Sociedade de Mercearias e Farinhas Limitada "Fábricas Triunfo" , foi fundada 1 de Fevereiro de 1923. Entre os industriais de Coimbra que fundaram as Fábricas Triunfo, em 1923, contaram-se como os seus principais promotores, Mário Pais e Adriano Viegas da Cunha Lucas.
Na década de 1920 a 1930, Adriano Lucas desenvolveu uma grande e intensa iniciativa empresarial através da criação de várias empresas em Coimbra e na região. Para além das "Fábricas Triunfo", também fundou a "Auto-Industrial" (1920), o "Café-Restaurante Santa Cruz" (1923), o "Diário de Coimbra" (1930) e algumas outras empresas já desaparecidas. Durante várias décadas do séc. XX as Fábricas Triunfo e a Auto-Industrial foram as duas maiores empresas de Coimbra em volume de negócios e as duas maiores empregadoras
No Loreto (ou Pedrulha) junto da linha de caminho de ferro, situavam-se duas unidades distintas: O edifício da moagem que albergava duas unidades: Uma moagem de trigo mole que produzia farinha para bolachas e panificação e outra de trigo «durum» que produzia sêmolas para massas. E o edifício das rações que produzia alimentação para animais. Na Pedrulha situava-se a fábrica de biscoitos, bolachas e rebuçados e o edifício do descasque de arroz. Ficavam também aqui, as oficinas da frota de camiões e as de assistência técnica, parte eléctrica e mecânica.
Título de 1 Acção na passagem a S.A.R.L.
1934
1961
As “Fábricas Triunfo” integravam a produção de bolachas, massas alimentícias, rebuçados e drops, descasque de arroz e rações para animais. Tinham delegações no Porto, Abrantes e Faro. Na década de 70, chegaram a empregar mais de um milhar de trabalhadores.
fotos anteriores in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
Em 8 de Dezembro de 1938 a fábrica de Massas e Bolachas na Zona Industrial da Pedrulha, na Rua dos Oleiros em Coimbra sofre um grande incêndio. As "Fábricas Triunfo", então uma das unidades fabris mais emblemáticas da cidade de Coimbra, era atingida por um dos maiores incêndios ocorridos localmente, tendo sido combatido pelos Bombeiros Voluntários e Municipais de Coimbra. A destruição das instalações foi quase total. Apenas se salvou a fábrica de moagem situada nas traseiras do edifício e que nada sofreu.
foto in: Encontro de Gerações
No dia 10 de Dezembro de 1938 o jornal "Diário de Lisboa’" noticiava:
« … Hoje foi aberto o segurado cofre dos escritórios das fábricas, que continha importantes documentos e 60 contos em notas do Banco de Portugal. Tanto o dinheiro como os documentos ficou tudo inutilizado. (…) As fábricas estavam seguras em 100.000 libras. Porém os prejuízos são cerca de 4.000 contos acima dessa importância. As companhias seguradoras são quatro e todas inglesas: A “Scotish Union”, a “Alliançe”, a “Central” e a “Pearl”.»
Mais tarde, as moagens de trigo mole e «durum» em 1964 passaram para o Loreto, e ainda uma fabrica de massas que se manteve até ao fecho da "Triunfo".
A "Triunfo" fábrica em Carnaxide onde produzia massas e olachas. Após ter sido comprada pela Nutrinveste (Grupo Mello) foi deslocalizada, encerrando todas as fábricas (Coimbra e Carnaxide) passando a produzir apenas bolachas em Mem Martins (ex-Nacional).
Reclamo luminoso no Rossio
1948 Embalagem
As fábricas de alimentos compostos de animais (rações) estavam localizadas no Lorêto. Estas recebiam os cereais a partir de um ramal ferroviário próprio.
A saga recente da "Triunfo" passa pela sua compra pela "Nutrinveste" (Grupo Mello). Foram-lhe agrupadas a "Nacional - Cª Ind. de Transformação de Cereais" (bolachas) e a "Proalimentar" (Leiria), passando a fabricar os seus produtos, quer em Coimbra quer numa moderna fábrica em Carnaxide inaugurada em 1975, com enorme quota de mercado.
Todas as fábricas foram sendo encerradas (Oleiros, Lorêto, Pedrulha e Carnaxide) e apenas a produção de bolachas passou a ser feita em Mem Martins, uma fábrica ex-"Nacional", para onde foram deslocalizados os fornos e máquinas da Pedrulha.
Actual estado de abandono das fábricas do Loreto, em Coimbra
fotos gentilmente cedidas por João Silvano
A fábrica em Mem Martins, continua em laboração tendo sida integrada no universo da multinacional Kraft, em 2006, depois de ter sido adquirida anteriormente pela britãnica “United Biscuits” . A sua denominação actual é: "Kraft Foods Portugal Ibéria - Produtos Alimentares, Unipessoal, Lda.’". Esta fábrica produz presentemente bolachas das marcas Belgas, Chipmix e todas as da Triunfo. A unidade produz para o mercado português, mas também para países onde existem emigrantes portugueses, como França ou Luxemburgo, e para as ex-colónias portuguesas, principalmente Angola.
Fábrica em Mem Martins
Em 1997, em homenagem a Adriano Lucas, a Câmara Municipal de Coimbra atribuiu à artéria onde está localizado o Diário de Coimbra a denominação de Rua Adriano Lucas.
16 comentários:
Boa tarde, desde já os meus sinceros parabéns por este Blog, cada vez que por aqui dou uma "surfada virtual" são horas a absorver toda esta riqueza dos mais variados campos da história Portuguesa.
Sou de Coimbra e um interessado por fotografia em cenários e, principalmente, fábricas abandonadas.
Assim, atrevo-me a corrigir uma pequena imprecisão que notei neste texto. As fábricas triunfo em Coimbra eram 3, dessas só duas eram na Pedrulha(já visitei ambas e é doloroso ver como da prosperidade industrial Conimbricense do século passado se chegou a este ponto em que se contam pelos dedos as fábricas ainda no activo), a outra (retratada nas figuras 1 e 2) estava situada bem no centro da cidade junto à Estação Nova(Coimbra-A) na Rua dos Oleiros em plena Baixa e foi demolida há alguns anos, estava inativa desde o referido incêndio e teve ainda um projecto para ser convertida num Centro Comercial mas nunca chegou a sair do papel. A figura 3 é a Triunfo Massas e Bolachas na Pedrulha. A outra Fábrica da Triunfo na Pedrulha era a das Rações, dessa não vejo aqui qualquer foto, se pretender algum material para melhor ilustrar este post terei todo o gosto em facultar-lhe as minhas fotos das fábricas da Pedrulha. Por fim, e correndo o risco de já estar a ser chato gostava de saber se conhece algum livro que fale da História Industrial Portuguesa ou, mais especificamente, da Conimbricense?
Parabéns mais uma vez e obrigado pelas pérolas que aqui coloca. Cumprimentos
Caro "mikos"
Primeiro quero agradecer as suas amáveis palavras.
Em segundo agradecer as suas rectificações as quais vão merecer a minha atenção e correcção.
Quanto ao livro posso-lhe indicar:
"História da Indústria Portuguesa: Da Idade Média ao Nossos Dias"
de: Manuel Ferreira Rodrigues e José M. Amado Mendes
Publicações Europa-América, 1999
Este livro aborda sectores de actividade, empresários, empresas, processos de fabrico, unidades industriais, em áreas e períodos específicos.
Os meus cumprimentos
José Leite
Encontrar este blog foi como que regressar as minhas origens e voltar a sentir o cheiro das bolachas impregnadas na minha roupa até aos ossos e mastigar o gosto de cada sabor aos mesmo tempo que me passei por cada recanto dessas Fabricas onde trabalhei 15 anos da minha vida.
Matei saudades nessas imagens que guardo emolduradas na minha memória.
Obrigada por me ter concedido essa viagem no tempo e parabéns pelo blog cheio de recortes de história que marcam a vida daqueles trabalharam nessas fabricas
Cara Rosa Maria
Pelas suas palavras vejo que ainda hoje sente orgulho e nostalgia dos anos que trabalhou nestas fábricas, tendo contribuído como muitos outros colegas, para que nós todos tivessemos saboreado os produtos produzidos pela Triunfo.
Com o meu modesto contribiuto pretendo lembrar e homenagear desde os industriais, comerciantes que com os seus colaboradores, operários e funcionários, com todos os seus defeitos e virtudes contribuiram de forma positiva e indelével para a nossa história.
Grato pelas suas palavras e um bem-haja
Cumprimentos
José Leite
Entre os industriais de Coimbra que fundaram as Fábricas Triunfo, em 1923, contaram-se como os seus principais promotores, Mário Pais e Adriano Viegas da Cunha Lucas.
Na década de 1920 a 1930, Adriano Lucas desenvolveu uma grande e intensa iniciativa empresarial através da criação de várias empresas em Coimbra e na região. Para além das Fábricas Triunfo, também fundou a Auto-Industrial (1920), o Café-Restaurante Santa Cruz (1923), o Diário de Coimbra (1930) e algumas outras empresas já desaparecidas. Durante várias décadas do séc. XX as Fábricas Triunfo e a Auto-Industrial foram as duas maiores empresas de Coimbra em volume de negócios e as duas maiores empregadoras.
Em 1997, em sua homenagem, a Câmara Municipal de Coimbra atribuiu à artéria onde está localizado o Diário de Coimbra a denominação de Rua Adriano Lucas.
Caro(a) Alba R.
Muito grato pela informação que adicionou.
Toda a informação que os leitores e seguidores deste blogue possam adicionar é sempre muito bem-vinda e uma mais valia para a informação que obtenho, pois é muito difícil e trabalhoso obter dados, e fidedígnos, acerca do passado industrial e comercial em Portugal.
Tomei a liberdade de incluir esta informação adicional no texto dest post, para os leitores que não lêm os comentários.
Mais uma vez o meu obrigado
Cumprimentos
José Leite
Obrigado pelo excelente blog, onde pude vir "beber" alguma informação preciosa sobre as Fábricas Triunfo que tomei a liberdade de usar (fazendo as devidas referências a este site), no blog que criei com um grupo de amigos com o intuito de dar a conhecer parte do património devoluto deste país.
Sinta-se à vontade para visitar e quem sabe usar alguma informação, imagens ou videos nossos também.
http://pedromelo.eu/devolutos/
Caro Pedro Melo
Obrigado pelas suas palavras e o que desejar utilizar deste blog esteja à vontade.
Irei decerto visitar o seu blog.
Cumprimentos
J.Leite
ola boa tarde adoro as vocas bolachas gostaria de saber em que ano sairam as bolachas belgas da triunfo se me puderem ajudar agradeco obrigado pela vossa atencao
Boas tardes:
Gostaria de contribuir para que o blog sobre as Fabricas Triunfo fosse emendado logo no inicio, porque contém algumas imprecisões.
No Loreto(ou Pedrulha)junto da linha de caminho de ferro, situavam-se duas unidades distintas: 1- O edifício da Moagem que albergava duas unidades:Uma moagem de trigo mole que produzia farinha para bolachas e panificação e outra de trigo Durum que produzia sêmolas para massas. 2- O edifício das Rações que produzia alimentação para animais.
Na Pedrulha: O edifício da fábrica de biscoitos, bolachas e rebuçados e o edifício do descasque de arroz.
Ficavam também aqui, as oficinas da frota de camiões e as de assistência técnica, parte eléctrica e mecânica.
No passado, existiu no centro da cidade, Rua dos Oleiros, uma fabrica de bolachas que ardeu. Mais tarde, as moagens de trigo mole e durum que em 1964 passaram para o Loreto, (Pedrulha)e ainda uma fabrica de massas que se manteve até ao fecho da Triunfo.
Em Lisboa, uma fabrica de massas e outra de bolachas que julgo funcionarem ainda.
Grato, N.Pontes
Caro Nóbrega Pontes
Fico muito grato pelas informações que corrigem a informação deficiente e incompleta que transmiti.
Vou proceder ás alterações
Cumprimentos
José Leite
A saga recente da Triunfo passa pela sua compra pela Nutrinveste (Grupo Mello). Foram-lhe agrupadas a Nacional (bolachas) e a Proalimentar (Leiria), passando a fabricar os seus produtos, quer em Coimbra quer em Carnaxide (fábrica moderna, inaugurada em 1975), com enorme quota de mercado.
Todas as fábricas foram sendo encerradas (Oleiros, Lorêto, Pedrulha e Carnaxide) e apenas a produção de bolachas passou a ser feita em Mem Martins, uma fábrica ex-Nacional, para onde foram deslocalizados os fornos e máquinas da Pedrulha.
Actualmente a Nutrinveste já não é a proprietária. Já passou por capitais espanhóis e agora parecem ser ingleses.
Caro Vitor Rochete
Muito grato pelas três mensagens que me enviou corrigindo e adicionando preciosa informação.
Quanto a fotos da Fábrica na Pedrulho não encontrei e continuo não encontrando ...
Já procedi às devidas correcções e adicionei as informações por si transmitidas.
Mais uma vez grato pela sua preciosa colaboração, assim como as dos leitores anteriores.
Cumprimentos
José Leite
Boa noite : hoje ao ver na televisão a receita para fazer madalenas não pude deixar de me lembrar das caixas grandes que a minha mãe comprava na mercearia do Sr. Costa , junto da loja de criança "Romanica" na baixa de Coimbra, que eram da marca Triunfo e que eu e a minha irmã devorávamos muitas das vezes ás escondidas! Será que consigo comprá-las agora?
Cláudia Pratas
A saída de Coimbra das emblemáticas Fábricas Triunfo, o encerramento, o desmantelamento e o abandono das suas instalações na cidade, devem-se ao Grupo Mello / Nutrinveste (Jorge de Mello / Manuel Alfredo Mello / Álvaro Barreto / Rui Horta e Costa), a quem Coimbra deve agradecer este atentado ao seu património. Após o período, do final dos anos 1970 aos anos 1980, de gestão danosa da dupla Sebastião Costa Rodrigues / Tomás Andrade Rocha, em que a empresa acumulou prejuízos, os accionistas tradicionais da Triunfo viram-se na necessidade de demitir a administração da empresa e contrataram uma sociedade de investimentos (a Incofina, do grupo Jorge de Mello) para os assessorar na alienação de parte do capital da Triunfo à empresa pública EPAC, então presidida por Jorge Rita, o que ocorreu em 1992. A Nutrinveste, então também uma empresa pública na órbita do IPE, teve instruções do Governo do Prof. Cavaco Silva (onde Álvaro Barreto, à data consultor estratega do grupo Mello, tinha grande influência) para também adquirir as acções da Triunfo que, numa acção especulativa, tinham acabado de ser compradas por Joe Berardo à dupla demitida Sebastião Rodrigues / Tomás Rocha. Logo de seguida o governo de Cavaco Silva procede à privatização, sem concurso, da Nutrinveste entregando-a ao grupo Mello, bem como a posição accionista que a EPAC detinha na Triunfo. O grupo Mello, num ápice e sem explicação, passou, assim, de assessor contratado pelos accionistas da Triunfo, a seu principal accionista e tomou o controle da administração da empresa. Pouco tempo depois, sob a orientação de Álvaro Barreto, Manuel Alfredo Mello e Rui Horta e Costa, o grupo Mello transfere a sede da Triunfo para Lisboa, encerra as fábricas de Coimbra, procede a uma operação harmónio de redução do capital seguida de aumento de capital, tomando assim o controlo total da empresa e afastando os accionistas tradicionais que foram forçados a vender. Logo de seguida o grupo Mello vende a Triunfo a uma multinacional do sector. É uma história eloquente!!
Sou sobrinho neto de um dos fundadores das Fábricas Triunfo. Tenho muita pena que nada tenha chegado até à minha geração. Coimbra necessitava desta e de outras fábricas que, entretanto, também pereceram. Mas fica a marca, ainda hoje viva e recomendável e, sobretudo e para mim, a memória do meu tio avó.
Alexandre Paes
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