Restos de Colecção: Discoteca Universal

12 de julho de 2018

Discoteca Universal

A "Discoteca Universal", abriu as suas portas em 2 de Dezembro de 1957,  na Rua do Carmo, em Lisboa. Recordo que até ao final da década de 70 do século XX  as "discotecas" eram lojas que vendiam discos de vinil de 78, 45 e 33 rotações.

Os seus proprietários eram Aníbal Amaro de Matos, Carlos Alberto, Aníbal e Vicente de Oliveira Matos, Joaquim Ferreira e António Pereira Filipe. Esta loja além da venda de discos em vinil, dedicou-se, á venda de rádios, televisores, frigoríficos, máquinas de gravar, gira-discos e diversa aparelhagem electro-doméstica.

 

«Á inauguração da Discoteca Universal, Lda. festejada com um Porto de honra, assistiram representantes da Imprensa, da Rádio e da Televisão, bem como delegados dos Estabelecimentos Valentim de Carvalho, Philips Portuguesa, Siemens, General Eléctrica Portuguesa, Fábrica Portuguesa de Discos, Ricardo Lemos, R.C.A., Victor, Olavo Cruz, Lda. e de muitas outras grandes organizações com as  quais o estabelecimento conta para desenvolver a sua actividade comercial.» in jornal “Diario de Lisbôa”.

9 de Dezembro de 1957

22 de Dezembro de 1958

No começo da década de 70 do século XX, a rádio deixava de ser fixa e adquiria o estatuto de meio móvel na produção, transmissão e recepção, com o aparecimento do transístor. Alguns desses programas de rádio eram de entretenimento, concertos e actividades desportivas, abrangendo o ciclismo, hóquei em patins e futebol.

Mas a moda também foi contemplada, como uma transmissão em directo, a partir da “Discoteca Universal”, do programa do “Rádio Clube Português”, o "Clube das Donas de Casa" (CDC), por ocasião do seu 7º aniversário, em Maio de 1970, com Ana Maria Lucas, miss Portugal, e trinta manequins profissionais a promoverem um desfile de moda. Na linguagem da locutora, Maria João Aguiar, a emissão teria mise-en-scène ao recriar a moda dos anos 30 do século XX. A emissão provocou grande impacto junto do público presente e pelo engarrafamento de trânsito, que, então circulava na rua do Carmo. Na passagem de trinta modelos, a locutora Maria João Aguiar explicou os modelos descrevendo os tecidos, enquanto o locutor Henrique Mendes seleccionava e colocava a música.

Acção promocional no foyer do cinema “Império

1960

                            Capa plástica para disco                                                                         Factura

 
gentilmente cedida pelo blog IÉ-IÉ                                                    gentilmente cedida por Carlos Caria

Nesta Rua do Carmo, outras discotecas, editoras de discos, pautas de música e vendedoras de instrumentos musicais, se tinham estabelecido ou se viriam a estabelecer. E enumerar: “Sassetti & C.ª” fundada em 1848; “Custódio Cardoso Pereira & C.ª” fundada no Porto em 1869; “Discoteca do Carmo” (mesmo ao lado da “Discoteca Universal”, no nº 61) inaugurada em 14 de Dezembro de 1957; Discoteca “Melodia” inaugurada em 14 de Julho de 1962. Além dosGrandes Armazéns do Chiado e osArmazéns Grandella & C.ª terem as suas discotecas.

A “Discoteca Universal” viria a encerrar em 1970 e por trespasse continuaria ali a funcionar como discoteca, que desapareceria, definitivamente, com o grande incêndio do Chiado em 25 de Agosto de 1988, em que a Rua do Carmo foi a mais flagelada, a par da Rua Nova do Almada - onde viria a desaparecer, igualmente, a Valentim de Carvalho -  e ínicio da Rua Garrett.

“Discoteca Universal” e sua vizinha “Discoteca do Carmo” no início dos anos 80 do século XX

Após este incêndio, e depois da reconstrução da Rua do Carmo, a substituta da “Discoteca Universal” e a sua vizinha “Discoteca do Carmo”, nunca mais abriram. Apenas a Discoteca “Melodia” ainda abriu o prédio reconstruído mas pouco tempo depois encerraria definitivamente. O dono da “Discoteca do Carmo”, Manuel Simões, abriria em 1991 a “Discoteca Amália” na Rua do Ouro e manteria uma carrinha “Fleur de Lys” verde, - estacionada na Rua do Carmo, frente à antiga loja - para venda de discos e cd’s de fado. Tanto a carrinha como a Discoteca ainda funcionam sendo propriedade da “Fundação Manuel Simões”.

Actualmente, e a partir do “Goolgle Maps”

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Horácio Novais), Hemeroteca Municipal de LisboaArquivo Municipal de Lisboa, IÉ-IÉ

8 comentários:

rmg disse...


Meu caro

Apenas um pequeníssimo reparo que só se justifica pelo facto das novas gerações (e mesmo algumas menos jovens...) andarem longe destas coisas: os discos eram de 78 e não de 73 rotações.

Quanto à discoteca em causa ainda tenho bastantes LP lá comprados, a certa altura foi uma espécie de "outlet" das editoras portuguesas (e não só), muita raridade com o que isso pode ter de bom ou de mau tenho ainda aí.


Cumprimentos


RuiMG

carlos matos disse...

A Discoteca Universal encerrou em 1970. Através de trespasse ficou durante pouco tempo ainda loja de Discos.

José Leite disse...

Caro RuiMG

Tratou-se de um lapso ao teclar.

Ainda me lembro deles já que meu pai tinha alguns discos desses de 78 rpm.

Para mais, no meu caso que sou e sempre fui um audiófilo, ainda do tempo dos vinis e apaixonado por Hi-Fi não poderia não saber.

Grato pelo seu aviso

Os meus cumprimentos

Anónimo disse...

Caro José Leite

Não me passou pela cabeça que não soubesse e, como eu disse, foi um pequeníssimo reparo.

Grande coleccionador de CD e de LP ainda tenho bastantes discos de 78 rpm e uma grafonola que os toca e faz as delícias de meus netos adolescentes claramente noutras "paragens" musicais…

Ainda hoje cheguei com um deles a uma casa no interior norte que tenho e este rapaz que está a tirar a carta a 1ª coisa com que se saíu foi ír pôr um disco desses a tocar com o "argumento" de que já há quase um ano que não "ouvia o passado"...


Um abraço

RuiMG

Maria Matos disse...

O maior reparo que faço e agradecia que rectificasse o lapso .A discoteca Universal era única e exclusivamente propriedade do meu avô Anibal Amaro de Matos e dos seus três filhos socios Gerentes Anibal Matos (meu pai ) e os meus tios Carlos Matos e Vicencio Matos.
José Pereira era funcionário ( pai do To Pereira "DJ Vibe ) , Cristo era funcionario e tudo o resto do staff .

José Leite disse...

D. Maria Matos

Quanto aos eu reparo tenho a dizer o seguinte:
A informação que transmiti no texto, não foi colocada levianamente, mas sim retirada da notícia da sua inauguração, publicada no Diario de Lisbôa e que poderá consultar no seguinte link:

http://casacomum.org/cc/visualizador?pasta=06530.068.15599#!11

Pelo que, fazendo fé no que me transmite, e esperando que esteja correcta no que afirma, vou alterar.

Maria Matos disse...

José Leite,

Quando quiser posso lhe mostrar o arquivo fotográfico particular da Discoteca Universal e algumas pecas discograficas,aparelhos e outros objectos que o meu pai me deu .Se calhar era muito interessante você falar com ele para acrescentar muitas histórias e aventuras que ninguem conhece.😊

Maria Matos disse...

José Leite,

Quando quiser posso lhe mostrar o arquivo fotográfico particular da Discoteca Universal e algumas pecas discograficas,aparelhos e outros objectos que o meu pai me deu .Se calhar era muito interessante você falar com ele para acrescentar muitas histórias e aventuras que ninguem conhece.😊