Restos de Colecção: Hotel Central em Sintra

12 de dezembro de 2018

Hotel Central em Sintra

O “Hotel Central” terá sido inaugurado no final de 1900 ou princípio de 1901, na ,então, Praça Rainha Dona Amélia, actual Praça da República, na Vila de Sintra, tendo sido seu fundador António da Silva. Com ele, abria o “Restaurtant Lisbonense” instalado no seu edifício.

“Hotel Central” e “Restaurant Lisbonense”, por altura da sua abertura e uma etiqueta de bagagem

 

A história do local onde foi construído o “Hotel Central”, remonta a 1154 quando o Rei D. Afonso Henriques e sua mulher D. Mafalda doaram a Gualdim Pais “Sexto” Grão-Mestre da ordem dos Templários, estes terrenos os quais por este foram oferecidos à ordem dos Templários. Aí habitaram durante séculos existindo, ainda hoje, vestígios da sua existência que podem ser observados através do Hotel. Depois os Templários e após o terramoto de 1755 que destruiu parte de Sintra, foi feito a reconstrução das habitações e sabe-se que em 1873 eram pertença do “Seminário Patriarcal de Santarém”. Foram no início do século XIX,  adquiridos por um privado.

«buonas villas» (à direita na foto) nos terrenos onde seria construído o “Hotel Central”. Ao fundo, no alto, o “Hotel Victor

Praça Rainha D. Amelia antes da demolição da muralha e portão de acesso ao do Palácio da Vila

 

Foto da Praça Rainha D. Amelia na revista “Illustração Portugueza” em 24 de Junho de 1906

Na foto anterior pode-se ver o “Eléctrico de Sintra”, que funcionou entre 1904 e 1958 e que tinha a sua paragem terminal na Praça Rainha D. Amelia, frente à entrada do Palácio da Vila.

Em 1890 existiam na Vila de Sintra os seguintes hotéis: “Hotel Victor”, “Hotel de l'Europe”, “Hotel Durand”, “Hotel Braz”, “Hotel Nunes”, “Hotel Netto”, “Hotel Garcia”, “Hotel Sant’Anna”, "Lawrence's Hotel" e o "Hotel François", em S.Pedro de Sintra.

Após a demolição da muralha e portão de acesso ao Palácio da Vila

   

Em 1899 era construído o “Hotel Central”, que viria a ser, nas décadas seguintes e juntamente com o “Lawrence's Hotel” (1764), o Hotel Victor” (início do século XIX), “Hotel Nunes” (entre 1864 e 1875) e o “Hotel Netto” (1879), um dos mais frequentados pela aristocracia e burguesia lisboetas, mas sobretudo por ingleses, a exemplo dos outros mencionados.

 

Lista de hotéis na Villa dee Cintra em 1907

Por morte do seu fundador, António da Silva, suceder-lhe-ia a sua mulher, sendo indicada como proprietária do “Hotel Central”, «viúva de António da Silva» como se pode observar no anúncio publicitário publicado no “Guia Official dos Caminhos de Ferro de Portugal” de 1913.

1913

1913 Hotel Central

Em Julho de 1919, já o jornal “A Voz de Sintra”, informava que: «(…) o  antigo Hotel Central foi comprado pelo Sr. Ulrich Frei, tornando-se o seu novo proprietário». Ulrich Frei vinha de Lisboa, onde já era um proprietário experiente no ramo da indústria hoteleira, e tornaria o “Hotel Central”, no mais importante estabelecimento hoteleiro de Sintra, depois da grande transformação e remodelação, excedendo em comodidades e bom serviço, todos os seus concorrentes.

O “Hotel Central”, classificado desde 1930 de 3ª categoria, a par dos seus três principais concorrentes, já aparecia em publicidade de 1933, propriedade de  António de Jesus Raio, conforme anúncios seguintes. Lembro que em conjunto com o Hotel funcionavam uma barbearia e uma bomba de gasolina.

                                            1933                                                                                          1934

 

1940

Entrada e sala de jantar do “Hotel Central”

 

“Hotel Central” (elipse branca), “Hotel Nunes” (alipse vermelha) e o “Hotel Netto” (elipse branca),

Por volta de 1977, o “Hotel Central” foi ocupado por portugueses retornados vindos das ex-colónias africanas, até que o seu proprietário (que não consegui saber) adquiriu a totalidade do edifício a Norte, tendo realizado obras de remodelação, tendo aberto um “Bar”.

Mas … em 14 de Abril de 2005, o Hotel seria obrigado a encerrar por ordem do Ministério Público, em consequência do não acatamento, por parte da firma proprietária, das consecutivas ordens de encerramento, emitidas desde 2001.

Anúncio em 2002

Depois de encerrado, uns anos é vendido, em Junho de 2012, ao “Grupo Silva Carvalho”. Devido ao estado de degradação dos cinco imóveis que constituiam o edifício do “Hotel Central”, resolveu este Grupo começar por recuperar a parte principal que dá para o Terreiro do Palácio Real, tendo sido realizadas, durante um ano obras de estrutura e de decoração. Ao mesmo tempo mudaria a designação para “Central Palace Hotel”.

Seria em Sintra que este Grupo abriria os seus primeiros espaços comerciais de restauração, onde hoje possui: “Café Paris”; “Central Palace Hotel”; “Paço Real”; “Loja do Vinho”; “Hambúrguer Real no Paço”; e “Gelati di Chef”.

Actual.0

Contudo, o Hotel em si está a aguardar licença desde 2014, apesar de estarem em funcionamento todos os restantes equipamentos que são os seguintes.

No r/c:                                                                                                 No 1º andar:

Bar principal                                                                                       Sala Antero de Quental com capacidade 80 pessoas
Sala Alexandre Herculano com capacidade 30 pessoas                  Terrace Lounge com capacidade 150 pessoas

Salão Eça de Queiroz com capacidade 120 pessoas
Sala Ramalho Ortigão com capacidade 60 pessoas
Varandim com 60 lugares e Esplanada para 100 pessoas

 

 

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Rua dos Dias que Voam, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Rio das Maçãs, Arquivo Municipal de Sintra, Central Palace Hotel

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