os número de cada livro e a assinatura da censura, mas julgo que os livros que são apresentados não são os antigos e sim reproduções que já não tem nem a assinatura nem o numero de série, de resto está muito bom.
Caso precisem de digitalizarem mais exemplares mas antigos como taboadas do tempo dos reis podem contactarem-me para c.anjos51@gmail.com. Mais uma vez obrigado pela apresentação.

António Muñoz Arq disse...

Excelente ponto de partida para uma História da Educação primária em Portugal,embora com algum exagero ideológico sobre o Estado Novo(nunca fui obrigado ás cantorias nem a Mocidade Portuguesa,nem levei reguadas...).Sobre as escolas ante 1ª República há uma falha importante:antes dos arquitectos citados,houve o Adães Bermudes que projectou centenas de escolas desde 1895 até 1917,autor da Escola do Magistério Primário e do Inst. Sup. de Agronomia.Agradece e saúda esta iniciativa, Ant. Muñoz.

José Leite disse...

Caro António Muñoz

Grato pelo seu comentário e pela informação adicional, que já foi inserida no texto.

Os meus agradecimentos e os meus cumprimentos

José Leite

Jim Fernandes disse...

Boa noite. Partilho também da opinião que a matéria exposta retrata o que se passou, um pouco por todas as escolas deste "ainda" nosso Portugal! É, de facto, um bom arquivo para memória futura. Carece de explicação, aos "mais exaltados" que dizem ".. na minha escola não era assim... Não fiz a saudação nazi... Não vi a palmatória..., etc." de que em todas as escolas se faziam, ou não faziam coisas diferentes do que estava determinado, ainda hoje isso se passa! Que se fazia, era verdade, porque na minha escola se fazia e se rezava e havia a régua de 5 olhos, mas admito que noutras se não fizesse. Tudo dependia de quem estava, principalmente à frente da Direcção Escolar, o director Escolar (que era um cargo político, como hoje são os diretores regionais de Educação, que também estão para acabar, ou já acabaram) é que determinava que condutas seguir. Estou à vontade para falar, porque sou professor (embora já aposentado). A escola de hoje, onde há muita falta de educação, de princípios, de normas, reflete a falta de educação que se vive no seio das famílias e, de uma maneira geral no país! Todos já presenciamos atitudes de crianças que se portam mal em sitios públicos à beira dos pais e não são repreendidos. Já presenciamos pais a darem maus exemplos aos filhos, por exemplo ao volante do seu automóvel, e por último um Governo a desrespeitar um Tribunal Constitucional(O exemplo vem de cima)ao não acatar uma ordem desse tribunal e um Presidente da República ser conivente, ao promulgar a lei, tendo jurado cumprir e fazer cumprir a Constituição! Que moral tem esse Governo e esse presidente para exigir repeito! Não há decreto ou lei que possa dar educação aos cidadãos, só através do exemplo é que se aprende a exercermos a cidadania e o respeito pelo próximo.

José Leite disse...

Caro Jim Fernandes

Grato pelo seu comentário.

Quanto à parte que diz respeito ao tema deste artigo, estou de acordo consigo.

Quanto à parte política do seu comentário, não me pronuncio como é meu hábito.

Os meus cumprimentos

José Leite

Manuel Trindade disse...

senhor José Leite
antes de mais o meu reconecimento por este extraordinário trabalho que um meu amigo fez chegar à minha pessoa.
Nasci e vivo em Arronches, concelho do distrito de Portalegre.Tenho 68 anos de idade e foi com alguma emoção que revi estas maravilhosas imagens. Um enorme abraço de parabéns. Aproveito a oportunidade para lhe solicitar ajuda no sentido de conseguir fotos dos meus anos escolares(1951-1955)nomeadamenmte de grupos escolares.Muito obrigado

José Leite disse...

Caro Manuel Trindade

Muito grato pelo seu simpático comentário.

Quanto à ajuda que me pede, é-me totalmente impossível ajudá-lo, o que lamento.

Os meus cumprimentos

José Leite

Pedro Vicente Cruz disse...

Caro José Leite,
Já fiz um comentário, mas como não o encontro. Parabens pelo seu blogue, faz-nos regredir ao tempo da nossa meninice. Quero recordar as minhas queridas professoras da primária: D.Emilia ( morreu jovem e ensinou-me as primeiras letras ),D.Fernanda,as duas em Tires.Continuei e terminei a 1ª classe no Pego, Abrantes, com a D. Joaquina ( penso que ainda viva e de avançada idade, mas lúcida ) com quem terminei a 1ª classe com 20 valores e de quem levei as únicas reguadas por ter as unhas sujas. Segui para Lisboa onde fiz a 2º Classe na Escola da Rua do Telhal, não recordo o nome do meu professor, que também era o Director. Fiz o exame da 3ª e 4ª classe numa escola particular com a saudosa professora D. Maria Valente que chorou como uma "Madalena" quando fiz o exame de admissão ao Liceu de Camões, com distinção. Grato por nos ajudar a recordar quando as aulas eram dadas por um professor à 1ª,2ª,3ª e 4ª classe e onde se aprendia realmente a ler, escrever e contar,além claro, da cultura geral, que nos acompanha até hoje...e quantos anos lá vão!
Obrigado, mais uma vez e os meus calorosos cumprimentos,
Pedro Vicente da Cruz.

José Leite disse...

Caro Pedro Vicente

Grato pelas suas memórias académicas e pelas suas palavras em relação a este blog.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Entrei para a instrução primária em 1950. Existem muitas teorias que pretendem condenar os métodos educativos dessa época. É óbvio que eles não são isentos de 'falhas'. Porém, se compararmos os resultados alcançados nessa época e os hoje conseguidos creio que temos que lamentar a 'evolução' do sistema educativo huje preconizado. Em dois aspectos: Em qualidade mas sobretudo em disciplina. O que acontece hoje nas nossas escolas seria impensável nos anos 50 e seguintes. Enfim....

Rui Ventura e Costa disse...


Obrigado.

Disse ALGUEM que somos o nosso passado: Repetir o BOM e rejeitar o MAU.

Rui Verntura e Costa

Carlos disse...

Se é verdade «que somos o nosso passado», como foi então possível que tendo nós cumprido uma boa escolaridade gerámos afinal os "produtos" atuais?

Pedro da Cruz disse...

Caro Carlos, no nosso passado...aprendemos e quando abrimos " uma gaveta " TUDO nos vem à memória, mesmo coisas em que não pensamos há décadas. Actualmente sabe-se somar com calculadoras e copiam-se as "redacções" na internet.O passado irá connosco e no futuro...que DEUS os ajude! Pedro da Cruz.

António Gomes disse...

Como era bonito fazer redacção cantar em conjunto a tabuada fazer cópias nos cadernos de duas linhas,fazer leituras e analisar , procurando os significados das palavras, fazer as correcções. Que saudades da aula da instrução primária frequentei a Escola da Ordem do Carmo no Porto. Como se aprendia hoje vejam as classificações da disciplina de Português. Obriguem os alunos a fazer cópias e readação para saberem a lingua da sua Pátria

Graça Pereira disse...

Um trabalho EXCELENTE. Parebéns!
Que saudade dos livros por onde estudei...recordo-me ainda do seu cheiro a novo e das maravilhas que tinham por dentro...Como esquecer?
Numa das imagens, lá está a "inseparável" régua que afagou muitas vezes as minhas mãozitas de criança traquina, apesar de frequentar um Instituto franciscano em Moçambique.
Um legado que morre connosco? Gostaria que assim não fosse...
A gratidão de
Graça Pereira Machado

José Leite disse...

D. Graça Pereira

Muito grato não só pelas suas recordações, como pelas suas amáveis palavras em relação ao blog.

Os meus cumprimentos

José Leite

bmc disse...

Caro José Leite

Esplêndida memorização do nosso imaginário colectivo.
Da escola Froebel onde aprendi pela cartilha maternal João de Deus e usei os aparos de molhar no tinteito, passando pelo externato masculino D. João II, onde ouviamos as alocuções do Dr. Salazar e tinhamos exercícios da mocidade portuguesa, até ao saudoso liceu de Passos Manuel onde o o reitor e vice reitor faziam lei, de todos guardo gratas recordações que o seu conteudo me veio recordar.
Guardo uma "menina de cinco olhos" original e um caderno de canções que no Canto Coral ensaiávamos para a mocidade portuguesa.

Baltazar caeiro

José Leite disse...

Caro Baltazar Caeiro

Muito grato pelo seu comentário e pela partilha das suas memórias académicas.

Os meus cumprimentos

José Leite

Carlos Leal disse...

Posso ser criticado sobretudo pelos saudosistas que, infelizmente, continuam a proliferar por este pobre pais, mas eu defendo acerrimamente o atual Acordo Ortográfico que espero seja implementado em toda a sua valia. Muitos povos a escrever de uma só forma é uma riqueza impagável.Em frente!

Famelga-Agostinho disse...

adorei ver este email, por momentos voltei aos bancos da escola, foi bom reviver o passado . Obrigada José Leite . Bem haja

José Leite disse...

Caro Agostinho

Muito grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

João Menéres disse...

Vou a caminho sos 79 anos e andei num colégio particular em Leça da Palmeira.
Recordo, como se tivesse sido há poucos anos, o método e o grau de exigência então praticados.
Foi lá que verdadeiramenteaprendi a ler e a escrever.
Cópias e redações constantes.
A aritmética bem ensinada e sem enfado para os meninos e meninas, ainda hoje me permite fazer rapidamente contas de cabeça.
As disciplinas de Geografia e História bem administradas e adequadas à nossa idade de então.
Semptr gostei de Geografia etinha gosto em saber os nomes dos rios, das serras e as linhas de caminho de ferro...
Para o Desenho é que não tinha aptidão !
Para desenhar a bilha era um tormento !
Nunca fui castigado por isso. A nota é que, justamente, testemunhava essa falta de jeito...

Os castigos mais frequentes era sermos colocados de pé virados para umaparede e, nos casos mais graves,então a menina dos cinco olhos é que era utilizada, mas com brandura.
A minha eterna gratidão à D. Alice Alves e à sua irmã, D. Idinha !

A si, José Leite, fico imensamente grato por me proporcionar recordar e testemunhar os livros, as aulas e as santas e pacientes professoras e todo um tempo que não volta mais.

Um abraço reconhecido pela valia do seu blogue.

Manuel Ferreira disse...

Tenho 69 anos e fui criado na Casa Pia de Lisboa até aos 18 anos. Usei fardas (Casa Pia e Mocidade Portuguesa),aprendi a ler e escrever, vários oficios, música, religião (missa obrigatória todos os Domingos), até terminar com o Curso Industrial.Devido a isso, podíamos ingressar no Exército como furrieis porque, não só tínhamos educação como, também, disciplina e regras (a que alguns hoje chamam de ditadura).Saltávamos da cama às 6,30 da manhã e tomávamos banho de água fria (mais tarde, apareceu a água quente).Tudo com acompanhamento de algumas réguadas e outros castigos.Hoje, agradeço à Casa Pia toda a educação que recebi e por terem sido os meus verdadeiros pais. A si, sr. José Leite, envio-lhe as melhores felicitações por este trabalho.

José Leite disse...

Caro João Menéres

Eu é que agradeço as suas amáveis palavras, e recordações de estudante.

Os meus cumprimentos

José Leite

José Leite disse...

Caro Manuel Ferreira

Muito agradeço, a partilha das suas recordações académicas, e suas simpáticas palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

José Viana disse...

Reitero os cumprimentos e agradecimentos pela escolha do tema deste blog que de forma automática nos faz recuar a um tempo de inocência onde até os momentos mais agrestes recordamos com doçura.
Li-o de ponta a ponta e o meu reconhecimento vai, em primeiro lugar, para o autor e, de seguida, para todos que o vão enriquecendo o seu testemunho; solidário com esta experiência comentava:
Frequentei o ensino primário na Escola do Campo 24 de Agosto, no Porto, onde entrei no início dos anos sessenta e o secundário ali perto no Liceu Alexandre Herculano.
Os casos que aqui relatam espelham bem o facto que o Estado Novo não terá conseguido uma unicidade assim tão grande como a proclamada pelos seus mentores, ofuscados ainda com o exemplo desaparecido (?) dos faróis ideológicos alemão e italiano. A situação dependiam muito do professor que nos calhava.
No meu caso, a D. Mariazinha, filha de professor primário tinha já passado a idade de jubilação, quando na minha quarta classe passou a classe à sua sobrinha, récem-formada na Escola Normal do Magistério Primário. Uma linha familiar onde pude, mais tarde, reconhecer os princípios e entusiamo pelo ensino dos progressistas e dos republicanos.
Na sala da D. Mariazinha não havia orações nem saudações, e a única vez que tivemos a visita de um inspector, levantamo-nos com o anúncio da sua entrada, num sincronismo que dificilmente poderia ser igualado com o treino regulamentar preconizado e em uníssono entoamos um "bom dia senhor inspector".
Assim, o meu contacto com a "Santa Luzia" (a dos 5 buracos) ocorreu apenas uma vez por acção da Director da Escola na sequência de um incidente menos feliz no espaço público perto da escola.
O meu contacto com os rituais da Mocidade Portuguesa foi feito já no Liceu, onde a sua frequência era obrigatória - mais do que três faltas ao longo do ano e estávamos suspensos do ensino oficial. Com doutrinadores pouco eficazes, os graxistas do sistema de então, a formação que recebi em áreas como primeiros socorros, técnicas de sobrevivência e mesmo funcionamento em unidade de comando resultou num balanço que avalio como positivo.
Um pormenor quanto aos livros:
Como poderão reconhecer a partir dos anos quarenta todos tivemos os mesmos livros até à "Terceira Classe" pois eram "Livros Únicos" - o ensino era obrigatório só até à 3ª classe. Em 1956 a 4ª classe passou a ser obrigatória para os rapazes, em 1960 para as raparigas.
O Ministério da Educação Nacional definiu apenas orientações quanto aos livros para a 4ª classe e assim havia algumas alternativas que a minha professora aproveitava o melhor possível com a indicação de uma lista de livros que comprávamos e partilhávamos; recordo-me em particular de um manual de "Ciências da Natureza" de Rómulo de Carvalho que me fez brilhar nas férias logo a seguir explicando aos frequentadores da "venda", lá na aldeia onde os meus avós tinham uma casa, a formação do Universo e a constituição do sistema solar; e mais tarde tive que repetir a "aula" mais do que uma vez a pedido da espantada plateia.
Agradecendo mais uma vez o estímulo à memória
José Viana

José Leite disse...

Caro José Viana

Eu é que agradeço as suas amáveis palavras, memórias e comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Caro José Leite

Foicom muita saudade e alguma nostalgia que recordei os livros que me fizeram aprender a ler e a escrever, desde a Cartilha de João de Deus, que tive no jardim escola, aos outos manuais escolares da instrução primária.
Até o diploma lá está e é igualzinho ao meu.
Nesse tempo, aprendia-se de verdade e já na altura o ensino primário era uma boa base para entrar no secundário.
Quanto ao seu blogue, devo dizer-lhe que é um manancial informativo muito interessante, pelo que lhe dou os meus sinceros parabéns.
Muito obrigado por esta bela pesquiza e não menos bela pela riqueza de imagens.
Melhores cumprimentos.

Edite Cecília

José Leite disse...

Caro Paulo Alves

Muito grato não só pelas suas amáveis palavras em relação a este blog, como pela riqueza de informação e recordações, que nele encerra.

Os meus cumprimentos

José leite

José Leite disse...

D. Edite Cecília

Muito grato pelo seu amável comentário

Os meus cumprimentos

José Leite

virita disse...

sugestão: aproveitando a grande adesão ao seu blog faça,promova ( se já não o fez.) um levantamento das "escolas republicanas" que surgiram pelo país nos anos antriores e posteriores à Revolução Republicana de 1910.

José Leite disse...

Virita

Muito grato pela sua sugestão, mas este artigo apenas visa de uma forma abrangente, dar a minha modesta imagem do ensino primário de «antigamente».

Se as escolas eram republicanas ou monárquicas, ou do Estado Novo a mim pouco me importou, pois todas elas fazem parte da história, que não se deve nem pode apagar.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Por coincidência, recebi hoje um mail onde o primeiro-ministro checo dá em público um "calduço" no ministro da saúde. Encaminhei-o a alguns amigos com comentário que julgo não estar fora deste magnífico post.
Reproduzo-o na quase totalidade (a acção passa-se em Santarém, Escola Primária de S. Bento e Bernardino de Almeida Ferro o magnífico professor da Classe; cantávamos o hino da MP e o "Pingó", e mais 2 ou 3 do género, mas a MP só já no Liceu, e era "quase" obrigatória):

Fui sempre um mau estudante. Nunca - nem hoje! - gostei de estudar.
Na Escola Primária fui um aluno razoável. Volta que não volta, tinha a "Rita" à pega (felizmente, poucas vezes; e a única vez que funcionou a dobrar foi por uma questão de comportamento e não de estudo - aliás, por comportamento também só aconteceu dessa vez, mas logo "em estereofonia manual"). Sucede que passei no exame da 3ª. Classe sem qualquer dificuldade e, na 4ª. Classe, também assim aconteceu (o meu pai foi assistir ao exame oral e terá comentado com a minha mãe que não imaginava que eu soubesse tanto!). Nesse ano, também fiz a Admissão ao Liceu e à Escola Industrial e Comercial, e também passei sem dificuldades.
Entrei para o Liceu em 1 de Outubro de 1959 e, no final do 1º. Período, fui nataliciamente premiado com umas belíssimas notas: 2 oitos, 2 noves e 1 dez. Só foi pena que a escala não fosse a de 1 a 5 mas a de 0 a 20! Por mero acaso, no Liceu não havia "Rita", não quisesse o Diabo que eu apanhasse por lá algum trauma!
No Liceu, tive sempre explicações, excepto no 1º. Período do 1º. Ano. Pudera, não estudava nada! Tinha duas qualidades: estava com atenção nas aulas e fazia os trabalhos de casa; só que, naquele tempo (bíblico?), não chegava estar atento e fazer os TPC: era mesmo necessário estudar.
A explicadora não se ensaiava nada em dar umas caroladas e também tinha um ponteiro em bambu que tinha duas utilidades, sendo uma delas apontar no quadro alguma coisa mais importante. O certo é que recuperei dessas notas miseráveis e passei o ano, "cortado" a Francês, um dos meus ódios de estimação. No 2º. Ano, fui a exame e, na prova escrita, dispensei à Oral!
Uma palavra para esclarecer: não estou a fazer a apologia da violência na escola (nem noutros locais, mas lá que há guerras justas, isso todos sabemos que há).
Mas - e temos aí o tenebroso presente português a demonstrá-lo - se não houver nenhum tipo de punição, não haverá resultados positivos por parte dos alunos mais fracos. Fracos por preguiça, não por menores capacidades mentais, pois estes são casos completamente diferentes - curiosamente, o desastre xxxxx decidiu em 2005 retirar das escolas especiais os alunos "especiais", onde havia pessoas treinadas e experientes para lidarem com esses casos, e "meter" em turmas genéricas crianças sem capacidades para acompanhar os ritmos das aulas, e entregues a professores sem conhecimentos e sem preparação específica (nem tempo) para acompanhar essas crianças, cada uma um caso especial, com o seu ritmo próprio e cada uma com a sua dificuldade específica. Os xxxxx são assim: adoram o nivelamento por baixo e a instalação da mediocridade generalizada: para eles, não é puxar os fracos para cima; para os xxxxx, é impedir que os bons possam ser melhores, numa loucura igualitária imbecil e diabólica.
No ensino, a situação portuguesa é de autêntica catástrofe; pior - muito pior - do que a situação económica.
Tudo isto para falar de quê? Como diria o Eng. Carlos R., que vinha uma vez de um jantar no Cartaxo, e foi "parado" numa operação STOP na Calçadinha. Pôs-se na conversa com os polícias, a falar de tudo e de mais alguma coisa - para dar tempo de poder soprar no balão sem problemas - e, ao fim de quase três horas passadas e já bem depois da meia-noite, volta-se para eles e pergunta-lhes "Afinal, os senhores tinham-me mandado parar para quê?".

C.Marecos-Santarém

José Leite disse...

Caro C. Marecos

Muito grato pelo seu comentário

Os meus cumprimentos

J. Leite

José Ferrão disse...

Caro José Leite
Apreciei o seu trabalho, sobretudo no que toca a uma boa revisão iconográfica do Ensino da Republica e sobretudo do Estado Novo.
A atracção que exercem estas imagens que nos tocam a todos os que vivemos as realidades que traduzem, podem levar alguns a romantizar o Ensino do Estado Novo.
Na realidade o caracter idílico de muita desta iconografia encobria um ensino com bastante repressão física (sei do que estou a falar, e que não chegava a todos, ou deixava não um analfabetismo (que no 25 de Abril era bem quantificavel, cerca de 30%) mas um analfabetismo funcional.
Enfim, a sua ideia não era decerto insensar o Estado Novo obviamente, mas para achar graça a isto não podemos esquecer de todo a História.
Abraço, com muito apreço
José Ferrão

José Leite disse...

Caro José Ferrão

Muito grato pela sua opinião e pelo seu amável comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Pedro Cruz disse...

Caro José Ferrão:
Eu não defendo nada, mas se no pós 25
toda a gente é culta e alfabetizada, uso uma expressão muito popular " eu vou ali e já venho ". É raro não ver o português ser assassinado quer seja falado ou escrito. Como disse um dia o Professor Marcelo Caetano " em Portugal sofre-se de doutorismo ". Quem corre atrás de um "canudo" devia,primeiro, aprender a ler, escrever e contar. Aquilo que aprendemos na instrucção é novidade para as nossas jovens "sumidades". Os melhores cumprimentos e um abraço do Pedro Cruz.

António Leitão disse...

Caro José Leite
Não o conheço, mas envio-lhe as minhas felicitações pelo trabalho extraordinário, e de grande mérito, que está a realizar! Digo que está a realizar, porque um trabalho como este não tem fim! Eu fiz, há semanas, os meus 82 anos e verifico que grande parte das minhas memórias de criança e de rapaz estão aqui neste seu Blogue, neste seu magnífico trabalho. Mais uma vez, os meus parabéns.
António Leitão

José Leite disse...

Caro António Leitão

Muito agradecido pelas suas simpáticas e amáveis palavras em relação ao meu trabalho.

Os meus cumprimentos

José Leite

Sérgio O. Sá disse...

Olá Companheiros desconhecidos. Quem me sabe dizer algo sobre uma Senhora que em 1954 foi a minha Professora da 3ª classe? Chamava-se OFÉLIA TEODORO FERNANDES e residia na cidade do Porto ou seus arrabaldes?
Tenho saudades dela.
Agradeço a ajuda.

Sérgio O. Sá

BAIRRADA disse...

Muito obrigado pelo trabalho.Agradecia a informação sobre uma lição que havia no meu tempo sobre os rios de Portugal em quadras.Como por exemplo- Rio Minho onde a brisa,passando no salgueiral;diz às gentes da Galiza, que começa Portugal. Gostaria de voltar a reler estes versos mas não sei como. Cada rio tem uma quadra. Muito obrigado. Manuel Seabra

José Leite disse...

Bairrada

Neste assunto não o consigo ajudar.

Entretanto aqui deixo o seu pedido. Pode ser que algum leitor o possa ajudar.

Os meus cumprimentos

José Leite

Francisco da Costa-Cabral disse...

A sua compilação é do maior interesse, para preservar a memória futura, mas também pelos diversos comentários que suscita, sobretudo em relação ao Estado Novo (dado que já não haverá pessoas com memórias anteriores). É verdade que o ensino era então muito exigente, e com uma carga que nos parecia excessiva de simples memorização: os rios e afluentes, os sistemas montanhosos, os caminhos de ferro com estações e apeadeiros, tudo para ser papagueado (raro era o professor que identificava nos mapas aquilo que ensinava), mas talvez o esforço para essa memorização nos tenha servido de treino. Revi há dias o texto de um exame da 4ª classe, e duvido que os actuais alunos do 9º ano o soubessem resolver, mesmo exluindo os itens de memorização. Depois do Jardim-Escola João de Deus, fiz a 3ª classe na Escola da Rua do Telhal, em Lisboa, e a 4ª na da R. de S. Mamede, que acabei em 1953, ano em que entrei para o Liceu Normal de Pedro Nunes. Nunca tive uma farda da Mocidade Portuguesa, na escola ou no liceu (mas é verdade que fui caso único), e lembro-me de ter levado uma vez uma reguada, mas de que nessas escolas a sua utilização era muito episódica. Não era por isso que os professores eram respeitados, mas porque em casa os nossos Pais nos instruiam nesse sentido, o que hoje em dia parece ter-se perdido.
Passava férias em Infias, aldeia do concelho de Fornos de Algodres, onde havia uma escola primária aberta a todos, e que se encontra fechada há muitos anos, apesar de nessa aldeia viverem muitas crianças. Quando se critica o Estado Novo por causa do analfabetismo, convirá lembrar essas escolas por todo o País, bem como que muitos dos adultos analfabetos vinham dos governos anteriores da República.
A educação em Portugal foi lamentavelmente nivelada por baixo, o nível de exigência é ridículo, e estabeleceram-se paradigmas injustificáveis. Diz-se que turmas com mais de 20 alunos são inaceitáveis; a minha turma no Liceu chegou a ter 43 alunos, de todas as classes sociais (um mito que subsiste é que a educação era só para as "elites"), e praticamente todos tiveram bons resultados. Vi mais tarde, nos anos 80, os meus filhos serem submetidos a torturas gramaticais, com os famosos sintagmas, símbolo de coisa nenhuma, em vez da lógica com que se aprendia a sintaxe: sujeito, predicado, complementos directo, indirecto, circunstanciais, etc.

José Leite disse...

Caro Francisco da Costa-Cabral

Muito grato pelo seu comentário e pelas memórias adicionais.

Os meus cumprimentos

José Leite

Pedro Cruz disse...

Caro Costa-Cabral, frequentei, na 2ª.classe, a escola da Rua do Telhal. Talvez fossemos colegas apesar da diferença de classes, mas possivelmente estávamos na mesma sala. Mas este comentário serve, sòmente para lhe dizer que concordo com tudo o que disse. Obrigado por estas recordações. Um abraço do " ex-colega " Pedro Vicente da Cruz.

Sérgio O. Sá disse...

Caro Francisco Cabral
Gostei de ler o que escreveu. Passei, por momentos, pelo meu tempo de criança, bem mais difícil, por certo, do que o seu. Mas disso nenhum de nós tem culpa.
Concordo com o que diz, menos com o que se refere à dimensão das turmas, comparando as de hoje com as do nosso tempo.
Fui docente, no Ensino Preparatório. No anos 80, para me referir a uma década a que também se referiu, cheguei a ter turmas de 32 alunos. Anos houve em que o total de alunos atingia os duzentos e muitos. Mas valia a pena o "sacrifício". No final do ano as reprovações andavam à volta de 10%. Nos últimos anos de actividade, as turmas poderiam ser só de 20 alunos que, apesar da minha experiência pedagógica acumulada, se pudesse ser honesto para comigo, para com os alunos, os pais deles e o País, teria de reprovar 80 ou 90%. Não o podia fazer porque me sujeitava a processos disciplinares levantados pelo Ministério.
Tenhamos em conta que as solicitações a que os alunos de hoje estão sujeitos são em muito maior número do que as do nosso tempo, pelo que a escola fora da Escola, ou, dito de outro modo, a anti-escola, tem muito mais poder que a Escola.
Cumprimentos.
S. O. S.

Francisco da Costa-Cabral disse...

Começo por agradecer ao José Leite este repositório de memórias e espaço de debate sobre estes temas

Caro Sérgio O. Sá
Quando mencionei o número de alunos por turma no meu Liceu,não referi que tal só era possível porque havia disciplina, educação e respeito pelo professor. E uma parte da responsabilidade cabia aos próprios alunos, que estavam ali para aprender e que não queriam ver-se privados dessa aprendizagem. Claro que havia brincadeiras,mas não eram de molde a impossibilitar a transmissão de conhecimento. Tive a sorte de ter muitos bons professores, entre eles Rómulo de Carvalho (também António Gedeão), e não me recordo de haver qualquer distúrbio na sua aula. Estou plenamente consciente de que os tempos mudaram e que muitos alunos não recebem em casa o mínimo de educação que permita este cenário, e que, pelo contrário, são muitas vezes os próprios pais a incentivarem comportamentos no mínimo desviantes.
Cumprimentos.
FCC

soprosdeovil disse...

Não posso deixar de endereçar os meus mais sinceros parabéns a José Leite,autor de tão excelente trabalho. Obrigado!

José Leite disse...

Soprosdeovil

Muito grato pelas suas amáveis palavras

Cumprimentos

José Leite

Pedro Cruz disse...

Caro José Leite:
Gostaria, se me permitisse, postar neste seu Blogg a fotografia de um resumo da História de Portugal de Emilio Achilles Monteverde de 1844. É uma reliquia de familia e gostaria de a mostrar a si e aos seus comentadores. Desde já um muito obrigado e um abraço do Pedro Cruz.

José Leite disse...

Caro Pedro Cruz

Se ma enviar, publica-la-ei com todo o gosto.

Com os meus agradecimentos

José Leite

Anónimo disse...

Senhor José Leite

A excelente Qualidade, a geral imparcialidade e a vastidão dos temas que nos oferece neste seu Blogue, suscitam-me todas as palavras pelas quais possa manifestar-lhe a minha gratidão; resumo-as a duas: Muito obrigado.

Já vai longa a lista de comentários aqui expressos sobre o tema, o "Ensino Primário" e salvo três ou quatro casos, a meu ver pouco significativos ou muito específicos, podemos concluir que:

Durante o Estado Novo, o Ensino Primário em Portugal Continental e Ilhas Adjacentes (sobre as Províncias Ultramarinas não me pronuncio por desconhecimento):

1) Foi considerado muito profícuo (em extensão e profundidade) pela esmagadora maioria dos que por lá passaram e aqui se manifestaram com muitas palavras de saudade.

2) As sevícias (palmatoadas, pancadas com as canas, etc.) dadas às crianças, eram aplicadas de forma vária quer em quantidade quer em dureza, como eu próprio observei na minha Escola. Se havia alguns professores e professoras que eram umas "feras" (diria mesmo impiedosos e desumanos), a grande maioria dos outros sabiam ser justos e castigavam com brandura.
Não acredito que se ensinasse nas Escolas do Magistério Primário, aos futuros professores, que fossem duros com as crianças; os que eram maus para as crianças, geralmente tinham recalcamentos, como sempre aconteceu, acontece e acontecerá.


3) As saudação (a que errada e deliberadamente) se chama nazi, NÃO era generalizada, diria até, totalmente desconhecida na maior parte das Escolas de Norte a Sul de Portugal Continental e Ilhas Adjacentes. NÃO É VERDADE QUE OS PROFESSORES DESSEM A MÃO A BEIJAR como afirma, pelo menos na Escola que frequentei e aqui na longa lista de comentários ninguém a isso se refere.

4) NÃO É VERDADE o que o Sr. José Leite afirma no seu texto: "Só os filhos das famílias com posses tinham oportunidade de estudar...".
NÃO É VERDADE, pois eu posso testemunhar que, pelo menos no Concelho onde fiz a Instrução Primária (1953-1957), bem no interior centro de Portugal Continental, no meio dos pinheiros, nenhuma criança, em idade escolar, foi excluída de frequentar a Escola, rapaz ou rapariga, por seus pais não terem posses.
E assim pelo País fora, acredito que a generalidade fosse como eu lhe estou a dizer. Se me permite aconselhava-o a melhorar a redacção do seu texto NÃO GENERALIZANDO TAL AFIRMAÇÃO.

Lembro-me bem que mesmo os mais pobrezinhos tinham a sua sacola,com lápis e ardósia, livros e cadernos recebidos das mais variadas origens: a Caixa Escolar, a Igreja, a Beneficência e até o Comércio da Vila contribuía.
Havia Cantina Escolar e os que eram mais necessitados bem como os que eram de mais longe, sempre tiveram a sua refeição do almoço, o suficiente, mas sem luxos.

A qualidade do ensino, a disciplina na aula e fora dela, os hábitos de trabalho e aprumo, o respeito ao Professor e à Escola, aos nossos familiares, a todas as pessoas em geral, o respeito pela Bandeira Nacional e pelo Hino Nacional, depois de bem conhecidos no seu significado e alcance, fizeram Homens e Mulheres muito válidos a quem Portugal muito deve.

Se a Escola se degradou descendo para a IGNOMÍNIA a que hoje assistimos cheios de vergonha e raiva, foi porque na cesta das maçãs boas foram, durante décadas, colocadas muitas maçãs PODRES que tudo contaminaram com a mentira e o exemplo sórdido.
Esta é que é a VERDADE.

Peço me desculpe de o contradizer nas suas afirmações mas a VERDADE deve ser dita e propagada.

Os meus cumprimentos

Manuel A.

José Leite disse...

Caro Manuel A.

Primeiro que tudo , muito grato pelas sua amáveis palavras em relação ao meu trabalho.

Não querendo entrar em trocas de comentários apenas quero esclarecer o seguinte:

Quanto à saudação que erradamente diz que apelidei de "nazi", no meu texto chamei de saudação da "Mocidade Portuguesa". Nos comentários dos prezados leitores é que encontrará essa denominação.

Quanto à frase "Só os filhos das famílias com posses tinham oportunidade de estudar...", apenas me queria referir a estudos mais avançados que a instrução primária.

Quanto a outras possíveis incorrecções, peço desculpa mas serão resultado de fontes a que recorri, pois só testemunhei a "Escola Primária" a partir de 1963.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

Já me tinha chegado por mail este magnífico trabalho sobre o ensino, revi-o agora novamente com gosto e prazer.
Bem haja por todas estas recordações, algumas do meu tempo e muitas mais dos nossos antepassados.

(antonio)

José Leite disse...

Caro António

Grato pelas suas simpáticas palavras

Os meus cumprimentos

José Leite

António Muñoz Arq disse...

Sr José Leite:
Á laia de "resumo" dos muitos comentários aqui deixados sobre a Escola do Estado Novo até á escola de hoje,noto que apesar dos "maus-tratos" daquela(reguadas,castigos..que eu nunca assisti)a impressão é a de que havia disciplina e que aprenderam muito bem,não tendo observado nenhuma "frustração" negativa; porém á medida que nos aproximamos da escola de hoje,com demasiados alunos indisciplinados e quilómetros a percorrer,aí sim vejo desânimo e menos aproveitamento.Não é uma "conclusão" de que antes era melhor do que agora.Mas uma sugestão para futura reflexão sobre este IMPORTANTÍSSIMO tema.

Carlos Mendes Ferreira disse...

Meu caro José Leite
O património é o código genético dos grupos, povos, nações e do Homem como ser colectivo! O trabalho aqui realizado de recolha e tratamento de informação documental que aqui deixa ´tem uma marca de importância vital para o conhecimento da nossa identidade Parabéns e muito obrigado!!

José Leite disse...

Caro Carlos Ferreira

Muito agradecido pelas suas amáveis palavras em relação a este trabalho

Os meus cumprimentos

José Leite

Unknown disse...

Bem haja por todas as recordações que me proporcionou

os meus cumprimentos pelo excelente trabalho

Henriqueta Castelo

José Leite disse...

D. Henriqueta Castelo

Muito grato pelas suas amáveis palavras

Cumprimentos

José Leite

Paty disse...

Patricia:
Admiro muito o seu trabalho... Tenho 35 anos... E não trocava o meu ensino, por nada do que foi dito aqui... Fala-se de respeito.... Eu digo que era medo, como grande parte da educação... Nesses tempos... E pelo que a minha mãe me conta, choca-me um pouco o facto de só falarem bem... deste método de ensino punitivo, e abusivo. Concordo que se passou do 8 para o 80 .... Mas discordo plenamente de um método de ensino nada ético em que muitas vezes os direitos das crianças eram postos de parte....
Mas uma vez mais, admiro o seu trabalho...

José Leite disse...

Paty

Iniciou o seu comentário por ...
Patrícia:

Ou se enganou no "nº da porta"... :)
ou no meu nome, um pouco diferente ...:)

De qualquer modo grato pelo mesmo

Os meus cumprimentos

José Leite


Pedro da Cruz disse...

Patty permita-me que a trate assim.Disse que gosta da mneira que aprendeu, mas esqueceu-se de dizer quando aprendeu. No entanto digo-lhe, minha amiga, era preferivel le-var um puxão de orelhas ou umas reguadas do que ver professores se-rem agredidos e escarnecidos por alunos que na escola fazem tudo menos aprender. Os jovens do "pós..." levaram uma lavagem cerebral e à minima repreensão respondem com agressões fisicas ou verbais, e se não o fazem, chegam a casa e contam histórias mirabolantes sobre as "torturas" a que são sujeitos. Claro que após os queixumes os papás, que foram educados como os filhos, vão ao estabelecimento de ensino sai "peixeirada". Se os paizinhos educassem os filhos em vez de ter medo, sim medo, dos filhos tudo correria melhor. Uma palmada nunca fez mal a ninguém e mais tarde são os filhos que castigam os pais com castigos fisicos severos, não palmadas no "rabo", com uma violência atroz. E nas casas não há psicólogos a que todos acorrem nos nossos tempos. Com os meus cumprimentos espero que os seus filhos, pelo menos na escola, tenham sido educados por EDUCADORES. Pedro da Cruz.

Ausenda Coimbra disse...

Obrigada Sr. José Leite pelo seu interessantíssimo blogue. Pouco mais tenho a acrescentar a todos os elogios e agradecimentos que vi e subscrevo.
Fiz até à 4ª classe no Externato Borges na Av. Óscar Monteiro Torres e depois fui para a Escola Lusitânia Feminina na Av. Duque D'Avila, ambas em Lisboa e já extintas. Nestas escolas chamadas "particulares" nunca vi maus tratos, saudações ou orações. Fiz na ELF o Curso de Secretariado que terminei em 1961, ferramenta esta que me permitiu exercer a minha profissão durante 42 anos.
Gostaria de destacar o que escreveu o Sr. Francisco da Costa Cabral... As pessoas que dizem que o regime anterior queria as pessoas analfabetas, certamente não percorrem o País interior e não olham para as muitas escolas e postos escolares que ainda hoje existem nas aldeias mais recônditas, algumas incluindo casa para a professora, cantina, sanitários e pátio de recreio coberto, lareira (conheço uma na zona de Ferreira do Zêzere uma que incluía forno para pão) que hoje umas estão ao abandono e outras já foram ou vendidas ou dadas outras aplicações pelas comunidades locais, mas que pela sua traça se destacam. Temos que contextualizar as épocas em que as coisas se passaram. Cumprimentos e PARABENS pelo seu trabalho. obrigada
Ausenda Coimbra

José Leite disse...

D. Ausenda Coimbra

Muito grato pelas suas amáveis palavras e pelo elucidativo comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

A minha mãe foi professora numa freguesia da Maia de 1924 a 1949 tinha as 4 classes juntas e aplicava uma disciplina rigida com "palmatoria"; os alunos foram tão traumatizados que nos anos 70, depois da sua morte, sugeriram que a Junta de freguesia desse o seu nome a uma das ruas, o que foi feito. Afinal, parece que os "castigos" e a disciplina foram muito bem "digeridos". Eu mesmo frequentei a escola n° 19 do Porto entre 1944/48, cantei o hino nacional e o hino da Mocidade,levei algumas reguadas e castigos que me não impediram de fazer a 4. classe com "distinção" e singrar na vida. Bons tempos !Obrigado aos professores que,com baixos salarios, tanto produziram.

Albertina Eudora T. da Silva disse...

Caro José Gomes:

Parabéns por este blogue que em boa hora resolveu publicar. Chegou-me às mãos através de uma amiga e colega.
Fui professora primária, de que muito me orgulho. Foi para mim muito gratificante ver os manuais e escolas (Plano dos Centenários)onde exerci a minha missão de educadora e
para além da docência...
Bem haja!
Cumprimenta,
Albertina Eudora

José Leite disse...

D. Albertina Silva

Muito grato pelo seu comentário e pelas suas simpáticas palavras, em relação ao blog.

Os meus cumprimentos

José Leite

Sebastião.José Pires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sebastião.José Pires disse...

Prezado Senhor,

Obrigado pelo seu excelente trabalho e já agora, seja-me
permitido um comentário:
- Frequentei o Ensino Primário de 1947 a 1950, na Escola Além da Ponte em Tomar e o n/ professor,
Sr. Boavida Castelo Branco era de tal forma rigoroso com a nossa aprendizagem, que quando não levávamos os trabalhos de casa em ordem, punha-nos em fila e dava-nos dúzias de reguadas com balanço puxado atras das costas
deixando-nos as mãos em mísero
estado.No quadro, à primeira falha
vergastava-nos com uma cana da Índia delgada e por outros motivos, quando lhe apetecia, expunha o aluno lá á frente
a fazer de estátua, com os braços
abertos e um peso em cada mão,
até ficar roxo ou cair para o chão
e foi assim neste ambiente de terror que por ele repetidamente me vir cravar uma unha afiada numa orelha, me provocou uma
infeção tal que deixou nela para sempre um caroço do tamanho de
um amendoim encascado. Concluindo,
este autêntico algoz, no ano de
1951 espancou de tal maneira um aluno, que terminou morrendo no
hospital e a culpa morreu solteira
-Eram tempos cruéis do pós guerra,
racionamento, salazarismo e com a
sociedade minada de legionários e
Mocidade Portuguesa sem lugar para
queixas, as quais a existirem eram
tidas como atitudes comunistas.

Agora, volvido mais de meio século
pude constatar num passado recente
na qualidade de membro de uma associação de pais, como vai a relação professor/aluno, servindo-me apenas de um exemplo: Um aluno
de origem africana,tipo agorilado
com 15 anos de idade, bateu no
professor e por isso foi expulso
da escola. Porém como nas escolas
das redondezas não o quiseram receber sob a alegação de falta
de vaga, o Ministério decidiu que
o dito aluno regressasse à sua
turma, onde depois entrou a rir-se
e a fazer novas ameaças ao professor...
Quanto a castigos, estes de agora
até têm graça. No intervalo das aulas vão durante x dias para a secretaria sentar-se numa cadeira,
ou então se a falta for mais grave
vão varrer os pátios da escola e
será muita sorte da diretoria, os
paizinhos não virem ali armar peixeirada.

É um problema de equilíbrio entre
o 8 e o 80 que só ainda não foi
resolvido pelos sucessivos governos do pós 25 de Abril devido ao receio de perda de clientelas eleitorais, senão há muitos anos que já se teriam entendido e tudo estaria resolvido.

Cumprimentos,
Sebastião, José Pires

José Leite disse...

Caro José Sebastião

Muito grato pelo seu texto

Os meus cumprimentos

José Leite

Carolina Graça disse...

Um espetaculo! Parabéns

José Leite disse...

D. Carolina Graça

Muito grato pelas suas amáveis palavras.

Os meus cumprimentos

José Leite

Rogerio Cardoso disse...

A Escola "Monumento D.Luiz I" fica em Cascais na AvªVasco da Gama. Nas trazeiras da escola, existiam duas amoreiras, que nós miudos com a criação do bicho de seda, era o nosso local de abastecimento de folhas, isto nos anos 40/50.

António J. M. Nunes da Silva disse...

Nunca gostei de ditadura, mas entendo que a História não pode ser alterada.
Dois “mitos” errados: no tempo da ditadura era só aulas separadas para rapazes e raparigas e estudo era só para “castas”.
Nasci em 1925. Éramos 4 irmãos, 2 rapazes e 2 raparigas, separados cerca de 3 anos uns dos outros. Eu era o 3º. Pai com a 4ª classe e mãe analfabeta, todos tirámos curso superior, todos brilhámos nas nossas profissões. Aquilo que cada um de nós livremente escolheu. Nunca chumbei, nunca tive explicações, fui sempre dos melhores da turma.
Aos 5 anos, em 1930, declarei aos meus pais que queria ir para as escola onde já andavam uma irmã e um irmão. O Colégio Avenida. Sala única, com os alunos das 4 classes, rapazes e raparigas. Compraram-me livros, mas naquela idade só me interessavam as páginas onde havia “bonecos”. Comecei a sério na idade legal para a época, em 1931.
Em 1935 fiz exame de admissão ao liceu. Fiz o primeiro ano em colégio particular, rapazes e raparigas. A minha preparação da primária foi tão boa que eu emendava várias vezes o professor de português. E ele agradecia.
Em 1936 mudei para outro colégio particular, o Colégio Instituto Moderno, na Av. D. Carlos, onde completei o 1º ciclo dos liceus (3º ano do liceu). Em 1938 passei a frequentar liceu oficial, o Liceu do Carmo, esse sim, só para rapazes. Fiz lá o 2º ciclo (4º ao 6º ano) e completei liceu (7º na altura) no Liceu Passos Manuel, também só de rapazes, por o do Carmo ter encerrado.
Entrei para a Faculdade de Ciências em 1942, onde fiz os preparatórios para escolas militares. No meu curso éramos só rapazes porque nesse tempo não havia senhoras nas FA. Mas noutros cursos da faculdade coabitavam rapazes e raparigas. Lembro-me até de, nesse ano, uma rapariga estar entre os 3 alunos de Álgebra Superior que obtiveram melhor nota. Eu tirei a melhor nota de Matemáticas Gerais, equivalente à Álgebra Superior. Por não haver livro, ia requisitar vários outros à biblioteca da faculdade.
E em 1943 concorri e ingressei na Escola Naval.

Fernando Paixão disse...

O autor deste trabalho deveria ser apontado como guia histórico das sucessivas gerações que protagonizaram os 40 anos desta revolução ainda em curso. Tem exageros e, uns por isto, outros por aquilo, foram alertando para alguns desses exageros. Como esqueleto o documentário está muito realista e, na minha visão retrospectiva destes 40 anos parece-me que as diferenças programáticas do Estado Novo, eram diferentes entre zonas do mesmo país, mas não muito divergentes. Algumas delas foram ostracizadas e essa raiva ao passado redundou numa igonrância crassa que é hoje evidente. Nem tudo era mau, como hoje nem tudo é bom. A fome trouxe fartura de actos, valores e saberes que se perderam irremediavelmente. Muitos dizem hoje que apenas mudaram as moscas. A sociedada actual é o retrato mais real e mais coerente da marca epidérmica do Povo Português. Parabéns ao equilíbrio do documento que nos foi facultado.
Fernando Paixão, 12/7/2014 Montalegre

José Leite disse...

Caro Fernando Paixão

Muito grato pelo seu comentário e opinião.

Os meus cumprimentos

José Leite

Unknown disse...

Muitos parabéns pela excelente ideia que teve de ter coleccionado uma série de livros antigos. Adorei revê-los e gostava que me dissesse se é possível comprar alguns deles e onde? Quero lembrar-lhe que ainda faltam alguns como o de Religião e Moral o de Ciências e o de Geografia. Muito obrigada por me ter
proporcionada a revisão destes livros no seu blog.
Cumprimentos
Irene Olim

José Leite disse...

D. Irene Olim

Antes de mais agardeço a gentileza das suas palavras.

Estes livros, originais, só encontrará em alfarrabistas, ou em feiras de coleccionismo, e porque não, na Feira da Ladra em Lisboa.

Entretanto há uma editora que reeditou no ano passado, salvo erro, uma colecção destes livros antigos para coleccionadores e interessados. Eu vi-os expostos.

Se se deslocar a uma boa livraria decerto, como a Bertrand, estou certo que a informarão, se não tiverem mesmo para venda.

Os meus cumprimentos

José Leite

Guilherme de Sousa Olaio disse...

Nunca percebi muito bem o que é isso de Lisboa e a província. Aprendi que no Continente temos 11 (Províncias). Eu nasci na do Douro Litoral e nunca fui ensinado ou aconselhado a pedir a bênção ao Professor.
Cumprimentos

Jorge Rego disse...

Muito bem elaborado.
Parabéns
Jorge Rego

José Leite disse...

Caro Jorge Rego

Muito obrigado pelo seu amável comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

tempocurto disse...

Pena que só hoje me tenha chegado ao conhecimento a existência deste blogue.
Mas, mais vale tarde do que nunca. Parabéns pelo trabalho aqui exposto.
Vivi uma parte da escola que aqui se descreve, tendo sido aluna do ensino primário entre 1963 e 1967 na Escola Primária do Penedo Gordo, uma pequena aldeia junto de Beja, cidade onde fiz exame de 4ª Classe cujo diploma é igual ao que apresenta no blog.
Usei alguns dos manuais aqui recordados, levei reguadas com uma régua de madeira sem furos, rezei o terço todos os dias, no final da aula, durante o mês de Maio (mês de Maria, tinha um crucifixo por cima do quadro da sala e a fotografia de Salazar e de Américo Tomás estavam também nas paredes da sala. O respeito pela Srª D. Francisca (a minha muito querida professora) era total e inquestionável. Levantávamo-nos sempre que ela entrava na sala, já depois da classe estar sentada nas suas carteiras e pronta para trabalhar. Não conheci nada da Mocidade Portuguesa nem dela se falava na minha escola. O que fui sabendo a respeito, foi depois de ter ido para o ensino secundário para Beja, mas como fui para a Escola Industrial e Comercial, também por lá não se falava muito disso. Sabíamos que os da Mocidade, eram os "meninos do liceu". Ingressei no Magistério Primário em 1974 e fui leccionar numa escola do interior alentejano em 1976. Nas paredes ainda permaneciam as fotos de Oliveira Salazar, Marcelo Caetano e Américo Tomás, tal como as gavetas ainda continham um espólio apreciável de réguas e de palmatórias e umas orelhas enormes com um aro de couro, que, diziam os alunos, eram usadas para colocar na cabeça de quem não sabia a lição. Foi hora de fazer a minha primeira fogueira no pátio da escola, as acendalhas foram as fotografias do Estado Novo e o combustível foram as réguas, palmatórias e as tais orelhas enormes. Foi uma cerimónia só minha, num fim de tarde e os meus 36 alunos (de 4 classes diferentes) nunca souberam do fim que tais objectos tiveram. As molduras forma preenchidas com desenhos feitos por eles e, há poucos anos ainda lá estavam na mesma parede. O respeito e a disciplina necessária ao normal funcionamento de uma turma tão numerosa e com 4 anos de escolaridade diferentes, para ensinar, foram construídos sem réguas, sem orelhas de burro, mas, com uma autoridade firme e uma responsabilidade partilhada entre mim e aquele grupo de meninos, que, ao perceberem que não lhes bateria, nunca, por motivo nenhum, me brindaram com respeito, obediência, mas acima de tudo, com uma ternura e uma amizade que nos levou a ser uma família. Uma família onde as regras se cumpriam e o ensino se praticava sem imposição e sem medos. 11 desses alunos eram de 4ª Classe, fizeram exame (1977 foi o último ano em que se realizaram estes exames, um erro, na minha modesta opinião) numa escola próxima, tendo todos sido aprovados. Ganhou-se muito com a mudança da escola que José Leite aqui descreve neste blogue, mas PERDEU-SE IMENSO com o extremo em que estamos, nos dias de hoje. Portugal não teve a capacidade de ficar pelo "MEIO TERMO" matou o que era excesso e abuso de autoridade e de violência na sala de aula, mas não soube deixar bem firme a autoridade do professor e a necessidade de a escola ser encarada como um local onde se tem trabalho, obrigações e deveres. Tentaram dizer aos pais e aos alunos que a escola era um local agradável, engraçado e divertido, onde tudo era lúdico e não impositivo. ERRO que pagaremos com língua de palmo, por inúmeras gerações. A escola tem de ser um local agradável, onde se estuda, se trabalha, se pesquisa, se tem responsabilidades, disciplina, rigor e onde se obedece aos professores e com eles se partilha saberes e conhecimento, pois só esta fórmula leva a uma aprendizagem completa e útil ao futuro de cada aluno.

José Leite disse...

"Tempocurto"

Grato pelas suas amáveis palavras em relação ao blog.

Em relação ao que escreveu estou de acordo em tudo. "Nem 8 nem 80"

E por cá passou-se do 8 ao 80 ... até nas dívidas ...

Os meus cumprimentos

José Leite

Unknown disse...

Os meus parabéns pelo trabalho!

Fica uma sugestão. Não encontro referência a uma das Escolas mais antigas de Lisboa, Grémio de Instrução Liberal de Campo de Ourique, que curiosamente ainda continua em actividade, apesar dos 110 anos de existência.
Cumprimentos
João Maria Lopes

José Leite disse...

Caro João Lopes

Muito agradecido pelo seu amável comentário e sugestão

Os meus cumprimentos

José Leite

Alfredo Ramos Anciães disse...

Caro José,

Eis aqui um bom trabalho.

Parabéns.
P.S. Se quiser visitar os meus blogues aqui deixo os endereços.
http://cumpriraterra.blogspot.pt/
http://comunidade.sol.pt/blogs/alfredoramosanciaes/default.aspx


José Leite disse...

Caro Alfredo Anciães

Muito obrigado pela amabilidade do seu comentário.

Cumprimentos

José Leite

G. Reis Torgal disse...

Só hoje me chegou estas excelente fonte para um estudo sério do Ensino em Portugal. Li a correr e vou ler com mais atenção. Desde já felicito-o pelo trabalhoso trabalho de pesquisa. Fui Professor do E. P, aliá fui professor em Todos os graus de Ensino de Portugal excepto pré primário que não havia, Diferença enorme com a balbúrdia+ de hoje. Aliás o ensino assentava (com todos os defeitos e falta de condições que tivesse e tinha) no, princípio fundamental da PEDAGOGIA: A empatia entre Professor /aluno e mesmo entre os Professores de cada Escola, coisa impossível com essas "fábricas" de montagem que são os Agrupamentos e sobretudo os mega-agrupamentos forjadores de indisciplina e onde a verdadeira PEDAGOGIA é inaplicável, restando pois o pedagoguês que de educativo nada tem. BEM HAJA! PROCURAREI SEGUI-LO.

José Leite disse...

Caro Reis Torgal

Muito grato pelo seu comentário e pela válida opinião acerca do nosso Ensino.

Os meus cumprimentos

José Leite

Jorge Santos Forreta disse...

José Leite, PARABENS pelo blogue!
Sou médico,na Casa dos Professores, em Setúbal e os relatos são sobreponíveis.
Vou seguir!

José Leite disse...

Caro Jorge Forreta

Muito agradecido pelo seu comentário.

Os meus cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

SR.JOSÉ LEITE,
DEPOIS DE TUDOO O QUE LI NOS COMENTÁRIOS APRESENTADOS,NÃO POSSO ACRESCENTAR MAIS NADA,POIS QUE TUDO JÁ FOI DITO.
OS MEUS PARABÉNS POR ESTE EXCELENTE TRABALHO,
PEÇO ACEITE UM ABRAÇÃO DESTE MOÇAMBICANO AO SEU DISPÔR,
VÍCTOR AZEVÊDO

José Leite disse...

Caro Víctor Azevedo

Muito grato pelo seu amável comentário.

Um abraço

José Leite

Anónimo disse...

Frequentei a escola primária de 1945 a 1950,na minha aldeia "Maiorga" onde existia a régua (palmatória) e a menina dos 5 olhos. Existiam as fotos do Dr. Salazar e do Marechal Carmona e o crucifixo ao centro. Fiz o exame da 4ª classe na Escola Adães Bermudes em Alcobaça, sede do concelho.
Só ao Sábado,mas todos os Sábados, se cantava o Hino Nacional, o Hino da Mocidade Portuguesa e o Hino Portugal - (A Oeste da Europa)e ainda e Hino da Restauração - (Lusitanos é chegado o dia da Redenção), depois havia a aula na rua exactamente igual à Mocidade Portuguesa; marcar passo, esquerda, direita, em frente, marcha, etc....etc.! levei algumas vergastadas e puxão de orelhas por me enganar nos passos. Estas aulas eram só ao Sábado das nove ao meio dia. Tenho todos estes Hinos escritos e gravados no meu computador, com o título "Memórias da Minha Infância" que deixo aos meus 10 netos.Por último parabéns pelo seu trabalho por estes trabalhos e pela história da nossa História, da qual este seu trabalho faz parte.
05/10/2015 - António André

José Leite disse...

Caros António Marafuga e António André

Muito grato não só pelos vossos amáveis comentários como pelas informações adicionais.

Os meus cumprimentos

José Leite

joaquim caldeira disse...

tenho 85 ANOS SOU DO TEMPO DA CANA DA INDIA E DA RÉGUA. JÁ NÃO EXISTIA A MENINA DE CINCO OLHOS, MAS A VERDADE É QUE NUNCA APANHEI COM UMA COISA NEM COM OUTRA, PORQUE ERA BOM ALUNO, CUMPRIDOR E APLICADO.QUE DIFERENÇA ENTRE O ENSINAR E O APRENDER DE HOJE, E O DAQUELE TEMPO!
BONS MÉTODOS DE ENSINAMENTO, BONS PROFESSORES BONS LIVROS E ALGUMA INTELIGÊNCIA DE ASSIMILÃÇÃO.MAS NAQUELE TEMPO ESTUDAVA-SE DE TUDO UM POUCO! CIENCIAS GRAMÁTICA,ARITEMÉTICA, GEOGRAFIA, ETC,ETC,ETC. NUNCA FUI ALÉM DO 2º GRAU DE INSTRUÇÃO PRIMÁRIA PORQUE OS MEUS PAIS ERAM POBRES E ERAMOS 4 IRMÃOS,MAS NÃO FOI POR FALTA DE QUALIDADES QUE NÃO FUI MAIS ALÉM.MAS EMFIM ERA ASSIM A VIDA NAQUELE TEMPO À VOLTA DE 1941 QUANDO SAÍ DA PRIMÁRIA E TIVE QUE IR TRABALHAR!!!
JOAQUIM CARDOSO CALDEIRA

Joao Diniz disse...

Apreciei imenso, mau grado o ensino bolorento que tanto nos marcou. Coincidentemente,
o Porto Canal está mostrando partes interessantes da Holanda. Que gente aquela, que maravilha! Nos anos 20 construiram um tunel, debaixo dum canal, para unir duas margens. Com pista para bicicletas incluida. Ao lado, outro para viaturas. Que raiva.
E nós tão ordeiros e aplicados. Para cúmulo, as bonitas floreiras, nos postes de rua.
Por cá, todo o parôlo autarca copiou, para depois as abandonar. Pequeno exemplo!
Parabens pelo blogue, trabalho interessante.
Joao Diniz/Sintra

terezinha disse...

Excelente! Como já nos habituou neste blogue.
Mas...há aqui uma lacuna grave no meu entender. Porque falta uma grande escola, a Escola Lusitânia Feminina, em Lisboa ao Arco Cego, a minha Escola.
Foi uma escola que formou excelentes secretárias e não só, que teve um ensino extraordinariamente puxado com disciplinas dadas em francês e em inglês, com noções de comércio, com recreações matemáticas, estenografia, dactilografia, geografia, literatura (francês e em inglês),etc.
De facto, na internet, pouco ou nada há sobre a mesma.
A escola existiu desde 1946. Foi seu director por largos anos o Dr. Armando Estácio da Veiga, que por altura do 25A a cedeu ao Ministério da Educação que a transformou em Escola Secundária do Arco-Cego. Foi o fim do ensino profissional da escola.E infelizmente também o maravilhoso edifício foi destruído. Portas meias, ficava a Casa do Império, onde estudaram tantos ilustres jovens africanos.
Entre muitas ex-alunas,ressalvo aqui a Marina Tavares Dias, autora de vários livros "Lisboa Desaparecida", entre outros, que tem algumas (poucas) fotos da Escola.

José Leite disse...

D. Tereza

Não esqueci, não.

A razão pela qual não a referi (assim como outras) foi o facto deste artigo já estar longo demais.

Os meus cumprimentos

José Leite

Z disse...

Nasci em 1957, frequentei a escola da rua de S. Paulo (cais do sodré). Tudo o que diz corresponde à verdade vivida por mim. Faltam as orelhas de burro que no meu tempo também eram usadas. O diploma guardo-o como uma relíquia, os livros e cadernos também ainda os tenho, assim como uma enorme saudade da professora (danada para nos castigar!!!), mas que deu a conhecer o bailado, a ópera, o teatro e a música clássica. Gostos que adquiri e que nunca mais deixei.
Traumatizada? Não. Na escola só levei uma vez por causa das contas de dividir. Ainda hoje continuo a não gostar delas.Tudo o resto fez a mulher que sou hoje e de que me orgulho muito.
Bem haja
Adriana

Jorge Castro (OrCa) disse...

Como cultivo a postura de que é tão digno o louvor merecido como o reparo fundamentado, aqui lhe deixo testemunho reiterado do quão interessante e motivador é cada «passeio» que dou ao seu Resto de Colecção. Pelo tratamento cuidado dos temas e assuntos, pela partilha de imagens documentais que são auxiliar precioso para a avaliação de ambientes sociais... enfim, pela panóplia de informação que disponibiliza, a suscitar a cada leitor, até, o bichinho da investigação pelas pistas apresentadas.

Um exemplar caso de serviço público.

Os meus agradecimentos e aplauso, pois.

José Leite disse...

Caro Jorge Castro

Acredite que fiquei deveras sensibilizado com o seu comentário.

Sem mais palavras, os meus cumprimentos e agradecimentos

José Leite

João Celorico disse...

Caro José Leite,
Quis o acaso que eu lesse o comentário ao seu “post” do dia 28 de Junho passado sobre Músicas de Filmes Portugueses. A curiosidade levou-me, de novo ao “post” sobre este Ensino Primário, onde constatei dois factos:

Manuel Oliveira disse...
Quero aqui deixar um comentário ao Sr. João Celorico.
O caro Celorico não deve ter andado em alguma escola do estado mas, sim em algum internato, dado que eu andei na escola primária de 1952 a 1956 e, muitas vezes sentá a palmatória, cantei o Hino Nacional, me levantei quando qualquer pessoa estranha entrava na sala e fui obrigado a fazer parte da Mocidade Portuguesa fazendo a saudação nazi.
25/03/2013, 15:41:00

Ora acontece que como facilmente se depreende do que eu escrevi, da 1ª à 3ª classe, eu andei na Escola Pública e mais Pública não podia ser. No Algueirão de Cima (vulgo, Algueirão Velho), em 1947, na 1ª classe tive que levar um banquinho de casa porque, caso contrário, ficaria sentado no chão. Apenas para que conste, não tinha cantina, recreio, fotos do Salazar, do Carmona, nem crucifixo, a única saudação que eu fazia era dar os bons dias ao professor, não cantei hinos e nem sequer apanhei vacinas. Para ter todas estas condições, tinha que me autodeslocar através do mato e dos atalhos, à chuva e ao sol, desde o Algueirão de Baixo (vulgo, Algueirão Novo) até à Escola. O professor, que morava em Lisboa, não se livrava de fazer o mesmo trajecto desde e para a estação do caminho de ferro.

Em Lisboa, na 4ª classe, em 1950, Escola nº 8 defronte da porta de casa, na Rua dos Poiais de São Bento, já tinha as fotos e crucifixo mas não havia essas coisas de Mocidades e saudações.
Cantorias, também como refiro, apenas uma vez. O que tive e numa dose bem forte que é capaz de me ter “traumatizado” foi o lote de vacinas que levei, devido à minha quase total abstinência anterior!

Posto isto, lamento que o sr. Manuel Oliveira tenha ficado tão traumatizado que nem conseguiu ler bem o que eu escrevi chegando ao ponto de duvidar do que afirmo! Como se os internatos fossem menos rígidos que as Escolas do Estado!


Porém, este assunto não valeria o meu arrozoado, não fosse o caso de que ao ler de novo o seu “post”, verifiquei que dele desapareceu a foto da Escola Primária nº19, sita na rua Nova do Calhariz e que dava razão à transcrição da lápide. Agora, por baixo da foto da Escola da Voz do Operário,, na Rua de São João da Mata, não fará sentido!

Cumprimentos e as minhas desculpas pelo “desagravo”

João Celorico

Unknown disse...

Adorei rever os livros da minha infância embora com boas e mas recordações mas tudo passa.E algumas coisa era bom que se lembrassem como era, respeito e obediência que hoje tudo desapareceu os tempos mudam e nós vamos vendo.Gostaria de ler os livros todos para recordar um pouco a escola não os professores. Eram uns autenticos carrascos. Dou os parabéns por estas maravilhosas recordações, vou tentar encontra o livro de ciencias naturais e geografia que eu adorava mas já lá vão tantos anos que não sei se será possivél.Uma vez mais o os parabéns e um muito obrigado.

José Leite disse...

D. Beatriz Lourenço

Muito grato pelo seu generoso e amável comentário.

Os meus cumprimentos

Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória disse...

Muito valioso o que aqui se mostra. Pelo que é mostrado - que permite recordar uma fase fundamental da vida das crianças desse tempos, nas quais me incluo - e porque é uma achega importante para ajudar a analisar estes materiais e os conceitos e políticas da educação, relativas a esse tempo. Muito importante, também, pela troca de ideias que permite. Agradeço ao Sr. José Leite, a quem dou os meus parabéns, pelo trabalho conseguido.

José Leite disse...

Caro Manuel

Muito agradecido pelo seu amável comentário.

Os meus cumprimentos

Prof de História disse...

Só hoje descobri o seu blog e este post é uma verdadeira preciosidade.
Frequentei a escola primária ainda no Estado Novo - 1970-74 - e a minha realidade era essa. Era um pequeno colégio privado na periferia de Lisboa, pois a escola pública não tinha lugar para mim, por ainda não ter os 7 anos feitos. Por ter apanhado a reforma de Veiga Simão já tive a escolaridade obrigatória até ao 6º ano e também tive o privilégio de ter turma mista (com meninos e meninas ao mesmo tempo). Mas a sala de aula era igual.
Aquele foi o meu livro da 3ª classe e aprendi a ler pela cartilha de João de Deus: as aulas começaram em Outubro e nas férias do Natal já sabia ler.
Havia coisas más naquela época - havia reguadas e muitas bofetadas à mistura para quem não conseguia aprender, às vezes era um exagero pois muitos dos meus colegas não conseguiam aprender ao mesmo ritmo que eu e tinham verdadeiras dificuldades na aprendizagem e levavam na mesma... não era por isso que aprendiam mais depressa - mas havia respeito pelo professor e empenho na aprendizagem que era vista como um privilégio e não como algo banal.
Apesar de ter feito o exame da 4ª classe já depois da revolução (vinha de uma escola privada e por isso tive de prestar provas públicas na escola do Estado), o meu diploma é igual ao que apresenta na imagem.
Parabéns pelo trabalho.

José Leite disse...

Grato pelo seu comentário.

Os meus cumprimentos

Duarte disse...

Excelente trabalho de documentação dum passado que ainda que longínquo, sabe a presente, pois parece que foi ontem que estes livros passaram pelas minhas mãos.
Agradecido quedo e os meus parabéns.
Respeitosos cumprimentos.

Unknown disse...

realmente temos aqui um blog digno de ser apreciado e naturalmente tenho que alinhar pela unanimidade e dar os parabéns ao autor.
tembem eu fiz a quarta classe em 1962, mas curiosamente só os livros da 1ª, 2ª e 3ª clsses aqui expostos ( que também tenho , já adquiridos com novas edições) conjuntamente com o da historia de Portugal , mais concretamente aquele do tomas de barros , são os que utilizei.

afortunadamente ainda conservo todos os livros da minha 4ª classe:
livro de leitura - pires de lima
ciências naturais- tomas de barros
historia de Portugal- tomas de barros
geografia - pedro carvalho
caderno de geometria e aritmética-pedro carvalho
caderno de redação e gramatica - pedro de carvalho ,albano chaves ( extraviou-se).
gramatica portuguesa- pedro carvalho.
2 cadernos de significados - pires de lima.
parece que é tudo.
devo dizer que a minha quarta classe foi tirada numa pequena vila do ribatejo e foi aquilo que se pode chamar um autentico inferno,a exemplo da primeira classe com uma professora completamente louca, ao ponto de espancar individualmente num compartimente isolado e de forma selvatica crianças de sete anos, eu incluído .

quanto à quarta classe o problema era literalmente o mesmo , porrada de criar bicho, principalmente naqueles alunos cujos pais não se apresentavam na escola para mostrar à professora que a estavam a controlar , que eram exactamente aqueles mais humildes cujos pais não conheciam uma letra do tamanho do mercadorias que por lá passava e ela uma professora recém formada que para se impor necessitava de torturar todos os dias um qualquer desgraçado das classes sociais mais baixas, porque aos outros não lhes tocava.

havia regua em todas as classes da primeira à quarta e também canadas ou palitadas...quanto a traumas fiquei sim senhor com eles , ao ponto de não conseguir falar com os professores dos meus filhos receando que me passasse, já em africa e durante a guerra enquanto os meus camaradas tinham pesadelos com ataques do opositor eu tinha-os com os tareões das professoras.

depois de acbar a primaria , quando me falavam em prosseguir estudos , eu na minha ignorância pensava que iria ter a continuidade da escola básica e gritava a plenos pulmões como se me quisessem matar.

o acima descrito passava-se , pelo que sei , na maioria das pequenas vilas e aldeias deste país...

quanto ao hino, parece que o lemos uma só vez mas rezar tinha que ser todos os dias antes do começo das aulas , um pai nosso e uma ave maria e imdiatamente a seguir havia logo um arraial de porrada para um " mal vestido", porque se esqueceu de dar os bons dias em unissono à chegada da "mestra" ou por não se ter levantado rapidamente, ou por ter tossido enquanto rezava, ou até quando não era por razões completamente injustas.

cumprimentos

Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória disse...

São muito importantes os comentários aqui feitos, relacionados com o tema e retratando experiências pessoais, de épocas diversas do ensino primário, em Portugal. Esta montra, de que beneficiamos, a partir do excelente trabalho do nosso amigo José Leite, permite-nos ter acesso a comentários como o de Clin Zorro, que para muitos parecerá um excesso, mas infelizmente era assim, naquele tempo. Muita tareia na escola, pode-se dizer que havia professores e professoras que usavam o terror, diariamente. Tive uma professora, na 2ª classe, no Vale de Santarém, que, levando-nos ao quadro negro, para "fazer contas", agarrava com as mãos a cabeça de quem não acertava na tabuada e batia com a cabeça no quadro ou, quando se enganavam na leitura, riscava na cabeça com a ponta do lápis. Só lá esteve um ano, felizmente. Pelo contrário, a professora da minha 1ª classe (e da 3ª classe, que na sala estavam sempre duas classes) era completamente diferente: exigente, sim, mas com outra qualidade pedagógica, como uma mãe atenta, positiva, que raramente punia, fisicamente. O mesmo aconteceu com a professora da minha 3ª classe. Já quanto ao professor da 4ª classe, de grande competência quanto ao ensino das matérias, de vez em quando ficava muito irritado com o nível de aprendizagem dos alunos e então castigava pela pancada. Isto foi nos anos de 1950 e ... Ora, cabe aqui dizer que, também depois, na Escola Técnica, encontrei professores que usavam castigos físicos, inclusive para rapazes de 15, 16 anos, e até algumas alunas tiveram, o mesmo tratamento. Foi um tempo mau, nesse aspecto, e antes desses anos terá sido bem pior. Não valorizo positivamente, mesmo nada, tal comportamento dos professores e, infelizmente, para meu espanto, ainda hoje oiço muitos dos alunos desse tempo dizerem coisas como "só se perderam as que caíram no chão...", ou qualquer coisa assim. Alguns puxam deste tempo e do que acontecia então na escola, para sugerir que agora, neste tempo de hoje, se usem os mesmos métodos, para "educar" as crianças e jovens. Há que fazer algo, sim, mas nunca nada disso.

mjtc disse...

Agradeço o testemunho de quem passou no ensino do antigo regime, marcado pelos maus tratos dado por professores, mas também uma época em que os alunos aprendiam com eficiência. De alguns tipos de ensino que aqui apreciei, existiu também um tipo de ensino, ainda criado nos anos 60: a Telescola - um sistema de ensino alternativo que oferecia o 2° ciclo (6°ano), substituindo os ausentes liceus em zonas rurais ou semiurbanos. Eu nasci em 1968, e antes de ir para o liceu, frequentei a Telescola, em que as aulas eram transmitidas pela televisão, pelos monitores, e dadas presencialmente pela professora da sala. A Telescola oferecia 10 disciplinas, incluindo o Francês, bem como Educação Física, Religiosa, Musical, Visual e Trabalhos Manuais; além das disciplinas básicas como Matemática, Português, Ciências da Natureza e História. Um sistema de ensino que preparou melhores os alunos, devida à sua concentração na televisão.

Assunção disse...

Foi com emoção que descobri a foto da minha sala de aula e da minha professora de primária, a Dª Isabelinha! Andei no Externato entre 76 e 78, na 3ª e 4ª classe. Lembro-me perfeitamente da sala de aula, das carteiras de madeira, dos mapas de Portugal, das serras, das linhas de comboio e ainda das "colónias", do móvel de portas de vidro onde se guardava o material para as aulas de geometria, com objectos em madeira, do crucifixo sobre o quadro. Também me lembro da regra das 20 réguadas para o que falava e 10 para o que ouvia e de ser essa a primeira e última vez que o meu pai se deslocou a uma escola para falar com uma professora para me pedir para me trocar de lugar, pois a minha colega de carteira, a Carlota (lembro-me dela como se tivesse sido ontem) nem com os castigos se calava! Também me lembro bem da Dª América, a mãe da professora, que tomava o seu lugar sempre que a filha se tinha de ausentar e do respeitinho ainda maior que lhe tínhamos! Depois disso segui para a escola Eugénio dos Santos, "a escola dos índios" como os meus pais lhe chamavam, habituados que estavam a um ensino rigoroso e à moda antiga... para mim foi uma lufada de ar fresco e de liberdade, apesar de ter sempre mantido o sentido de respeito e obediência aos adultos, que naquela altura a hierarquia era bem marcada!

José Leite disse...

D. Assunção

Eu andei no Externato uns anos mais atrás entre 1963 (infantil) até 1967.

Quanto às reguadas nem me fale .... levei tantas ... Virado para a parede de castigo, etc.

Os meus cumprimentos

monteiro disse...

Sr Leite, boa noite.
Tenho 74 anos e fui Professor do ensino primário durante alguns anos, não só no continente como também em Moçambique. Lembro-me que o Hino Nacional era cantado só ao Sábado durante o içar da Bandeira Portuguesa, começando logo de seguida a actividade desportiva no recreio da escola, com variados jogos que serviam para um convívio entre as várias classes.
Naquele tempo, acabei o curso em 1963, os castigos corporais eram aplicados com moderação e sem molestar psicològicamente os alunos, pelo menos era assim que eu procedia e, por vezes, eram os próprios pais que pediam para castigar mais os filhos, ao contrário de agora em que fazem queixinhas por situações absurdas. E mais não digo. Obrigado e parabéns pelo seu blog.

Unknown disse...

Boa noite

Um magnifico trabalho.Parabéns.
Dada a minha idade, muitos dos manuais e documentos são do meu conhecimento e até estavam arquivados junto de outros nas minhas estantes.`Acerca de 2 anos por motivos particulares tive que me desfazer deles. Obrigada por me dar a oprtunidade de os voltar a ver.
Bem haja.
Lurdes Maltez

Andradarte disse...

Parabéns pelo Blog e pelo excelente trabalho, pelo qual tenho de agradecer,
pois as memórias que me deixou são imensas.
Quantas histórias me vieram à memória.....mas....isso é outro capítulo.
Abraço

Vasco de Lima disse...

Muito interessante, sobretudo para quem considera a Língua Portuguesa um dos valores mais altos da Pátria e que, por isso mesmo, merecedor de todas as atenções e cuidados. A LP é o sinal mais expressivo da expansão de Portugal no mundo, e se quisermos mantê-la, e consolidá-la, há que torná-lo indelével. Para isso, a via mais directa e eficaz, será a da sua difusão, em paralelo com os indispensáveis factores de natureza comercial e social. É nesta linha orientadora que se não pode deixar de lamentar os maus tratos que lhe foram infligidos com o chamado Acordo Ortográfico, transformado que está num agente desagregador, tanto internamente como na esfera da CPLP, onde se situa a maior parte dos falantes de LP em todo o mundo. Trabalhos sérios de pesquisa, compilação e tratamento de dados históricos da LP, como é o deste exemplo, merecem elogio e estímulo. Juntar-lhe um outro que ponha em evidência a série de atropelos contidos no AO, seria, porventura, um elemento adicional que ajudaria à sua revisão profunda, indispensável e urgente! VRL

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